Pendências
Oi pessoal,
Está é a minha primeira fic no universo de Full Metal Alchemist, é um romance com o meu casal favorito: Roy Mustang e Riza Hawkeye. Eu a estou baseado nos acontecimentos do mangá e não do anime, por que prefiro a história do primeiro, é bem mais interessante e intrigante. Por isso, não estranhem certas coisas, como por exemplo, a forma como a Riza irá se apresentar. Eu tirei o nome dela do capitulo 37, mas não tenho certeza se esse é mesmo o nome dela. Eu gostei e resolvi usar. Também estou fazendo essa fic como sendo passada após os acontecimentos que estão sendo narrados no manga. No entanto, este ainda não acabou. Mas eu conto com que o final seja feliz.
Para escrever essa fic, eu me baseei em muitas músicas, filmes e até outras fics que já li. Ao longo dela eu irei indicar as referencias.
Desde já gostaria de agradecer a Juliane.chan, a Arthemisys, a Lady Midii Une, a Thaty de Leão, a Áquila-Marin, a deusa Aurora, a Isis, a Petit Ange, a Jaq de dragão, a Nike, e ai, todo mundo que leu e me ajudou, seja me apoiando a continuar a fic, seja me dando valiosas sugestões.
Informações técnicas:
1. Eu não sou dona de FMA, mas sim a fabulosa Hiromu Arakawa, bem como a aqueles a quem ela cedeu os direitos. O único objetivo deste texto é para a diversão dos fãs e não há o objetivo de obtenção de lucros por meio dele.
2. quando aparecer apenas em Itálico, é pensamento dos personagens, ou alguém cantando, ou uma música tocando. Itálico entre aspas, é lembrança ou sonho.
Grande abraço, espero que gostem e aguardo as reviews, com criticas construtivas, sugestões e demais comentários.
Boa leitura.
Assuntos Pendentes
- "Seu idiota. Por que você morreu! Eu é que mereço morrer. Você tem uma esposa e filha lindas, que te amam, que esperavam por você. Eu..." Ficou por uns instantes em silêncio.
- "O que é que eu tenho? Ahn? Diga-me? Eu não tenho ninguém me esperando, ninguém que vá sentir minha falta. Você ficaria triste com a minha morte, mas teria sua esposa e filha para reconfortá-lo. SEU GRANDE IDIOTA!".
Roy Mustang abriu uma garrafa de uísque, erguendo-a na direção da lápide, como em um brinde, para então, derramar um pouco do liquido sobre a grama, antes de sentar, recostado na lápide, e começar a beber.
- "A quem eu quero enganar, eu sou o grande idiota aqui."
Ficou contemplando o fim do dia que se aproximava, enquanto bebia, sem nada mais dizer.
- "Ei, rapaz, aqui não é lugar de dormir não. Propriedade do exército, fora!"
Mustang acordou com uma voz masculina altiva. Sentia-se terrivelmente mal, sua cabeça estava pesada e seu corpo estava dolorido. Com certa dificuldade, abriu os olhos, deparando-se com um senhor, que aparentava ter uns 50 anos.
-"O que disse? Ahn, droga, eu dormi aqui?"
Estava zonzo, buscando apoiar-se ao chão para poder levantar. O senhor, que era um dos zeladores do cemitério, ajudou-o a se levantar.
-"Ei, rapaz, você está bem? Parece que você bebeu bastante, hein?"
-"Acho que sim. É, eu estou bem, apenas um pouco zonzo, mas eu só preciso caminhar." Ajeitou suas roupas, que estavam amarrotadas e ligeiramente úmidas, devido ao sereno.
Retirou o relógio em seu bolso, constatando que estava atrasado. Deveria ter chegado ao Quartel General Central há mais de meia hora. Soltou um leve suspiro, recolocando o relógio prateado no bolso. Já que estava atrasado, iria para casa. Afinal, não estava usando sua farda, não poderia mesmo ir até o quartel daquele modo.
-"Ah, é um militar também! Desculpe-me pelo modo como falei, senhor"
O zelador fez uma pequena reverencia. Ao ver o relógio de Mustang, percebeu que ele era um alquimista nacional, e não um vadio bêbado, dormindo no cemitério.
-"Não se preocupe, você estava fazendo seu trabalho. Eu é que não deveria ter dormido aqui."
- "Ele era seu amigo?" O zelador olhava para a lápide.
- "Meu melhor amigo. Sua morte foi estúpida. Eu é que deveria ter morrido. Ele era um homem de família. Eu..."
- "Bem, senhor - o zelador falou, olhando diretamente para Mustang – infelizmente, nem sempre as coisas são como desejamos. Eu já vi muita gente jovem como o senhor, pai de família, como seu amigo, morrer. Não é agradável, mas a vida é assim. O senhor deveria continuar com a sua. Tenho certeza que é isso que seu amigo faria, se fosse o contrario. É isso que ele desejaria que fizesse, como seu amigo."
- "Obrigado". Foi tudo que Mustang disse, dando as costas para o zelador e indo embora.
Riza Hawkeye arrumava, pela quinta vez, os papéis sobre sua mesa. Qualquer barulho próximo à porta a fazia olhar com expectativa.
- "Ele está muito atrasado. Faltam poucas horas para o almoço. Ele nunca se atrasa assim. Será que aconteceu alguma coisa?" Fuery falou, com voz apreensiva, olhando para a porta.
Falman se limitava a olhar pela janela, observando o movimento.
- "Vai ver ele perdeu a hora com alguma moça." Falou um soldado.
Fuery, Breda, Falman e Hawkeye lançaram um olhar fulminante para este, que ficou sem entender o porquê de seu comentário provocar aquela reação.
- "Ontem foi o aniversário de morte do General de Brigada. Ele já estava estranho. Quando saiu, ouvi comentar que iria ao cemitério." Dessa vez, foi Breda quem falou, com ar sério.
- "Fuery, Falman, Breda! Cuidem de tudo aqui. Eu vou atrás dele." Hawkeye dirigiu-se a porta, voltando-se na direção de Fuery.
- "Fuery?"
- "Senhora?"
-"Cuide de Hayate, por favor, caso eu não volte a tempo." Disse, jogando as chaves do apartamento para ele.
-"Sim, senhora!"
Riza caminhava na direção do prédio onde Roy Mustang morava. Sentia-se aflita, temia que ele tivesse feito alguma bobagem durante uma crise depressiva.
"Espero que apenas esteja bêbado, seu idiota"
O prédio onde Roy morava era simples, habitado em sua maioria por jovens solteiros. Riza entrou, indo falar diretamente com o porteiro, que era um senhor de aparência simpática.
- "Por favor, eu gostaria de falar com o senhor Roy Mustang." A voz de Riza demonstrava certo nervosismo e expectativa.
- "Boa tarde, oficial. O senhor Mustang não se encontra."
- "O quê? Como, ele..." Riza não terminou a frase. Seu nervosismo crescia, onde ele estaria, já que não foi trabalhar.
- "A oficial não deu sorte. Ele saiu a mais ou menos uma hora. Acho que foi viajar..."
O Porteiro não terminou a frase, ao ver Riza saindo correndo.
"Mais uma dessas malucas que ficam correndo atrás do senhor Mustang. Como pode!" O porteiro balançou a cabeça, voltando para o seu serviço.
Enquanto andava, apressadamente, em direção a estação de trens, Riza tentava pensar para onde Roy poderia ter ido. Não lembrava de ter comentado sobre familiares, e amigos, até onde sabia, eram seus companheiros militares.
"Uma hora? Ele já deve estar longe. Para onde está indo?"
Chegando a estação, começou a percorrer cada guichê, tentando descobrir qual trem Roy havia pegado. Quando estava se dirigindo ao terceiro guichê, viu um homem, fardado, sentado em um banco, esperando pelo trem. Aproximou-se. Parecia com Roy, mas, pela hora que o porteiro disse que ele havia saído, já era para estar longe.
Então, o homem virou o rosto na direção de dela.
"É ele. Felizmente, cheguei a tempo"
A face de Roy demonstrava total surpresa.
- "Hawkeye? O que faz aqui?"
- "Procurando pelo senhor." A voz de Riza era séria, mas ao mesmo tempo cálida. Ela sabia que ele não estava ali para fugir do trabalho. A aparência dele era péssima, aparentando cansaço e a voz demonstrava toda a tristeza que sentia.
-"Não precisava. Eu iria ligar." Roy deixou de olhar Riza, olhando na direção da plataforma. Não olhava para nada especificamente, apenas olhava.
-"Desculpe-me, senhor, mas nos deixou bastante preocupados"
- "Não tive a intenção. Eu pretendia ir para o quartel, mas me atrasei tanto, que resolvi que nem valia mais a pena."
- "O porteiro do seu prédio disse que havia saído a mais de uma hora. Pensei que já houvesse embarcado."
-"Eu perdi o trem, o próximo é daqui a dez minutos. Cheguei 20 minutos atrasado. Já não lembro mais os horários dele."
-"Para onde está indo, senhor?"
-"Para o Leste, vou resolver uns assuntos pendentes."
- "E tem de resolver esses assuntos hoje, senhor? Poderia ter ido até o quartel e avisado que pretendia tirar uma folga"
-"Eu pretendia ir ao quartel, mas..." Roy fez uma breve pausa, antes de continuar.
-"Decidi que preciso resolver as pendências da minha vida. Se fosse até o quartel, poderia acabar deixando passar. Não posso continuar antes de resolver isso."
Riza ficou um tempo olhando para Roy, que continuava sentado, com os braços cruzados, olhando na direção da plataforma de embarque.
Soltou um breve suspiro, fazendo Roy virar o rosto na direção dela.
- "Bem senhor, eu irei acompanhá-lo então."
-"O que?" Roy olhou ligeiramente aborrecido. Riza, por sua vez, se limitou a lançar um olhar sério.
-"Não é necessário Hawkeye, não é nada perigoso."
-"Minha missão é protegê-lo. Irei onde o senhor for." Riza estava determinada.
-"Não vai adiantar eu argumentar, não é?"
-"Não senhor."
Roy suspirou e se levantou-se, passando por Riza, que ficou sem entender.
-"Não disse que vai me acompanhar? Estou indo comprar a sua passagem."
- "Por favor senhor, eu..."
Riza foi cortada por Roy
-"Nada disso, Hawkeye, se vai me acompanhar, eu compro sua passagem. E não adianta insistir. Isso é uma ordem."
-"Como quiser. Já que é uma ordem." Riza deu um leve sorriso.
Roy retribuiu o sorriso indo até o guichê, comprar a passagem.
Riza sentou-se, aguardando a volta dele. Pensava o quanto estava sendo impulsiva. Estava indo para algum lugar, que não sabia onde era. A única coisa que sabia, é que ele precisava de companhia, que precisava de apoio, e era isso que ela estava fazendo, por mais impulsivo que fosse.
Roy voltou, sorrido levemente ao vê-la. Sentia-se contente por ela estar ali. Queria ficar sozinho, mas tinha de admitir que a presença dela lhe dava um certo conforto.
-"Nosso trem está chegando." Roy falou, despertando Riza de seus pensamentos.
O trem parou na plataforma. Muitas pessoas, famílias inteiras, desembarcavam. Muitos pareciam admirados por chegar à cidade Central. Assim que terminou o desembarque, Roy e Riza embarcaram, com os demais passageiros. Ela ia se dirigindo ao vagão comum, quando sentiu um leve toque em seu ombro.
-"Nosso vagão é o outro."
-"Por que senhor?"
-"A viagem será longa. Achei melhor pegar uma cabine."
Riza o seguiu. O trem estava ligeiramente cheio. Roy parou em frente à cabine, abrindo a porta e fazendo menção para que Riza entrasse.
-"Aqui é bem melhor mesmo. Esse trem está lotado. É época de férias?"
- "Acho que sim. Não tenho certeza"
-"Faz tempo que saímos dessa fase, não é mesmo?" Roy colocava a mala no bagageiro, enquanto Riza olhava, pela janela, o movimento na plataforma.
-"É verdade."
Roy sentou-se na frente dela e ficou a olhar pela janela. O trem saíra da estação, e ambos permaneceram em silêncio, por um bom tempo, apenas observando as paisagens.
- "Quem está cuidando de Hayate?" Roy quebrou o silêncio, bruscamente.
- "Pedi para que Fuery cuidasse dele. Eles se dão bem."
- "É mesmo."
-"Desculpe-me por perguntar, mas para onde exatamente estamos indo?"
-"Sussey"
-"Sussey? Se não me engano, é um pequeno vilarejo, um pouco distante do quartel General Oriental, não é mesmo?"
- "É sim. Eu disse que a viagem seri.." Roy começou a bocejar, descontroladamente.
-"Anh, desculpe-me. Eu disse que seria uma viagem longa. Acho melhor descansarmos um pouco, só chegaremos lá próximo do anoitecer."
- "Certo."
Ambos ficaram em silêncio, continuando observar as paisagens que se modificavam a medida que o trem avançava.
"Eu não lembrava como era longe. Que caminhada!"
Já podia ver a casa, no alto da subida. Havia uma fumaça saindo da chaminé.
"Ele está cozinhando. Como eu sinto falta dessa comida!."
"Essa fumaça não é da chaminé."
Começou a correr, derrubando a mala no caminho. A casa estava em chamas.
"Pai? Mãe?" Seu desespero aumentava à medida que via a casa queimar. Podia sentir o odor característico de corpos queimando. Sabia que havia pessoas na casa. O odor era muito familiar para ele, já o havia sentido inúmeras vezes, e bem de perto.
"PAI! MÃE!"
Sem pensar, se atirou contra a porta, derrubando-a. Dentro, em meio às chamas e objetos queimados e retorcidos, pode ver seus pais rastejando, seus corpos retorcidos e carbonizados.
"Ro.. oy. Ro.."
NÃOOOOOOO!
- "SENHOR! ACORDE! VAMOS, ACORDE!"
Riza sacudia Roy, para que este acordasse. Ele se debatia e gritava, até que finalmente acordou.
-"Haw... Hawkeye?..." A voz de Roy era falha, ele estava suado, seu olhar demonstrava um profundo desespero.
-"Está tudo bem, eu estou aqui.." Riza tentava acalmá-lo, enquanto desabotoava a parte de cima do uniforme dele, bem como os dois primeiros botões da camisa que usava por baixo, buscando fazê-lo respirar melhor.
-"Eles estavam morrendo... Estavam queimando... Chamavam por mim, e eu não podia fazer nada." Roy estava tremulo, sua voz era rouca e desesperada.
- "Shii... Está tudo bem agora, já passou, foi só um pesadelo, acabou."
- "Era muito real. Eu podia sentir o terrível odor dos corpos queimando. Eu... Eu."
Roy estava zonzo e ofegante. Sua mente revivia o pesadelo.
-"Calma. Fique calmo, por favor. Já passou. Eu vou buscar um copo d'água para no vagão restaurante."
Riza ia abrir a porta da cabine, quando sentiu a mão tremula de Roy tentar segurá-la pelo braço.
-"Não me deixe sozinho, por favor."
Roy estava fragilizado, como Riza nunca pensou que o veria. Era possível sentir a angustia na sua voz. Ela voltou, sentando-se ao lado de dele e o fazendo deitar, colocando a cabeça em suas pernas. Ele não chorava, mas sua respiração ainda estava ofegante. Ela ficou acariciando o cabelo dele, tentando acalmá-lo, até que Roy finalmente se acalmou, e ambos adormeceram.
Riza acordou deparando-se com Roy sentado a sua frente. Ele estava abatido, mas parecia melhor.
-"Estamos chegando."
-"Já? Eu dormi tanto assim?"
-"Eu também. Acordei há pouco."
O trem parou na estação. Está era simples, como todas as estações do interior do país. Ao saírem, era possível ver as montanhas ao longe. O sol que se punha, dava um aspecto avermelhado à neve que as recobria. Era uma visão paradisíaca. Riza ficou encantada, sentia paz e tranqüilidade naquele lugar.
Roy suspirou e ficou um tempo parado, pensando no que fazer. Estava receoso da recepção que teria. Então, pegou a mala que estava ao seu lado e começou a caminhar. Riza não deixou de perceber que algo o preocupava.
-"Senhor, eu não quis perguntar antes, mas.. Ahn, que assunto é esse que precisa resolver?"
-"Meu passado."
-"Seu passado?"
-"Ahn, é uma longa história. Digamos apenas que eu nasci nesse vilarejo e que não vejo minha família desde que me tornei alquimista nacional."
- "Mais de dez anos?"
- "Exatamente."
-"Por que senhor?"
-"Meus pais não queriam que eu me tornasse um cão do exército."
Roy ficou em silêncio. Riza apenas continuou caminhando ao lado dele. Não quis insistir. Na mente de Roy, as imagens do dia em que partiu, eram revividas.
"Eu me decidi. Eu vou fazer o teste de qualificação, quer vocês queiram, quer não." Roy estava em pé, na sala de estar, a poucos passos da porta. Estava vestido formalmente, com uma calça e blusa social, um pulôver, e por cima, um sobretudo preto. As malas estavam ao seu lado.
"Filho, nos escute. Nós apenas estamos pensando no seu bem."
"Mas pai, é a melhor coisa que posso fazer. Sendo um alquimista nacional, eu terei fundos para a realização das minhas pesquisas, terei acesso a documentos confidenciais e aos frutos das pesquisas de outros alquimistas. Com isso, eu poderei realizar pesquisas e ajudar muitas pessoas. Como isso pode ser ruim?"
"Roy, você ainda é muito jovem, mas..." O pai de Roy tentava argumentar, mas a expressão de Roy era decidida.
"Essa é a sua decisão final, Roy Mustang?" A mãe de Roy estava sentada, fazendo anotações no caderno sob a escrivaninha. Ela não parou de anotar ao falar com ele, apenas o olhou atravessadamente, de forma ligeiramente agressiva. Ela o estava desafiando.
Roy, por sua vez, se limitou a levantar as sobrancelhas. O brilho em seu olhar lhe conferia um ar igualmente desafiador.
"Sim, mãe, essa é minha decisão final. Vou para a Cidade Central, e quando voltar, serei um alquimista nacional." Sua voz era firme e decidida
"Ótimo."
Roy não acreditou no que ouviu. Sua expressão agora demonstrava surpresa e dúvida. Então sua mãe continuou.
"Mas saiba que, se sair por esta porta e fizer esse teste, não precisa mais voltar."
O pai de Roy olhou para a esposa, incrédulo. Não acreditava que ela havia falado aquilo para o próprio filho. Roy olhou para seu pai, esperando que este dissesse algo. Este voltou a olhar para filho, fechando os olhos por alguns instantes, para depois voltar a abri-los.
"Você ouviu a sua mãe Roy. A decisão é sua. Ou você vai para a universidade, como havia planejado antes, e terá todo nosso apoio; ou você vai fazer esse teste, mas não conte conosco."
Roy apertou os olhos, respirou fundo, pegou as malas, e abriu a porta.
"Não vou mudar a minha decisão. Vou fazer esse teste, vou ser um alquimista nacional, é o que eu quero. Vocês me ensinaram a ser determinado e a lutar pelo o que eu acredito. E é isso que eu vou fazer."
Antes de sair, fez menção em virar e olhar para seus pais, mas não o fez. Saiu, fechando a porta
Eles estavam caminhando há mais de vinte minutos. Depois que saíram do entorno da estação, as construções se tornaram cada vez mais esparsas.
-"Essa paisagem me lembra Reizemburg."
-"Aqui pode ser tão ou mais monótono que Reizemburg. Só há as montanhas, a floresta, alguns casebres, com plantação de umas coisinhas, a estação de trem e o posto do exército. Mais nada."
- "Parece ser um lugar tranqüilo, senhor."
-"E bem agradável, para ser sincero. É bom para famílias, longe das agitações das cidades."
-"Isso é verdade."
-"Está vendo aquela casa, no alto da subida?"
-"Sim"
-"É a casa dos meus pais. Finalmente estamos chegando."
Riza se limitou a sorrir. À medida que se aproximavam, ela pode ver que a casa era grande, com uma varanda no segundo andar. Parecia ser muito aconchegante.
Ao subirem as escadas da entrada, as lembranças do pesadelo voltaram à mente de Roy. Na chaminé, a fumaça saia exatamente como no pesadelo. Sua visão turvou e ele perdeu o equilíbrio. Riza o segurou pelo braço, evitando que ele caísse, quase do último degrau.
-"O que houve?"
-"Foi apenas um mal-estar. Eu olhei para a casa e o pesadelo voltou a minha mente. Tenho sorte de você ter bons reflexos." Sorriu para ela, um tanto quanto embaraçado.
-"Sinto muito senhor, posso imaginar como foi terrível. Eu sempre tenho pesadelos com Ishbal."
-"Eu também. Desculpe-me por tê-la feito lembrar disso."
- "Não há razão para me pedir desculpas." Riza acabou ficando embaraçada com a atitude dele para com ela.
-"Bem, senhor, se não se importa, acho melhor nós irmos falar com seus pais, pois está escurecendo e esfriando."
- "Tem toda razão. Quanto mais rápido eu fizer isso, mas rapidamente isso acaba."
Se aproximaram da porta. Roy ia tocar a campainha, mas parou. Respirou fundo, tomando coragem. Estava receoso do que poderia acontecer, não sabia como seus pais o receberia. Após alguns instantes, acabou tocando. Quando ouviu passos se aproximando da porta, seu coração disparou. Aquele era o momento da verdade, já não podia voltar atrás.
Um homem, que aparentava estar na casa dos 60 anos abriu a porta. Tinha olhos e cabelos castanhos, mas estes já apresentavam alguns fios brancos. Seu porte era elegante e alguns traços de sua fisionomia lembravam a Roy. Quando abriu a porta, estava sorridente, mas sua expressão mudou para total espanto, quando viu Roy e Riza parados na porta.
-"Oi" Roy disse, bastante nervoso.
Riza se limitou a ficar atrás de dele. Não queria que a sua presença o deixasse constrangido. Ela sabia que a conversa entre eles seria importante.
-"É você mesmo? Roy?"
-"Sou eu sim, pai."
-"Faz tanto tempo, filho. Pensei que você nunca mais voltaria."
-"Eu também pensei. Mas aqui estou"
-"Fico feliz em vê-lo. Soube que você se tornou um homem importante."
-"É, eu consegui algumas coisas. Mas, nós podemos entrar? Está esfriando e estamos com fome. Não tivemos tempo para almoçar."
-"Ah, claro, claro, entrem, por favor. Estou preparando algo, que imagino que irão adorar."
-"Tudo o que você faz é delicioso, pai"
A expressão de Roy estava mais serena. Ele havia ficado com receio de voltar para casa dos pais, mas agora, sentia-se feliz por estar ali. A casa estava como quando saiu. Alguns dos móveis eram diferentes, a pintura interna era outra, mas ainda sim, era como se estivesse de volta aos bons tempos, sem preocupações com o exército, tendo o carinho dos pais.
-"Obrigado, filho."
O pai de Roy se virou na direção de Riza, que até o momento, apenas observava os dois, enquanto estes caminhavam lado a lado, adentrando a sala.
-"Já que Roy perdeu a educação dele quando se tornou militar, eu irei me apresentar. Sou Christian Mustang. É um prazer conhecer jovem tão encantadora."
Riza apenas sorriu com o comentário, enquanto Roy fazia uma cara de desdém.
-"Prazer em conhecê-lo senhor Mustang. Sou Elizabeth Hawkeye. Mas a maioria me conhece por Riza."
-"Definitivamente, seu nome é tão encantador quanto você. Mas não me chame de senhor, me sinto velho."
-"Ah, desculpe-me." Riza sorriu, imaginando que havia descoberto com quem Roy havia aprendido a ser galanteador.
-"Não se preocupe. Filho, coloque a mala e o casaco no seu quarto. Vocês militares são organizados mesmo."
-"Por quê, pai?"
-"Uma única mala, para duas pessoas. Isso que eu chamo de ser organizado e econômico!"
Roy e Riza olharam um para o outro. Até aquele momento, nenhum dos dois havia pensado sobre isso. Agora Riza se condenava por ter sido tão impulsiva. Como pode viajar sem pegar nada.
-"Ahn, pai, essa mala é só para mim."
-"Ahn, mesmo? Ahn bem, acho que sua mãe deve ter algo que sirva. Elas têm mais ou menos a mesma altura. Mas... Filho, vocês estão fugindo? Não se preocupe, eu e sua mãe protegeremos vocês. Pode nós contar o que aconteceu."
Roy e Riza ficaram parados, processando o que haviam acabado de ouvir.
-"Ahn, pai, acho que você e a mamãe estão paranóicos com essas coisas sobre o exército. Nós não estamos fugindo. Eu decidi em cima da hora vir vê-los, e acabei não indo trabalhar. Os meus subordinados ficaram preocupados e Hawkeye foi me procurar. Como a missão dela é me proteger, ela veio comigo. Não deu tempo para ela fazer as malas."
Riza olhou, um pouco indignada para Roy. Ela não o acompanhou por obrigação.
- "Eu não..."
Roy virou-se para ela, vendo a expressão aborrecida desta. Antes que ela terminasse a frase, ele a interrompeu.
-"Eu sei e lhe agradeço." Disse, com um leve sorriso nos lábios.
Christian sorria. Estava feliz por ter o filho de volta em casa. Mesmo que ele e a esposa não tivessem sido contras a decisão dele de entrar para o exército, não podia deixar de sentir orgulho. Ouviu algumas histórias sobre o Flame Alchemist, o herói da Rebelião de Ishbal, bem como de outras ações dele, nos últimos tempos. Sabia que ele havia se tornado um homem respeitado.
Caminhou na direção da cozinha, enquanto Roy começou a subir as escadas, que levavam ao segundo andar, sendo seguido por Riza. Enquanto subiam, ela pode ver, pendurados na parede, uma série de retratos, que mostravam Roy, em várias épocas da vida dele. Riza sorriu, ao constatar que ele havia sido um bebê muito fofo!
-"Não acredito que deixaram essas fotos ai." Roy olhava atravessado, continuando a subir.
-" Parece bem feliz nestas fotos"
-"Eu era muito feliz mesmo."
O "era" deixou o clima pesado. Riza ficou pensando em tudo pelo que eles já haviam passado, a guerra, a perda dos companheiros e amigos.
Chegaram ao corredor. Havia portas dos dois lados. Roy seguiu para a direita, parando na segunda porta e a abrindo. Era um quarto, amplo, com uma grande janela de madeira, por onde o luar penetrava, iluminando o ambiente. Abaixo da janela, havia uma escrivaninha; do lado esquerdo, uma enorme estante, recoberta de livros; do lado direito, havia uma cama de solteiro e, sobre esta, na parede, quadros e alguns certificados. Roy entrou, acendendo a luz. Colocou sua mala sob a cama, e começou a caminhar em direção a escrivaninha, caminhando próximo a estante, correndo os dedos pelos livros. Colocou o sobretudo sobre a cadeira, e passou a contemplar o quarto. Tudo estava da mesma forma como havia deixado, os livros estavam na mesma ordem, a roupa de cama feita e esticada, como se ele nunca houvesse saído dali, como se não fizesse mais de dez anos que partira. As lembranças de sua infância, das lições que tivera com seus pais, todos os momentos que passara estudando naquele quarto vinha-lhe a memória. Suas emoções eram um misto de felicidade e angustia.
Riza o observava, tentando imaginar o que se passava em sua mente. Queria dizer algo, mas não encontrava palavras. Talvez, ela pensava, o silêncio fosse o melhor naquele momento.
O momento de reflexão de Roy foi cortado pela voz de seu pai, que gritava da escada.
-"Estão com fome, não é mesmo? Então venham provar a melhor refeição de toda a Ametris!"
Riza sorriu para Roy.
-"Acho melhor descermos. Seu pai deve estar ansioso para que experimentemos o que ele preparou."
Roy apenas concordou com a cabeça e a seguiu, fechando a porta do quarto, descendo até a cozinha.
Esta era aparelhada com todo tipo de tecnologia culinária. Parecia a cozinha de um chef. Na mesa, havia um bule de chá, dois tipos de pão, biscoitos caseiros, um bolo, uma torta de maçã, frutas e geléias.
-"Sentem-se e comam."
-"Como eu senti falta da sua comida, pai. Ninguém na Central cozinha como você."
Roy comia, extremamente satisfeito. Riza também estava adorando, nunca havia comido algo tão bom.
-"Eu sei. Por isso que sua mãe casou comigo, eu a conquistei pelo estomago."
Christian gargalhava, enquanto começava a preparar mais alguns quitutes. Roy ficou quieto, com um ar preocupado, continuando a comer.
-"Onde está à senhora Mustang?"
-"Lillian deve chegar daqui a pouco. Ela... "
Então, ouviram um barulho na porta da frente e depois passos em direção a cozinha.
- "Por falar no meu anjo..." Christian sorriu
-"... Chris? O cheirinho esta maravilhoso. Estou precisando mesmo comer algo delicioso, para me animar. Você não faz idéia de como foi tediante. Eu não queria ninguém gravemente doente, mas eu detesto ficar fazendo receitas o dia inteiro. Eu sou uma medica e não uma burocrata!"
A mãe de Roy falava em quanto andava na direção da cozinha, largando a maleta, de qualquer modo, na sala. Parou na entrada da cozinha, surpresa ao ver Roy e Riza.
Eles se levantaram, enquanto Lílian continuava os olhando, em especial para Roy, enquanto ele caminhava até ela.
Riza ficou impressionada com a beleza da mãe de Roy. Ela deveria ter um pouco mais de 60 anos, mas aparentava estar na casa dos 40. Assim como o filho, tinha a pele alva, que dava um belo contraste com os olhos cor de Onyx brilhantes e os cabelos profundamente negros e lisos. Era elegante, tanto no porte físico, quanto nas vestimentas, mas uma elegância casual, nada exagerada.
-"Mãe, eu..."
Paf.
Roy ficou parado, com o rosto virado para o lado direito, vermelho, devido ao tapa. Riza ficou imóvel, não esperava tal reação. Christian também na reagiu, esperando para saber o que a esposa faria.
-"Resolveu voltar agora, após 10 anos?" sua voz era inexpressiva.
- "Eu...Ahn...Isso foi um erro. Pela manhã nós partiremos." Sua voz começou fraca, mas depois ficou altiva. Ele respirou fundo e estava preste a sair da cozinha, mas foi impedido pela mãe. Ela o olhou serio, diretamente em seus olhos.
-"Idiota! Não estou aborrecida por você ter voltado. Estou aborrecida por você ter demorado tanto."
Roy ficou surpreso, não sabia o que pensar. O olhar de sua mãe era terrível.
-"Por que você parou de mandar noticias? A última que recebemos foi seu telegrama avisando que havia sido enviado para Ishbal! Por que não nos escreveu quando voltou? Sabe o quanto ficamos preocupados? Você faz idéia do que nós passamos? Nós ficamos sabendo que você estava vivo pelos jornais, perguntando para quem o conhecia. Você poderia estar chateado por nós não termos aprovado sua partida, pelo que eu disse, mas... - fez uma pausa, era algo que deveria ter sido resolvido há anos atrás. Seu olhar já não demonstrava aborrecimento ou raiva, mas sim amargura e, ao mesmo tempo, e complacência. - bem, a culpa é minha mesmo. Se eu..."
Lílian não finalizou, Roy a interrompeu.
-"Eu não pude voltar. Não depois do que aconteceu... Não depois do que eu fiz... Vocês tinham razão, eu...eu...eu me tornei um cão do exército, mais do que isso, eu me tornei monstro, tirei a vida de pessoas que não mereciam, eu trai o que acreditava."
-"Perdoe-me, mas isso não é verdade! O senhor só estava cumprindo ordens, não havia o que fazer. Você..."
Riza finalmente se manifestou. Não gostava quando ele falava daquele modo, ela sabia que ele não era um monstro. Ela era testemunha da luta dele para mudar a situação de Ametris, para acabar com as guerras infundadas. Roy a olhou, reprovando-a pelas suas palavras. Não queria que ela o defendesse, ela não precisava fazer isso.
Ela o olhou nos olhos e então fez menção em se retirar, para deixá-los tratarem de um assunto tão delicado sozinhos, mas Roy apenas balançou a cabeça, indicando que ela não precisava sair. Mesmo assim, ela pensou que era o melhor a fazer, no entanto, sua decisão foi interrompida pelas palavras de Lillian.
-"A capitã tem razão, você não é um mostro, não somos monstros..."
-"Está se repetindo. Novamente esse maldito exército fez com que uma pessoa que amo sofresse."
Christian sentou-se, apoiando a cabeça nas mãos. Roy virou-se para este, sem entender, não havia mais nenhum membro da família além dele no exército.
-"Como assim? De quem está falando pai?"
-"Ele se refere a mim Roy. Eu sei muito bem que você não é um monstro, por que eu já fui do exército."
Roy caminhou até a mesa, puxando uma cadeira, sentando-se. Estava chocado, aquilo era novo para ele.
Como eu havia dito, eu fiz algumas modificações. A primeira foi o nome da Riza, que coloquei como Elizabeth. Eu não sei se esse é mesmo o nome dela, mas Roy a chama assim no capitulo 37 do mangá. Como eu gostei, resolvi usar.
O posto dela no anime e no mangá, é de Primeiro-Tenente. Como a minha história se passa após eles resolverem tudo o mistério, e que eu imagino que seja resolvido com um final feliz para todos os personagens, achei que seria justo promovê-los. Então, seguindo a indicação da hierarquia do exército, o posto seguinte ao de primeiro tenente é o de Capitão. Essa informação vocês podem encontrar nos sites das forças armadas, na parte de carreira.
Quanto a cidade do Roy, o nome Sussey foi sugestão de Juliane.chan, a qual eu agradeço. Quis colocar um nome que lembrasse aquelas cidadezinhas da Inglaterra, uma vez que o nome do Roy é bem inglês e não para o germânico, como os do Ed e Al.
Quanto à localização no leste, eu segui o capitulo 36 do mangá, em que Roy diz ser originário do leste.
Os nomes dos pais dele e toda a trama de eles não terem aceitado a entrada dele no exercito é criação minha.
Espero que tenham gostado, aguardo os comentários e até a parte 2
Abraços, Fabi Washu
