Esse dia... Nunca vou esquecer. O dia em que Mana perguntou se eu queria ser filho dele.
Sempre ouvi que muitas pessoas não gostavam da família a qual pertenciam, dizendo "eu não escolhi ele como meu pai" ou "eu não escolhi ele como meu filho", porém não foi o meu caso.
Muito pelo contrário, ele me escolheu e eu o escolhi.
Mana foi o primeiro a me aceitar com um braço estranho, que antes eu não sabia que era a Innocence.
Aquele que acariciou meus cabelos, que cuidou de mim e que se importou comigo.
Eu era um órfão... Apenas um garoto que alimentava aquelas pessoas no circo. Não que antes fosse diferente para ele, mas... Ele depois me acolheu.
Ele limpou as minhas lágrimas certa vez, quando um cachorro daquele circo morreu.
Ninguém nunca havia feito isso antes.
O Mana me carregou nas costas, dizendo que tudo ia ficar bem.
E ele também foi o primeiro a me ensinar valores fundamentais para a minha vida.
"Continuar caminhando... Nunca parar até o dia de sua morte."
Eu prometi... Continuarei caminhando...
Mas como eu irei continuar caminhando... preso aqui?
Quero derrotar o Conde do Milênio, e também que o Neah, o 14º, não se aposse de mim! Não quero!
Dentre muitos delírios aqui preso, o primeiro pensamento que me veio foi de que como eu estava odiando tudo isso, e que eu estava pondo culpa em você.
Quando me dei conta, me repreendi, na hora.
Tenho medo de me perder, de deixar ser levado por Neah...
E então eu novamente lembrei.
"Você quer ser meu filho, Allen?" Naquele exato instante, senti meu corpo arrepiar. Era inverno, era Natal.
"O quê...?" Lembro de ter segurado meu braço esquerdo com força e olhado Mana com um semblante confuso.
"Mesmo eu... tendo esse braço...?" Ele me olhou gentilmente e sorriu.
"Não vejo problema nenhum com o seu braço. Ele se move, certo? Se não se movesse, aí sim seria um problema, não acha?"
Lembro também de ter chorado e de ter dito que não entendia porquê raios eu estava chorando. E então, ele me abraçou. E pela primeira vez, me senti amado. Senti os braços dele me envolvendo com seu calor fraterno, me aquecendo.
Me pergunto se não foi aí que eu virei hospedeiro de Neah.
Não sei... Apenas sei que aquele dia foi ótimo... Afinal, naquele dia em diante, eu sabia que tinha uma família, sabia que podia contar com alguém.
Porém, ele morreu.
E desde então, eu fiquei sabendo o que eram as Innocences, o que ou quem era o Conde do Milênio.
E em alguns anos depois, eu tive uma "família" novamente. A Ordem Negra. E essa mesma família me aprisionou aqui. O quê eu faço?
Por favor... me soltem...
Me deixem matar o Conde do Milênio e tomar aquilo que é meu por direito!
Eu quero continuar salvando os humanos e os akumas! Foi o que eu decidi naquele dia! Então... me soltem... Por favor...
Ah... Mestre... Pai... Será que se eu morrer aqui... Vou encontrar vocês?


Alí em itálico, vale ressaltar que é o 14º falando e não o Allen, por mais que seja ele narrando a história.

Espero que tenham gostado! ./

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