Ele era lindo. Não um "lindo" qualquer, mas realmente ele me atraía. Pele clara, estatura mediana, cabelos negros... Ah, aqueles cabelos! Morreria para poder passar a mão pela sua cabeça e sentir os fios arrepiados me fazendo cócegas de leve. E os olhos, pequenos e puxados, davam um toque final àquele ser encantador. Sem dúvida, porém, o mais bonito dele era o sorriso: dentes pequenos e mimosos, parecidos com dentes de leite, eram realmente uma graça.

Não o conhecia muito bem, nunca tive coragem para falar com ele. Como os antigos poetas, preferia um amor platônico e masoquista, ficando contente só em vê-lo passar por mim ou os breves olhares que trocamos. Sobra sua personalidade, não sei o que dizer, mas parecia que não cabia um só espaço para lágrimas ou tristeza: ele era sempre radiante. Rodeado de amigos, parecia ser amado por todos e convidado para as melhores festas, afinal, quem conseguiria não gostar daquele homem?

Incrível como os velhos ditados sempre estão certos: só damos valor às coisas quando as perdemos. Não que eu não lhe desse valor, mas é que hoje sinto que a falta que ele me faz é grande. Sinto que agora, mais que nunca, preciso de um amor platônico como ele; preciso me agarrar a algo que não existe, sonhar que um dia vamos ficar juntos; preciso vê-lo passar por mim mais uma vez, só mais uma vez.