Ten Days in Paradise
Nem posso acreditar como o tempo passa... Já faz cinco anos e ainda não o consegui esquecer. Pensei que seria fácil, mas enganei-me. Abdiquei de tanta coisa. Pensei que fosse suficiente e mais uma vez enganei-me.
Vida engraçada esta. Trabalhamos durante uns quantos anos para atingir um objetivo e depois quando temos as coisas dadas por garantidas acontece algo inesperado. Porque? Eu tinha um futuro brilhante. Mas por causa dele, estou aqui... Nesta cidade que durante toda a minha vida odiei.
Não me arrependo. Embora pareça muito contraditório, a verdade é que não mudaria uma vírgula no meu passado. Amei, amo e, ao que parece, continuarei a amar.
Do meu passado não me posso queixar. Tive uma infância como qualquer outra criança. Os problemas começaram quando a casa ao lado da minha foi comprada pela Família Potter. Ainda me lembro no dia em que pus os olhos em cima daquele rapazinho de 10 anos, olhos verdes e cabelos cor de carvão completamente desgrenhados. Aquela criatura era a mais bonita que eu tinha visto na minha vida.
Como éramos crianças foi fácilconstruímos uma amizade sólida e estável. Íamos juntos para tudo o lado, brincávamos juntos, almoçávamos e jantávamos juntos (um dia na casa dele ao outro dia na minha) até, às vezes, dormíamos juntos. Mas tudo nesta vida tem um fim. Não sei bem precisar o dia em que a amizade se tornou algo mais. No entanto, sei queas coisas começaram a descambar,quando um novo vizinho chegou.
O Kevin não era de confiança e eu sempre soube disso. Mas o Harry, com a sua mania de querer ser amigo de todo mundo, rapidamente o envolveu nas nossas atividades e no pequeno grupo . Subitamente éramos um trio e a minha dinâmica com Harry mudou. Já não éramos aquele dueto que só fazia asneiras quando crianças.
Nunca gostei do Kevin, mas aguentei-o, pelo Harry, e durante uns anos fomos um trio que até se conseguia suportar. Mas as coisas começaram-se a complicar quando me vi apaixonado pelo moreno. Não era fácil fingir que a nossa velha e sólida amizade continuava a mesma e que nada tinha mudado. E depois havia mais um problema chamado Kevin que tinha ciúmes da nossa relação que ainda continuava, apesar de tudo, forte. Penso que ele queria algo mais com o Harry mas eu estava no caminho.
No último ano de Hogwarts, as coisas chegaram ao seu apogeu. Estava tudo certo e arranjado. Harry e eu iríamos viver juntos e estudar na mesma universidade; ele iria ser advogado e eu iria ser médico. Tínhamos chegado à conclusão que iria ser mais fácil desta maneira, afinal, íamos estudar numa universidade que ficava longe da nossa cidade. Do nosso paraíso.
Mas nada disto aconteceu. De alguma forma, que até hoje ainda não consegui entender, o Kevin conseguiu virar a cabeça de Harry e houve uma enorme discussão entre nós os dois. A separação deu-se nesse momento. Anos de amizade foram deitados no lixo com uma simples mas grave discussão.
Magoado com a atitude dele, eu fui para outra universidade e todos os anos, volto a Paradise, quando estou de férias. Quanto ao Harry apenas sei que seguiu para a universidade e que se formou em direito. Nada sei do Kevin, mas também não me interessa.
HD
Não aguentava mais aquele trabalho infernal. Não aguentava mais olhar para aquele monte de pessoas falsas e aqueles falsos sentimentos de amizade naquela época do ano.
Por isso, Quando o meu expediente chegou ao fim, peguei rapidamente nas minhas coisas e saíde lá. Sem pensar em qualquer consequência, liguei para os meus amigos desmarcando os planos que tínhamos feito para o feriado de Natal e de Ano Novo e embarquei no primeiro vôo para a cidade mais longe que conseguiu imaginar naquele momento. Paradise.
Fazia tempo que não visitava os meus pais e sentia muito a falta deles.
Desde que havia conseguido entrar numa grande firma de advocacia em Los Angeles, minha vida se resumia a casos e mais casos, testemunhas, provas e evidências, mas muito pouco tempo para qualquer outra coisa. Tinha sorte de ter amigos como Ron e Hermione que compreendiam o que estava passando e não se afastavam de mim ou por ter meus pais que sempre ligavam ou mandavam coisas para mim.
Tive de deixar tudo relacionado ao trabalho num um cofre em casa. Poderia vir-me a arrepender daquilo depois, mas naquele momento tudo o que queria era poder desligar-me daquilo e aproveitar o máximo àqueles dias.
Depois que sai do aeroporto e peguei um táxi em direção a casa de meus pais, fiquei observando como aquela cidade praticamente não havia mudado nada em cinco anos. As pessoas ainda andavam sorridente conversando com todo mundo, havia muitas risadas, muitas rodinhas de fofocas ou de jogos, as crianças ainda corriam descontroladas por entre as árvores do parque da cidade.
Reparei que entre essas crianças, duas delas estavam mais afastadas debaixo de uma árvore de copa muito grande entretidos com alguma coisa colocada em frente a eles.
Sorri quando lembrei que quando tinha dez anos e eu e Draco, que foi meu primeiro amigo assim que meus pais mudaram para cá, brincávamos em baixo da mesma árvore por horas e horas sempre juntos. E o meu sorriso aumentou mais quandome lembrei do dia em que subimos na mesma árvore e ficamos escondidos de nossos pais até o anoitecer quando começamos a ficar com fome.
O táxi parou em frente da casa de meus pais e estranhei ver todas as luzes apagadas ou nenhuma fumaça saindo pela chaminé.
A porta estava fechada. Não havia sinal de movimento algum lá dentro, quando finalmente lembrei que eles haviam feito alguma viagem e que deveriam chegar nos próximos dias. Bati minha testa contra a porta e torci para que não houvessem mudado a chave reserva de lugar.
Por sorte ela ainda estava no mesmo lugar e pude entrar na casa e a primeira coisa que fiz foi ligar o aquecedor interno, para não precisar ficar usando aquele monte de roupas quentes e grossas.
Quando tinha terminado de arrumar as minhas coisas em meu quarto, ouvi meu estomago roncar e fui procurar alguma coisa para comer, mas como estava com muita sorte, não havia nada.
Suspirei, meio irritado e peguei o meu casaco para ir comprar alguma coisa. Por sorte, perto de onde morava havia uma venda na qual meus pais eram fregueses. Caminhei o mais rápido possível para não chegar lá e ver a porta do estabelecimento fechada.
Estava passando rapidamente pelo parque pensando nas horas que havia ficado sem comer durante a viagem, quando reparei num homem de cabelos loiro platinado sentado em um banco olhando para a fonte de água que se encontrava desligada no momento.
Só havia uma pessoa que tinha um cabelo daquela coloração e que estaria ali naquele momento. Ele que sempre havia gostado do frio, o que era uma burrice na minha opinião. Fazia muito tempo que não falava com ele. Eu queria falar com ele, apesar de tudo...
Olhei para a venda onde algumas pessoas começavam a sair e a se despedir uma das outras e vi um senhor careca e barrigudo ao lado da porta conversando com uma mulher que terminava de arrumar o carrinho de compras pronto para fechar a porta. Olhei mais uma vez para o homem perto da fonte e voltei meus olhos para o senhor que começava a se despedir da senhora.
Desisti de tentar chegar ao estabelecimento a tempo, e girei seu corpo no exato momento em que o dono do estabelecimento mudava a placa de "Aberto" para "Fechado".
Nesse momento, imaginei ter ouvido meu estomago começar a discutir comigo por tal decisão, mas não me importei. Estava mais interessado em poder conversar um pouco com meu ex-melhor amigo.
- Oi, Draco. – Disse quando me aproximei dele parando ao seu lado.
HD
N.A.: Olá Pessoal, blz?
Estou escrevendo essa fic com Kimberly Anne Potter. Espero que gostem.
Até a próxima.
Yann
Ps.: A Kimberly adora Reviews (e eu também, claro) ;)
