Cap. 1 – Rompimento
Tínhamos passado muito tempo juntos, contra as regras e o bom senso. Estávamos juntos e aceitamos que isto era inevitável, irremediável e incontrolável. Estávamos apaixonados, louca e totalmente, um pelo outro e por isto o que aconteceu não foi nada normal.
A mudança foi tão brusca que era inacreditável... Simplesmente de um dia para o outro ela não era mais a mesma, como se num mero segundo pudesse desfazer tudo que tinha sido construído, tudo que tinha como certo. Era inquietante. E ela se negou a conversas, somente se afastou e rompeu com tudo, mantendo-se distante. E não somente quanto à comunicação em geral comigo ou também com a equipe. Este foi o verdadeiro conflito, terminou o que tínhamos.
Um dia apareceu mudada, como se fosse outra pessoa, que não estava disposta a compartilhar sua vida com ninguém, nem comigo. De repente, sem que houvesse preâmbulos, sem que suspeitasse, sem sinais. Simplesmente acabou com tudo.
- Acho que devemos terminar. – Disse uma noite, aparecendo muito tarde no meu apartamento e falando antes mesmo de cruzar a porta.
- Quê? Do que está falando? – Pegou-me totalmente de surpresa.
- Acho que eu e você... – Estava estranha, quase incapaz de falar. – Temos que terminar, Aaron. É o melhor.
- Porque? O que está havendo, Emily?
- Porque é melhor assim... – Disse ela. – Não devemos continuar, sinto muito. É tudo que posso dizer, mas realmente acho que é o melhor para nós.
- Isto não é possível... – Disse consternado.
Não sabia qual o momento em que algo aconteceu e mudou tudo. Apenas na tarde anterior tudo estava bem: o caso foi apresentado sem problemas, voamos, pousamos e seguimos bem. Depois ela se reuniu com um amigo. E, de repente, 24 horas depois, vinha e fazia toda esta reviravolta. Quase não parecíamos nós mesmos. Quase dava para sentir o medo a nossa volta. Porque isto estava acontecendo se nos amávamos tanto? Porque justamente naquele momento?
Ela ficou em silêncio por um momento, evitando me olhar. Peguei suas mãos e me aproximei. Por um momento ela pareceu hesitar, parecendo querer mudar o que disse. Tentei fazê-la me olhar, mas evitou. E, como se murmurasse para si mesma tentando se convencer do que fazia, soltou minhas mãos e disse:
- Sinto muito, Aaron. – Sua voz era quase inaudível. – Precisa ser assim...
- Não... Não precisa. Diga-me o que está acontecendo. O que está errado? Podemos dar um jeito, Em. Converse comigo! Ficaremos bem.
- Não, chega! – Cortou o que eu dizia. – Sinto muito, devemos terminar. Não podemos continuar juntos. Quero terminar.
Disse isto e deu a volta, se afastando sem dizer mais nada e sem olhar para trás. Depois de um segundo congelado pelo choque, fui atrás dela, mas não consegui alcançá-la. Ela não queria ser alcançada e percebi que aquele não era o momento ideal para isto. Não sei como, mas simplesmente ela me escapara por entre os dedos.
Continua...
