Nome do autor: franziska
Título: Grace
Sinopse: Ele nunca seria um príncipe das suas canções.
Género: Hurt/Comfort
Classificação: T
Formato: Ficlet
Grace
por franziska
I'll never be your chosen one
I'll be home, safe and tucked away
You can't tempt me if I don't see the day
Nunca acreditou que ela realmente aceitasse a sua oferta. Ele não queria que ela tivesse aceitado de qualquer maneira. O que iria fazer ela se não atrasá-lo ou fazer com que fosse apanhado em tempo recorde? Mas mais importante que isso: o que era Sansa afinal? Apenas uma pobre criança condenada a sofrer. Era ridícula a quantidade de vezes que a tinha salvo ou tinha dado por si a pensar em salvá-la de todos, incluindo, e sobretudo, dele próprio.
Tocou com a mão na terrível cicatriz da sua cara pois, em muito tempo, só lhe apetecia fugir de tudo. E, talvez, mas só talvez, admitir que é quebrado e que precisa de salvação, assim como ela (mas ele não o quer admitir, nem hoje, nem nunca). Às vezes pensava – desejava – que ela fosse a sua salvação. Mas ela não se podia salvar nem a si própria. Ele era Sandor Clegane, apesar de tudo, e não um pobre coitado que se importava com coisas triviais como sentimentos. Deixava isso para ela, o seu pequeno pássaro, que nasceu para aprender que as canções não são tão belas e melódicas como ela quer acreditar com todas as suas forças. Um dia ela ia perceber que tinha nascido para isso, assim como ele percebeu que nasceu para servir. E, mesmo assim, depois de todo aquele fogo na batalha – e fogofogofogo em frente a si todasasnoites – depois de tudo aquilo que o atormentou por anos... Até isso tem a cor do cabelo dela, o que deveria logo dizer o quão errada ela é, não deveria? E ao perceber isso, o Cão deixou de servir e foi embora.
Fuck the king.
Ele apenas foi. E foi nesse momento que o cão se transformou numa outra coisa, num objecto ainda mais estranho mas ao mesmo tempo ainda mais digno de contemplação. E, então, enquanto se afastava de King's Landing, pensou que, sim, gostava que ela estivesse ali. Que ela deixasse as coisas ridículas em que acredita, assim como ele deixou, e confiasse nele. Porque ele a protegeria com a sua vida, se fosse preciso. Ele mataria, ele foderia – tripas para fora e coração e boca e tudo – quem sequer pensasse em se aproximar dela outra vez. E ele não teria misericórdia, não que alguma vez a tivesse tido, por ninguém que tentasse quebrar a inocência do seu pequeno pássaro. O problema é que, ao mesmo tempo, ele deseja quebrar a inocência dela. Vê-la quebrar, perceber que ele sempre teve razão e que os príncipes das canções não existem. Ele existe. Mas é tão complicado raciocinar quando pensa nela. Nada faz sentido, ele não faz sentido.
Sansa. Sansa. Sansa. Sansa. Sansa. O magnetismo de uma palavra apenas, uma palavra que valia por todas as outras. E, em cinco palavras, ele via o fogo e o gelo dos seus olhos, tudo envolvido em algo que talvez, mas só talvez, ele conseguisse admitir que desejava só para ele.
O problema é que Sansa deveria voar. Sansa deveria cantar. Sansa deveria ser rainha. Mas ele não era o seu príncipe. Ele nunca seria um príncipe das suas canções.
Ridículas.
Como ela.
I'll never wear your broken crown
I took the road and I fucked it all away
Now in this twilight how dare you speak of grace
N/A: Os versos do inicio e fim são da música broken crown dos mumford & sons.
Leonardo, love of my life (y)
