A porta da frente

Capítulo 1: Vizinhança

Fiquei observando o teto do meu quarto durante longos minutos - as estrelas que brilham no escuro que estão coladas nele são realmente interessantes – e, percebi que quando ficamos olhando durante um tempo para um determinado lugar aparecem umas bolinhas engraçadas na nossa frente, não importa o quanto você pisque, elas só vão embora quando quiserem. E foi isso que eu fiz, esperei elas dizerem adeus, evitando olhar muito tempo só para um lugar, porque além de engraçadas, eram bastante incomodas.

Percorri meus olhos pelo meu quarto. Poderia descrevê-lo em uma palavra: aconchegante. Ele é pintado em dois tons de rosa; claro e escuro. Não é como se fosse uma das minhas cores preferidas. A cor depende do meu humor. E aos meus quinze anos, eu estava na fase rosa da vida. Mas, voltando... Ele é aconchegante. Tem minha cama no centro, o guarda-roupa à direita, em cima dele está todos os meus ursinhos de pelúcia. O criado-mudo à esquerda. A mesa do computador ao lado da porta. E no canto atrás da mesma, um baú com todos os meus tesouros dentro, no caso; meus livros. Sim, eles ficam guardados em um baú, porque prateleiras não seriam suficientes para agüentar seu peso.

Desisti de ficar analisando as coisas no meu quarto - isso não iria trazer de volta meu sono -, o melhor a fazer seria ir até a cozinha tomar um copo com água. Foi o que fiz e aparentemente eu era a única com insônia em casa, pois todas as luzes estão apagadas. Tentei ao máximo não fazer barulho, para não acordar meus pais. Após beber água, fiquei escutando o tique taque do relógio e vi que já eram uma e meia. Percebi que não adiantaria nada ficar no meio da cozinha esperando o sono vir.

Fui até a sala e abri uma fresta da janela para ver se ainda tinha alguém na rua. Estava tudo tão calmo e solitário que não vi mal algum em abrir a porta e sentar nos degraus da escada da frente de casa, porque convenhamos seria horrivelmente constrangedor alguém me ver com uma blusa larga e shorts curto, combinando, do Bob Esponja. Fora o meu cabelo que estava preso em um rabo de cavalo mal feito.

Observei as casas que se seguiam e cheguei à conclusão de que eu sou uma completa estranha, simplesmente não conheço ninguém na rua em que moro. Existem aqueles que eu conheço de vista e os de nome. Isso mesmo, de nome. Aqueles que eu não faço idéia em que casa mora, ou quem seja, mas sei que estão ali de tanto que meus pais falam. E isso é tudo.

Não que eu fosse anti-social ou algo do tipo, mas eu simplesmente não sou uma "menina de rua", talvez seja pelo fato de meus pais serem super protetores e não me deixarem sair sem a companhia deles, além de ser filha única, o que fez com que eu preferisse passar meu tempo no meu quarto ou de vez em quando ir à casa de alguns dos meus amigos ou eles virem até a minha. Mas, nunca ficamos fora de casa.

Acho que isso é um bom argumento para o porquê de eu não me relacionar com os vizinhos ou talvez seja apenas eu que seja preguiçosa e anti-social o suficiente para não gostar de sair de casa.

A porta da casa da frente se abriu e vi um garoto loiro sair por ela, olhando para os lados e trancando-a novamente. Abriu o portão que ficava ao lado da janela, que está posicionada ao lado da porta, quase sem obter ruído nenhum. Ele desapareceu lá dentro.

Ouvi um carro sendo ligado e observei-o estacionando-o na calçada. Saiu do carro e novamente com o mínimo de barulho possível fechou o portão, que descobri como sendo a garagem. Foi até a porta do motorista, abriu-a e entrou. Quando estava dando a partida, abaixou o vidro do carro e murmurou:

-Belo pijama! – seguido de um sorriso enviesado.

Observei o carro dobrar a esquina, enquanto sentia minhas bochechas esquentarem. Havia esquecido completamente que era feio ficar bisbilhotando os outros e tenho certeza que o encarei tanto que percebeu minha presença. Além de ser obvio que o lugar onde estava não era nada discreto, pois estava sentada na escada da porta da frente da minha casa que, olha que maravilha – notem o sarcasmo –, fica de frente para a da casa dele.

Levantei e limpei a poeira da minha roupa, entrei e tranquei a porta. Fui até o meu quarto e me joguei na cama, não me importando em não fazer barulho.

Olá, Lei de Murphy, que bom que se lembrou de sua velha amiga, Hermione Granger, pensei irônica antes de a escuridão me tomar.

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N/A: Olá, tudo bem com vocês? Primeiramente quero desejar um Feliz Ano Novo a todos vocês, que 2011 seja repleto de felicidade, muito saúde e tudo que há de bom!

Quanto à fanfic, essa idéia surgiu quando eu estava na minha casa e vi um vizinho meu, que eu nem lembrava que existia sair no meio da noite e realmente o tempo fez muito bem a ele, mas abafa. Então me lembrei da história de meus tios, que eram vizinhos desde sempre e que as famílias eram rivais. Resolvi passar pro papel e vamos ver no que vai dar. Já estou com três capítulos prontos, então, tudo depende de como você receberão a fic.

Beijinhos! =)