"É impossível apagar de sua memória aquilo que está em permanentemente gravado em seu coração."
As carruagens puxadas por testrálios adentraram no vilarejo chamado de Hogsmead. Aquele seria o primeiro passeio ao vilarejo. Não era absolutamente comum ser no primeiro sábado logo, mas, ataques estavam ficando cada vez mais constantes naquele pequeno vilarejo próximo ao castelo. Para aquele, não era previsto nenhum ataque e poderia ser um dos poucos passeios que teriam naquele ano. A situação do mundo bruxo era extremamente grave e todos sabiam muito bem daquilo. Por isto, agora os alunos eram obrigados à respeitar um certo limite nos aredores da cidade. Não poderiam ultrapassá-los. Se o fizessem estariam totalmente à mercê do perigo dos seguidores de Voldemort.
– É absolutamente terrível o fato de que nós estamos indo para Hogsmead agora, sendo que está tendo o maior perigo de todos nós sermos atacados e mortos por aqueles idiotas! – Reclamou Lily Evans, ou uma certa garota com longos cabelos vermelho-flamejantes, que iam até sua cintura. Seus olhos eram da cor verde-esmeralda e tudo isto constratava muito com a sua pele tão clara como a neve. A neve que caía do céu em cima dos alunos que estavam dirigindo-se à Hogsmead naquele sábado.
– Você verá que não é tão ruim quanto você pensa, Lis. Vamos. Eu estou aqui esperando pra que aquelas bailarinas seguidoras de Voldemort apareçam. Tenho que mostrar à eles umas coisinhas! – Havia uma garota com longos cabelos loiros dourados ao seu lado. A sua pele era tão clara quanto a de Lily. Os seus olhos castanho-escuro contrastavam muito com a sua pele também.
– Isso é terrível vindo de você, sabia? – Ela balançou a cabeça, revirando os olhos – Por Deus, ou tudo que é mais sagrado! Você é imprudente demais, não tem a mínima noção de perigo, Charlotte! Aí, e eu só não sei o que ainda estou fazendo com você aqui nesse vilarejo.
– É simples – De repente, surgiu um garoto de cabelos negros com as pontas viradas para todas as direções. Ele tinha olhos castanho-esverdeados por trás dos óculos de aros redondos. Ele sorria, como alguém que deseja mostrar a quantidade de dentes que tem na boca – Você só está aqui, Evans, para ver se depois de ter me dado aquele fora hoje no salão principal, eu não estava com outra garota aqui.
– Isso é totalmente ridículo, Potter. Você não está cansado de ser tão egôcentrico assim, garoto? Aceite que existe uma garota que não gosta de você! – A ruiva respondeu, rapidamente. No fundo, certa parte dela dizia que aquilo era mentira tudo o que ela estava dizendo. Que, se havia uma garota que não gostava daquele Maroto de óculos, com certeza não era ela. E ela ignorava aquela parte.
– Olhe, Lis – Charlotte interveio antes que a discussão começasse a ficar insuportável. A garota apontou para outro garoto com cabelos negros debaixo do queixo, pele morena e olhos azul-acinzentados que apareceu atrás de James Potter naquele momento. Lily e James viraram – Ele está com outra garota mesmo, minha querida amiga. Aliás, ele sempre anda com ela... então, não é uma novidade grande.
Sirius Black, que estava sorrindo vendo a discussão daqueles dois, fechou a cara. Enquanto Lily e James começavam a gargalhar gostosamente da cara do Maroto, que era hilária pro restante do mundo.
– Outra garota? – Ele sibilou através de seus dentes – Vou te mostrar quem é a garota aq...
Ninguém soube o que ele iria dizer depois daquilo; o restante da frase do garoto perdeu-se no ar, no mesmo momento em que gritos de extremo terror tomaram conta do mesmo. Eles empunharam suas varinhas enquanto olhavam para todos os alunos, em busca de quem haviam emitido aqueles gritos. Era praticamente algo impossível de se fazer, já que os gritos vinham de todas as direções.
– Eles estão invadindo Hogsmead agora! – Surgiu um garoto com cabelos loiro-escuro, olhos cor-de-âmbar. Aquele era Remus Lupin, o terceiro dos quatro Marotos que formavam aquele grupo. Todos o olharam, um pouco assustados com o modo que ele havia surgido. – Eu estava ajudando os alunos mais novos à voltarem para as carruagens. Coisas que nós devemos fazer imediatamente!
– O quê? – Gritou a garota de cabelos loiros, apertando a sua varinha com a mão – Ir de volta e perder toda a diversão daqui? Você está ficando totalmente maluco! – Dizendo isto, Charlotte saiu de lá. Ela sabia que, se ficasse, Lily arrumaria um jeito de impedi-la de ir. Até a azararia ou coisa do tipo.
– Colleno! Colleno! Volte aqui! – Berrou Sirius, que parecia desesperado em ver a loira fugir na direção dos Comensais da Morte. Ou melhor, na direção da própria morte. Seus berros foram em vão – O que deu nela para sair assim desse jeito na direção daqueles maníacos?
– Os seus pais morreram em um ataque de Comensais! – Explicou a ruiva, rapidamente. Depois disto, ela seguiu a mesma direção que a sua melhor amiga. Não iria deixá-la sozinha naquele momento.
– Vamos, agora! – James saiu atrás da ruiva e loira, sendo seguido por seus fiéis amigos.
Lily correu o mais rápido que as suas pernas suportaram correr, pela neve. Era terrível. Em todo o lugar, a ruiva via alunos de Hogwarts e moradores do vilarejo correndo desesperadamente. Os outros, só empunhavam as suas varinhas e esperavam para o que viria. Sem perceber, ela adentrou no perigo mais profundo. Ela atravessou os limites que haviam sido estabelecidos. Ela só percebeu isto quando tropeçou em seus próprios pés, que já não aguentavam o esforço que faziam, e viu que uma caveira negra pairava sob o céu enegrecido naquele instante. As suas mãos procuraram por sua varinha, que havia voado para algum lugar quando ela caiu ao chão. Ela levantou a sua cabeça, que agora dóia, e procurou sua varinha com os seus olhos. Estava muito distante dela. Quando movimentou seu corpo para pegá-la, uma capa preta surgiu bem à sua frente. A capa preta seguida pela máscara conhecida dos Comensais da Morte.
– Veja o que nós temos aqui. – Falou ele. O tom de voz frio encheu os ouvidos de Lily. – Sangue-ruim. Você tem muita coragem de andar em um ataque, sabia? – Ele a segurou bruscamente.
– Me largue – Murmurrou Lily, encontrando forças para fazê-lo em um lugar que não fazia idéia de qual era. Ela mexeu o braço que o Comensal estava segurando, tentando soltá-lo.
O Comensal apenas soltou uma risada tão fria quanto a sua voz. E lhe lançou um feitiço, o qual ela julgou que era um Petrificus Totalus, pelo fato de que ela sentiu o seu corpo se transformar em uma pedra naquele mesmo instante. O Comensal largou o seu braço, que estava parado no ar com a tentativa frustada da garota de se soltar dele. Em seguida, segurou o cachecol vermelho e amarelo que estava em volta do pescoço da garota, como se o analisasse minusiosamente. Ela temeu o que ele pudia fazer.
– Coragem. Típico de uma Grifinória – Comentou ele, já soltando o cachecol da garota – Não se preocupe, sangue-ruim, eu cuidarei de você agora. Você já deveria saber que veio ao lugar errado.
E ela sabia muito bem. Mas, o que pudia fazer? Ela não ia deixar que a sua quase-irmã ficasse lá, se arriscando. Ela estaria ao lado de Charlotte caso acontecesse alguma coisa. Ela sabia que Charlotte iria estar ao seu lado caso acontecesse alguma coisa, também. Só que, naquele momento, algo aconteceria e a sua melhor amiga loira não sabia. Ninguém fazia a mínima consciência daquilo. Ela estava só.
Ela não fecharia os olhos se pudesse, quando jatos verdes saíram da varinha do Comensal, para a sua direção. Atingindo-a no peito. Ela sentia a sua pele se abrir, como se alguém estivesse cortando-a. E quando olhou para baixo, viu que era quase como aquilo. Os cortes surgiram na sua pele clara. Mas, Lily sabia que aquele não era o pior. Que ele não iria peder uma oportunidade como aquela. Estava certa. Ela soube disto quando viu ele apontando a varinha para a sua cabeça. O jato verde novamente. Uma dor, a dor que parecia dilacerante e desconhecida surgindo do fundo de sua mente. Não havia sangue. Só dor. E, não demorou muito para que a escuridão tomasse conta das vistas dela.
James corria virando-se quase sempre, em busca dos cabelos vermelhos que tanto gostava. Ele não conseguia achá-la de jeito nenhum no meio daquela multidão de pessoas correndo. Não conseguiu achar nenhum sinal de Charlotte, também. Esperava que a ruiva estivesse com ela. Que Sirius ou Remus já tivessem achado-as. Cada um foi para um canto, no meio daquela confusão.
– Pontas – Ele reconheceu a voz de Sirius. Meteu a mão no bolso das vestes, tirando de lá dentro um pequeno pedaço de espelho. Nele, estava a imagem de Sirius Black refletida.
– Vocês as acharam, Almofadinhas? – Perguntou ele. O seu tom de voz mostrava muito bem seu desespero e sua anciosidade. Ele estava torcendo mentalmente para que resposta fosse positiva.
– Nós achamos a Colleno. – A esperança foi por água à baixo – Ela diz que não viu mais a ruiva, depois que saiu de perto de nós naquela hora. Você... você ainda não a achou?
– Não – Ele respondeu, enquanto observava os jatos verdes de luz. Aquilo significava que eles já tinham começado a atacar. Olhou para o céu, onde a Marca Negra estava. De repente, já sabia onde ela estava naquele momento. E desejava que estivesse bem – Eu falo com você depois!
O maroto colocou o espelho dentro de suas vestes novamente; sem dar chanches para que Sirius falasse mais alguma coisa. Correu do modo mais rápido que pode na direção da Marca, segurando a sua varinha fortemente em suas mãos, enquanto todos os outros fugiam desesperadamente dela. Assim que chegou no lugar onde a Marca Negra fora lançada, parou brutamente. Reconheceu, ao longe, os cabelos ruivos de Lily. Na frente do mesmo, havia um Comensal da Morte. O ódio tomou conta do mesmo.
– Pare com isto agora. – Sibilou ele, aproximando-se do Comensal, que parou de lançar feitiços na garota e virou para ele no mesmo momento, já erguendo a sua varinha em mãos. James fez o mesmo, porém, sendo muito mais rápido do que o Comensal – Estupefaça!
O homem encapuzado voou para longe dos dois. Ele observou o corpo de Lily, jogado ao chão. Os seus cabelos vermelhos estavam misturados com o sangue que havia debaixo de seu corpo. Ele carregou a garota com o maior cuidado possível e correu para fora daquele lugar, antes que o Comensal acordasse novamente. Adentrou alguns arbustos, tomando um caminho diferente do que fizera para ir. Ele conhecia o lugar muito bem, pois já havia ido diversas vezes no mesmo com os Marotos. Parou somente quando já estava em frente aos portões do castelo. O terror parecia não ter chegado lá ainda, mas, haviam alunos correndo desesperadamente do vilarejo para o castelo. Observou o rosto dela enquanto corria. Ele não ia suportar se ela estivesse morta; definitivamente não iria. Ele queria ver as esmeraldas novamente. E iria.
Balançou a cabeça, na tentativa frustada de afastar os seus pensamentos ruins da cabeça. Andou até parar em frente à Enfermaria do castelo, na qual já haviam diversos alunos feridos. Era vísivel que ali ninguém parecia estar tão gravemente ferido quanto a ruiva que estava nos seus braços.
– O quê aconteceu com a Senhorita Evans, Potter? – Indagou a medibruxa, assim que viu a ruiva ensaguentada nos braços do maroto de óculos. Assim que ele abriu a boca, ela o cortou: – Vamos, bote-a em cima daquela cama. Vou buscar algumas poções e outra roupa para a garota.
Ele assentiu e fez aquilo que foi dito. Colocou a garota na cama que Madame Pomfrey apontara, a que estava muito mais afastada do que as demais camas. Quando a medibruxa apareceu, James teve de sair para que ela trocasse a roupa de Lily. Depois que o garoto havia saído e ela fechou as cortinas, tirou a roupa de Lily rapidamente, colocando um vestido branco típico no lugar. Analisou todos os cortes que a garota tinha. Certamente, ela fora esfaquiada e perdera muito sangue. Trabalhou rápido, limpando todas as feridas da garota antes de lançar um feitiço para que elas cicatrizassem. Em seguida, deu uma poção para repor o sangue que ela havia perdido. Porém, ela só percebeu o quanto a situação de Lily era grave, quando suspendeu as suas pálpebras para verificar como os seus olhos estavam.
Sangue. Tudo que havia por debaixo das pálpebras da ruiva era sangue. Tudo que encobria seus olhos agora, antes verde-esmeralda, era o sangue. Puro sangue. Ela soltou um pequeno grito de terror, e se afastou da cama da garota com uma mão sob a sua boca. James, assustado com o grito que Madame Pomfrey havia dado, passou pela cortina branca que envolvia a cama e adentrou no lugar.
– O que aconteceu, Madame Pomfrey? – Perguntou o garoto, preocupado que o caso da garota estivesse piorado. A verdade é que, ele já estava grave demais desde o ínicio. A mulher não virou.
– Potter... não encoste nesta garota. Não encoste. Eu... eu vou buscar mais algumas poções com o Professor Slughorn. – Mentiu a medibruxa – Você não pode encostar nela. Em nenhuma hipótese!
James não entendeu nada do que ela havia dito. Apenas ouviu quando ela saiu do lugar, dizendo, de modo que ele julgou que era para si própria, que nunca havia visto um caso como aquilo. Então, era mais grave do que ele imaginara? Não era possível. Virou-se para a ruiva. Antes ela estava ferida. Mas, agora, que a medibruxa havia curado os seus ferimentos, não parecia ser tão grave.
Suas suspeitas foram confirmadas quando Madame Pomfrey surgiu na Enfermaria novamente. Ela não estava acompanhada por Slughorn e suas poções, e sim por Minerva McGonagall e Dumbledore. De fato era muito mais grave do que ele estava imaginado que era. Muito mais. O desespero voltou.
– O que aconteceu aqui, Papoula? – Perguntou Dumbledore; a sua voz soava suave demais para aquele momento. James apertava as suas mãos em um canto, as mãos que já soavam frio.
– Eu ainda não consigo acreditar que Evans foi atacada. – Comentou a professora McGonagall, que balançava a cabeça negativamente, lamentando. Depois, virou-se para James. – Onde o senhor a achou?
– Acredito que primeiro temos de saber quão grave é o caso da Senhorita Evans, Minerva. – O senhor de óculos meia-lua e uma enorme barba branca interveio.
A medibruxa fez um gesto para que os dois se aproximassem mais da cama da garota. O fizeram. Quando estavam próximos o suficiente, a mulher tocou o rosto de Lily cuidadosamente e puxou uma das pálpebras da garota para cima. Mais uma vez, o sangue foi revelado. Tanto McGonall quanto Dumbledore se assustaram com a gravidade do que a garota tinha. Porém, ninguém ficou tão espantado quanto certo maroto de óculos de aros redondos que observava aquela cena um pouco mais distante.
– Terrível. – Pronunciou Dumbledore, depois de um minuto de silêncio – Absolutamente terrível... Papoula, a Senhorita Evans deverá ser mandada para o St. Mungus o mais rápido possível. Minerva, creio que você poderá ficar encarregada de avisar a família dela – Ela assentiu de modo positivo e logo saiu da Enfermaria, ainda surpresa. – James, creio que poderá vir comigo até minha sala, sim?
Ele, que até então se encontrava em um certo transe devido à cena que havia visto, acenou com a cabeça e seguiu Dumbledore para fora da Enfermaria. O caminho até a sala de Dumbledore – que era alguns andares à cima, foi feito no mais profundo silêncio entre os dois. James estava muito preocupado com a ruiva que agora seria mandada para o hospital. Ele nunca imaginara que seria grave daquele jeito. Quando os dois adentraram na sala do diretor, o mesmo sentou na sua típica cadeira. James sentou-se na cadeira que estava em frente à mesa de Dumbledore e esperou pelas perguntas.
– Então, meu jovem, você já deve saber que o chamei aqui para que você conte a história – Disse Dumbledore, ajeitando os seus óculos meia-lua sob seu torto nariz.
– É claro – Respondeu James, para enfim começar a contar. Explicou que eles conversaram bem, até que começaram à ouvir os gritos desesperados. Que Remus surgiu, avisando que estavam atacando. Explicou que Charlotte havia corrido para ajudar com os Comensais quando Remus disse para todos eles voltarem para o castelo. Falou que Lily havia ido atrás, já que as duas eram como irmãs. E que eles três haviam seguido-as, mas se separaram para as encontrarem mais rápido. Explicou que Sirius encontrou a Charlotte, mas não tinha nenhum sinal da ruiva. E que ele a encontrou mais tarde no lugar em que havia sido feita a Marca Negra, sendo atacada por um Comensal da Morte.
– Aquela atitude já era algo que era possível de se esperar da Senhorita Evans e Colleno. Amigas inseparáveis. O tipo de amizade que muitos morrem sem ter conhecido – Falou Dumbledore, como se ele próprio estivesse perdido em seus pensamentos naquele momento – Porém, o ataque foi controlado por aurores que chegaram do Ministério. Eu suponho que, agora, o senhor deseje acompanhar ela até lá.
– Está certo – Confirmou o garoto, abrindo um pequeno sorriso. – E, quanto a família dela?
– Minerva entrou em contato com os pais dela. Eles apareceram muito em breve no St. Mungus. Agora, vá. Eu sei que dela desejará vê-lo ao seu lado quando acordar. – O seu tom de voz transmitia uma certeza que James gostaria muito de ter naquele momento. Ou melhor, duas.
A primeira e principal certeza que ele gostaria de ter, é aquela de que ela acordaria. A seguinte, e não muito menos importante para o Maroto, é de que ela gostaria de vê-lo assim que ela acordasse. Mas, ele apenas se despediu de Dumbledore com um pequeno aceno de cabeça e caminhou rápido novamente para a Enfermaria. De lá, eles seguiram para o hospital bruxo através de uma Chave-de-Portal.
– Potter, este aqui é Joshua Houston – Madame Pomfrey o apresentou para um homem alto, meio magro e calvo, sendo que havia enorme abertura em meio à seus cabelos castanhos. Os dois apenas se cumprimentaram com um leve aceno de cabeça – Ele é um especialista em lesões cérebrais por feitiços.
– Agora, digam-me, o que aconteceu com esta garota? – Perguntou dr. Houston, fitando a ruiva que estava nos braços de James naquele momento. Ele fizera questão de ele próprio carregá-la.
– Ela foi atacada por um feitiço desconhecido de um Comensal da Morte – Começou ela – Eu acho que o feitiço perfurou alguma parte do cérebro dela. Você necessita analisar os seus olhos. Olhe.
O homem aproximou-se de Lily, puxando a pálpebra dela para cima logo em seguida. Assustou-se tanto quanto as outras pessoas que haviam visto aquilo. James recusou-se à olhar novamente, e virou o olhar para outro lado que não fosse para a ruiva que jazia em seus braços no momento. Depois do susto, o homem conjurou uma maca para a garota e chamou alguns outros medibruxos que a levaram de lá.
– Eu irei examiná-la agora. O caso é grave aparentemente. A família deve ser avisada. – Dizendo isto, ele seguiu na mesma direção que a maca tinha ido, adentrando no quarto em que Lily estava.
James acabou ficando sozinho no St. Mungus, esperando por alguma notícia. Já que, a Madame Pomfrey havia dito que iria falar com Minerva para saber se os pais de Lily já estavam indo para lá. Cada segundo que se passava, parecia que toda aquela situação piorava mais e mais. Ele já não suportava. A incerteza de não saber se ela iria viver ou não. Do que havia acontecido. Desespero. Angústia. Terrível. E tudo o que ele queria era que seu anjo ruivo saísse de lá. Não que definitivamente virasse um anjo.
O céu refletia a escuridão naquele local. Que local era aquele? Aquela ruiva certamente nunca iria saber responder. Ela sabia que a escuridão era constante, a escuridão era fria e sombria. Escuridão. Tudo naquele local se resumia na mais terrível escuridão que ela já vira em sua vida. Afinal, ela estava viva? E ela já não sabia mais de nada. E ela já não queria mais saber de nada. Adentrava naquela escuridão. Ela, que parecia ser tão fria e confortável ao mesmo tempo. Oras... ela havia descoberto que o frio é bom. Ela lembrava-se vagamente de ter caído ao frio horas mais tarde. Ou seriam anos? Aquela era mais uma das questões que Lily Evans jamais saberia responder. Indagava-se e continuava a indagar-se. Sabendo que tudo o que ela sabia resumia-se à nada. Como a escuridão do local. Como o seu caminho. Ela caminhava do nada, na direção do nada. De nada ela sabia. De nada ela queria saber. Existia a remota possibilidade dela não saber quem era a si mesma. Parou. E ela não sabia também. Andou. De repente, ela sabia. Ela sabia que já não existia nada. Que a escuridão nada era. Nada. Que tudo resumia-se no vazio.
Pudera o vazio ser o mesmo que a escuridão? Também não sabia. Começou a achar inútil demais o fato de que indavaga-se sabendo que não saberia responder, de nada sabia.
Mas, o vazio tinha que significar necessariamente escuridão? Aquela era uma pergunta que Lily agora gostaria muito de saber responder. E ela o fez. Já que o vazio nada era, o vazio não era escuridão. O vazio continuava vazio de modo insuportável para a ruiva, mas, já não era negro. Era branco. Branco como a pele do garoto que agora estava parado na sua frente. Arqueou a sua sombrancelha vermelha.
– Você estava aqui antes? De onde você veio? – E ela olhou para os lados, buscando algo. Nada ela encontrou. Tudo o que existia ali era o branco vazio.
– Eu estava aqui. Eu sempre estive aqui, Lily. Você sempre soube disto, também.
Agora ela estava mais confusa do que estava antes. O garoto de cabelos negros bagunçados, com óculos de aros redondos por cima de olhos castanho-esverdeados sabia o seu nome. Ela sentia que já o conhecia, ela sentia o seu coração batendo de modo tão rápido agora. De modo tão vivo. Antes, ela tinha até mesmo esquecido-se de que tinha um coração. Isto é, se ela sabia da existência dele.
– Eu não sabia. Eu não sei quem é você. Não há nada que eu saiba. – Respondeu ela.
– Você não pode se enganar por tanto tempo. Você de nada pode saber, mas você sabe quem sou eu. Você nunca se esquecerá de mim. Vamos, Lily, diga o meu nome. O meu nome.
De repente, ela sabia de alguma coisa. Ela sabia que ele estava certo sobre aquilo. Ela sabia que não sabia de nada. Tudo o que apareceu em sua mente vazia e branca – branca como o lugar em que os dois estavam naquele momento – foi um nome, nome que ela jamais poderia esquecer.
– James... James Potter. James Potter.
Ela disse. Repitiu. E repitiu. Ela repitiu mais milhões de vezes, fazendo com que o garoto à sua frente desse um maravilhoso sorriso sincero. Ela o acompanhou. Depois, nada mais era vazio para ela.
– James Potter, seu filho de uma mandrágora, diabrete de óculos, olhe para o espelho já! – Ouviu uma voz conhecida dizendo. Parecia muito longe. O seu coração encheu-se de esperança de que poderia ser Lily. Mas, tudo isto foi para o lixo quando confirmou que era apenas o seu espelho. E nele estava...
– Colleno? – Exclamou ele, ao ver a imagem de uma garota com longos cabelos dourados e olhos castanhos em vez de algum Maroto ali; o que seria mais provável – Como é que você descobriu sobre o espelho e está com ele? Aconteceu algo com um dos Marotos? O que houve?
A expressão da loira através do espelho era da mais pura raiva. O seu rosto ficou vermelhíssimo.
– Você está me perguntando o que aconteceu? – Gritou ela – Querido, você está invertendo todos os papéis aqui! Eu quem tenho que perguntar isto! Você sumiu com a minha amiga! O que aconteceu? O que houve? Eu soube que houve um casso gravíssimo de um aluno, ele foi transferido para o St. Mungus e tudo o mais. Absolutamente terrível. Passe logo para a minha amiga, eu estou desesperada!
– Desesperada é pouco! – Agora, outra pessoa quem gritou ao fundo. Ele pode ver os cabelos de Sirius e Remus ao fundo do ambiente. – Essa aí só faltou arrancar os nossos cabelos aqui!
– Você não pode reclamar, Black. Também ficaria assim se tivesse acontecido algo com um dos Marotos! Considerando o fato de que você também é uma garota, lembra? – E ela virou-se para James de novo, largando um Sirius Black muito enfurecido para trás. – Fale logo o que aconteceu aí.
– É muito complicado para que eu conte por espelho, Colleno. Complicado demais... – O que ele falaria se perdeu no momento em que ele avistou uma mulher com cabelos loiros curtos e olhos verde-esmeralda como os de Lily. Olhos bondosos, que agora estavam preocupados. Atrás da mulher, apareceu um homem que tinha os cabelos avermelhados de Lily. Eram seus pais; Elizabeth e John Evans – Tenho que fechar, os pais de Evans já chegaram aqui e tenho de falar com eles.
Ele guardou o espelho rápido. Só entendeu a burrada que tinha cometido ao ouvir o berro dela, que dizia algo que ele reconheceu como "ENTÃO FOI ELA!" e fez questão de ignorá-lo. Virou-se para os dois, que agora pareciam mais perdidos do que nunca naquele lugar. Acenou para os dois.
– O que aconteceu com a nossa filha? – A mulher de olhos verdes perguntou para o garoto.
– Onde está o médico que está cuidando do caso dela? – O homem indagou também.
– Ele está examinando-a aí dentro faz algum tempo. – Apontou para a porta do quarto ao lado da cadeira em que ele se encontrava sentado. – Eu não sei o que ela tem, não recebi notícias até agora.
Assim que os pais de Lily jogaram-se nas cadeiras ao lado de James, a porta do quarto dela foi aberta e de lá saiu o mesmo homem alto, magro e calvo. Ele parou em frente aos três, sem expressão.
– Senhor e Senhora Evans, eu suponho – Cumprimentou os dois ao lado do garoto. Todos eles já tinham se levantado em um só pulo quando viram a porta se abrindo. – Vocês podem entrar. – E aqueles dois não demoraram nada a fazê-lo. James, permaneceu no mesmo lugar que estava. O medibruxo fitou o garoto e fez um gesto para que ele seguisse também. – É necessário que você entre também.
Foi o que eles fizeram. Depois que todos já estavam ao redor da cama em que encontrava-se a garota de cabelos vermelhos e que todos os outros medibruxos haviam saído, Houston pronunciou algo.
– O que a Senhorita Evans sofreu é muito mais grave do que todos nós imaginávamos – Começou ele, que havia juntado as suas mãos nas costas e agora andava pela sala. – Obviamente, houve lesão em seu cérebro. Caso contrário, Pomfrey não teria mandado-a para um especialista nesses casos. Porém, eu nunca vi um caso tão grave quanto este em todos os meus anos aqui no St. Mungus. Os Comensais estão começando à inovar. Eu conheci casos de pessoas que pareciam ter sido esfaqueadas. Esse é diferente; é como se tivessem esfaqueado-a por dentro. E justo em uma região do cérebro, tão sensível... Ela viverá, poderá sair daqui depois de uma semana de tratamento. Porém, a área afetada era muito sensível, como eu acabei de dizer. Infelizmente, as coisas não serão iguais. Senhorita Evans perdeu a sua memória. Ela se lembrará do que aprendeu na vida. Porém, ela não se lembrará de vocês e nem de quem ela é.
O espanto foi evidente no rosto daqueles três. Antes que alguém pudesse falar algo, o medibruxo mais uma vez interveio, continuando à falar.
– Existe apenas uma pessoa de quem ela se lembrará. Depois de ter sofrido tal mutilação em seu cérebro, eu dúvido que ela se esqueça algum dia dela. A única pessoa que poderá ajudar Senhorita Evans no processo de recuperação de sua memória; o que eu creio que dará certo.
– Quem é? – Depois da curiosidade, havia um traço de curiosidade no rosto de cada um deles. E o espanto voltaria para os rostos deles muito em breve.
O medibruxo parou de andar naquele mesmo momento e se aproximou deles.
– Você – Ele apontou para James, que assustou-se – Parece que o senhor marcou a vida dela.
Todos olharam para o garoto, tão espantados quanto o próprio estava.
– Como eu? Como o senhor pode ter tanta certeza sobre isto? – Indagou ele. Apesar de parecer tão confuso por fora, ele sentia-se imensamente aliviado por dentro. Talvez Dumbledore tivesse razão.
– Fiz uma certa avaliação da mente dela. Tudo o que resta lá é o branco; e o senhor. Além disto, ela chamou pelo seu nome diversas vezes. Algo pouco comum, eu devo dizer.
Ele não esperou nada mais até caminhar para perto da ruiva. Ela estava mais pálida do que era, e ainda sim, parecia absolutamente linda como sempre fora. James segurou a mão da garota com cuidado entre as suas. Elas estavam frias, pareciam tão frágeis. Ela parecia frágil agora. Acariciou-as. Nem estava se importando com o fato de que todos ali o observavam atentamente.
Parecia um fato óbvio demais para o restante do mundo o amor que existia ali.
Então...
Deus, Merlin ou sei lá o quê...
Eu estou que nem uma louca aqui! Vou desmaiar, não sei.
Sei lá.
Eu só preciso saber o que vocês acharam, é sério. Vamos, podem me xingar. Eu sei que está horrível, sei lá.
Tá bom, eu estou muito confusa. Não sei de nada, tipo a Lily. Só que, diferente dela, não perdi minha memória.
Eu acho.
O importante são as reviews, afinal, eu necessito saber o que vocês acharam. É vital para mim.
Vital, sabe. Absolutamente vital. O que significa que a minha vida está aí, em risco. Então, não me deixem morrer.
Tudo bem, ninguém se importa mesmo... *corta os pulsos*
Ok, acabei com o meu showzinho. Por favor, REVIEWS!
Beijos.
