Essa fic terá apenas dois capítulos e eu postar o próximo vai depender das suas reviews. Se eu sentir que o pessoal gostou, vou postá-lo, ok? :) Então review me please. E divirta-se! E não se esqueça que o Naruto pertence ao Kishimoto.


How terrible it is to love something that death can touch.

a SasuNaruSasu fanfic.


- Já cheguei – exclamou o moreno ao entrar dentro de casa. Uma casa não muito grande, é verdade, mas não era nada mais nada menos do que ele precisava para dividir com as duas pessoas que lhe faziam companhia todos os dias. Estava cansado e com diversos machucados, a pele sensível rasgada nos braços e sangue escorria pelo rosto ao que ele arrancava a máscara ANBU do rosto e atirava na mesa de centro da sala, revelando os olhos cor de ônix e os lábios curvados numa expressão séria, como fazia todos os dias.

- Otoosama! – trotou uma minúscula criança de cerca de cinco anos até o Uchiha, que lhe forçou um pequeno sorriso. Não por não ter afeto, porque seria mentira, mas por estar demasiado cansado para imaginar-se brincando com tal. – Otoosama... Você está tão machucado!

- Mikoto – ele se agachou diante da pequena menina e passou a mão em seus cabelos louro arruivados. Definitivamente não seguia a linha Uchiha, embora tivesse o nome da falecida mãe dele. – Eu voltei de uma missão, tivemos que lutar muito, acabei me ferindo... Mas a médica já cuidou das feridas mais graves, então eu estou bem, ok? – Ele assanhou os cabelos espetados da criança que fez um biquinho. – Onde está seu irmão?

- Humm... Eu vi ele na cozinha. – Mikoto afastou-se do Uchiha e foi até o outro cômodo quase na velocidade da luz. Ele sentou-se no sofá da sala e pôs o pé pra cima da mesa de centro e quase acertou a sua máscara ANBU e seria a terceira vez se o fizesse agora. Das últimas duas vezes, ele esmagou a máscara com os pés. Relaxou os ombros e manchou o sofá com o pouco sangue úmido que restava nas crostas de sangue seco que estavam espalhados pelo seu corpo e soltou os botões do uniforme. Ouviu a voz da pequena Mikoto na cozinha e uma voz masculina falava com ela.

- Mikoto! Você vai se machucar – dizia a voz, e a menina ria como uma boba e uns barulhos metálicos invadiam os ouvidos de Sasuke. Até pensou em levantar, mas seria demasiado cansativo. Outrora teria alguém para interromper a confusão, mas agora era só ele, e a cada dia que passava, Sasuke sentia-se mais incapaz de se virar sozinho com aqueles dois. – IMOUTO! – Exclamou a voz por fim e a menina derrubou uma última coisa na cozinha e houve um momento de silêncio.

Em seguida, um garoto de cabelos loiros apareceu pela porta da cozinha e ele devia ter uns 12 anos. – Otoosan – ele cumprimentou, jogando uma toalha de louça nos ombros. O rapaz era alto, magro e tinha imensos olhos azul céu. Mikoto apareceu atrás dele, agarrando-lhe a calça e escondendo o corpo todo atrás das pernas do menino. – Gomen. O jantar está ficando pronto, já – o garoto ergueu as sobrancelhas. Ele não era um ninja. Muito menos Mikoto. – Otoosan. Você deveria tomar um banho.

- Tudo bem, Minato. – Sasuke suspirou. – Eu vou fazer isso. Não precisa se apressar. – E levantou do sofá, arrastando os pés até o corredor do quarto. Entrando ali, ele sentiu aquele cheiro amadeirado que insistia em impregnar cada canto do cômodo. Aquele cheiro que ele conhecia tão bem... Que ele tanto gostava, mas que ultimamente estava ficando difícil demais sentir. Era como se... Se a pessoa ainda estivesse ali, em algum lugar, olhando por ele. Cuidando dele. Mas Sasuke não podia vê-lo. E era isso que doía. A saudade. A dor... A solidão. Que por mais que seus dois filhos adotivos pudessem preencher, de certa forma, ainda faltava. E muito.

Sasuke tomou um banho, vestiu uma camisa branca com um minúsculo símbolo Uchiha na gola, nas costas, e uma calça azul qualquer. Caminhou descalço até a cozinha e Minato e Mikoto estavam sentados na mesa. Mikoto batucava com os hashis no pote de sopa e Minato se balançava para frente e para trás na cadeira, que estava apoiada apenas em duas pernas e era sustentada pelos pés do loiro que ficavam sobre a mesa. Assim que Sasuke entrou, ele baixou as pernas e jogou o caderno em que escrevia qualquer coisa da lição de matemática do dia e sentou-se corretamente. – Gomena.

- Hai, hai – Sasuke sentou-se à mesa e só então Minato pegou nos hashis e um coro de "itadakimasu" saiu das bocas dos três. O garoto havia feito uma sopa de vegetais. Sasuke já estava limpo e com alguns curativos pelos braços expostos. Ele levou uns pedaços de legumes à boca e aspirou o líquido, provocando um barulho de borbulho irritante. Mikoto sacudiu a mão em cima da sopa e cruzou os braços em cima das coxas, apoiando o rosto na mesa, já que era pequenina.

- Otoosama.

- Hm? – Olhou de esguelha para a menina e baixou o pote de sopa.

- Você nunca falou pra mim da minha okaachan.

Minato bateu o pote com força na mesa, batendo em seguida os hashis no pote de sopa que já estava completamente vazio.

- Não bata as coisas, Minato. – Sasuke ergueu a sobrancelha. Sabia que Minato era revoltado pela morte da pessoa que era companheira do Uchiha, e também por não poder falar nada à Mikoto. Doía nele saber que seu filho o culpava por isso. Mas tinha que ser rígido com ele caso quisesse que crescesse adequadamente.

- Com licença. – Minato levantou-se, mas mais do que rápido, Sasuke segurou a mão dele e o forçou a sentar novamente.

- Otoosama... – Resmungou Mikoto.

- Ele também vai ouvir eu falar. – Sasuke encarou o filho e voltou seus olhos ônix para os esmeralda da menina. – Mikoto... Você nunca teve uma okaasan. O que você tinha, era um outro otoosama.

Minato grunhiu algo incompreensível e baixou a cabeça.

- Como assim outro otoosama? Mas você já não é meu otoosama?

- Você sabe que não é minha filha de verdade, não é mesmo?

- Hai, mas ainda assim você é meu Oto-...

- Hai. – Sasuke suspirou. – Você tinha outro. Mas ele... Ele morreu meses depois de você vir para nossa família.

- Pensei que fosse a okaachan que havia morrido.

- Você nunca teve uma okaasan, Mikoto, entenda. A pessoa com quem eu dividia a vida, era um homem.

- Era o papa-san, Mikoto. – Minato disse com a cabeça ainda baixa e Sasuke torceu o nariz. Sempre achava que teria problemas com o garoto no futuro, mas Minato curiosamente, aceitava o fato de ter tido um outro pai desde que entrou para a família quando tinha dois anos.

- Hai. Papa-san. – Disse Sasuke antes de continuar. – Ele era... Era estranhamente semelhante ao Minato, se quer saber, apesar de ele não ser filho legímito nem meu nem dele. Tinha os olhos azuis e cabelos loiros. E três risquinhos bem aqui – ele fez três riscos horizontais imaginários com o dedo indicador na bochecha e um sorriso quase lhe escapou pelos lábios ao lembrar do sorriso dele. – Porque ele era... Diferente. – Achou que não faria sentido algum explicar os fatos para a menina.

- Kawaii! – Mikoto agitou-se na cadeira, ajoelhou-se nela e debruçou-se sobre a mesa. – Conta mais. Como vocês eram?

- Vocês? – Sasuke mexeu na borda do pote de sopa. – Bom... Eu... Eu o amava. – Ele engoliu a saliva reunida no canto da boca e encarou a pequena. – Ele costumava me abraçar todas as noites antes de dormir. E sempre ficava no quarto do Minato até ele dormir porque tinha medo do escuro... – Sasuke olhou de esguelha para o garoto, que torceu os lábios. – Quando éramos mais novos, vivíamos brigando. Passamos a conviver melhor quando nos unimos num time. Éramos rivais, entende? Ele sempre tentava buscar meu reconhecimento, e eu querendo superá-lo.

- Ele também era um ninja?

- É. E um dos melhores. – Mikoto sorriu ao ouvir essa firmação. – Mas sinto por ele não ter conseguido realizar o sonho de virar Hokage... Eu soube que Tsunade-sama o indicaria para ser o sucessor. Eu tenho certeza que seria a pessoa mais feliz de todo o mundo – o Uchiha sacudiu a cabeça. – Era um tolo, isso sim. Mas tinha muito mais talento do que eu pensava... Bem... Eu nunca o vi tão feliz quanto nas vezes em que adotamos você e seu irmão – Sasuke assanhou os cabelos de Minato, que sacudiu os ombros e soltou um sorriso que não queria ter soltado. – Ele era... Era a pessoa mais admirada de Konoha e a quem eu sempre amei... Era inevitável não gostar dele. Todo mundo gostava. Até quem dizia que não gostava.

- Então ele era, assim, uma pessoa super especial, né, otoosama?

- Sim. – Sasuke esboçou um pequeno sorriso de canto de lábio, lembrando de como ele apertava suas bochechas fazendo com que Sasuke ficasse extremamente irritado, e de como lhe roubava beijos eventualmente e o esmagava em abraços. Como ele era carinhoso e como o amava acima de tudo... De tudo. – Ele me amava. E eu o amava. Nós passamos por dificuldades... – Sasuke mordeu o lábio inferior. – Por causa da aceitação, sabe. Acho que nunca imaginaram que ficaríamos... Juntos. O único que nos apoiou mesmo foi nosso antigo sensei. A nossa companheira de equipe... – Soltou um muxoxo. – Ela deve me odiar até hoje. Mas ela não importa.

- Otoosama – Mikoto já havia esquecido da sopa. – Posso ver uma foto do papa-san? – Ela imitou a forma como Minato havia chamado o falecido e Sasuke sentiu-se muito bem ao ouvi-la falar aquilo. Era como se ele ainda estivesse ali.

- É claro, espere aqui e termine sua comida. – Ele levantou da mesa e foi até seu quarto vasculhar o armário onde guardava um baú forrado de fotos. Não havia uma foto sequer dele na casa toda. Na realidade, não havia foto alguma pela casa. Voltou à cozinha e abriu o baú, pegando a primeira foto da pilha. Era a do time Kakashi. Quando haviam acabado de se unir. Sasuke sentiu uma imensa dor no coração ao ver as expressões tão peculiares. E como eles se encaravam como se sentissem ódio, mas no fundo, ele sabia quais eram os verdadeiros sentimentos ali exibidos.

Mikoto saltou da mesa e correu para o lado do pai, subindo no colo dele. Tomou a foto da mão do homem de 31 anos – que aparentava ter uns 25 – e deu uma boa analisada. – Kawaii, otoosama! – Ela indicou o pai na foto e depois, o homem de cabelos prateados que estava no meio dos dois. – Este é o papa-san?

- Não ouviu o que eu disse, Mikoto? Eu disse que ele era meio parecido com o Minato – Sasuke pôs o dedo em cima do peito do louro na foto. – Este, é seu papa-san. – Engoliu a saliva para, talvez, levar as lágrimas junto.

- Kawaaiiii! – Mikoto agitou-se no colo do pai e sacudiu a foto. – Nee, nee, otoosama, como era o nome do papa-san?

- Uzumaki Naruto. – Sasuke disse após alguns segundos de silêncio. Minato fechou os olhos e levantou-se da cadeira, caminhando até ficar atrás do pai. Ele olhou a foto na mão da irmãzinha e deu um sorriso para a expressão que Naruto fazia. Minato, ao contrário de Mikoto, tinha lembranças de Naruto. Quando ele morreu, Minato tinha sete anos. Sasuke o proibiu de falar de Naruto para a irmã até que fosse a hora apropriada, e bem, aparentemente, era esta.

- Ele era tão lindo, otoosama. – Mikoto pôs-se a revirar o baú e achou uma foto que Sasuke e Naruto haviam tirado juntos, deitados na cama; era um close do rosto dos dois. Sasuke estava segurando o riso e Naruto, visivelmente, gargalhava. Eles tinham quinze anos, nela. – E aqui, do que vocês estavam falando?

Sasuke tomou a foto nas mãos e a olhou, analisando. Não lembrava bem, mas sabia que eles estavam na casa de Sasuke e que haviam passado a primeira noite juntos. Esta lembrança fez Sasuke sorrir mais uma vez. Era provavelmente a primeira ou segunda vez que Mikoto via o pai sorrir sinceramente. – Não lembro bem... Mas a gente estava bem feliz, não é? – O rosto da garota iluminou-se visivelmente e ela vasculhou por mais fotos. Na outra que achou, eram Sasuke, Naruto, e Minato no colo do loiro, com dois anos. Foi o primeiro dia do menino com os dois. Ambos tinham 19. Novos, é verdade, mas Naruto insistira tanto naquilo que Sasuke não pôde dizer não. Ele não sabia dizer não para Naruto, às vezes. Foi a minha melhor escolha de vida, pensou ele olhando para o sorriso no rosto do filho.

- Nii-san! Você era fofo.

- Eu era?

- É, agora você é chato e feio.

- Mikoto! – Sasuke a repreendeu quando Minato torceu o lábio e ameaçou xingar. – Respeite seu irmão.

- Era só brincadeirinha. – Ela sorriu. Era incrível como ela tinha uma personalidade tão semelhante à de Naruto. Tão infantil, inocente e adorável.

- Otoosama... – Ela revirou mais umas fotos dos dois juntos, dos dois com Minato já com sete anos e mais umas deles com ela própria, quando ainda era um pequeno bebê de colo, recém-desmamado. – Por que o papa-san morreu? Ele tinha alguma doença? Alguém matou ele?

Sasuke sentiu um bolo estranho no estômago, coisa que não havia sentido sequer uma vez na vida. Não que a cena de Naruto morrendo não fosse algo que lhe assombrava todas as malditas noites em que ele deitava na cama que dividia com ele, sentia aquele cheiro que impregnava a cama, independente de quantas vezes ele lavava o lençol, os travesseiros e até mesmo o colchão. Obviamente, aquele cheiro não estava ali. Era ele que sentia. Ele, e somente ele. Mas falar da morte dele, assim, era difícil. Ainda mais para a pequena filha, tão inocente que sequer entendia porque as pessoas morriam.

Atrás dele, Minato pigarreou.

- É uma história meio longa... – Sasuke apertou o lábio encarando o filho.

- Nós temos tempo – retrucou Minato, cruzando os braços e voltando o corpo à posição ereta, já que ficara o tempo todo curvado para olhar as fotos no baú.

- Certo... – Sasuke mordeu os lábios, contrariado. – Vamos para o meu quarto, então. Assim o Minato não fica sem coluna – ele pôs Mikoto no chão e levantou da cadeira, ouvindo a pequena rir e Minato adiantou-se para juntar as coisas na mesa mas Sasuke fez isso antes dele, pondo-se na frente do rapazinho. – Podem ir. – Sasuke abanou a mão para indicar a porta, e os dois seguiram para fora da cozinha.

Neste momento, um vento gelado invadiu a cozinha e Sasuke fechou os olhos. – Você... – Sussurrou. – Nunca me deixa sozinho, não é mesmo? - Ele sorriu, sincero. Abriu os olhos e o vento desaparecera. Era Naruto, ele sabia. Dizem que lembrar das pessoas as atrai para o mundo ao qual uma vez pertenceram. – Me perdoe... – Resmungou ele, apertando os olhos, que ele não conseguia dominar. Uma lágrima desceu pela sua bochecha e ele esfregou o rosto rapidamente, evitando que alcançasse o final do rosto. Não queria chorar. Não podia chorar. Naruto detestava quando ele chorava, por qualquer motivo, mesmo que as vezes fossem raríssimas. Certa vez, de dor. Certa vez, de medo depois de Naruto voltar muito machucado de uma missão. Outra vez, lembrando de seu irmão mais velho. E Sasuke não iria chorar agora.