Sinopse: Conjunto de três capítulos sobre a relação entre Leah, Sam e Jacob.

Prólogo – Mostra os sentimentos de Leah, como foi para ela perder o namorado para a prima e explicações sobre sua forma de agir. A intenção é contextualizar, mostra antes e depois de Breaking Dawn. Vai ser a menor das três partes.

Chapter 2: Antes do amanhecer – Leah é recusada, mais uma vez, por Sam e entra em desespero. Ela e Jacob nunca se entenderam plenamente, mas eles acabam passando uma noite inteira juntos com muita conversa e talvez algo mais. Ponto de vista de Jacob e Leah.

Chapter 3: Antes do pôr-do-sol – Leah está arrasada com a morte de Sam, Jacob está triste por estar longe de Renesmee e por saber que ela está com outro. O que parecia impossível acaba acontecendo: eles agora têm uma ligação especial e acabam repetindo a dose. Ponto de vista de Jacob e Leah de novo

Shipper: Leah/Sam, Leah/Jacob

Este é o primeiro capítulo e serve de introdução para os próximos dois.

Boa leitura!

LEAH (1) – Minha dor

Sam não teve coragem de me olhar, não teve coragem de falar comigo. Ele havia deixado para trás apenas uma carta e meu coração dilacerado. Emily não disse nada, nem deixou uma carta. Eles viajaram por uma semana enquanto eu chorava noite e dia sem parar. Eu reli a carta mais de cem vezes, mas ela não me trazia explicações:

Leah, me perdoa se você puder. Amo Emily e preciso ficar com ela. Estamos viajando para dar um tempo para você tentar entender tudo isso. Não queremos que você sofra, mas queremos ficar juntos. Fique bem, por favor, fique bem.

Sam

Amassei a carta todas às cem vezes em que a li. Tanta raiva transmitida para o simples papel acabou por fazer com que ele se rasgasse em vários pontos. Durante todos aqueles dias em que eles estiveram fora eu tive raiva de Sam, eu queria gritar e matá-lo com as minhas mãos, mas quando ele voltou e olhou para mim, eu não consegui falar nada, eu só queria poder beijá-lo e sentir que ele correspondia ao que eu sentia. Meu coração era repleto de amor por ele, de lembranças doces e promessas que jamais seriam cumpridas. "Desculpa" ele disse e eu o abracei como se aquilo fosse mudar tudo.

- Sam, você não me ama mais?

Ele segurou na minha mão e olhou nos meus olhos

- Não como antes.

- O que aconteceu? O que eu fiz? – perguntei desesperada

- Você não fez nada.

- Então porque você prefere ela? Por que fez isso?

- Eu amo a Emily de uma forma que eu não sei explicar.

Ele recebeu o tapa na cara sem reclamar e eu tive ódio novamente dele. Por que isso tinha acontecido assim, de repente? Como ele podia amá-la tanto se mal a conhecia?

- Eu nunca vou me perdoar pelo que estou fazendo com você, mas eu não posso escapar dos meus sentimentos. Não precisa me perdoar se você não quiser, mas saiba que eu nunca deixarei de respeitar o que tivemos.

Ele foi embora, mas desta vez não foi para longe. A partir daquele dia eu tive que conviver com ele tão perto o tempo todo, mas tão distante e indiferente a mim. A partir daquele dia tive que me acostumar a ver ele e Emily de mãos dadas, trocando carinhos e planejando um futuro que deveria ter sido meu, não dela. O que mais doía era vê-lo olhar para ela. Seus olhos eram cheios de admiração, zelo e amor e eu tinha que encarar tudo calada, eu tinha que aceitar! Entre as pessoas ao meu redor havia apenas a pena que todos sentiam. "Tadinha" eu ouvia dizerem e minha alma enchia-se de ódio.

No início, todos me tratavam como uma coitada, mas logo, um a um eles foram se esquecendo do que acontecera. As pessoas ao redor passaram a tratar aquilo como se fosse banal e as que antes falavam que queriam nos ver casados, diziam isso para Emily agora. Idiotas, hipócritas, mesquinhos...eles eram todos assim, como podiam encarar como se fosse normal um homem ficar com a prima da namorada?Como podiam simplesmente não ligar? Como podiam não se importar se aquilo me matava? Por que eu era a única dentre todos os quileutes que deveria sofrer tanto? Por que eu me sentia tão solitária com a minha dor?

Passei a evitar o casalzinho-mais-feliz-e-repugnante-de-La-Push e a quase nunca olhar para eles quando estavam por perto. Aquilo era o melhor que eu podia fazer para não sofrer ainda mais, mas não era o suficiente. Eu detestava vê-los felizes, eu detestava não ser levada a sério. "Esquece ele!", "Há muitos rapazes bonitos por aqui", "deixe de ser tão rabugenta". Ouvir essas frases era rotina e elas nunca me ajudaram em nada, só me deixavam mais puta da vida.

LEAH (2) – Morte à Emily

Minha raiva por Emily era grande. Talvez até maior do que Sam porque, no caso dele, a raiva precisava dividir espaço com o amor e, no caso de Emily, a raiva só dividia espaço com a decepção. Ela era minha prima, havíamos sido tão amigas... Como ela podia ter feito aquilo comigo? Como ela podia ter roubado o namorado da prima que sempre havia sido tão atenciosa com ela? Eu me odiei por ter apresentado os dois. Estúpida, estúpida! Mas como eu poderia imaginar o tamanho da traição? Como?

Eu fui até a casa de Emily e despejei toda a dor que eu estava sentindo nela. Ela não poderia achar que tudo estava bem. Todos podiam esquecer do meu sofrimento, mas não ela. Ela era a culpada. Eu havia sempre cedido aos pedidos dela, desde pequena dando os meus brinquedos para ela brincar e cuidando para que ela não se machucasse, mas Sam eu não podia entregar e era injusto pensar que ele era a única coisa que eu negara a ela e a única coisa que ela realmente quis de mim.

Ela chorou enquanto eu falava e eu não a consolei como eu costumava fazer quando éramos menores. Ela merecia sofrer.

Sam me procurou no dia seguinte, falou que eu deveria culpá-lo e que eu tinha direito de lembrá-lo o que ele tinha feito, mas que eu não podia fazer isso com Emily. Ele disse que ela não merecia. Rá! Ela merecia que um raio caísse na cabeça dela, era isso que ela merecia. Causar o sofrimento de Emily era o mesmo que causar o sofrimento dos dois, por isso, eu mandava indiretas sempre que podia. Mas eram só lembretes para que eles não esquecessem de mim, para que não esquecessem da ex-namorada e prima corna deles.

Semanas se passaram e eu me surpreendi quando minha mãe disse que Emily estava no hospital. "Bem feito" foi meu primeiro pensamento, mas minha mãe não parou de falar sobre o que havia acontecido com ela e eu senti meu coração ficar apertado e com medo quando ela disse que minha prima havia sido atacada por um urso.

Minha mãe pegou o carro e eu pedi para que ela corresse. Cheguei ao hospital desesperada, mas durante dois dias não pude vê-la. Quando finalmente entrei no quarto, vi um rosto deformado na minha frente. Um rosto que eu podia reconhecer, mas que não era o mesmo. Sam estava ao seu lado com a cabeça pousada ao lado do braço dela. Ela fazia carinho em sua cabeça e ele chorava feito uma criança. A dor de Sam entrou como uma faca no meu coração. Apesar de tudo, era horrível vê-lo sofrer e era horrível também ver o amor indestrutível que ele tinha por ela. Ele bateu a porta ao sair, mas eu sabia que ele ficou por perto. Ele tinha medo do que eu podia fazer a Emily.

Eu sentei em uma cadeira ao lado da cama.

- Acho que eu mereço isso, não é mesmo? – ela disse ainda com um tubo preso a ela.

- Não isso. Isso você não merecia – sussurrei

- Me perdoa. Eu amo o Sam. Me perdoa por aceitar ficar com ele sabendo que você sofre. Me perdoa por escolher a sua dor ao invés da minha.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

- Emily bobinha...eu sou mais forte que você. Eu sobrevivo.

Eu apertei a mão dela e sorri. Aquela foi a última vez que conversamos sobre Sam e a primeira desde que tudo havia acontecido que eu desejei que ela fosse feliz. Depois daquele episódio, eu não quis mais o mal dela, mas eu sabia que ela sempre sofreria enquanto visse meu sofrimento, mas disso, eu não poderia poupá-la.

LEAH (3) – Nossa dor

O tempo passou e minha dor não diminuiu como deveria ser o normal. Eu tentei de tudo, mas meu amor por Sam não se alterou nem por um segundo.

No dia em que a temperatura do meu corpo aumentou e eu comecei a tremer, achei que eu morreria. Pensei que minha dor era tanta que nem meu corpo agüentava mais. Eu, porém, não morri. Meu corpo ganhou outra aparência e eu me vi na forma de uma loba. Aquilo trouxe um alívio imediato e indescritível para mim. Eu não sabia ao certo como aquilo tinha acontecido, mas eu não me importava. Aquilo fazia muito bem a mim. Não era apenas uma questão de ter quatro patas e pêlos. Minha mente funcionava diferente e eu podia sentir o vento passando velozmente por mim, podia sentir a dor diminuindo e as minhas noções de sentimento transformando-se em um instinto animal, minha alma torturada dava espaço para uma alma de loba que me fazia mais forte, mais confiante. Eu estava me sentindo plenamente feliz e livre quando a voz de Sam soou na minha cabeça. Parei instintivamente, confusa e perturbada.

Está tudo bem, Leah. Estamos indo encontrar você.

Um lobo grande e negro apareceu na minha frente e eu tive certeza que era ele. Ao seu lado apareceram outros lobos que eu fui reconhecendo aos poucos. Eles me explicaram sobre a transformação e como aquilo funcionava. Quando descobri que meus pensamentos seriam compartilhados e que agora ouviria a voz de Sam dentro de minha cabeça, senti a dor voltar. Eu podia evitar vê-lo com Emily, mas não poderia evitá-lo como alpha, não poderia evitá-lo plenamente para tentar esquecê-lo. Como se não bastasse tê-lo nas minhas lembranças e no meu coração, agora Sam estava dentro de minha cabeça também.

Foi impressionante como todos passaram a me ver diferente depois que me transformei. Muitos me achavam bonita, gostavam de estar comigo, mas, nenhum lobo da alcatéia continuou pensando assim depois de algum tempo. Minha dor incomodava e no início eu tentei escondê-la, mas não consegui. Minha mente torturada, torturava todos eles e, pela primeira vez desde que eu fora abandonada, eu não me senti sozinha. Minha dor parecia distribuída entre eles e por mais que não cessasse, era um alívio saber que eu não seria esquecida, que o que aconteceu não seria esquecido. É verdade que eles saberiam de tudo sobre mim e essa falta de privacidade me incomodava, mas eu gostava de tê-los por perto. Quando eu uivava, todos sabiam o motivo de minhas lamentações e aquilo era como um desabafo. Eu não estava mais sozinha.

LEAH (3) – Nascimento e morte

Os anos se passaram e Emily engravidou. Minha raiva foi grande na época porque eu sabia que eu era estéril. Meses antes eu havia sentido dores no abdômen e descobri que tinha endometriose o que, além de me causar fortes dores, também me impedia de ser mãe um dia. Eu senti inveja de Emily. Apesar de eu me manter afastada para não causar dor a ela e a mim, eu realmente estava com raiva. Ela tinha o homem que eu amava e ainda podia dar um filho a ele.

No dia em que a criança nasceu, um misto de dor e felicidade preencheu minha alma. A criança era linda, era uma menina e seu nome era Aryana. Quando a segurei nos braços todo o instinto de mãe que eu poderia ter veio á tona, ela era a cara de Sam e tinha o meu nariz, na verdade, o meu e o de Emily, mas eu preferi pensar que era igual ao meu.

Minha infelicidade foi saber que horas depois Emily morreu por causa de uma hemorragia. Eu ainda guardava um pouco de raiva dela, a gente mal se falava, mas ela era a minha prima, eu ainda tinha boas recordações da época em que ainda éramos amigas. Apesar disso, não pude evitar que, dentro de mim, uma chama de esperança em relação a Sam se acendesse. Ele havia me amado antes dela, talvez fosse capaz de me amar depois dela também. Era terrível pensar isso, afinal, parecia que eu estaria a traindo, mas eu não podia sentir remorso se ela fizera o memso comigo anos antes.

Aryana foi criada por Sam e por mim. No início ele relutou que eu assumisse o papel de mãe substituta, mas eu logo mostrei que eu a criaria como uma tia cuida de uma sobrinha. Ele acabou aceitando porque sabia que a filha precisava de cuidados femininos.

Sam sofreu durante anos com a perda de Emily, mas ele não podia abandonar sua forma de lobo, não com tantos vampiros aparecendo por La Push. Durante os quinze anos que se seguiram, ele foi o alpha de uma matilha enquanto Jacob era de outra. Um dia, porém, sete vampiros apareceram de uma só vez, eles brigavam entre si por território, mas se uniram momentaneamente contra os lobos. Oito lobos morreram no dia do confronto e Sam sentiu-se imensamente culpado porque ele sabia que sua tristeza o atrapalhava como alpha. Poucos dias depois ele anunciou que Jacob seria o único alpha e que ele estava abdicando de sua juventude e liderança.

- Se alguém da minha alcatéia tiver alguma coisa contra Jacob, então, que o desafie para tornar-se o alpha.

Ninguém foi contra, muitos gostavam de Jacob e todos sabiam que depois de Sam, ele era o mais forte, talvez até tanto quanto Sam.

Minha tristeza também me atrapalhava como loba, mas não tanto quanto acontecia com Sam. Achei justo e racional que ele abdicasse de tudo, mas eu o queria. Durante os quinze anos após a morte de Emily eu não o procurei, não o incentivei a esquecer minha prima. Eu o respeitava e mesmo sabendo que algumas vezes ele tivera vontade de acabar com meu sofrimento e ficar comigo, eu não tomei nenhuma atitude que visasse conquistá-lo. Agora, porém, era diferente. Emily já havia morrido há quinze anos, ele estava disposto a não mais se transformar e a começar a envelhecer. Se eu o queria, agora era a chance de tentar novamente.