Disclaimer: Os personagens fantásticos pertencem à querida JK Rowling, a história que segue é apenas um devaneio fruto de uma mente que nunca terá o suficiente deles.

Olá pessoal! Eu estou muito animada em trazer para vocês o primeiro capítulo da minha nova fic! Tenho que dizer que eu estou completamente apaixonada pelo Scorpius, e principalmente pela relação dele com a Rose. Essa ideia surgiu depois de conhecer mais sobre eles no livro A criança amaldiçoada, e então eu decidi escrever a minha versão de como seria o desenrolar da história desses dois.

A fic já está praticamente pronta, vou manter as postagens periodicamente.

Espero muito que vocês gostem, para mim está sendo uma diversão escrevê-la :)

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"Scorpius Malfoy gosta da Rose Weasley". Esse era um fato conhecido por qualquer estudante de Hogwarts, eu acreditava que até mesmo as estátuas soubessem. Também, não era como se eu tivesse tentado esconder, em nenhum momento, a fascinação que eu sentia por aquela menina de língua afiada e olhos penetrantes. A primeira vez que a vi, foi no trem em direção a escola no nosso primeiro ano. Eu estava alguns níveis acima de apenas nervoso com o fato de que a partir dali, eu não teria mais o conforto da minha casa e a segurança, que estar por perto de pessoas que eu conhecia, me trazia. Seria eu contra o mundo.

Ter nascido um Malfoy não me colocava na lista de indivíduo mais bem vindo da maioria das pessoas. A minha família possuía um histórico obscuro nos fazendo carregar um estigma que eu nem tinha mais esperanças de poder me livrar, o que me incomodava era como todos pareciam ter certeza de quem eu era sem ao menos tentar me conhecer. Olhares desconfiados e cochichos escondidos eram acontecimentos habituais. Aprendi com os anos, que o melhor a fazer era nem prestar atenção, se eu ignorasse nada me atingiria. Claro que a situação ficou um pouco mais complicada ao chegar na plataforma no dia em que eu embarcaria na minha primeira viagem para Hogwarts. Me despedi correndo dos meus pais, olhando uma última vez para os olhos saudosos da minha mãe, e me apressei para me esconder dentro da primeira cabine vazia que vi.

Eu realmente achei que faria aquela viagem sozinho, algumas pessoas abriram a porta, mas mudaram de ideia sem ao menos me perguntar se podiam se sentar comigo. No entanto, um pouco antes do trem partir, um garoto de cabelos escuros e olhos verdes fez o que eu julgava impossível: decidiu se sentar ao meu lado, e sem nenhum receio começou a conversar comigo. Ele não era qualquer um, eu tinha na minha frente Albus Potter, o filho do bruxo mais famoso dos últimos tempos, e consequentemente do maior inimigo do meu pai na época da escola. Fiquei com um pouco de receio de me apresentar, mas não tinha muito para onde correr. Outra vez eu fui surpreendido, ele nem piscou quando falei meu nome, não houve nenhuma reação que denunciasse que ele estava com vontade de voltar atrás e sair correndo.

-Você sabe que os nossos pais se odeiam, né? - preferi colocar logo todas as cartas na mesa.

-Sei, mas não somos nossos pais - a seriedade no olhar dele me mostrou que aquilo era tão importante para ele quanto para mim.

-Não somos - concordei.

Acabamos com sorrisos tímidos, e a noção de que havíamos encontrado alguém que entenderia os nossos tormentos particulares, parecia que não era apenas nascer na família Malfoy que era difícil. Um peso enorme saiu das minhas costas, eu teria alguém para conversar e foi isso que fiz. Ficamos batendo papo e dividindo os doces que eu tinha e os que compramos com a vendedora do trem. Como alunos novos, a maior parte do tempo foi gasta teorizando como seriam as nossas aulas e em que casa estaríamos.

-Eu nem me preocupo com isso, tenho certeza que vou para a Sonserina - falei dando de ombros.

-E você quer ir para lá? - o Albus perguntou curioso.

-Tanto faz… o chapéu sabe o que é melhor, não sabe? Pelo menos foi o que eu li no livro sobre a história de Hogwarts.

-Você leu o livro da história da escola? - ele arregalou os olhos me olhando de maneira estranha.

-Você não? - ele chacoalhou a cabeça veementemente e eu acabei ficando encabulado - eu gosto de ler… - falei baixinho.

-Eu também gosto… mais ou menos - ele acrescentou tentando disfarçar.

-O que é uma ótima maneira de dizer que não gosta - brinquei.

-É, você está certo - ele riu - mas… e o seu pai?

-O que tem o meu pai? - fiquei meio confuso sobre o que ele queria saber.

-Ele não vai ficar decepcionado se você for para outra casa, tipo a Grifinória?

-Ah não, isso é coisa do meu avô, mas ele nem está por perto há tanto tempo que não faz mais diferença… até porque a minha mãe não era da Sonserina, nesse ponto meu pai é meio…. como posso dizer? Liberal? - ele pareceu ficar meio desanimado com a minha resposta.

-Sorte a sua…

-Não imagino que seu pai seja diferente - tudo o que eu sabia sobre o pai dele, informações coletadas em vários livros e reportagens, me passava a impressão de ele era uma ótima pessoa, era estranho pensar que em algum ponto, ele pudesse não ser perfeito.

-Pois imaginou errado, minha família inteira foi da Grifinória, de todos os lados que se olhe… ele nunca me disse nada, até porque eu tenho certeza que a minha mãe não deixaria, mas sei que ele ficaria muito decepcionado se eu fosse de outra casa, principalmente da Sonserina.

-Isso é besteira! E a Sonserina é uma casa legal sim, tem uma serpente no brasão, não dá pra ser mais legal que isso! - tentei fazer brincadeira com a situação para levantar o humor dele, acabou funcionando, pois ele riu.

-Vamos esperar e ver… - ele deu de ombros.

-Bom, pelo menos se você for pra lá, seremos da mesma turma e… - eu estava tentando fazê-lo ver o lado bom da situação quando fui interrompido pela porta da cabine se abrindo de maneira abrupta.

-Aí está você, Al! Te procurei por todo lado.

Uma menina de cabelos revoltos no tom exato da embalagem vermelha, que eu tinha nas mãos, passou pelo batente, olhando de cara feia para o meu mais novo amigo.

-Você que saiu igual uma desesperada pelo trem, Rose! - ele respondeu no mesmo tom.

-Nossa primeira viagem é muito importante, seu lerdo, nossos pais se conheceram assim, sabia?

-Não, ninguém me contou essa história até hoje - ele revirou os olhos destilando ironia e eu permaneci calado observando a troca entre os dois.

-Pois então, já achei um lugar para nós - ela determinou fazendo um gesto para que ele a seguisse.

-Estou bem aqui, já tenho companhia.

Ela se virou em minha direção, notando pela primeira vez que o Albus não estava sozinho na cabine. Os olhos dela me perfuraram, me senti inspecionado, e pela expressão em seu rosto, eu claramente não passei no teste. No entanto, eu nem consegui prestar muita atenção na contrariedade da garota, ela era a menina mais linda que eu já tinha visto na vida, cada movimento mostrava como ela tinha total segurança em tudo que fazia, o que não pôde ter outro efeito além de me atrair.

-Oi - chamei a atenção dela para mim - eu sou… - comecei a me apresentar, mas ela me interrompeu.

-Sei quem você é, e você devia saber também Albus! - ela virou novamente para o garoto, a acusação presente no olhar.

-Eu sei, é o meu amigo.

-Albus, você é um Potter, eu sou uma Granger-Weasley, de todas as pessoas no mundo, você vem ficar de papo com ele? - ela apontou em minha direção e tudo fez sentido.

Rose Granger-Weasley, a prima do Albus, era a garota que se mostrou muito insatisfeita com a minha companhia. Realmente o encontro entre os pais deles nesse mesmo trem, tantos anos antes, foi o que levou o mundo bruxo para um final feliz na última guerra, mas eu achava que ela estava sendo um pouco exagerada.

-Eu tenho doces, quer? - ofereci mostrando o amontoado de opções do meu lado, mas novamente parece que falei a coisa errada.

-Não quero nada de você, Malfoy, muito obrigada! Anda Al, vamos.

-Pode, ir, vou ficar aqui mesmo - ele a enfrentou.

-É sua conta e risco então - ela nem se despediu, bateu a porta e foi embora tão de repente quanto chegou.

-Uau! - exclamei assim que ficamos sozinhos de novo.

-É, uau…. A Rose é meio…

-Demais? - completei, ainda olhando para o local onde ela estava há alguns segundos.

-O que? Você é doido? Eu ia dizer intensa, ou louca também serve.

-Sua prima é linda! - constatei, sem perceber que tinha falado aquilo em voz alta.

-Por Merlin, você é pirado mesmo! Ela praticamente falou que não era para eu falar com você ou estar por perto e você a elogia? - ele me olhou com uma expressão confusa, me olhando como se eu tivesse duas cabeças.

-Ah, mas pelo menos ela sabe quem eu sou - daquele instante em diante, eu sabia que não conseguiria deixar de prestar atenção nela em todos os momentos que eu pudesse.

De repente, me vi querendo ir para a Grifínória ou, numa possibilidade mais remota, que ela fosse para a Sonserina, só para poder ficar mais perto dela. Meus desejos não foram atendidos, o chapéu seletor foi o mais previsível possível e me vestiu com o frio verde da Sonserina, enquanto ela se alegrou ao estar envolta com o vermelho e dourado da casa dela. O ponto positivo foi que, numa reviravolta totalmente inesperada, o Albus passou a ser meu colega de dormitório. Os sete anos que me aguardavam não seriam tão ruins tendo um amigo por perto.

O fato do Albus ter sido selecionado para a Sonserina, não teve o impacto que ele esperava na família, seu pai o assegurou de que não havia problema nenhum em pertencer à casa, mas eu percebia que ele gostaria muito de ter seguido com a tradição que remontava muitas gerações de Potters. Nossa amizade cresceu durante os anos seguintes, achei nele o irmão que eu nunca tive, além de que assim eu conseguia me manter um pouco mais perto da Rose, já que os primos continuavam próximos, mesmo com as diferenças nos emblemas que traziam nas vestes.

Como já era de se esperar, a Rose era excelente em tudo. Não havia uma disciplina que não tivesse seu nome no topo das notas, o que a satisfazia imensamente, pois ela era a pessoa mais competitiva que eu conhecia. Eu gostava muito de estudar e aprender coisas novas, mas diferente dela, nunca me importei em ser o melhor, talvez porque nunca tenha sido esperado de mim, o que eu sabia não ser o mesmo para ela. Nossa relação seguia exatamente como eu achei que seria, bastava ela entrar no ambiente para que eu fosse atraído pela pose altiva e as maneiras determinadas da garota. Nos dois primeiros anos, eu me contentei em observar de longe a maior parte do tempo, e nas poucas vezes que lhe dirigia a palavra, eu sempre recebia alguma resposta torta, o que nunca me desmotivou. No fundo eu sabia que era apenas porque ela não me conhecia, essas coisas levavam tempo.

Ela acabou se acostumando com a minha presença, mesmo que fosse do mesmo jeito que se aceita que existe um pernilongo no recinto. Já não havia reclamações todas as vezes que ela me encontrava junto com o primo, eu tinha evoluído para receber apenas olhares reprovadores.

-Você viu como ela não falou nada de eu estar aqui? - cochichei para o Albus assim que ela saiu da mesa em que estávamos estudando para os exames no nosso terceiro ano.

-Scorpius, você é doente… só pode - ele balançou a cabeça exasperado - ela não te suporta.

-Nada disso, meu caro amigo! Agora ela já aceita a minha presença, isso é uma evolução, um passo no caminho certo - afirmei empolgado, no auge da sabedoria que os meus treze anos me permitia.

-E que caminho é esse? Do precipício? Porque eu só vejo você se esborrachando no futuro…

-Ah, vocês seres de pouca fé! - eu falei de modo teatral, mas a verdade é que eu acreditava realmente no que tinha dito, um dia ela ia me olhar de outro jeito, eu só não podia me intimidar com as milhares de recusas.

Continuei vencendo pequenos obstáculos por vez, eu e o Albus não éramos os garotos mais populares da escola, mas tínhamos fama de bons alunos e eu me orgulhava das minhas notas impecáveis, pelo menos sobre isso ela não podia reclamar. Todos os anos, nós fazíamos um piquenique de comemoração com o término dos exames, só para sermos felizes de que o peso das provas tinha sido deixado para trás, ao menos até as próximas. A Rose nunca aceitou se juntar a nós, mas no quarto ano, para surpresa de ambos, ela deu de ombros e falou que iria.

-A Rose deve estar doente - observou o Albus.

-Claro que não!

-Ah sim, ela só está indo para ficar perto de você, né pateta? - meu amigo não perdia a chance de debochar das minhas esperanças.

-Não discuto mais os meus pensamentos sobre ela com você, tá me saindo um amigo muito pouco incentivador - cruzei os braços reclamando.

-Eu sou é um ótimo amigo, isso sim! Só estou há quatro anos te fazendo ver o mundo como ele é, e não a versão cor de rosa que parece ter entrado na sua cabeça.

-Vamos deixar isso para o tempo decidir, sim? Ainda aposto mais em mim - olhei torto para ele e recebi um careta de volta.

Nós implicávamos, mas eu sabia que o Albus só queria o meu bem. Ele se importava com a minha felicidade, e era claro que a Rose ainda não se enquadrava nos moldes de alguém que me fizesse realmente feliz. Porém o que eu podia fazer se era mais visionário do que o meu amigo? Enquanto ele se focava em avaliar o presente, eu agia pensando no futuro. Como o bom jogador de xadrez que eu era, minha estratégia era a longo prazo.

-Me passa o suco, Scorpius - a Rose pediu, meio que ordenando, durante o nosso piquenique, ela estava sentada entre eu e o primo, mantendo claro, uma distância segura de ambos.

Estávamos acomodados sobre uma toalha no jardim da escola, perto de uma árvore que oferecia uma sombra propícia para atividade. Ao ouví-la dizer o meu nome, eu quase arregalei os olhos, mas me contive e agi como se nada tivesse acontecido. Passei a garrafa para ela, e foi difícil conter o sorriso quando nossos dedos se encostaram, mesmo que pelo mais breve dos segundos.

-Você ouviu que… - comecei a dizer para o Albus quando estávamos na nossa sala comunal logo depois de termos nos despedido da Rose.

-Que ela falou o seu nome dessa vez? - ele completou exasperado.

-Sim! - eu finalmente liberei o sorriso que queria.

-Não era você que não ia mais discutir a Rose comigo? - ele levantou a sobrancelha.

-Mas ela falou o meu nome! - nem liguei para a provocação dele - não foi "Malfoy", ou "irritante", ou "intrometido" ou…

-Tá, já entendi! Ela estava minimamente civilizada hoje, pode soltar fogos de artifício.

-Agora só preciso fazer ela sair comigo!

-O que? Me conta essa lógica que liga uma coisa a outra… - meu amigo me olhava como se eu fosse uma receita completamente ilegível para a poção mais estranha do mundo.

-É óbvio, Albus! Agora que… - tínhamos chegado ao dormitório e eu já estava acomodado na minha cama que ficava ao lado da dele.

-Não, para! Eu tava brincando, não quero ouvir, vai que essa doidera é contagiosa! - ele caiu na gargalhada e eu joguei um dos meus travesseiros na cara dele - tá vendo já tá te deixando violento - ele riu com mais gosto ainda, devolvendo o golpe, mas errando o alvo, fazendo o travesseiro ir parar no chão ao meu lado.

Foi assim que passei o restante do meu quarto ano e boa parte do quinto, todo momento em que eu via possibilidade, eu estava perto da Rose. E deixando de lado o restante da minha insegurança, fiz o meu primeiro convite para que ela saísse comigo. Eu não esperava obter sucesso na primeira tentativa, o que se provou ser verdade, já que ela apenas caiu na gargalhada e saiu andando.

-Você contou uma piada para a Rose? - o Albus quis saber assim que se aproximou de mim.

-Eu a convidei para sair - expliquei.

-Realmente foi uma piada engraçada! - ele se acabou de rir, e eu dei um soco no braço dele de cara feia - Ei!

-Quer parar de avacalhar o meu plano genial?

-Vou mandar os professores estudarem o seu cérebro, porque ele não funciona de maneira normal…

-Claro, funciona muito melhor que o seu!

Saí um pouco irritado, mas não fícávamos mais do que algumas horas sem nos falar. Não era como se eu levasse realmente a sério o que ele dizia, era apenas a opinião dele, e um dia eu a provaria errada. Continuei insistindo para que ela aceitasse, e passei de receber apenas risadas, para ganhar suspiros exasperados, negativas enfáticas e até uma ou outra bronca ocasional. Nessa altura do campeonato, não era só o Albus que tirava sarro das minhas investidas, eu sabia que os outros alunos também comentavam, não dava para ter tão poucos estudantes sem que uma fofoca dessas se espalhasse, mas eu não me importava. Por mais que parecesse que nada iria mudar em relação a nós dois, eu ainda tinha o sexto e o sétimo ano inteiros para obter sucesso, não tinha chegado até ali para desistir, não seria por falta de tentar que eu falharia.

As provas finais do quinto ano estavam batendo a porta, e se tinha algo que me tomava mais atenção do que bolar maneiras novas de convidar a Rose para sair, era me certificar de que as minhas notas continuariam ótimas, por isso eu estava na biblioteca desde cedo. Nessa época, o local costumava ficar apinhado de alunos, mas eu conhecia um canto praticamente desconhecido, que me fora indicado pela bibliotecária, a qual gostava muito de mim, e aproveitei para me esconder ali e conseguir me concentrar em memorizar todas as datas necessárias para o exame de história da Magia. O Albus, não gostava muito de estudar na biblioteca, preferindo fazer isso no dormitório, então eu estava sozinho, isso é, até a pessoa que permeava os meus sonhos aparecer na minha frente.

-Oi, Rose - eu a cumprimentei sorridente, ela tinha vários livros na mão, o que indicava que o objetivo dela ali, era o mesmo que o meu.

-Ai, por Merlin, Scorpius! Você tem que estar em todo lado que eu estou? - ela revirou os olhos me olhando de mal gosto, permanecendo parada em frente a mesa em que eu me encontrava.

-Ei, foi você que chegou aqui, eu já estava em paz estudando - observei de maneira divertida, eu adorava ver como ela apertava os olhos todas as vezes que era contrariada - mas pode ficar, tem espaço - eu indiquei a cadeira ao meu lado, puxando-a para trás;

-Não obrigada - ela rebateu empinando o nariz, gesto que eu já conhecia de olhos fechados - vou achar algum lugar menos… cheio.

-Cheio? Esse é o lugar mais vazio da biblioteca! - insisti.

-Você ocupa espaço demais. - A afirmação dela não me desanimou, e sim fez o meu coração bater acelerado, se eu estava ocupando espaço demais na opinião dela, era porque aquilo a incomodava, e isso só podia significar que ela reparava na minha presença. Era um efeito sobre ela, não tinha como eu estar errado.

-Prometo que fico quietinho, vem senta. - dei uns tapinhas no assento da cadeira, cruzando os dedos mentalmente para que eu pudesse tê-la ao alcance dos meus dedos, mesmo que eu não fosse fazer nada que me pusesse em contato direto com ela, seria apenas mais um obstáculo vencido, ela nunca tinha permanecido de livre e espontânea vontade na minha companhia.

Ao invés de acatar ao meu pedido, ela deus as costas e saiu andando, porém depois de alguns passos, ela virou nos calcanhares e voltou a me encarar, dessa vez um olhar curioso no rosto.

-Você não cansa, não? Cinco anos! - a voz dela expressava toda a sua incredulidade.

-Da minha determinação você não pode reclamar - dei de ombros, sem nenhum problema em confirmar as minhas vontades, já havia feito isso várias vezes.

-Ah, mas é exatamente disso que eu estou reclamando - ela se aproximou mais alguns passos agora me encarando fixamente - acho que está na hora de você se tocar que daqui não vai sair nada.

-Isso é o que você diz, mas é o que você pensa? - levantei a sobrancelha lançando o desafio, que claro ela encarou como uma afronta.

-Tá achando o que? Que eu sou secretamente apaixonada por você? Realmente é mais doido do que eu pensava...

-Não acho nada, só me reservo o direito de continuar indo atrás do que eu quero, não tá fazendo mal a ninguém - constatei sem um pingo de hesitação.

-Ah, não? E o que você quer? - ela me olhou com um sorriso atrevido e para minha surpresa veio se sentar ao meu lado, largando os livros na mesa.

Pera aí…. Que Rose era essa? Ela nunca tinha me dado tanta abertura, ou se aproximado de maneira tão despretensiosa. Todas as palavras ensaiadas que eu tinha na cabeça fizeram o favor de sumir, eu só conseguia prestar atenção em como os olhos dela eram muito mais bonitos de perto. Além do fato de que se eu me inclinasse ligeiramente para o lado, eu estaria inteiramente encostado nela, que tinha se sentado virada para mim.

-Eu…

-Vamos acabar de uma vez com isso - ela disse decidida, e sem que eu percebesse o que ela estava fazendo, passou os dedos pela minha gravata me trazendo para perto de forma que seus lábios se grudassem nos meus.

Eu imaginei, especulei, sonhei como seria beijar a Rose durante todos esses anos, mas naquele momento eu podia dizer que era muito melhor do que qualquer pensamento. Ela se aproveitou do meu susto para aprofundar o beijo, insinuando a língua por dentro da minha boca, o que eu não reclamaria de jeito nenhum. Passado o momento do choque, respondi no mesmo tom, a mão dela permanecia prendendo a minha gravata no lugar e eu não sabia o que fazer com as minhas, a minha vontade era passar os dedos pelos cabelos dela e trazê-la para mais perto, mas fiquei com medo que o movimento quebrasse o encanto do momento. Nem tentei entender o que tinha passado na cabeça dela para a levar a fazer isso, eu estava completamente tonto, a respiração saindo difícil, quase parecendo que eu estava debaixo d'água.

Muito antes do que eu gostaria, ela se afastou de mim, e me empurrou de volta para o lugar com a mão no meu peito.

-Até que você tem algum talento… - ela me lançou um olhar admirado, mas notei o tom de deboche - pronto, agora não precisa mais correr atrás de...

Eu sabia o que ela diria a seguir, mas se ela achava que aquela amostra irrisória tinha sido o suficiente para me fazer desistir de querê-la ao meu lado, estava muito enganada. Agora eu sabia exatamente qual era o gosto da Rose Granger-Weasley, e tudo o que eu tinha em mente, era que eu precisava de mais. Antes que ela pudesse completar a frase usando seu melhor tom condescendente, eu dei vazão a uma coragem que eu nem sabia que tinha e enlacei minha mão na dela, dessa vez puxando-a para mim. Ela não teve nem tempo de registar o movimento, meus lábios já estava explorando os dela novamente antes que qualquer recusa pudesse ser ouvida.

Já que eu tinha me colocado na linha de fogo, esperando a seguir uma sentença de morte, decidi que seria melhor morrer por um crime mais completo, dessa forma, eu levei a minha mão aos cabelos dela apertando a sua nuca, enquanto a minha outra mão envolvia a cintura dela, trazendo-a o máximo possível de encontro a mim. Eu achei que ela me afastaria em poucos segundos, mas para a minha completa surpresa, eu senti uma de suas mãos subindo pelo meu braço, enquanto a outra se ocupava de explorar os meus cabelos, aquilo estava saindo melhor do que o esperado.

Nossas línguas entraram num embate, fazendo meu pulso, já acelerado, atingir níveis bem descompassados. Os dedos dela me acariciavam, me arrepiando sem pena. Quando eu me vi sem fòlego, fui obrigado a separar nossos lábios por alguns segundos, mas antes que ela pudesse voltar a si, tracei um caminho de beijos no seu pescoço, ficando extremamente satisfeito com o gemido baixo que eu escutei sair pela boca dela. Porém, tudo que é bom uma hora acaba, e eu senti o exato momento em que o cérebro dela terminou de registrar o que estava acontecendo. Os músculos se retesaram sob o meu toque, e ela se empertigou me empurrando com ambas a mãos.

-Scorpius! Não faça mais isso! - ela se levantou com um pulo da cadeira, o rosto tingido de tons de rosa, e os lábios mais vermelhos do que o normal, evidenciando o que tinha se passado ali - Nunca mais! - ela me olhou feio e saiu em disparada nem se lembrando de levar consigo os livros que ela tinha trazido.

Não consegui me mover por vários segundos, os acontecimentos que tinham se passado entre nós, pareciam surreais demais para acreditar. Mesmo com toda a minha convicção e esperança, foi difícil lidar com a surpresa que beirava o choque. Mas era verdade! Ela tinha me beijado, e eu a tinha beijado de volta, a melhor parte sendo, que ela não se afastou quando eu a trouxe para perto de mim. Uma felicidade sem tamanho ocupava o meu peito, até me esqueci que deveria estar estudando, tudo para passar de novo e de novo na minha mente, como era senti-la perto de mim. Até onde primeiros beijos podiam ser mensurados, o meu eu tinha certeza que estava entre os melhores da história, não era para todo mundo, beijar pela primeira vez a garota da sua vida.

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E então o que vocês acharam? O Scorpius não é a pessoa mais positiva e determinada do planeta? Mas será que ele vai chegar onde quer? E a Rose? Como será que vai reagir ao acontecido?

Não deixem de me dizer nos comentários todas as suas opiniões, é muito importante para mim, saber como está indo no gosto de vocês. Além do que, comentários sempre me animam e me dão vontade de postar logo os próximos capítulos :)

Bjus e até a próxima