Algemados
Sinopse: Durante um dia chuvoso, a eletricidade é cortada. Entediados, seis amigos resolvem brincar de Verdade ou Desafio. Até aí, tudo bem. Problema mesmo é quando Emmett resolve dar uma de cupido "Eu te desafio a passar 24 horas algemado a Bella!".
01. Mentiras Mal Contadas e Desafios Lançados
Bella
Olhei pela janela, desanimada. Eu havia acabado de entrar de férias na escola e no meu emprego na loja dos Newton e o tempo simplesmente não colaborava. Voltei minha atenção para dentro de casa e continuei a zapear os canais da TV, irritada.
— Descontar na televisão ou no controle remoto não vai fazer o tempo abrir, sabe — Alice murmurou do chão, enquanto passava uma última camada do esmalte preto nas unhas dos pés.
— Estou entediada — reclamei.
Emmett, jogado do outro lado da minha sala de estar, também reclamou:
— Alice, isso tudo é culpa sua. Foi você quem disse que nós poderíamos ir à praia hoje. Então, trate de arrumar alguma coisa pra gente fazer.
— Primeiro: eu disse que nós poderíamos ir a praia. Poderíamos, Emmett, poderíamos. E segundo, nós só não fomos por causa do Edward. Então, a culpa de estarmos aqui sem fazer nada é dele e não minha.
Ela abaixou a cabeça e voltou a trabalhar em suas unhas.
Edward, deitado do lado oposto em que eu estava no sofá, falou:
— Pelo amor de Deus, Alice! Olhe o tempo lá fora! Você queria mesmo ir para praia com essa chuva? E além do mais, foi Rosalie quem disse que não ia usar o carro dela. Você sabe muito bem que nós seis não cabemos dentro do Volvo.
Rosalie se defendeu:
— Mas é claro que eu não ia usar o meu carro. Meus pais acabaram de me dar! Desculpa aí se eu não estou toda animadinha para enfiar aquela coisinha linda na lama.
— Nossos pais não "acabaram" de te dar, Rosalie. — Jasper revirou os olhos.
O ignorando, ela continuou:
— E além do mais, se alguém aqui realmente tem culpa por nós não irmos, esse alguém é Emmett. Quem mandou ele foder com o motor do Jeep? Aquele, sim, é o tipo certo de carro para isso.
Agora foi a minha vez de revirar os olhos. Cansada de ouvir suas desculpas, antes que Emmett pudesse se defender e jogar a bola para outra pessoa, comecei a falar:
— Já que é assim, então, todos vocês estão errados. Deixem de palhaçada e assumam logo o verdadeiro motivo. Se o problema realmente fosse por falta de carro, vocês sabem muito bem que eu tenho uma picape a qual não está com o motor "fodido", cabe três de nós, o que divide o número de pessoas com o Volvo, e eu também não me importo com a sujeira nela.
— Qual é o ponto? — Rosalie perguntou.
Estreitei meus olhos.
— Como assim "qual é o ponto"? Você sabe qual é o ponto. Caramba, eu também tenho um carro! Um carro que funciona, aliás.
Emmett olhou pra mim com uma sobrancelha arqueada.
— Eu tenho que concordar com Rosalie. "Qual é o ponto?" Porque, baby, aquela coisa que você tem não pode ser considerada um carro.
Fechei a cara.
— Vocês dizem isso por quê?, por causa da aparência? Lamento informar, mas ele é um clássico. Eu não o trocaria por nenhum dos de vocês.
— Quem nos dera o problema fosse só a aparência! — Rosalie bufou. — O ponto, Bella, é que para um carro ser considerado carro, ele precisa andar. O que não é o caso da sua picape. Ela atinge o quê, 10 km/h?
Os outros riram e eu fechei a cara.
Joguei minhas pernas rudemente para cima das de Edward, que estava deitado de frente para mim. Deitada no sofá, cruzei meus braços sobre o peito e fechei os olhos, trincando os dentes, morrendo de raiva.
Enquanto eu infantilmente fingia que não ouvia mais as provocações, contei até 50 de trás para frente. Minha intenção era tentar me acalmar – eu não queria falar nenhuma besteira que pudesse magoá-los.
Eu sabia que eles estavam brincando comigo. Para dizer a verdade, essa raiva toda que bateu em mim surpreendeu até a mim mesma. Eu não era como Rosalie – o tipo de garota que por nada já estava querendo meter a porrada em todo mundo – e nem como Alice – que conseguia usar as palavras de seu "adversário" contra ele mesmo. Emmett costumava me descrever como "mosca-morta", mas o fato era que eu não gostava de briga e ponto. Na medida do possível, eu tentava levar as coisas na esportiva.
Mas, seja por culpa da TPM ou por qualquer outro motivo desconhecido, hoje eu não estava me sentindo nem um pouco paciente.
Eu estava tão irritada, sacudindo meu pé freneticamente, que nem percebi quando Edward saiu de sua posição inicial e se arrastou para o meu lado, se enfiando entre o meu corpo e as costas do sofá.
Ele me abraçou e nos virou de lado para que pudesse ficar mais confortável para nós dois. Minhas costas estavam coladas ao seu peito e seu braço me prendia fortemente ao seu corpo.
— Que é? — resmunguei. Com a nova posição, tentei, desajeitada, continuar a balançar meu pé, mas Edward colocou a perna dele por cima das minhas, me imobilizando. — Que inferno, Edward! Se eu o estou incomodando, vá deitar no sofá da sua casa!
Ele riu no meu pescoço.
— Tá estressadinha, é?
Fiquei muda, de cara emburrada por puro charme. Sua respiração estável contra minha pele melhorou o meu humor consideravelmente.
— Ih, começou a agarração — Jasper brincou. — Deixa só a Tanya ver isso, Edward.
Somente a menção ao nome dela fez com que uma nova onda de raiva se apoderasse de mim, corando meu pescoço e minhas bochechas.
Tanya era tão errada para Edward! Eu realmente não conseguia entender por que eles ainda estavam juntos. Ele era altruísta e ela egocêntrica, ele era completamente desleixado e ela a rainha do colégio, ele era quase tão invisível quanto eu e ela era a Senhora Popularidade. Qual a chance de um casal assim dar certo? Isso foi o que eu me perguntei logo que eles começaram a namorar. Agora, eles já estavam juntos há quase dois anos. O tempo e a convivência constante com o casalzinho fez com que a minha paixonite adolescente por ele houvesse diminuído, mas o mesmo não aconteceu à minha aversão por ela.
— Qual o problema? — Edward se defendeu. — Não estamos fazendo nada de mais. Bella é minha irmã tanto quanto Alice é e Tanya sempre soube disso.
Apesar de eu não nutrir mais os mesmos sentimentos que antes, suas palavras doeram.
Engoli em seco.
Ele pareceu perceber e, se apoiando no cotovelo do braço livre, olhou no meu rosto.
— Edward está certo — concordei dando de ombros como se não fosse nada de mais. E o pior é que ele estava mesmo.
Minha mãe morrera no meu parto e como a senhora Cullen, a senhora Hale e ela eram melhores amigas desde a infância, as duas não pensaram duas vezes antes de me "adotarem". No início, Charlie ainda ficara comigo, mas logo ele teve que voltar a trabalhar e então eu passara a ficar todos os dias na casa delas até que eu já tivesse idade suficiente para ficar em casa sozinha. O lado bom disso tudo foi que eu ganhei cinco grandes e verdadeiros amigos, além de duas mães e mais dois pais maravilhosos.
Nós seis praticamente nascemos juntos e crescemos criados como irmãos. Tipo de criação que persistiu mesmo quando os Hale Jasper e Rosalie assumiram namoro com os Cullen Alice e Emmett, respectivamente.
Percebi que Edward ia abrir a boca para falar alguma coisa quando senti o seu celular, que estava no bolso dianteiro de sua calça jeans, vibrar contra minha bunda.
Ele rapidamente se sentou direito e atendeu o celular.
— Oi, Tanya.
— Falando no diabo... — resmunguei. Não exatamente baixo o bastante para o tom de um resmungo.
Edward me lançou um olhar irritado e Alice gargalhou.
Ouvimos em silêncio a melação do casalzinho até que Edward finalmente desligou o telefone e se voltou pra mim.
— Bella — ele começou a chamar minha atenção. Encolhi-me com seu tom de voz.
— Qual é, Edward! — Emmett se meteu, me defendendo. — Nós passamos o dia inteiro provocando a menina e nem por isso ela veio cheia de arrogância pra cima da gente. Fica aí na sua, beleza?
Mordi o interior da minha bochecha para conter o sorriso. Como eu amava essa família!
Geralmente costumava acontecer o contrário – era Edward quem me defendia de Emmett quando suas brincadeiras passavam dos limites – mas, quando o nome de Tanya estava metido no meio da história, a coisa invertia.
Eu tinha os meus motivos para acreditar que Emmett sabia de meus sentimentos para com Edward, mesmo que eu só tivesse compartilhado isso com as meninas. E como que para comprovar isso, Emmett sempre dava um jeito de me deixar em mais evidencia do que Tanya, o que me fazia pensar que ou A) por ele ser meu "irmão" ele realmente me enxergava com outros olhos, ou B) de vez em quando – para dizer o mínimo – ele não fosse cem por cento verdadeiro quanto às suas preferências e às minhas incríveis qualidades.
Mas eu não ligava, desde que isso deixasse Edward com cara de idiota – assim como ele estava agora – e o levasse a concordar, mesmo que temporariamente, que eu era melhor que ela.
Edward resmungou algo ininteligível e voltou para sua posição, deitado ao meu lado.
— Desculpa — pediu ele baixinho no meu pescoço.
— Tanto faz.
— Bella...
— Esquece isso, Edward.
Disfarçadamente, Alice ergueu seu dedão pra mim. Revirei meus olhos pra ela. Ela era totalmente adepta à idéia de que eu deveria ignorar Edward para que ele pudesse, então, me "enxergar", já que, segundo ela, era assim que os garotos funcionavam.
— E então, gente, já decidiram o que vamos fazer? — Rosalie perguntou.
Alice saltitou até o lugar onde meu pai guardava os DVDs, analisando os títulos.
— Eu estava pensando em um filminho com chocolate quente, o que vocês acham?
Ela mal pôde completar a frase quando a energia foi cortada.
— Ah, nããão! — gememos em uníssono.
A única distração que tínhamos era a TV, e agora, nem isso mais.
— Não pagou a conta de luz, Bella? — Jasper provocou.
— Há, há, há — debochei. — Dê uma olhada pela janela, imbecil. Está tudo apagado. Minha casa não foi a única aonde faltou a luz.
Não demorou muito para que o telefone tocasse. Era Charlie para avisar que, com o mau tempo, uma árvore havia caído tanto bloqueando a rua como cortando a energia.
— Maravilha! — Alice reclamou.
Apesar de ainda ser dia, o tempo estava extremamente fechado, o que me fez já precisar começar a espalhar algumas velas pela casa.
— Sabe de uma coisa? Nós podíamos jogar o jogo do copo — Jasper sugeriu.
— Não.
— Qual é, Bella!
— Não, Jasper!
— Bom, eu topo! — Emmett se animou.
Novidade.
— O quê, a Bella tá com medo? — Edward provocou. — Também to dentro!
— Podem chamar de medo ou do que quiserem, mas eu não vou brincar disso. E vocês também não. Pensem em outra coisa.
— Que tal Verdade ou Desafio?
— Rosalie! — gemi.
— Ah, vamos lá, Bella! A gente promete pegar leve contigo dessa vez. — Ela sorriu.
— Você sempre diz isso.
— Dessa vez é sério. — Ela cruzou seus dois dedos indicadores na frente dos lábios e deu dois beijinhos, como que para selar a promessa.
— E além do mais — Alice falou —, Bella, você já deu vetos de mais por hoje. Você acaba de perder o direito de escolha.
.
— Verdade ou Desafio? — Alice perguntou.
— Verdade — Edward pediu. Ela abriu um sorriso malicioso.
Já estávamos há uma meia hora brincando e, graças a Deus, a lapiseira ainda não havia apontado para mim nenhuma vez.
— Se Rosalie e Bella fossem as duas ultimas mulheres do mundo, quem você escolheria para "re-popular" a Terra?
— Seja mais criativa, Alice — Edward zombou. — Por que sempre tem alguém para vir com uma pergunta dessa nesse jogo?
— Pergunte na sua vez — Alice reclamou. — Responda!
Edward revirou os olhos para ela.
— Bella.
Senti meu rosto ficar quente.
Rindo deliciada, Alice bateu palminhas.
— Eu sabia!
Rosalie e Jasper me encaravam sorrindo e Emmett piscou um olho pra mim.
— Q-Quem é que vai girar agora? — balbuciei de cabeça baixa, tentando evitar que vissem a vermelhidão que estava espalhada pelo meu rosto.
Emmett riu da minha patética tentativa de tirar os holofotes de cima da minha cabeça.
— Sou eu — Edward respondeu. O sorriso em seu rosto me dizia que ele sabia exatamente o por que de meu constrangimento. Isso fez com que eu me sentisse ainda mais envergonhada.
Ele girou a minha lapiseira roxa e ela parou apontando a borracha para mim (pergunta) e a ponta do grafite para ele mesmo (resposta).
— Verdade ou Desafio?
— Verdade.
— Você já traiu sua namorada?
— Não.
Ele girou a lapiseira novamente e mais uma vez ele caiu como resposta.
— Ah, fala sério! — reclamou.
— Mas você a trairia? — Jasper perguntou, sem nem sequer perguntar se era verdade o que ele queria.
— Não.
— Com ninguém?
— Uma pergunta só, Jasper.
Jasper revirou os olhos, mas respeitou as regras.
Edward girou a lapiseira.
Infelizmente, dessa vez eu caí como resposta.
— Verdade ou desafio? — Rosalie me perguntou.
— Verdade.
— Por que ninguém pede desafio? — ela reclamou.
— Essa é a minha pergunta?
Ela me lançou o dedo do meio.
— Você já pensou em algum dos meninos presentes na sala de forma "diferente"?
— Rosalie — reclamei, levando minhas mãos ao rosto.
É claro que eu já havia pensado e ela sabia muito bem disso.
— Eu me sinto lisonjeada, mas eu perguntei sobre os meninos — ela brincou.
Tirei as mãos do rosto e vi que todos me encaravam.
— Não — menti.
Emmett deu um salto e, de pé, apontou um dedo pra mim.
— É mentira! — acusou. — A Bella vai para o poço¹!
Saltei também.
— Não vou, não! Que provas você tem de que eu estou mentindo?
— Você não sabe mentir — Edward contestou.
— Isso não quer dizer nada. Vocês não têm provas. Esqueçam.
— Ah, temos, sim. — Alice levantou. — Você já me contou isso, Bella. Não se lembra?
— Alice! Como você pôde? — exclamei magoada. Nem tanto pelo jogo, mas sim por todos os sentimentos envolvidos na pergunta.
— Regras são regras. — Ela deu de ombros.
— Fazer panelinha também faz parte das regras, agora?
— Nós não estamos fazendo panelinha contra você, Bella. — Rosalie se defendeu. — Bem... Acho que vou te dar uma chance. Emmett, não vamos mandá-la para o poço agora; mas, Bella, você terá que responder uma outra pergunta, ok?
Assenti.
— Nos conte... quem é ele?
— Rosalie! Caramba! Você disse que faria outra pergunta!
— E esta é uma outra pergunta.
— Eu não posso responder isso.
— E a Bellinha vai para o poço! — Jasper comemorou.
— Emmett, pegue os dados! — Rosalie ordenou.
Ele foi até a bolsa dela, pegou dois dadinhos vermelhos e os jogou sobre a mesa.
— Sério que vocês andam por aí com esses dados? — Alice riu.
Eu nem prestava mais atenção no que eles falavam, eu só tentava bolar uma maneira de jogar os dois dadinhos de forma que eles caíssem com as ações mais "leves" viradas para cima.
— Bom... — Rosalie começou, meditativa. Isso não era bom. — Imagino que você não queira realizar seu castigo com nenhuma das meninas. E como Emmett está comigo... Quero dizer, você sabe que eu te amo, mas não quero você apalpando a bunda do meu namorado e nem nada assim. Isso faz com que só sobrem Edward e Jasper.
— Isso faz com que só sobre Edward — Alice a corrigiu. — Se alguém aqui tiver que usar esses dados com Jasper, que esse alguém seja eu.
— Nada feito, então. Todos os meninos possuem namoradas, inclusive Edward — festejei.
Alice se virou para o irmão.
— Você não vai se negar a brincar, não é, Edward? Você mesmo disse, não há muito tempo, que a Bella também é como sua irmã. Não haverá maldade nisso. Vamos só envergonhá-la um pouquinho.
— Alice! — Arregalei meus olhos. O que houve com meus amigos hoje?
Edward deu de ombros.
— Porque não? — E então ele veio na minha direção com um sorriso malicioso. Ele pegou os dados da mesa e os depositou na palma da minha mão. — Jogue.
— Posso ter mais de uma tentativa? — perguntei enquanto os girava entre os meus dedos.
— Você vai jogar os dados duas vezes — Emmett respondeu. — E fazer o que ele pedir nas duas.
— O quê? Por quê?
— Porque você mentiu e se negou a responder.
Comecei a protestar, mas, só para variar, Alice se meteu e não foi surpresa nenhuma eu ter perdido a discussão.
Contrariada – e só um pouquinho animada –, joguei os dados.
Com os olhos arregalados, vi que a parte virada para cima do primeiro era "Coxas" e do segundo "Massagear".
— Ah, não!
— Ah, sim. — Edward riu.
Ele sentou-se sobre a mesa de centro da sala e me olhou nos olhos com seu típico sorriso torto no rosto. Sem saber muito bem o que fazer e nem por onde começar, sentei-me na beira do sofá, de frente para ele. Mordi meu lábio inferior e desviei o olhar de suas pernas. Do outro lado da sala, Alice me olhava com uma sobrancelha erguida, sua expressão me dizendo "Vamos lá, o que está esperando?".
Sentindo-me incentivada por isso, ajoelhei-me no chão e, lentamente, ergui cada uma das minhas mãos para segurar suas panturrilhas. Minhas mãos tremiam contra sua calça jeans. Deslizei-as até a parte de trás de seus joelhos e, ainda mais lentamente, arrastei-as para suas coxas. Fiz o caminho de vai-e-vem de seu joelho até quase sua virilha três vezes e então ergui meus olhos para o seu rosto. Edward me encarava com intensidade. Um brilho estranho estava em seu olhar, deixando seus olhos verdes mais escuros.
De repente, comecei a me sentir quente.
Intensifiquei o aperto em suas coxas, finalmente massageando-as.
— Bella — ele murmurou.
Foi tão baixinho que tive duvidas se era mesmo um murmúrio ou um gemido.
Ouvir meu nome sair de seus lábios daquele jeito junto com o olhar que ele me direcionava fez um arrepio percorrer minha espinha.
Mordi meu lábio inferior e, tirando forças de nem eu mesma sabia de onde, fiquei de pé novamente num salto. Eu tinha que manter minhas mãos para mim mesma antes que fizesse alguma besteira.
— Tarefa cumprida! — anunciei.
— Não está, não — Rosalie me contradisse. — Jogue os dados mais uma vez.
— Mas...
— Jogue!
Peguei-os e os joguei sobre a mesa de novo. O resultado foi: "Nuca" e "Morder".
Edward e eu prendemos a respiração ao mesmo tempo.
Eu não sabia se começava a chorar de felicidade ou de desespero.
Dei a volta na mesa de centro onde ele estava sentado e me posicionei às suas costas, inclinando-me de modo que minha boca estivesse na altura de seu ombro. Intuitivamente, ergui minha mão para abaixar um pouco sua camiseta. Com o nariz, trilhei um caminho de seu ombro até seu pescoço, inalando seu cheiro. Não demorou muito para que eu percebesse que ele estava arrepiado.
Edward tombou a cabeça, me dando mais acesso.
Oh, Deus, isso era tentação demais!
Trilhei o caminho de volta para seu ombro, mas, dessa vez, com os lábios. Edward estava extremamente tenso sob mim. Imaginando que essa era uma reação boa, abri um sorriso. E, de repente, esse sorriso se transformou numa mordida.
Uma mordida um pouco forte demais, digamos.
Só parei quando ouvi um som sair da boca dele.
— Ups. Sinto muito, acho que me empolguei — murmurei próximo ao seu pescoço, ainda na mesma posição. Meu hálito batia em sua pele úmida por minha mordida, eriçando ainda mais seus pelos.
Edward virou-se e me olhou nos olhos com tanta intensidade que perdi o fôlego. Seu olhar me prometia coisas. Muitas coisas. Ele ia começar a dizer algo quando Alice pigarreou ao nosso lado.
— Agora, sim, tarefa cumprida. Vamos voltar ao jogo!
Eu ia começar a praguejar pra cima dela, por ela ter nos interrompido, mas seu sorriso sacana me dizia que ela sabia exatamente o que estava fazendo.
Tivemos mais algumas rodadas de "Verdades" e outras de "Desafios" – em sua maioria feitos por Emmett – até que o mesmo resolveu provocar os meninos.
— Vocês são uns frouxos! Vamos lá, pessoal! Estão com medinho, é? — debochou e então girou a lapiseira.
Ela parou com ele mesmo como pergunta e Edward como resposta.
— Verdade ou Desafio?
— Depois de toda essa sua babaquice? Desafio, é claro. Vamos ver quem é que está com medo aqui.
Emmett sorriu.
— Eu te desafio a passar 24 horas algemado a Bella!
— Esse é o meu desafio? Sério? — Edward zombou. —Desafio aceito.
¹ Poço: É uma espécie de 'castigo' que a pessoa que se negar a responder ou for pega mentindo tem que realizar. Imagino que a maioria de vocês já saibam disso, mas, para a minoria que, assim como eu, não sabia, achei melhor explicar.
Ooooi meus amores *-* Como vocês estão? Aí vai mais uma loucura pra vocês. Essa fiction era inicialmente uma one-shot, mas como acabei me empolgando um pouquinho, ela terá mais um ou dois capítulos, no máximo.
Já desejo para vocês uma Páscoa maravilhosa repleta de paz, amor e saúde para vocês e toda a família, além, é claro, que o Coelhinho capriche e deixe muitos chocolates em suas portas.
Me digam o que acharam. Review!
