Fanfic em resposta ao desafio de Halloween do grupo Saint Seiya Ficwriters do facebook.
Todos os créditos e direitos ao Kurumada, a Shiori, A toei e a TMS, e a quem mais de direito.
A fic é UA e OOC, fora isso tem boa influencia do jogo Silent Hill.
Silent Night
Meu nome é Sage, eu e minha filha, Sasha, havíamos decidido tirar férias após seu ano letivo, sou um escritor, mas não confunda este relato com mera fantasia, jamais esquecerei os momentos que passei naquele lugar. Acredito que você que agora está lendo isso só possa entender meu desespero se o vivenciar comigo, pois o medo só se espalha quando apenas podemos imaginar o que está por vir.
Era sexta-feira, nós dois terminamos de arrumar as malas e saímos de nossa pequena casa no subúrbio de Atenas. Ela estava empolgada, pois fazia algum tempo que não viajávamos juntos. Tínhamos como destino Paris, ela vivia dizendo que queria conhecer a cidade e como eu tinha algum dinheiro sobrando, resolvi atender a esse desejo.
- Devemos chegar em Paris no fim da tarde de amanhã, Sasha.
- Estou tão empolgada, papai.
A temperatura estava caindo conforme o dia passava, então mandei que Sasha vestisse um agasalho. Antes de sairmos dei uma ultima olhada na casa e partimos rumo a nosso destino.
Viajamos em um bom ritmo até a noite, cantamos numa boa parte do caminho, depois ela pegou seu caderno de desenhos e ficou desenhando enquanto eu me perdia em algumas ideias para meu próximo livro.
- Está tarde já, deveríamos... - comecei a dizer, mas não pude terminar.
Quando olhei para o lado Sasha dormia tranquilamente, o caderno repousava sobre seu peito. Encostei o carro e tirei minha blusa, coloquei-a sobre o corpo dela e deixei que ela dormisse.
- Está tarde já, eu devia procurar um posto para comprar café, do contrário terei que achar um lugar para pernoitar.
Enquanto falava sozinho deixei que meus olhos repousassem sobre as montanhas, um cenário belo iluminado pela lua, ao longe era possível visualizar um conjunto de luzes, uma aldeia ou talvez uma vila, mas definitivamente não parecia ser uma cidade. O frio apertou e voltei para o carro.
- Descanse, Sasha.
Me acomodei no banco e fechei os olho por um instante, o cansaço realmente estava se abatendo sobre mim, o melhor era acelerar e dar um jeito nisso antes que o sono falasse mais alto.
A estrada estreitou depois de alguns quilômetros. De um lado estava a montanha, de outro o guard-rail. Fazia mais de uma hora que havia retomado a viajem e nada de um local para parar, meus olhos pesavam.
- Droga, preciso encontrar logo um lugar para parar.
Forcei-me a seguir em frente independente do cansaço, não iria ceder até colocar-nos em segurança. Olhei para o lado e vi que ela ainda dormia serenamente, mas ao voltar os olhos para a estrada, uma mulher estava à nossa frente, ela estava com alguma veste azul, o farol me impedia de visualizá-la direito, mas tenho a impressão que tinha cabelo longo e roxo.
Puxei o volante para o lado com tudo, o carro na mesma hora perdeu o rumo, fiz o possível para evitar uma colisão com ela, e acredito ter evitado, porém, o que se sucedeu é apenas um borrão.
O carro derrapou na estrada, tentei desesperadamente recobrar o controle, mas era tarde, avançamos contra o guard-rail e nos chocamos. Nesse momento, eu acertei a cabeça no volante e apaguei.
Uma dor forte na cabeça foi a primeira sensação que tive, a visão ainda estava embaçada quando consegui me recuperar, vi a luz da lua iluminando o capô, pela ausência de clareza na visão, percebi que meus óculos haviam caído do rosto.
- Sasha, você está bem?
Silêncio foi a minha resposta.
- Sasha?
Novamente não obtive respostas, por isso estiquei a mão para o outro banco, meu pescoço estava travado, não conseguia me virar e olhar para ela. Meus dedos tocaram o estofado do banco, nada alem disso. Desespero tomou conta de mim.
- SASHA!
Mesmo gritando não obtive resposta, então tateei com ambas as mãos os arredores, painel, banco, o chão, mas só encontrei o que buscava ao tocar um dos pedais. Na mesma hora coloquei os óculos e olhei para o lado.
O banco estava vazio, a porta aberta, pensei que talvez ela tivesse descido para procurar ajuda, afinal eu estava desacordado e talvez não tivesse respondido a ela quando me chamou. Soltei o cinto e desci do carro.
- SASHA... SASHA!
Caminhei ao redor do automóvel e pude ver o estrago. Ao que tudo indicava havíamos caído do barranco e atravessado um alambrado de algum parque infantil. Em partes finalmente estava em uma cidade, o que era bom, todavia o sumiço dela tornava a situação um pesadelo.
- SASHAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Comecei a andar mais para dentro da cidade, uma névoa densa cobria o local, porém, não estava tão frio quanto antes. Corri por um ou dois minutos até ver um vulto na névoa, era ela, vi seus contornos e minha blusa em seus ombros, mas ela ficou parada apenas por alguns segundos e logo correu para longe da minha visão.
Um calafrio percorreu minha espinha, ela não teria me visto? Não sei ao certo, mas voltei a correr na direção dela.
- SASHAAAAAAA, ESPERE.
Ordenei, mas ela talvez não tivesse ouvido, pois apesar de seguir em sua direção não consegui alcançá-la. Enfim olhei em volta e senti que havia perdido-a novamente.
- Droga!
Respirei fundo, o ar já não chegava com tanta facilidade, a cabeça ainda doía muito. Estava prestes a voltar a correr quando vi.
Em um beco à minha direita a minha blusa estava enroscada em um portão.
Corri naquela direção, pude ver que tinha sangue no chão. Meu coração disparou, minha mente turvou naquele momento, era uma trilha larga de sangue. Seria por isso que ela corria tanto? Estava ferida?
- SASHA!
Desenrosquei a blusa do portão e o abri, um caminho estreito estava a minha frente e a trilha carmesim seguia adiante.
- Estou indo filha, me espere só um segundo.
Antes que pudesse me mover senti um toque gélido em meu ombro, me virei mas nada vi, quando voltei para a direção do portão algo fez todos os músculos do meu corpo enrijecerem.
- Aqueles que adentram solo proibido encontram o fim.
Me virei imediatamente, mas não encontrei ninguém, uma sensação de perigo me tomou. Com certeza era imaginação, mas algo naquelas palavras me faziam acreditar que Sasha estava realmente em perigo, sem pensar duas vezes coloquei minha blusa novamente e passei pelo portão.
Mal adentrei o corredor e percebi que a luz não chegava naquele lugar, era escuro e com um odor nauseante. Estava tentando parar de fumar, tinha prometido isso a Sasha, mas agradeci por estar carregando meu isqueiro naquela hora, pois foi ele que iluminou meu caminho.
- SASHAAAAAAAAAA!
Continuei em frente, vez ou outra via caixas com marca de sangue, algumas poças de água apareciam aqui e ali. O corredor parecia não ter fim, caminhei um pouco mais e encontrei algumas macas, pareciam velhas e também tinham marcas de sangue.
Minha preocupação aumentava na mesma proporção da demora para encontrar o fim daquele corredor, uma ou outra curva surgiam, mas o caminho era único, e se minha filha estava no fim daquele lugar devia estar muito mal, pois a quantidade de sangue que vi pelo caminho era preocupante.
- SASHAAAAAAAAAA!
Assim como todas as vezes não obtive respostas, mas enfim encontrei um portão, este era realmente velho, bem enferrujado e mais parecia um pedaço de alambrado com tranca, por sorte estava destrancado e avancei por esse novo caminho.
Se antes eu tinha dificuldade em enxergar agora era quase impossível. O cheiro naquele lugar era quase insuportável, minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento, ao meu lado duas colunas de alambrado com arame farpado na ponta seguiam, meu coração batia cada vez mais rápido, precisava tirar minha filha dali o mais rápido possível.
- SA...
Não tive forças para gritar dessa vez, pois havia chego ao fim do corredor, o que vi era macabro, quase insuportável observar.
- O que é isso!?
A minha frente um corpo estava pendurado no alambrado, estava estripado e era fixado no alambrado por ossos quebrados, enquanto que um pouco a frente queimava uma fogueira com restos de corpos humanos.
- Sasha não está aqui com certeza, é melhor que eu saia também.
Tolice a minha acreditar que sairia dali, pois no instante seguinte varias risadas cortaram o silencio. Virei-me e estava de frente com alguns seres anões, que pareciam vestir peles humanas. Eles carregavam facas e vinham lentamente na minha direção.
- Que porra é essa?
Não quis ter certeza que era comigo o assunto, corri e pulei sobre eles, tomando alguns cortes, mas conseguindo passar adiante, corri desesperadamente olhando para trás vez ou outra e vendo que eles me seguiam.
Quando enfim cheguei ao velho portão percebi que realmente havia sido ingênuo, provavelmente a voz que havia ouvido era a minha consciência me alertando do perigo, pois ao chegar no portão dei de cara com um grande cadeado e varias correntes. Não havia jeito de sair.
Olhei para os lados e vi que muitos outros surgiam de cima dos alambrados, eles passavam pelo arame e se cortavam, mas não pareciam se importar, por fim o corredor estava quase abarrotado daquelas criaturas, corri novamente e tentei tomar a faca de um deles, se era para morrer, que fosse lutando.
Tentei enfrentá-los, mas quanto mais tempo passava, mais deles apareciam, um pulou nas minhas costas e me apunhalou, outro acertou minha coxa, em seguida um dos braços, quando me dei conta estava dominado, minha visão escurecia e só podia ouvir os risos.
- Sash...
Meu chamado se perdeu na escuridão.
- NÃOOOOOOOOOOOOOO - gritei me levantando bruscamente.
- Parece que enfim acordou, senhor - uma voz feminina me chamou a atenção.
