n/a - Essa fic é continuação de Xangai.
"Embora agradável, o clima ainda quente do fim de tarde somado ao cheiro de sal, estava sendo um pouco mais difícil de me acostumar do que imaginei no início. Apesar do enjôo e o cansaço me incomodarem, esse é o horário em que me sinto em paz, coisa que, aliás; não imaginei que viveria novamente.
Maui é uma ilha tranqüila e mágica, menos habitada que Oahu onde aparatei quando cheguei no Hawaii, precisava de um lugar mais calmo. Instalei-me em Kihei ao sul de Maui por ter as praias mais belas do mundo e ser infinitamente menor que o último lugar em que vivi. Claro que mesmo que aqui seja um recomeço, isso não apagará os erros do passado, meus pais e minha culpa. Mas decidi tentar. Decidi me dar uma nova chance. Decidi viver."
A objetividade da castanha sempre fora uma de suas maiores qualidades, portanto assim que chegou a cidade, tratou logo de procurar uma casa pra comprar. Não havia decidido ainda instalar-se permanentemente ali, mas não estava num bom momento pra ser sociável e a idéia de instalar-se num hotel e conviver com outras pessoas era inconcebível.
A casa era espaçosa , simples e muito confortável. Queria que tudo fosse o oposto de sua vida anterior, nada que lembrasse do passado, nada que lembrasse a China e principalmente nada que lembrasse um certo loiro, que por sinal tinha sido a burrada mais recente que havia feito.
Comprou roupas leves e algumas coisas pro seu conforto na primeira semana, agora debruçada na janela onde via toda extensão da praia, estava difícil decidir o que faria pra ganhar a vida. Não que precisasse trabalhar, pois ficou surpresa quando contabilizou a pequena fortuna que possuía, mas ficar parada trazia pensamentos e isso não podia permitir.
Draco andava de um lado ao outro há uma meia hora inconformado com o atraso em seus planos. O término de contrato com os Chineses estava lhe trazendo inúmeros transtornos e somente ele poderia resolvê-los. Estava ansioso pra viajar e extremamente irritado por estar preso a essas questões burocráticas. Já se passaram duas semanas desde que esteve no apartamento de Granger e sabia que se demorasse muito, ela poderia fugir de novo e aí não a encontraria mais.
"Senhor Malfoy?" – a secretária baixinha arrependeu-se quase instantaneamente de tê-lo interrompido, pelo olhar furioso que ele lançou. "Tem um senhor Potter querendo lhe falar, posso deixá-lo entrar?"
"É claro que não. Não vou falar com ninguém hoje e nem amanhã e nem depois, e pare de me encher." – Draco fez um sinal impaciente com a mão pra que ela saísse e voltou a sentar-se.
A porta foi aberta bruscamente e uma mulher muito vermelha tentava impedir que um rapaz entrasse a força no escritório. O loiro revirou os olhos conformado e mandou que ela deixasse eles sozinhos.
"Potter, me parece que você é bem desocupado, mas eu não. Fale logo o que quer?"
"Onde ela está Malfoy?"- O moreno falou asperamente entre dentes.
"Onde está quem?" – Draco respondeu com evidente confusão.
"Não se faça de desentendido, eu não estou brincando." – Harry estava quase gritando. "Eu vasculhei aquele maldito país atrás dela e nem sinal, nem uma pista, nada."
Draco disfarçou uma risada finalmente entendendo o que o outro dizia. Não se lembrava mais de ter mentido para o moreno.
"Por acaso você está falando da Granger? Como é que eu vou saber? Desde quando isso é do meu interesse?"
"É claro que te interessa, por que você iria atrás de mim pra saber sobre ela?"
"Curiosidade, apenas curiosidade e já passou; não tenho nada com isso e além do mais Potter, se você não a encontrou até agora deve ser por que ela não quer ser encontrada."
"Vá se ferrar Malfoy, eu vou encontrá-la quer ela queira quer não." – e dizendo isso, saiu irritado.
Draco ainda permaneceu divertido por um tempo imaginando Potter na Rússia, procurando Hermione e podia até entender a aversão que ela sentia por eles, mas uma coisa era verdade em toda essa conversa. "Se ela não quer ser encontrada, isso significa que também não quer ser por mim, senão não teria fugido. Não me importa o que ela quer, eu a quero e vou encontrar nem que seja mais uma única vez."- Draco sorriu, pensar em Granger o fazia sentir coisas nada apropriadas pro local em que se encontrava, era melhor se concentrar nos negócios por hora, já que não tinha outro jeito.
"Lindo", Hermione sorriu do próprio pensamento, "mas era lindo mesmo" um moreno de cabelos desarrumados e pele queimada de sol que passara por ela e abrira um sorriso branco e perfeito. Ela baixou a cabeça envergonhada, não estava preparada pra se relacionar com as pessoas ainda, nem por amizade.
Continuou seu caminho até a praia de Wailea onde leu no guia que o pôr do sol era deslumbrante. O sol castigava sua pele clara, mas queria ver. Deveria ser igual ao da foto de sua mãe - que por sinal não havia encontrado ainda, procuraria melhor quando voltasse.
Embora estivesse muito quente seu sangue gelou instantaneamente ao avistar um loiro alto vindo em sua direção. Olhou pra ambos os lados tentando achar um local pra esconder-se, mas a praia estava livre, com poucas pessoas a vista por não ser alta temporada. Não era possível que ele estivesse ali. Abaixou a cabeça. Quando o loiro a alcançou e perguntou algo em um idioma que ela não conhecia, os olhos castanhos marejaram em alívio e ela se permitiu respirar. Disse que não o compreendia com gestos e seguiu rapidamente seu percurso, aliviada por ser somente um turista perdido.
Saiu tão rapidamente que olhou pra trás desconcertada por ver que o homem continuava ali perdido. Certamente ela era a moradora mais sem educação de toda ilha, que era conhecida como hospitaleira e alegre.
A caminhada estava se tornando exaustiva, estava suando em bicas, as maçãs do rosto chegavam a arder quando ela finalmente resolveu desistir e voltar. A decepção consumia seu interior, mas sua teimosia precedia sua razão, mas seria mais prudente voltar com um nativo ou pelo menos com um carro. O percurso de volta não foi tão difícil, pois além de estar entardecendo, voltou pelas lojas a beira mar e aproveitou pra comprar umas coisas. Ficou deslumbrada com uma pulseira fina que parecia ser de couro e tinha uma pequena cobra de prata pendurada. Um detalhe tão simples, mas que a fascinou. Comprou.
Pouco antes de chegar em casa, avistou o mesmo loiro ainda perambulando. Sentiu-se culpada, pois ele tinha andado sem rumo por bastante tempo, já que estava bem distante de onde o tinha encontrado mais cedo. Rumou diretamente para ele, só que dessa vez sorrindo; dessa vez seria mais gentil.
"Aloha Hermione! Não imaginava que ficaria tão feliz em me ver?" – O sorriso de Draco era de uma sinceridade desconcertante e foi ainda mais ampliado, quando viu as sacolas da castanha irem ao chão.
"Isso de você derrubar as coisas quando nos encontramos já esta se tornando um vício." – A garota tentou mover os lábios mas nada saía, estava paralisada e mal ouviu o gracejo do loiro.
"E isso de ouvir a própria voz é legal quando se tem uma tão bonita como a minha, mas eu realmente gostaria que você falasse algo Granger." – A impaciência deu lugar a frustração quando Hermione finalmente achou sua voz.
"Por que está atrás de mim, Malfoy?" – Abaixou irritada pra recolher as sacolas.
"Merlin, em qual escola você aprendeu esses bons modos? Me diz pra não deixar meus filhos freqüentarem. – A pontada de sarcasmo era sutil comparados ao semblante que ele exibia.
Assim que juntou sua coisas, saiu andando em direção a sua casa e teria continuado se não tivesse sido bruscamente puxada pelo braço e deixado suas coisas caírem novamente.
"Quem você pensa que é pra virar as costas pra mim? Eu te tratei decentemente Granger, mesmo que você não tenha merecido. Acho que o mínimo de educação seria bem vindo de sua parte."- Se o que ela queria era irritá-lo, conseguiu com maestria.
"Eu não pedi pra vir atrás de mim, eu não quero você aqui e você está quebrando as minhas coisas, portanto; fale logo o que quer e vá embora." – A furiosidade da castanha superava em muito a de Draco.
"Não aqui." – Falou entre dentes.
"Nós vamos pra minha casa então, mas você tem cinco minutos pra dizer o que quer, e me deixar em paz. Cinco minutos Malfoy."
A caminhada foi curta e ao entrarem, Hermione foi mais rápida.
"Como me achou? E principalmente, porque está me seguindo? – Hermione permaneceu parada na ampla sala olhando pra ele.
"Posso pelo menos me sentar?" – A garota resmungou e contornou o sofá para sentar-se no outro extremo. "Encontrei seu apartamento em Zhejiang, mas quando cheguei você havia partido e deixado essa foto pra que eu te encontrasse." – O loiro retirou a foto do bolso e entregou, exibindo um sorrisinho sarcástico e prepotente.
"Eu não deixei a foto pra você, deixa de ser convencido. Eu esqueci e ainda assim, por que está atrás de mim?"
"Por que está fugindo Granger?" – Malfoy falava calmamente como se conversasse com uma amiga e Hermione respondia, avaliando cada palavra e expressão. Estava completamente desconfortável.
"Olha, eu realmente não quero ter essa conversa com você.
"Realmente acho a melhor maneira de se ver livre de mim." – Draco respondeu casualmente enquanto conjurava uma garrafa, copos e servia-os. Hermione suspirou derrotava. Pelo jeito o assunto demoraria mais de cinco minutos.
"Eu não ..."
"Só um minuto Granger, você poderia pegar gelo antes?" – Sorriu amistoso.
"Não. E para de palhaçada que minha paciência é mínima.
Draco fez uma careta indignada e bebeu assim mesmo, empurrando o outro copo pela mesinha que separava os sofás, em direção a castanha. Não ofereceu, só o deixou lá; já que o humor entre eles não era dos melhores.
"Eu não estou fugindo, só quero viver minha vida longe de tudo e de todos."
"Você não quer viver perto do Potter porque te lembra seus pa... passado." – Corrigiu-se a tempo de não citar os pais da castanha, um assunto delicado demais. "Mas você está me repudiando porquê? Não me diga que é pela escola, seria ridículo".
"Como você é patético Malfoy, me insulta e me humilha por seis anos e acha que não fez nada. Mas não é por isso não; é pelo simples fato de que não temos nada e nunca teremos. Eu não gosto de você." – Hermione olhava atentamente para ele antes de pegar o copo na mesa e provar. Draco riu com a resposta.
"Que pena que não gosta Granger, não posso dizer o mesmo pois toda vez que imagino você no meu colo, arranhando minhas costas e gemendo no meu ouvido; ainda sinto exatamente o quanto gostei de ter você." – Draco além de se arrepiar de verdade e involuntariamente encolher os ombros, ainda fechou os olhos e passou uma mão pelos cabelos como se estivesse sendo difícil se controlar.
Hermione acompanhou cada gesto, cada expressão e se surpreendeu com um calor desconcertante na região abaixo do umbigo. Sentiu as bochechas queimarem, coisa que parecia bem idiota comparando com sua idade, devia ser a bebida que virou de uma só vez tentando disfarçar. Draco quando olhou para ela após se confidenciar daquela maneira estava ligeiramente acanhado, o que durou menos de um minuto; pois ver a castanha com o rosto quase em combustão o fez ampliar o sorriso e ficar ainda mais excitado.
"Então Malfoy, já respondi sua pergunta e já esta ficando tarde, portanto já pode ir saindo e me deixar em paz." – Hermione já levantava para encaminhá-lo até a porta.
"Tem razão, está ficando tarde e parece que não serei convidado a dormir." - Draco levantou-se e foi na direção da morena que não conseguiu responder a indireta, já que seu cérebro teve tempo de processar apenas uma leve dor na nuca, conseqüência de ter o cabelo puxado; e em seguida sua mente viajava no beijo quente e faminto de Draco.
Continua...
