Havia quase 1 semana desde o dia em que ele tinha sussurrado aquelas palavras atrás de Gwen, fazendo-a sorrir. Nunca uma frase tinha mexido tanto com seus sentimentos. Todos os dias, enquanto estudava e fazia pesquisas no computador do seu quarto, em silêncio, encontrava-se relembrando de Peter sentado, com o peito e abdômen feridos, culpando-se pelo descontrole do Dr. Connors. Ela sabia que aquela era uma escolha perigosa. Ser o Homem-Aranha era perigoso. Mas simplismente não conseguia apagar o amor que sentia por ele.
'Peter, queria que você percebesse que eu não sou de vidro' Bufou.
Não estava conseguindo se concentrar. A voz dele entrava em sua mente a todo instante, invadindo seu raciocínio.
'Mas essas promessas são as melhores'
Argh.
Jurou que não iria fazer nada a respeito, mas não aguentava mais pensar nisso. Amanhã na escola falaria com ele e esclareceria tudo. Por hora, tentaria dormir.
–
No dia seguinte, acordou cedo. Arrumou-se cantarolando e foi para escola. Estava feliz, recebeu vários elogios e distribuía sorrisos no corredor. Até Flash, que era mau-humorado pela manhã, sorriu para ela.
– Nossa, você está uma gatinha hoje. - piscou os olhos, fazendo a menina rir e revirar as orbes azuis.
– Nós combinamos que você iria parar com essas cantadas não é?
– Força do hábito gata. Vou nessa. - beijou o rosto dela e saiu correndo.
'Flash, sempre sendo o Flash'
Colocou seu material dentro do armário e não demorou muito para que Peter chegasse, carregando seu skate. Ele passou rapidamente por ela, praticamente sem notar sua presença.
– Ei, Peter. - estava sem graça. Sentia algo diferente.
– Ah, oi Gwen. - falou sem esboçar nenhum reação, abraçando-a rápido, como se quisesse quebrar o contato entre eles.
– Oi... - respondeu confusa - Podemos conversar?
– Ah... Pode ser rápido? Eu tô com pressa.
Definitivamente, tinha algo de errado.
– Peter, o que aconteceu? - ela já estava irritada.
– Nada, você quer conversar e eu estou com pressa apenas. Mas você pode falar, estou ouvindo - levantou os braços, em um sinal de que era inocente.
– O quê foi aquilo na sala sobre promessas? - desabafou a dúvida que vinha atormentando-a, praticamente cuspindo as palavras. Ele só abriu um sorriso falso, deixando-a com vontade de socá-lo.
– Aquilo não foi nada garota, eu só estava respondendo a professora.
Foi o suficiente para seu peito começar a doer. Alterada, e com as lágrimas prontas para rolarem em seu rosto, ela começou a bater no peito dele fracamente.
– Você vai fazer isso comigo de novo não é? Seu idiota! Idiota... - ela falava em meio às lágrimas, agora com as mãos delicadas paradas no peito do garoto, pousando a cabeça sobre elas, para esconder seu rosto vermelho.
Ele estava estático. Nunca tinha visto a garota chorar daquela forma, nem quando ela apareceu na porta de sua casa acusando-o de não ter ido no funeral de seu pai, havia chorado tanto. Soluçava, e podia ouvi-la o xingando baixinho de 'idiota', sem parar. Aquilo o matava por dentro e em um ato desesperado, abraçou a garota.
– Gwen... por favor...– falava baixo, abraçando mais apertado, enquanto ela envolvia os braços em seu pescoço.
– Peter...não faz isso... você está acabando comigo... - ela falava com a cabeça deitava no ombro, e ele podia sentir a respiração dela contra seu pescoço, junto com as lágrimas que molhavam a sua camisa.
Ela precisava entender, tinha que entender que aquilo era para o bem dela. Mas ele não estava aguentando vê-la tão frágil e justamente por culpa dele. Segurou o rosto de Gwen, fazendo-a olhar em seus olhos e se martirizou ainda mais ao notar a feição triste da menina. Beijou sua bochecha longamente, esperando que ela entendesse.
– Eu sei que você vai me odiar, mas não dá mais... - sussurrou, com o coração em pedaços.
Fez o caminho inverso, esbarrando propositalmente nos lábios da garota, sentindo aquele cheiro doce pela última vez. Gwen, desesperada, colou seus lábios no de Peter, sendo o suficiente para que ele amolecesse e abrisse seus lábios, aprofundando o beijo. Era um beijo sôfrego e forte, onde ambos não queriam que tivesse fim. Ele agarrava com força a cintura dela, sem querer quebrar aquele contato. Por sorte, não havia mais ninguém no corredor pelo fato deles estarem atrasados.
Depois de longos segundos, separaram-se pela falta de ar.
– Isso é um adeus Gwen. - falou arfando, ainda recuperando o ar. A garota apenas o empurrou com força, correndo para o mais longe dele possível.
Ele era um imbecil, sabia disso. Mas as coisas precisavam ser assim. Tinha certeza que longe dele, ela estaria segura. O Dr. Connors sabia a identidade secreta dele, e nunca se perdoaria se ela fosse ferida por culpa dele. Era melhor que ela o odiasse e ficasse segura, do que em perigo constante. Aquele Lagarto era insano...
