21 de janeiro de 2009, Cambridge, Massachusetts.
A garota de cabelos um tanto peculiares andava apressadamente pelos corredores da universidade de Harvard. Era seu primeiro ano ali, primeiro semestre, primeiro dia, ainda não havia se acostumado à ideia de viver sozinha. Céus, ela só tinha 18 anos. Sentia-se uma criança perdida no shopping.
Apressou o passo temendo chegar atrasada em seu primeiro dia de aula na faculdade de medicina, checou a hora em seu relógio, tinha dez minutos pra chegar em sua sala. Procurou em sua bolsa o pequeno mapa da universidade que tinha adquirido na matrícula e praguejou mentalmente por ter esquecido em seu apartamento.
– "Ah, que merda, agora vou ter que pedir informação pra alguém" – foi quando avistou um rapaz que parecia ser uns dois anos mais velho que ela, era bonito, muito bonito. Cabelos negros e olhos da mesma cor, pele alva e ombros largo. Decidiu que pedir informação não era tão ruim assim e caminhou até ele.
– E-ei, menino! – chamou tocando hesitante em seu braço.
– Oi. – ele a encarou de modo tão frio que ela pode sentir um arrepio na espinha.
– Você sabe onde fica o curso de medicina? – ela perguntou tentando manter a compostura diante de tão belos olhos.
– Fica por ali. – disse ele apontando a direção certa. - Te acompanho até lá, se você quiser, o prédio do meu curso fica logo ao lado do seu.
– Ah, obrigada.
– Hn.
Eles começaram a caminhar lado a lado e um silêncio desconfortável se instalou entre eles. Desconfortável para ela, pelo menos, porque ele parecia super à vontade com aquela falta de conversa. Visto que ele não iniciaria um dialogo, ela começou:
– Então... Que curso você faz? – ele pareceu meio aéreo, mas logo respondeu.
– Direito.
– Hm... – parecia impossível conversar com aquele menino, era como se ele tivesse uma trava, ou algo assim. – Qual o seu nome?
– Sasuke. Sasuke Uchiha. – pausa longa – e o seu?
– Sakura Haruno. Prazer. – disse ela com um sorriso no rosto, este não foi correspondido.
– Então, Sakura, eu estou atrasado para minha aula. Nos vemos depois. – dito isso ele deu as costas para a rosada e se foi.
– Tchau. – disse ela, mesmo sabendo que ele não ouviria.
Seguiu para sua aula pensando no rapaz que havia conhecido, no quanto ele era bonito e misterioso. Entrou em sua sala e os pensamentos sobre Sasuke se dissiparam rapidamente dando lugar a um nervosismo típico dos calouros.
Para o alívio de Sakura, a aula transcorreu sem grandes emoções. Os professores se apresentaram e apresentaram suas disciplinas e foi basicamente isso. Conheceu duas garotas, Ino e Hinata, as duas muito bonitas e divertidas, a segunda um pouco tímida.
Tudo ia bem em seu primeiro dia de aula, o sinal tocou e ela saía da sala tranquilamente quando, de repente: "plaft!". Uma bexiga cheia d'água acertou sua cabeça em cheio. E outra. Outra. E ela só pôde sair correndo diante daquele trote com os calouros.
– "Estava muito bom pra ser verdade" – pensou enquanto se esquivava dos balões.
O dia decorreu entre trotes e mais trotes e no fim da tarde o que sobrou de Sakura, a menina perfeita, foi uma bêbada molhada e suja de tinta.
Andava pelo campus meio sem rumo, em um balanço típico daqueles que bebem, até que encontrou um banco e se sentou. Sua cabeça parecia querer explodir e sua vista estava embaçada.
– Sakura? – perguntou uma voz que ela julgou familiar, mas não soube reconhecer quem era.
– Eu?! – respondeu ela debilmente.
– Você ta bêbada, garota?
– Não me chama de garota que eu tenho nome – disse ela já se levantando do banco na intenção de tentar achar a saída, coisa que ela já estava fazendo a mais de meia hora.
Chegou a dar uns três passos antes de tropeçar no próprio pé, fechou os olhos já esperando a dor do baque contra o chão, mas o que sentiu foram mãos segurando seus ombros e impedindo a queda.
– Vou te tirar daqui, vamos. – disse ele a pegando nos braços e levando ela para seu carro.
Quinze minutos de viagem e ela parecia ter dormido no banco de trás. Na cabeça dele o que latejava era o fato de que não sabia onde ela morava e não a deixaria na rua de modo algum, teria de levá-la para sua casa.
Chegando em seu prédio ele a tirou do banco de trás em seu colo e comprovou que ela estava dormindo. Foi até o elevador e rapidamente eles estavam em seu apartamento. Ele a deitou no sofá e pensou no que faria com aquela maluca toda pintada. Resolveu acordá-la e dar-lhe um banho. Depois a deitaria em sua cama e dormiria no sofá.
– Sakura, acorde... – falou ele com uma voz mansa balançando os ombros dela – Sakura! Vamos você tem que tomar um banho!
– Não, papai, banho não! Estou com frio. – disse ela parecendo uma criança birrenta.
– Sakura, eu não sou seu pai, vamos você está toda suja de tinta. - ignorando todos os protestos de Sakura, ele a carregou para o banheiro sentando ela sobre a tampa do vaso sanitário. – Vamos, tire sua roupa.
– Você quer me ver nua? – perguntou ela com uma voz manhosa e insinuante. – Tudo bem, por mim. – dito isso, ela se pôs a retirar cada peça de roupa vagarosamente. Para algumas, como sua calça jeans, foi necessária a ajuda do rapaz, mas por fim ela estava completamente nua na casa de um desconhecido.
Sasuke precisou de todo o seu autocontrole para não agarrar aquela menina. Agarraria se fosse qualquer outra garota da faculdade, mas não aquela. Ele simplesmente não conseguia achar certo se aproveitar daquela garota.
Após o banho cheio de provocações por parte de Sakura, ele a tirou do boxe e entregou uma toalha para que ela se secasse, esta ela lhe jogou na cara e "ordenou" que ele mesmo o fizesse. Para poupar aborrecimentos, Sasuke optou por não discutir com ela e secá-la rapidamente. Deu á ela uma camisa dele e a deitou em sua cama, onde ela não tardou a dormir como um bebê.
Sasuke se retirou do quarto, tomou um banho e foi comer qualquer coisa congelada que achou pela cozinha. Depois de comer, escovou os dentes e se deitou no sofá. Passou pelo menos uma hora se perguntando por que trouxe aquela garota bêbada para seu apartamento. Podia simplesmente tê-la deixado no campus e fingido não ter notado a presença dela ali. Ele não a conhecia e não devia nada a ela, mas sentiu que tinha que ajudá-la. Com esse pensamento adormeceu.
