O Sol da Meia-noite

Prólogo "Supernova"

Era o dia mais frio do ano.

A neve caía forte, cobrindo rapidamente tudo com sua tez alva. O vento gelado era cortante e logo deixava dormentes as partes do corpo expostas a ele. Devido a isso, as pessoas passavam apressadas à procura de um abrigo àquele clima hostil. Suas mentes apenas estavam preocupadas em se manterem secos e aquecidos. O egocentrismo os cegava, impedindo-os que reparassem o que acontecia ao seu redor. Eles continuavam a andar pelas ruas movimentas da época de Natal sem se darem conta de que a neve já não era tão branca assim e que além das alegres canções natalinas havia também o choro da dor e desespero.

Era melhor assim.

As lágrimas que eu derramaria seriam apenas para o seu vislumbre. E você com suas mãos ensangüentas as secaria. Sua voz grave e fraca me soando aos ouvidos como uma melodia triste e melancólica, porém sem arrependimentos. As palavras que sairia de seus lábios seriam de conforto.

"Vai ficar tudo bem, nos encontramos de novo."

Mas dessa vez não seria assim.

O sangue em suas mão não era de outra pessoa, como de costume. Era seu corpo agora que se encontrava caído ao chão, manchado de carmim. Você teria o mesmo destino daqueles que foram suas vítimas. Uma punição ainda desproporcional diante a tantos crimes cometidos. Crimes que não só você teve culpa, mas eu também.

Será que terei o mesmo destino?

Não, você nunca permitiria isso. Você morreria duas ou mais vezes no meu lugar apenas para me dar uma vida e morte dignas de um anjo. Essas sempre foram suas palavras de motivação neste caminho que escolhera. Mas você não vê que isso só aumenta meu sofrimento? Que sem você sou eu que perco a minha motivação em continuar a caminhar pelos pecados das minhas escolhas?

Fica comigo. Não me deixe sozinha aqui... eu te imploro.

O suicídio seria bem-vindo. Uma morte provocada pela mesma arma que tirara a sua vida seria o que nos uniria por toda a eternidade, mas você não deixa. Com mãos trêmulas, você tira a arma de meu poder. Seus dedos perambulando por meus lábios, deixando um rastro em vermelho.

Como seu sangue é doce... sempre fora.

- Finalmente te achei.

Você sorri pra mim. Um sorriso que apenas eu conhecia, que era dado somente em minha presença. Não suporto a idéia de que nunca mais vou poder vê-lo. Minhas lágrimas se tornaram mais intensas.

- Acabou. Finalmente acabou.

Seus olhos tão negros me encaram profundamente. Mesmo à beira da morte, seu olhar ainda me estremece. E como sempre eu desejava me afogar naquela escuridão.

- Não acabou ainda. Você vai ficar bem, eu sei disso.

Eu o embalo entre os meus braços, o segurando fortemente contra meu corpo, como uma mãe que nina seu filho. Você ri, mas não sinto vergonha em demonstrar meus sentimentos. Afinal, eu não estou pronta para te perder. Não em definitivo. Por mais que você desaparecesse pelo mundo, nós de alguma forma voltávamos a nos encontrar. Mas agora este seria nosso último encontro.

- Você é uma péssima mentirosa.

Isso era mentira. Eu apenas não conseguia mentir pra você. Somente você era capaz de me interpretar.

- Viva por nós.

Seu desejo era doloroso demais para aceitar, mas não tenho forças para retrucar. Apenas posso concordar com um leve aceno de cabeça. Você parece satisfeito, pois fechou os olhos da mesma forma que fazia quando conseguia alguma coisa, saboreando a sua vitória sobre o meu próprio desejo de morte. Você sabia que eu cumpriria suas palavras ao pé da letra.

- Hinata...

Meu nome sendo pronunciado de sua boca em um sussurro quase inaudível me faz sentir um frio percorrer a espinha. Meu estômago se revira em ansiedade, como se borboletas tivessem sido criadas ali por geração espontânea. Isso me lembrara da nossa primeira vez.

Depois disso, você não abriu os olhos. Nunca mais voltaria a fazê-lo. E as palavras que eu tanto ansiava jamais foram pronunciadas, mas no fundo eu sabia que não precisava ouvi-las. Você as tinha demonstrado de todas as maneiras. Até as mais sórdidas.

Me inclinei. Nossos lábios foram, então, selados em um casto beijo como na nossa época de adolescência. Minhas lágrimas escorriam pelo seu rosto, retirando as pequenas manchas de sangue.

A morte é cruel demais.

- Eu também te amo, Sasuke.

Naquele dia, meu sol se apagara para sempre.


Nota da autora: Mas uma fic na área! De novo é mais uma tentativa minha de escrever uma SasuHina... mas acho que essa vai redender alguma estória... pelo o menos eu espero... Na verdade, eu nem ia começá-la, mas este prólogo não me saía da cabeça, e como conseqüência, eu não conseguia me concentrar em escrever minha outra fic, Room 201. Aí, me apareceu a Fafi Raposinha com suas capas, voltei a me viciar no photoshop e acabei fazendo uma capa sobre esta fic... então resolvi de vez escrevê-la e saiu isso aí... Mas vou logo avisando que a atualização dessa fic será lenta... ainda estou montando o enredo, já comecei o próximo capítulo, mas só Deus sabe quando vou postá-lo... isso por que eu quero me dedicar a Room 201 e adiantá-la o máximo possível... e vou deixar esta nova fic como um projeto que será feito gradualmente... ou seja, escrevo quando tiver vontade, aos pouquinhos... mas pretendo não deixá-la abandonada.

Então, é isso. Espero que gostem dessa fic e deixem reviews!

Até a próxima...

Nyuu-neechan