Sakura corria desesperadamente, as lágrimas rolavam se confundindo com os cabelos e vez ou outra, tropeçava. Mas não podia tropeçar. Tinha que continuar. Foi quando viu a sua frente uma pedra maior e antes que pudesse pensar em desviar, seus dois joelhos já estavam contra o chão. Imaginou que agora estariam jorrando sangue, tendo em vista a imensa dor. Mas perto do medo, a dor era ínfima. Uma simples inclinação o pode ver o homem vindo a mil, com os olhos raivosos e os lábios inundados com um sorriso canino. Sakura não podia fazer nada que fosse significante. Apenas gritou, em uma voz esganiçada e desesperada, por socorro, embora soubesse que ninguém a ouviria. Ou pelo menos era o que pensava. Ele agora já estava a sua frente, e usou uma garrafa de vidro, que bateu em sua cabeça, para deixá-la inconsciente. Começou pela blusa de rendas, tentando retirá-la com um despero anormal. O desejo ardia em seu peito e corroía-lhe por dentro. Antes que pudesse revelar aquele corpo adolescente que tanto ansiava, caiu também incosciente. A batida havia sido certeira em sua nuca e a ferida começava a revelar um líquido rubro. Sakura abriu os olhos e pôde ver o sujeito que tinha parado-o. Era alto, dotado de ombros largos e um corpo forte. Era só o que podia ver naquela escuridão. Em uma ação inesperada, o sujeito segurou o peso morto do homem e fez com que caísse com tudo nas pedras.
- Seu filho-da-puta, ela é só uma criança. Só uma criança...
Ainda não satisfeito, chutou-o de todos os lados, fazendo com que sua camisa ficasse palpada de sangue.
- Pára, pára... Por favor - choramingou Sakura.
O sujeito não disse nada, apenas se virou-se e deixou-os lá. Depois de alguns segundos, Sakura pôde ouvir:
- Por quê? - mas ele continuava de costas para ela.
- Por quê? - perguntou-se Sakura - Por que esse homem, que você acabou de esmurrar, não é nada mais nada menos que... o meu pai.
E o sujeito apenas continuou sua caminhada e em pouco tempo se perdeu na escuridão. Sakura foi até seu pai e vasculhou em seus bolsos ensanguentados, até achar seu celular, que ele havia pegado há algum tempo, deixando-a incomunicável. Chamou uma ambulância o mais rápido possível e apenas caiu com o corpo nas pedras gélidas. A dor já estava tornando-se lacinante e não era apenas os joelhos que doíam. Tudo doía. Então fechou os olhos e apenas esperou. Esperou. Lembra-se de ter esperado muito. Ou talvez houvesse sido só a dor e a vontade de sair dali que tivessem feito a espera ter parecido longa.
