Título: Rain on me
Casal/Personagens: George/Lee e George/Fred
Sumário: Porque das nuvens mais negras, cai água limpa e fecunda...
Aviso: Esta fanfic contém SLASH, ou seja, relacionamento amoroso entre homens. Se não gosta recomendo a não prosseguir.
Disclaimer: Harry Potter não é meu. Costumo matar personagens de forma mais digna...
Beta: 7Coyote7 - que salvou minha vida!
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Rain on me
Por: Menina Emilia
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Espatódea
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I can't remember when it was good
Moments of happiness elude
Maybe I just misunderstood
All of the love we left behind
Watching the flash backs intertwine
Memories I will never find
Whatever you've become
Forget the reckless things we've done
(Muse- Falling away with you)
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- BULLSHIT! – o grito de George soou pelo cômodo inteiro enquanto ele apontava para Ron teatralmente.
O ruivo mais novo, que começara a feder graças ao baralho encantado com que jogavam, começou a recolher o bolo de cartas no centro da mesa resmungando ao som das risadas dos outros.
- Como era mesmo o nome do jogo?
-Bullshit – Ron suspirou desanimado.
-Não Roniquinho! É "George ganha e Ron perde"!
Todos ali voltaram a rir.
- Olá todo mundo! – uma voz forte irrompeu meio aos risos.
George ouviu o barulho que havia na sala se intensificar numa mistura de cumprimentos animados e reclamações de como Lee Jordan estivera sumido. Bem ao fundo ouvia também Ron explicando como tinha encontrado o amigo no Beco Diagonal mais cedo e o convidara para aparecer no almoço de família. George sentiu uma dorzinha incomoda, daquelas de cicatrizes muito antigas. E antes que a sua alma voltasse a se perder nela, ele decidiu fazer o de sempre: improvisar conforme fosse necessário.
Pensar estava completamente fora de cogitação.
-Lee Jordan, seu canalha! - George sobrepôs sua voz às outras chamando a atenção – Onde você esteve todos esses anos? – fingiu uma indignação exagerada e visivelmente falsa.
O jovem negro sequer respondeu. George reconheceu de imediato a expressão no rosto dele: aquele sorriso que surgia antes de colocar uma bomba de bosta embaixo da mesa da Sonserina. E a próxima coisa que soube é que estava sendo abraçado pelo amigo. De repente, George se lembrava de como o amigo era tão mais alto que ele e se perguntava como pudera ter apagado de sua mente coisas tão comuns antes como essa. E isso foi o estopim para que um mar de outras lembranças viesse a sua mente. Era tudo que ele não queria.
- Acha que é assim? – ele disse se separando do outro – Vai agarrando sem nem pagar um café antes?
George riu junto com os outros. Aquele era o clima que ele queria. Sem dramas, sem reencontros, sem recordações. Enquanto tudo continuasse divertido, ficaria tudo bem.
- Porque você não joga com a gente? – Ginny convidou.
- Porque ele vai comer agora. – A Sra. Weasley entrou na sala – Francamente, esses meus filhos! Se eles tivessem me avisado que você viria, teríamos esperado para o almoço! – ela discursou ,afastando as cartas que tinham sido largadas na mesa e colocando o prato que trazia consigo – Vamos, coma querido. Não fique envergonhado.
- Na verdade, eu... – Lee começou a falar, mas mais sentiu do que viu os olhares de aviso em cima dele – Eu nunca poderia recusar torta de carne.
A Sra. Weasley saiu sorridente, não sem antes reforçar que ele poderia ir à cozinha pegar mais se quisesse.
- Eu aparatei lá fora, passei pela cozinha e acabei encontrando Molly e Andrômeda. – Lee explicou, comendo um pedaço de torta em seguida.
- Hora de mais cerveja amanteigada! E então podemos colocar o assunto em dia. – Ginny declarou.
- Eu ajudo você. – George se ofereceu e todos viraram espantados para ele – Ninguém quer que ela derrube algo e desperdice cerveja amanteigada, certo?
George seguiu Ginny até a cozinha e ajudou com os copos a princípio, mas logo avisou que iria dar uma olhada em Fred e sumiu escada a cima. Entrou no quarto em silêncio, tanto seu filho quanto Ted tinham sido colocados no antigo quarto de Bill para tirarem sua soneca da tarde. Logo depois ,sua cunhada Fleur, cansada de tanto enjoar por causa da gravidez, também subira para dormir um pouco. Ao entrar, encontrou a mulher com sua barriga enorme sentada na cama brincando com Ted. O menino mudava a cor dos cabelos a todo instante e a mulher ria e lhe fazia cafuné.
- George, que bom que veio. Petit Fred continua dorrrmindo, mas serrrá que você poderia levar Ted até Arry e chamar Bill? – a meio-veela pediu com seu sotaque carregado como a muito tempo George não ouvia e depois colocou a mão nas costas fazendo uma pequena careta.
- Vamos lá garotão, a tia Fleur precisa de descanso. – ele disse se abaixando para pegar o menino no colo – Você está ficando muito grande. Quando anos tem mesmo?
- Quatro – o menino respondeu, mostrando a mãozinha com 4 dedos levantados na frente do rosto sapeca.
George ajeitou melhor o menino no colo bem a tempo de ver o rosto bonito da cunhada se contorcer em uma nova careta de dor.
- Você está bem?
- Eu acordei sentindo esses dorrres. Acho que está na horrra.
- Oh! Merlin, mais um ruivo a caminho! – brincou, mas logo acrescentou – Vamos falar com os outros e...
- George! George! S'il te plaît, só chame Bill! Não querrro aquele tumulte...
Era um pedido fácil de entender depois de como as coisas aconteceram quando Angelina fora dar a luz, há pouco mais de uma ano atrás, e nem todos estavam presentes como hoje. Fora uma correria, pessoas separando coisas, discutindo qual era o melhor meio de chegar ao hospital, uma confusão. Mas também, não era como se George pudesse excluir os avós e um time de tios desse momento. Nem pensar. Antes que ele pudesse responder qualquer coisa um choro fino veio do berço.
- Hmm... timing perfeito, filhote. – ele lamentou e colocou Ted no chão. – Vovó Molly tem sapinhos de chocolate, porque você não vai pegar alguns com ela? Vou só pegar aquele chorão ali e vou logo atrás de você.
Não precisou nem de um segundo convite para o menino sair correndo na maior velocidade que suas pernas curtas poderiam conseguir. George foi até o berço e pegou o filho no colo, aproximando do peito e embalando por alguns segundos. O choro acalmou rapidamente. Sentir o calorzinho do filho junto ao seu corpo era como um bálsamo. Saiu do transe com Fleur mandando Ted tomar cuidado na escada e achou melhor seguir o menino.
- Já volto com o Billl. – ele avisou - Mantenha as pernas fechadas.
~*~*~
A sala de espera do St. Mungus estava tomada por um exército de cabeças ruivas. Chamava atenção no meio daquele vermelho todo, os cabelos pretos desalinhados de Harry, os castanhos de Hermione e as trancinhas de Lee que acabou sendo arrastado para lá. Andrômeda tinha levado Ted para casa, mas todos os outros tinham feito questão de ir para o hospital esperar o nascimento do mais novo integrante da família. George tinha esperado Bill e Fleur saírem rumo ao hospital para contar para a família o que estava acontecendo, não ficou surpreso ao se deparar com a confusão já prevista por Fleur, mas em poucos minutos de caos já estavam todos saindo de lá.
Apesar de tentarem ao máximo e de realmente não estarem fazendo muito barulho, a sala estava tomada por um conjunto de sussurros que alcançava um volume bem mais alto do que o aceitável para um hospital. George olhava para o risonho e desperto Fred em seus braços. O pequeno não poderia perder aquela agitação e agora tentava conversar com todos que passavam dizendo os pedaços de palavras que já sabia ou balbuciando coisas sem sentido muito enfaticamente como se defendesse uma tese. Mas assim que Lee sentou-se ao seu lado, a atenção do bebê se focara toda nas trancinhas dos cabelos dele.
Lee sorriu para o menino parecendo não saber muito bem o que fazer com toda aquela atenção, escolhendo ficar parado enquanto tinha seu cabelo rastafári sendo analisado com muita concentração pelo pequeno Fred. Depois de alguns instantes, o menino pareceu se decidir e agarrou com toda a força de sua mão gorducha uma das tranças que estava ao seu alcance.
- Ele gostou de mim. – comentou para George.
- Ele acha que você é o novo brinquedo dele.
Os dois riram.
- Então, você teve um filho...
- Achei que você sabia.
- Eu imaginava. Você e Angelina estavam como dois animais lambendo suas feridas depois de...
- Ela está grávida de novo. – George cortou-o.
- Parece que você gostou mesmo da idéia. – Lee sorriu condescendente.
- Não estamos juntos. Ela se casou com outra pessoa. Ele é goleiro da seleção da Inglaterra. Está grávida dele.
- Acho que não cheguei a narrar nenhum jogo da Inglaterra desde que me mudei para os Estados Unidos. Mas já narrei uma meia dúzia de jogos da Ginny. Eu estava lá quando ela perdeu o bebê.
- Ela contou. Ela ficou muito grata pelo apoio que você deu.
Ginny tinha engravidado e sofrera um acidente com um balaço num jogo nos Estados Unidos antes que ela pudesse se dar conta do seu estado. Acabou sabendo que estava grávida apenas quando perdeu o bebê. Ela parecia encarar tudo de uma maneira mais branda que Harry. Sempre dizia que eles ainda estavam tentando bastante. Harry que ainda evitava o assunto o quanto podia.
- Porque você parou de responder minhas corujas depois que eu me mudei?
A pergunta pegou George de surpresa, mas ele não hesitou em responder a verdade.
- Eu não quis.
- Oh... – Lee pareceu desapontado.
- Acabava comigo.
- Escrever para mim acabava com você?
- Sim. – confessou – Você tinha seguido em frente e eu não conseguia. Eu achava que era um absurdo seguir em frente sem o Fred.
Com a menção de seu nome, o pequeno Fred no colo de George se agitou, rindo ruidosamente, e agitou a trancinha que segurava fazendo Lee chegar a cabeça um pouco mais para frente por causa do puxão que parecia forte demais para um criança de um ano.
- Mas você acabou seguindo em frente, afinal.
- Sim, mesmo as piores feridas cicatrizam.
- Você me perdoou, então? Por ter seguido em frente sem você...
- É UMA MENINA! – Bill anunciou entrando de sopetão, seus cabelos compridos estavam completamente bagunçados e ele sorria imensamente. – Ela é tão pequena e perfeita. E ruiva. – completou.
O que veio a seguir, Lee poderia descrever como uma massa única, falante e com vida própria de Weasleys em volta de Bill, que não deixaria espaço algum para que conversas como a que fora interrompida voltassem a acontecer naquele dia.
Quando saiu do hospital depois de algumas horas, chovia fraco. Sua mente que estivera um pouco anestesiada pelo bebezinho com uma meia dúzia de fios ruivos que vira através do vidro da maternidade, voltara a lembrar-lhe porque estava ali e esse era o mesmo motivo pelo qual deixara a Inglaterra há quatro anos, aceitando a oferta de emprego nos Estados unidos como se aquela fosse a única solução para que pudesse continuar vivendo.
Ele ficou ali parado na porta do hospital, antes de aparatar para casa. Deixava os pingos finos e gelados cobrirem sua pele e roupas lentamente, como se aquilo fosse responder suas perguntas e lhe dizer porque voltara ali. E a chuva, a despeito do que tinha ouvido George dizer, lhe fizera ter uma esperança que não existia antes.
~*~*~
- BULLSHIT! – o grito de George soou pelo cômodo inteiro.
George e Fred se encararam por um momento e caíram na gargalhada ao perceber o cheiro que se espalhava pelo ambiente. Fred juntou as cartas no meio da mesa enquanto seu corpo ainda balançava com o riso e George pegava as que tinham caído no chão. Os dois ainda levaram alguns minutos para pararem de rir.
- Isso definitivamente fede. – Fred disse, enfim.
- Até que enfim nós acertamos o feitiço. – George comemorou e fez umas anotações no caderno de Gemialidades – Podemos lançar assim que a guerra acabar.
- Claro, você vai produzindo esses baralhos em escala enquanto eu vou resolver esse probleminha da guerra e já volto.
George riu, como não poderia deixar de fazer, mas o comentário do irmão o fez reparar o que havia dito. Ele havia sido contagiado pelo próprio clima que estivera tentando criar para o Potterwatch. Os irmãos haviam acertado com Lee, Remus e Kingsley que no próximo programa, dali a uma semana, eles tentariam dar um ar mais esperançoso se ainda não houvesse noticias de Harry. E agora ele falava como se a guerra já estivesse com os dias contados.
- Isso realmente fede! – ele repetiu e apontou a varinha para Fred – Finite Incantatem.
Ambos se encaram de novo e em seguida Fred respirou ruidosamente, tentando sentir o cheiro da sua própria pele.
-A gente precisa repensar em como reverter os efeitos. – Fred concluiu – E a próxima vez é sua. Você vai ser a cobaia fedida.
- Você precisa de um banho.
- Muito bem observado, caro irmão.
Fred parou de embaralhar e desembaralhar as cartas e começou a tirar a blusa devagar. George sabia muito bem o que ele queria fazer e sabia também que ele tinha certeza que conseguiria. Limitou-se a pegar a pilha de cartas em cima da mesa e colocou ao lado de outras três pilhas na prateleira de testes. Ambos eram surpreendentemente organizados quando se tratava de Gemialidades. Quando voltou a olhar na direção do irmão, só viu uma trilha de roupas que ia até o banheiro. Não demorou a segui-lo.
-Sabe o que eu estava pensando? – Fred perguntou do box assim que ouviu o barulho da porta se abrir.
-Provavelmente sim. – George disse desabotoando a blusa que vestia.
- Podíamos guardar esse baralho para usar com o Ron.
- Ah... – George disse meio desapontado – Achei que fosse outra coisa.
A porta do Box se abriu bruscamente e George foi puxado para dentro ainda com metade das roupas vestidas.
- Claro que era outra coisa. – Fred disse um segundo antes de beijá-lo e esmagá-lo contra o mármore frio.
George correspondeu o beijo nada delicado com entrega. As roupas, que já ficavam encharcadas, foram rapidamente dispensadas. Naquele momento, não fazia diferença alguma se Fred era seu irmão, seu amigo ou seu amante. Quando Fred estava dentro dele, não havia guerra ou loja ou família que pudesse diminuir aquela ligação e a única coisa que precisava permanecer imutável era Fred era seu e que ele era de Fred.
Quando deitou na cama com Fred em seus braços, rostos corados e cabelos encharcando os travesseiros, George pensou que aquilo tinha sido muito diferente de todas as outras vezes. A sensação de que conheciam o corpo um do outro como os seus próprios era a mesma, tudo sempre tinha sido muito íntimo e repleto de entregas, mas nunca tão feroz e passional. Era como se não fosse haver amanhã para nenhum dos dois. Uma sensação estranha que já vinha engolfando George com pesadelos e pensamentos que ele não sabia de onde vinham tinha se tornado mais forte agora.
Apertou mais Fred contra si e deixou seus olhos já pesados se fecharem. Mergulhando de novo naquele momento em que tudo faz sentido. Aonde o que havia ali não precisava ser posto em palavras, bastava existir.
Mas o momento de paz durou alguns meros segundos. Algum barulho insistente não deixava sua mente vagar para a inconsciência. Mesmo sua mente rápida levou um tempo para identificar que aquele era o som dos galeões encantados da Armada. Ele levantou de supetão, assustando o irmão que logo reconheceu o som e começou a procurar a moeda no bolso de sua calça, que ficara jogada no chão. George encontrou a sua primeiro:
-Harry está no castelo.
Sobre a fic
Nota1: Essa fic é um presente do amigo-oculto do grupo Potter Slash Fics para a Alis Clow.
Nota2: O título do capítulo se refere à música de mesmo nome do Nando Reis, foi feita para sua terceira filha Zoé, a primeira a nascer ruiva.
Nota3: Acho que pela cronologia, Victorie tem um ano a menos do que deveria nessa fic.
