Item: Por-do-sol.

Você parece triste enquanto observa o sol poente.

Porque raios está sozinha no dia dos namorados? Onde weaselbee se metera, para deixar a própria garota num estado destes justamente em tal data?

Caridade do universo em fornecer-me uma resposta ou talvez mera coincidência: minha cabeça se vira de maneira quase brusca, estalando o pescoço, quando ouço aquela voz de demente vinda de algum ponto dos jardins da escola. Entre as diversas árvores floridas, distinguo-o tomando nos braços uma loirinha aleatória, que em resposta junta seus lábios em um beijo.

Então não estavam juntos, afinal.

Curioso, torno a fitá-la, a tempo de vê-la desviando o olhar do casalzinho feliz e abaixando a cabeça em derrota. Quase não posso ver a expressão em seu semblante: os fios espessos lhe pendem inclinadamente sobre os ombros, como se formassem uma cortina entre você e o mundo.

Uma cortina que te divide de mim, também, como nossos preceitos até hoje se encarregam de fazer.

E segundo eles, você deveria ser um nada pra mim. Você éum nada pra mim.

Então eu não deveria me importar com quem você passa o dia dos namorados, certo?

E se isto a mais pura verdade, por que este estranho aperto no peito ao ver teu corpo ser sacudido levemente pelos soluços, que agora acompanham suas lágrimas?

Desvio meu rosto e engulo em seco. Deve ser culpa do maldito clima romântico que todos insistem em pregar, como se este sentimentalismo todo valesse algo.

"Tolice, tolice", eu repito para mim mesmo enquanto me obrigo a dar as costas à sua miserável figura, fingindo que poderia facilmente fazer o mesmo com esta sensação ruim e potencialmente depressiva que tentou me acometer ao ver que estavas sofrendo.