Hogwarts - 3:00 A.M.

-Alvo?

Os únicos sons ainda eram de sua respiração continua e calma, indicando o estado de sono.

Tenho receio e pena ao mesmo tempo do que estou prestes a fazer, mas é mais forte que eu...

-Alvo meu bem acorde...

-Alvo está desligado ou fora da área de cobertura...

Não consigo evitar o riso diante da voz groge de Alvo que nunca perdia o bom humor mesmo sendo acordado em meio a uma madrugada gélida, tipicamente inglesa.

-Querido...eu quero uma coisa...

Observo conforme Alvo situa-se de onde está e esfrega os olhos como se para espantar o sono para logo me fitar.

Aqueles olhos azuis tão doces e ao mesmo tempo tão misteriosos traziam confusão nesse momento, poderia-se dizer que pela hora, ou frio, excesso de trabalho agora que havia pouco tempo desde que Alvo havia sido nomeado diretor da escola...

-O que você precisa Min?

- Eu quero pêssegos.

-Pêssegos Min? A essa hora? Onde vou encontrar isso?

-Seu irmão serviu uma bebida a uma mulher hoje mais cedo...ele tem pêssegos no bar.

-Min não pode esperar até de manhã? Está tão frio, é tão mais preferível ficar aqui, no quentinho, abraçadinho com você...

O cheiro de Alvo era algo único que conseguia me acalmar sem o menor esforço. Tinha obviamente a essência de limão em virtude da demasiada ingestão de coisas deste sabor, mas tinha o cheiro de seu shampoo, seu perfume, tudo nele era único, mas até seu cheiro essa noite me dava a impressão de ser de pêssegos.

-Alvo começo a achar que me casei com o irmão errado...

-Meu amor...se fosse Aberforth no meu lugar eu lhe garanto que ele lhe diria: Quem está grávida é você não eu então se vire.

-Alvo não fale assim de seu irmão.

-Falo porque o conheço gatinho, mas enfim, espero que ele me deixe ao menos dizer o que quero uma hora dessas batendo em sua porta...

Eu sorria pois teria meu desejo realizado mas ao mesmo tempo me doia ter de fazer Alvo aparatar com esse frio até Hogsmeade.

Um singelo chute em minha barriga me lembrava do motivo pelo qual eu queria pêssegos.

-Acalmem-se papai já volta.

Certamente minha vida havia se tornado um turbilhão no último ano.

Desde que Dippet havia anunciado sua aposentadoria, o Profeta diário estampava meu rosto em suas publicações como o futuro diretor de Hogwarts, mesmo que isso ainda não fosse oficial. Com o anuncio oficial eu mal tinha tempo para responder as inúmeras corujas que chegavam diariamente, na maioria das vezes me felicitando, outras de pais "indicando" melhorias na estrutura de ensino da escola.

Outras ainda mais ousadas apelavam para a politica do puro sangue, afirmando que eu deveria como um bruxo influente, retirar todos os mestiços e "sangues ruins" de Hogwarts...tais cartas eram lançadas imediatamente no fogo da lareira onde queimavam até não deixarem quaisquer tipo de rastros.

Minha politica sempre fora de que todos com sangue mágico tem direito a educação assim como os trouxas tem direito ao nosso respeito por fazerem as mesmas coisas que nós, porventura, sem magia.

(a quem não sabe trouxas é o nome que se dá a nós, seres simplesmente mortais, sem qualquer tipo de magia / sangues ruins são filhos de trouxas mas que nasceram com magia / mestiços são filhos de bruxos com trouxas)

No meio desse turbilhão de acontecimentos estava meu casamento.

Jamais me arrependeria de ter casado com Minerva, porém seu gênio nos últimos dois meses estava realmente começando a me preocupar...

Nunca havia visto minha mulher chorando por bobagem, e simplesmente era isso o que acontecia.

Seu apetite sexual havia tornado-se um tanto quanto maior, porém eu jamais iria reclamar sobre isso..

notava seus seios mais fartos e sua cintura sempre bem marcada ficar mais redondinha, mas não ousaria falar qualquer coisa do gênero tendo em vista que lembrava-me muito bem do que acontecia a meu pai quando ele falava sobre o corpo de minha mãe...

Desejos, tonturas...

3 meses depois Minerva fora levada a Saint Mungus com desmaios repentinos.

Fui chamado por flu por um dos curandeiros que pedia imediatamente minha presença no hospital.

Corujas, ministério e demais coisas teriam de esperar, minha "vida" precisava de mim.

Minerva estava pálida, havia pelo que me informaram, recebido uma poção vitamínica há poucos minutos e em breve estaria melhor.

Seus olhos brilhavam enquanto eu me aproximava.

-O que houve gatinho?

-Me senti um pouco fraca e acordei com Slughorn me fazendo cheirar uma de suas poções.

-Min...já lhe disseram alguma coisa? Onde está o médico?

-Já me disseram sim, não se preocupe Al, estou ótima, estamos ótimos.

-Estamos?

Por um momento minha mente não foi capaz de assimilar a informação...talvez por estar demasiadamente nervoso por ver Minerva naquela cama, ou simplesmente por ser lento de raciocínio.

-Teremos de arrumar mais um quarto senhor diretor.

Meu sorriso era de orelha a orelha, me inclinava até o rosto de minha esposa beijando-a seguidamente ainda sentindo o gosto da poção brevemente em seus lábios.

-Uma mini Min...estou tão feliz meu amor...

O que inicialmente se mostrava uma mini Min se mostrou uma mini Min e dois Mini Alvos.

Meus pais enlouqueceram com a ideia de 3 netos de uma única vez.

Meus sogros de igual forma.

Aberforth vibrava com a ideia de estragar os 3 sobrinhos.

7 meses haviam se passado já e Minerva estava a meus olhos mais linda do que nunca.

Obviamente a dificuldade de se locomover devido ao peso da barriga já era grande no 8° mês, mas seu sorriso era maior do que nunca.

Passavamos horas nos finais de semana apenas "conversando" com nossos bebês, sentindo sua barriga se mover, algumas vezes até mesmo causando desconforto a ela, mas estavamos na reta final...

Agora cá estava eu, às 3 horas da manhã diante do bar de meu irmão que ainda estava aberto e movimentado mesmo com o frio e o avançado da hora.

-Alvo? Minerva o enxotou de casa irmão?

-Não Aberforth, ela quer pêssegos e a culpa é sua.

-Minha porque miserável de uma figa? A mulher é sua não minha.

-Hm..quer dizer que é verdade então, o grande Alvo Dumbledore vai ser papai.

-Aurélia, há quanto tempo! Sim serei pai, em dose tripla!

Aurélia era praticamente como se fosse da família, tinha a mesma idade de Abe, e assim como ele, nunca se casara. Seus pais eram amigos dos nossos o que nos fez crescermos praticamente juntos, mas isso não aplacava os ciumes de Minerva...

-Felicite sua esposa, mas, faze-lo sair a essa hora para buscar pêssegos...ela deve ser uma esposa muito má...

-Não, pelo contrário, é a melhor que eu poderia ter pedido a Deus.

-Aqui estão seus pêssegos, agora xô, pare de espantar minha cliente-la com essa sua cara de sono.

-Obrigado Abe, te devo essa.

-Vou anotar.

-Tchau Alvo.

-Adeus Aurelia.

Por mais respeito que eu tivesse por Aurelia, sabia que sua língua era afiada. Sabia que ela buscava um posto de poder no mundo mágico, já havia tentado se jogar para mim logo após a derrota de Grindelwald, porém meu coração já pertencia a Minerva, desde que eu a vira melhor dizendo, porém parecia que minha amiga não havia desistindo em tudo.

Aparatei de volta a Hogwarts para encontrar Minerva a conversar com sua barriga enquanto o cheiro de óleo que ela usava para evitar a desidratação da pele penetrava em meus sentidos.

Seu cheiro era único, mas era realçado com o uso do óleo de flores brancas e pimenta.

Sorrindo ela esticava os braços em direção a sacola em minhas mãos.

-Me daaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaa