Olá!
Queria desde já dizer que esta história não me pertence. todo o seu argumento foi escrito pela autora Blueicequeen, que a escreveu em inglÊs com o titulo HAZY PAST. eu li e amei, por isso com as devidas autorizações traduzia-a para portuguÊs.
Espero que gostem. Dêm uma oportunidade a esta história... é muito bonita.
::
Passado Tempestuoso
Capitulo 1 –
Lá fora a chuva caía com força. O som dos trovões e o reluzir dos relâmpagos era uma constante. Ninguém andava na rua aquela hora, e só um tolo andaria no meio daquela horrível tempestade.
A Kaoru encolheu-se ao ouvir o trovão bramir. Deixou escapar um gemido quando sentiu a chuva bater impiedosamente no seu dojo.
Sim, ela estava sozinha de novo e cada musculo, cada osso do seu corpo lhe gritava isso. O nó que sentia no estômago fê-la recordar a quão assustada estava de mais uma vez se encontrar sozinha na sua própria casa.
Todos se foram embora.
O Kenshin nem sequer tinha tido coragem de falar com ela cara a cara, por isso escreveu uma carta. O Sano e o Yahiko decidiram segui-lo. Provavelmente iriam encontrar-se com a Megumi em Aizu.
O Yahiko tinha deixado bem claro que o estilo Kamyia Kashin não era o suficiente. Ele queria mais. Para além disso a comida dela não era nem de perto nem de longe comparável á da Maegumi ou até mesmo do Kenshin. E ele preferia morrer de fome do que comer os cozinhados dela.
Quanto ao Sano, ele estava só a seguir o seu antigo sonho de viajar. Como os ataques por causa da presença do Battousai no dojo tinham parado e tudo estava calmo, ele ficava facilmente aborrecido. E no final de contas, a sua raposa já não estava mais lá para o desentediar.
Relativamente ao Kenshin, ele estava só a ser ele próprio, ou então a fugir mais uma vez. Ele não a queria magoar. Mas a sua atitude não a tinha levado a sentir-se menos ferida.
As lágrimas escorreram-lhe pelo rosto molhando o seu yukata. Ele partiu sem sequer dizer adeus… Partiu, após ter chamado aquele dojo a sua casa.
Ele não a queria magoar… ele partiu… sem se importar como ela se iria sentir após isso.
AQUELE IDIOTA! EGOISTA!
Sentiu-se furiosa quando se deu conta do quanto ele tinha traído a sua confiança.
Ela sabia que não era perfeita, mas no mínimo, em consideração por tudo o que ela tinha passado por causa dele achava merecer uma despedida em condições.
Levantando-se trocou o seu yukata por um gi e um hakama.
Tinha necessidade de arrancar de dentro dela todo o medo e a raiva. Se não fizesse isso ia explodir.
Caminhando até aos portões do dojo, sentiu os gotas molharem a sua roupa.
Qualquer pessoa, com o mínimo de sanidade, saberia que sair no meio daquele temporal seria loucura. Mas a Kaoru estava para além da sanidade. Ela precisava de sair, antes que as memórias que enchiam aquele dojo a sufocassem. Ela precisva de ir para bem, bem longe dali. E o único lugar que conhecia era a floresta onde costumava ir quando era apenas uma criança.
Fechou atrás de si as portas do dojo e caminhou pelas silenciosas ruas da cidade.
Não havia ninguém que a pudesse proibir de fazer isso. O Kenshin não estava lá para lhe dizer que se fizesse isso iria ficar doente, o Sano e o Yahiko não estavam lá para o apoiar. A Megumi também não estava lá, para mais uma vez discutir com ela e dizer o quão estúpida ela estava a ser.
Pensando bem, talvez o facto de todos eles terem ido embora, fosse a sorte no meio do azar. Sim, talvez ela agora pudesse ter a sua própria vida de volta.
Deixou escapar um sorriso sufocado e sem que tivessem permissão para tal as lágrimas escorreram novamente pelo seu rosto abaixo.
Mas quem estava ela a enganar?
Não se importando com a horrível tempestade á sua volta ela entrou na floresta.
A pobre Kaoru só não imaginava que no meio daquele temporal iria reencontrar o seu maior pesadelo. Mas, quando se deu conta já era tarde demais, uma dúzia de homens tinha-a cercado, cada um deles com um sorriso malévolo nos seus rostos.
Aquele que parecia ser o líder caminhou até perto dela e levantou-lhe o queixo.
Foi nesse momento que se deu conta de quem eles eram.
Há três anos atrás esses mesmos homens tinham morto aqueles que ela tanto amava.
:::
KNOCK!KNCOK!
O Dr Gensai apressou-se para ir abrir a porta.
Quem será a estas horas? E ainda por cima no meio desta tempestade?
Ele perguntava-se enquanto abria a porta da entrada.
Quando finalmente a abriu observou um jovem que nos seus braços carregava algo. Estava ensopado até aos ossos, e segurava esse algo como se fosse a sua própria vida.
A imensa tristeza que transmitia não passou despercebida ao médico que o deixou entrar.
" – Ela está a morrer." – ele murmurou ao mesmo tempo que mostrou a figura por debaixo da manta.
O Dr Gensai ficou sem ar por momentos quando viu a Kaoru coberta de sangue.
Sem perder mais tempo, ele levou o jovem rapaz para um quarto e pediu que colocasse a Kaoru na cama.
Acenando o homem pousou-a e saiu, dando espaço ao médico para que pudesse fazer o seu trabalho.
O Dr. Delicadamente abriu a camisola dela e ficou horrorizado ao ver as feridas no seu corpo.
Não havia dúvidas que ela havia sido chibateada e golpeada vezes sem conta. As feridas ultrapassavam todos os limites que ele alguma vez teria imaginado. no entanto, o sangue já não jorrava delas. Para além do mais ele notou algo que sabia que iria partir o coração da jovem Kaoru.
" – Como é que ela está?" – o jovem rapaz perguntou olhando-a cautelosamente.
Tal e qual o Shinomori… frio e calculista…
" – Não tenho bem a certeza. Mas, para já não se pode mexer." – o Dr voltou-se para olhar o homem – " – Arigato gozai masu. Salvou a vida dela… espero eu."
" – Doushita no?" – o homem observou-a praticamente como se a estivesse a avaliar.
" – Sr, ela está destruída interiormente. E apenas aqueles que têm o desejo de viver podem realmente recuperar. Eu pergunto-me se ela ainda mantém o dela." – o médico não entendia porquê que estava a contar aquilo aquele homem, sabendo que isso apensa iria levar a mais perguntas… arrependeu-se imediatamente de confiar nesta pessoa… num total estranho.
Contudo, o jovem apenas observava enquanto as chamas dançavam em volta das sombras do corpo sem cor dela. O seu olhar como que endureceu por momentos, antes de fechar os olhos e se recostar para trás numa posição mais relaxada.
" – Não há nada com que se preocupar, aqueles que fizerem isto já pagaram pelos seus crimes. Eu irei tomar conta dela por agora." – ele disse num tom calmo porém firme, o que fez com que o médico não fosse capaz de protestar. Apenas acenou.
" – Eu vou arranjar-lhe um quarto onde possa dormir…"
" – Não é necessário. Eu descanso aqui. Se ela precisar de algo será mais fácil se estiver alguém por perto." – notando a expressão surpresa do médico acrescentou – " – Não se preocupe, não lhe vou fazer mal." – sorriu gelidamente. " – Para além disso, eu estou em divida para com ela, e ela para comigo. Não me irei embora enquanto as nossas contas não estiverem saldadas."
O médico suspirou e partiu.
Enquanto caminhava silenciosamente pela casa deu-se conta de que ambas, Ayame e Susume tinham desaparecido.
Não estavam mais no quarto onde ele as tinha deixado.
Quando estava prestes a entrar em pânico, finalmente encontrou-as no seu próprio quarto, cada uma no seu futon a dormir o sono dos justos.
O Dr. Sorriu.
Talvez aquele jovem fosse tudo o que eles necessitavam naquele instante.
Talvez, fosse o que a Kaoru necessitava naquele momento.
:::
" – Aoshi? Douka shita no? Tu tens estado em silencio desde de que chegas-te." – o Kenshin comentou assim que o seu amigo de poucas falas se sentou na sua frente.
Desde de que tinham chegado, o Aoshi e a Misao, ele pressentiu que algo estava errado.
Tinha de ser algo com o governo, ou então relacionado com a Kaoru. Senão, qual seria a razão que levaria o ex e a actual líder do Oniwabanshu a aparecerem ali?
" – Sabes, « de Gelo», tu devias dizer qualquer coisa, ou então ires-te embora! Desde há 10 minutos atrás, que foi quando chegas-te que não dizes uma única palavra!" – o Sano disse enquanto passeava as mãos pelo cabelo.
" – Se não estou enganado," – o Aoshi começou por falar – " – Eu disse «Ohayo!» quando entrei!"
O Yahiko desatou ás gargalhadas ao ver a cara de surpreendido do Sano o Kenshin sorriu juntamente com a Megumi, mas, o sorriso desapareceu ao ver a expressão séria da Misao.
Kaoru.
o Aoshi retirou os olhos do chão. Parece que o Himura sabe a razão de eu estar aqui. No entanto, se ele soubesse do que realmente se passou…
" – O que há de errado com a Kaoru-dono?" – o Kenshin perguntou tentando manter a calma, mas interiormente o medo crescia ao aguardar a resposta.
O Aoshi mantinha o silêncio.
" – Aoshi…" – o tom ameaçador que o Kenshin usou fez co que todas as atenções se voltassem para si. " – O que há de errado com a Kaoru?"
" – Eu creio Himura, que a Kaoru está em apuros . E se as minhas fontes estiverem correctas, alguém a quer ver morta a todo o custo."
" – E…" – Ele olhou directamente nos olhos do ruivo, que por agora já estavam escurecidos com o que estava a ouvir - " – Já deram o 1º passo!"
O quarto manteve-se em silencio enquanto o Aoshi contava tudo o que tinha acontecido.
Era pior do que eles alguma vez pudessem imaginar. E todos ficaram preocupados, principalmente com a reacção estática do Kenshin.
" – o Dr Gensai contou á Okon que acerca de um mês após a vossa partida, a Kaoru tinha entrado em depressão praticamente que já nem conseguia tomar conta dela própria. Ele também pediu á Okon se podia prover algum tipo de protecção visto que, a policia pouco ou nada pode fazer. A Kaoru não quis falar com ele desde que acordou uma semana após os ataques… nem fala nisso. O Dr recusou-se a dar detalhes acerca dos ferimentos que ela sofreu. Apenas disse que quem o fez ou odeia-a ou então o fez apenas por diversão. E a contar com as feridas nos pulsos, ela foi mantida de cabeça para baixo por algum tempo, por pelo menos dois homens. "
" – Ele também acrescentou que a Kaoru mudou muito desde aí. Ela raramente sai do dojo e não foi desde ai nenhuma vez nem á clínica nem ao restaurante.
No entanto segundo o , todos tem continuamente ido visitá-la. Mas muitas das vezes a Kaoru tranca os portões do dojo para não ver ninguém.
Ela mudou Himura. E para pior. O Dr disse que a recuperação dela é tão lenta, que, é como se ela tivesse perdido toda a vontade de viver.
Ele não pode fazer mais nada para a ajudar se ela recusa a ajuda dele. Ela simplesmente não quer ser ajudada Himura!
Cada esforço que o Dr faz tem sido evitado. Se há alguém atrás dela, como nós pensamos que há, é muito perigoso ela estar sozinha agora!"
" - O Saito contou algo interessante á Okon. De alguma forma ele adivinhou que iríamos estar contigo.
Treze homens foram mortos na mesma noite em que a Kaoru foi atacada. As boas noticias são: ele pode ter sido um herói que salvou a Kaoru de uma morte certa, ou então um assassino sedento de sangue que matou 13 homens inocentes. De uma forma ou de outra o Saito quer encontrá-lo. Nós esperamos que não seja esse homem o enviado para matar a Kaoru, pois se for, ela pode já estar morta quando lá chegarmos."
Ela pode já estar morta!
Aquelas palavras ecoaram nos ouvidos do Kenshin vez após vez. Imagens da Kaoru passaram na sua mente fazendo o seu coração ficar apertado.
Ele ia perdÊ-la.
O samurai perguntou-se de porquê que ainda não tinha saído a correr para o dojo, mas sentia-se preso ao chão… sem vontade de voltar.
Quanto ao Sano, já tinha tudo muito claro na sua mente.
Ele queria volta e ver a Kaoru.
Mas o Kenshin sentia-se entorpecido. Ele não deu nenhuma resposta concreta ao Sano, o que fez com que este se irritasse e dissesse alto e em bom som que na manhã seguinte voltaria para o dojo, com ou sem o Kenshin.
" – Tu não tens com o que te preocupar… Ela não morreu… ainda!" – o Aoshi sentou-se lado a lado com o Kenshin observando os vales que os circundavam.
" – O que é que te está a assustar?"
O Kenshin pensou um pouco ao mesmo tempo em que encostava a cabeça contra a espada, deixando um leve suspiro escapar dos seus lábios. " – Nós não nos despedimos." – tão simples no entanto tão profundo.
Na sua mente conseguia imaginar a Kaoru, de mãos na cintura, a gritar com eles por a abandonarem assim. Formando um sorriso nos lábios dele.
" – Eu acho Himura, que tu já te decidis-te."
Novamente o Kenshin sorriu.
Arigato… Aoshi.
