Nota da Autora: Essa é a minha primeira fic Clexa. Na verdade não é totalmente uma história original minha, pois ela é uma adaptação a um filme antigo e que eu amo de paixão, que se chama When Harry Met Sally, de 1989. Em português se chamou Harry e Sally Feito um para o Outro. Este filme é uma comédia romântica e centrava-se muito nos diálogos entre os protagonistas. Diálogos inteligentes e bem elaborados. Vocês verão então muitos diálogos entre elas e menos pensamentos ou descrições. Não sei se gostam deste tipo de escrita, mas eu acho muito legal. Logicamente eu adaptei ao universo Clexa AU, mesmo porque o filme tem um casal H/M. Criei algumas situações, adaptei outras, retirei parte de diálogos e coloquei outros. Alguns estão quase transcritos do original, porque são muito bons. Para quem não viu o filme, aconselho mesmo a ver, porque é uma das melhores comédias românticas já feitas. Adianto que a fic não vai ser muito grande e vai contar 14 anos na vida delas, então as passagens de tempo serão muitas e de uma hora para outra. Bem, espero que gostem e comentem.

Capítulo 1 - Agora estou te vendo

- Harper, não acredito que acabamos esse maldito ensino médio e vamos sair deste maldito colégio!

- Não fale isso, Clarke! Não era tão ruim assim, mas... oba! – ela levantou as mãos para o alto e fez uma dancinha estranha, fazendo Clarke rir - Cadê Nylah? – perguntou Harper.

- Ih, deve estar se despedindo daquela namorada porra louca dela.

Harper riu.

- Mas você sempre a achou bonita.

- E daí, amiga? Bonita sim, mas totalmente desvairada.

- Lexa é legal e super divertida. Você é que só revirava os olhos.

- Harper, a louca deixou a Nylah uma vez esperando na lanchonete por 2 horas, porque havia passado de fase no joguinho do celular e não poderia parar sem completar a fase seguinte. E nem avisou a coitada porque, se fosse ligar para ela, teria que dar pausa no jogo e ele voltaria para a fase anterior.

- Viu como ela é divertida? – Harper riu – Divertida e gata à beça.

Clarke acabou sorrindo, mas triste.

- Está triste?

- Você não está? Você vai para Massachusetts e eu para Nova York. Estou perdendo minha amiga...

- Perdendo? Nós vamos continuar o contato, boba! Claro que estou chateada que vamos nos separar, mas vamos para grandes Universidades.

- Por que você tinha que ser tão inteligente? Harvard, caramba!

- Desculpe, babe... – ela riu – Mas você também é inteligente. Você está indo para a Universidade de Colúmbia. Ivy League para ambas, amiga! Para de ser chata! E você só não foi para Harvard porque não tentou. Você cismou com a Big Apple.

- Bem, é lá que estão as oportunidades.

- Então... – deu um abraço nela e aí alguém bateu na porta.

Era Nylah, com uma expressão triste também.

- Oi meninas... Clarke, sua mãe me deixou entrar.

- Ok, sem problema. O que houve, brigou com a louca, lá? – perguntou Clarke.

- Não, transamos a noite toda!

- Ai, porra, Nylah, tinha que deixar a gente com inveja? – Harper perguntou sorrindo.

- Eu estou triste porque a Lexa vai embora, mas estou tentando aceitar que ela vai para uma grande Universidade. – ela disse – Aliás, Clarke, sua mãe disse que você vai para Nova York de carro, é isso?

- Sim, minha mãe acha que eu tenho que começar a me virar sozinha. Está triste, mas está me liberando para vida.

- Legal – ela coçou a cabeça. Harper e Clarke se olharam e depois franziram a testa para Nylah – Então – continuou a garota – não sei se contei para vocês, mas Lexa foi aceita em Yale.

- Uau! – exclamaram as meninas – Mais uma Ivy League! – completou Harper.

- Clarke, Lexa está pretendendo pegar um ônibus para lá, mas eu pensei... você poderia dar uma carona para ela até Nova York. De lá, ela pega o trem para New Haven.

Clarke olhou para Harper, que fez uma expressão engraçada.

- Ih Nylah, sua namorada é tão diferente de mim. Será que ela gostaria de ter minha companhia por 10 horas?

- Claro, Clarke! Lexa leva tudo de boa. Você sabe como ela é.

Clarke pensou mais um pouco. Sabia que iria ser meio estranho, mas não iria negar um favor à amiga, que talvez nunca mais visse.

- Ah, ok, ok. Mas ela tem que estar pronta e na porta da casa dela às 8h00, sem falta. Passa o endereço dela aí.

Nylah deu um abraço em Clarke.

- Obrigada!

No dia seguinte, Clarke estava parada na porta da casa de Lexa desde as 7h45, tamborilando os dedos no volante. Já eram 8h05 e a menina não havia dado o ar da graça. Clarke bufou. Detestava pessoas não pontuais. Quando pensou em sair do carro e tocar a campainha, viu Lexa sair pela porta com Nylah à tira colo. A menina tinha uma mala pequena, uma mochila e um violão, dentro de uma capa preta.

- Oi, Clarke! Bom dia! – Cumprimentou Nylah com um sorriso.

- Bom dia Nylah! Bom dia Lexa!

- Oi. – disse a morena – Obrigada pela carona. Vai ser uma mão na roda.

Clarke deu um sorriso, admirando as formas da menina, disfarçadamente. Ela era irritante e louca, mas como parecia gostosa.

Lexa vestia apenas uma calça leg e um top preto, expondo o abdômen definido.

Clarke abriu a mala do carro para Lexa colocar suas coisas. Lexa deu de cara com o bagageiro já meio lotado. Clarke levava duas malas grandes e uma média, além de um travesseiro, algumas telas e um cavalete. Lexa arregalou os olhos e colocou sua mala no lugar que pôde encontrar.

- O quê? Estou levando tudo o que eu posso.

- Não disse nada, loira! – Lexa levantou os braços.

- Clarke Griffin.

- O quê?

- Meu nome é Clarke Griffin.

Lexa olhou para ela.

- Ah, tá... ok.

- Nylah – disse Clarke – Mantenha contato, ok?

- Sim, sim. – ela deu um abraço inocente em Clarke.

Ela se afastou e Lexa puxou Nylah para um beijo, que não tinha nada de inocente. Clarke engoliu em seco e voltou ao volante do carro, dando privacidade a elas para se despedirem.

- Vou sentir tanto sua falta! – disse Nylah à Lexa, com os braços em volta do seu pescoço.

- A gente vai se falar e se ver quando puder. – respondeu a morena.

- Eu sei, mas não vai ser a mesma coisa. – ela enxugou uma lágrima – Amo você, sabia?

- E eu amo você.

Clarke estava constrangida, vendo a interação pelo retrovisor. No fundo sentia inveja e queria estar com alguém se despedindo daquela forma.

- Promete que vai ligar assim que chegar? – pediu Nylah.

- Claro! Vem cá! – e reiniciaram o beijo.

Clarke bufou e revirou os olhos. Olhou o relógio, 8h18. Ela então buzinou, assustando as duas.

- Caramba, desculpem! – ela disse em voz alta.

- Fica bem, ok? – foi a última coisa que Lexa disse, antes de dar um úiltimo selinho nela e entrar no carro.

Ela jogou a mochila no banco de trás e colocou o violão por cima. Sentou de frente novamente e colocou o cinto.

- "Simbora", loira! – disse com um sorriso.

Clarke a olhou com cara de poucos amigos.

- Oops... Clara? Carla?

- Clarke! – exclamou a loira.

- Isso! – confirmou Lexa.

Clarke arrancou com o carro, já imaginado uma viagem de pesadelo. Assim que entrou na interestadual, ela pegou um caderninho no console e entregou à morena.

- O que é isso? – perguntou lexa.

- Estou assumindo que você dirige, certo?

Lexa assentiu e tirou rapidamente o cinto, se virando para pegar um saco com uvas na mochila. A bunda virada quase na cara de Clarke.

- Ah... então... – Lexa votou ao lugar e Clarke continuou – Você vai ver que eu dividi nossa viagem em turnos.

Lexa colocou duas uvas na boca.

- Quer? – ela ofereceu à Clarke.

- Não, obrigada. Eu não como entre as refeições.

Lexa franziu a testa ligeiramente e virou para janela, cuspindo os caroços da uva. Só quando viu os mesmos escorrendo pelo vidro é que se tocou que a janela estava fechada. Ela sorriu envergonhada.

- Desculpe... vou abrir... a janela.- disse abrindo o vidro.

- Então ... – Clarke voltou ao assunto, enquanto Lexa abria o caderninho – De modo que a viagem renda bem, não nos canse muito e cheguemos a Nova York, se possível, com o dia claro... – disse e continuou – nós vamos nos revezar ao volante a cada duas horas, o que dará três turnos para cada. Eu listei aí as paradas para banheiro e lanches, além do almoço.

Lexa olhava para Clarke meio boquiaberta e mirava os horários estabelecidos pela loira. Ela balançou a cabeça.

- Nylah não me disse que era tão metódica. - disse cuspindo novos caroços de uva para fora do carro e fazendo Clarke revirar os olhos.

- Eu prefiro que me chamem de "organizada".

- Ih, não quero te enganar não, Carla, mas seu esquema já furou. Estamos 30 minutos fora do horário.

- Se você e Nylah não tivessem se demorado na despedida... e meu nome é Clarke!

- Relaxa, Clarke! Conta sua vida para mim! Vamos nos conhecer!

- Você quer saber da minha vida? - perguntou Clarke franzindo a testa.

- Temos 10 horas pela frente.

- A história da minha vida se resume por aqui mesmo. Por isso estou indo para Nova York. Lá farei a minha história acontecer.

- Então você acha que em Nova York coisas boas vão acontecer para você? Que tipo de coisas?

- Vou estudar medicina e virar uma cirurgiã, como minha mãe.

- Humm, legal. Aí você vai tentar salvar as vidas de pessoas, para que elas também tenham uma história para contar?

Clarke a olhou intrigada.

- Podemos dizer que sim. – ela disse.

- Você gosta de medicina?

- Gosto! Como disse, minha mãe é médica e cresci nesse meio.

Lexa a olhava interessada.

- Você vai fazer medicina porque gosta, ou porque a sua mãe quer?

Clarke a olhou e titubeou por alguns segundos antes de responder.

- Claro que é por mim!

- Ok, não precisa ficar brava!

Clarke voltou seu olhar para frente.

- Por que você carrega um cavalete e telas no porta-malas? – perguntou Lexa.

- Você reparou hein? – Clarke sorriu – Eu adoro pintar, desenhar! É uma paixão que eu tenho: a arte.

- Legal, e você pinta bem?

- Dá para o gasto..., eu acho. – ela disse com um olhar sonhador.

- Sabe, Clara, que dizer, Clarke. Desculpe. Você me parece mais interessada em arte do que em medicina.

- O quê? – ela se assustou.

- Você precisava ver seu sorriso falando da pintura. Coisa que eu não vi quando mencionou a medicina.

Clake riu.

- Você está louca! Se minha mãe te ouve falar isso, interna você.

- Está aí! Sua mãe de novo na parada. Tem certeza que a medicina não é influência dela?

- Lexa, vamos trocar de assunto? Você está me estressando.

Lexa deu de ombros.

- Ok, e se nada acontecer?

- O quê? Como assim?

- Você disse que está indo para Nova York fazer sua história acontecer. E se você viver lá sua vida toda e nada acontecer? – Encarou a loira e continuou – Suponha que você não se torne nada e acabe morrendo de uma forma triste e solitária, que só se percebe depois de duas semanas, devido ao mau cheiro. – e cuspiu mais caroços pela janela.

Clarke a olhava embasbacada e boquiaberta.

- Bem que a Nylah comentou que você era meio mórbida. Com um lado super negro.

- Foi por isso que ela gostou de mim.

- Pelo seu lado negro?

Lexa assentiu, comendo a última uva.

- Não acredita? Você não tem um lado negro? – quis saber Lexa e continuou – Você deve ser daquele tipo que quando escreve o "i" coloca um coraçãozinho no lugar do pingo, acertei?

- Todos têm um pouquinho de lado negro, eu entendo. – disse Clarke – Eu não sou diferente de todos.

- Sério? Bem, quando eu compro um livro, eu leio a última página dele primeiro. Se eu morrer antes de acabar de ler, pelo menos saberei como ele termina. Isso, amiga, é ter um lado negro. – disse a morena.

- Bem – começou Clarke – eu sou, basicamente, uma pessoa feliz. Não vejo nada de errado nisso.

- Eu não disse que não sou feliz. – disse Lexa e perguntou – Você já pensou na morte?

- Sim, claro! – disse Clarke impaciente.

- Claro, claro! Deve ser um pensamento que vem e vai da sua cabeça, bem raramente. Eu passo horas e horas pensando na morte.

- E isso faz de você uma pessoa melhor? – quis saber a loira.

- Não disse isso. Eu só acho que quando a coisa acontecer, eu vou estar mais preparada que você, por exemplo.

- Ah, ok e, enquanto isso, você arruína sua vida pensando na coisa.

Novamente Lexa deu de ombros, o que estava irritando Clarke.

Passadas algumas horas de conversa jogada fora, Clarke notou que, definitivamente, elas não concordariam em nada. Seguiram caminho. O papo agora era sobre filmes clássicos.

- Você está errada! – disse Clarke.

- Eu não estou errada! – disse a morena – Ele a coloca no avião. Ele quer que ela vá embora!

- Não Lexa! – Clarke sacudia a cabeça – Ela queria ir embora! Ela é quem não queria ficar!

- Claro que ela queria ficar! Você não preferiria Humphrey Bogart ao outro cara?

- Acho que você vai ter que assistir Casablanca de novo para notar o que eu estou falando. Eu não gostaria de passar minha vida naquele lugar, casada com o dono de um bar. Pode parecer esnobe, mas eu não gostaria.

- Então você preferiria viver em um casamento sem paixão?

- E ser a primeira dama lá do país dele.

- Você nem lembra o nome do país? – Lexa riu.

- Tcheco... alguma coisa. Ah, o país que se dividiu.

- Então você dispensaria uma pessoa, com quem você teve o melhor sexo da vida, só porque ele, ou ela, é dono de um bar? - Perguntou Lexa, estacionando próximo a uma lanchonete de beira de estrada.

- Como você sabe que eu sou bi?

- Nylah comentou.

Clarke ignorou.

- Respondendo a você: Sim, eu dispensaria. E qualquer mulher sensata concordaria comigo, inclusive Ingrid Bergman, que entrou no bendito avião no final do filme.

- Definitivamente então eu não sou sensata. – disse Lexa saindo do carro – Mas já entendi.

- O quê? - perguntou Clarke saindo carro e indo atrás de Lexa.

- Deixa para lá!

- Não! Diga! O que é?

- Vou falar, então. Não me leve a mal, mas obviamente você ainda não teve uma transa daquelas que faz você sair levitando por aí. Sexo dos bons! – ela entrou na lanchonete – Dois lugares, por favor. – disse à garçonete.

Clarke entrou logo atrás.

- Claro que eu tive!

- Não! Não teve! – e se dirigiu a uma mesa, sentando.

- Se quer saber, eu já tive um monte de transas extraordinárias! – disse Clarke em um tom, que fez diversas cabeças virarem para ela.

Ela então sentou, super corada e com a cabeça baixa. Lexa começou a analisar o cardápio.

- Com quem? - ela simplesmente perguntou.

- O quê?

- Com quem você teve esse sexo extraordinário? Homem ou mulher? Aposto que foi uma mulher.

- Não vou falar disso com você! – disse Clarke bufando.

- Ok, então não conte! – deu de ombros e voltou a olhar o cardápio.

Clarke a olhava P da vida. Isso não ficaria assim. Ela pegou o seu cardápio.

- Bell Blake.

- Bell? Diminutivo de Bellamy? – Lexa riu - Não! Definitivamente eu duvido! – ela disse.

- Eu tive!

- Não, não teve!

- Lexa, aposto que você nem o conhece! – Clarke perdeu a paciência.

- Não conheço mesmo! Mas Bellamy é o homem para fazer seu imposto de renda. Se você precisa fazer um tratamento de canal, Bellamy é o cara. Mas, querida, para te fazer se contorcer de prazer na cama, Bellamy não serve.

Clarke a olhava espantada.

- É o nome! – disse Lexa. – "Bellamy, ai Bellamy! Vem garanhão! Vem Bell! Isso, bem aí, Be-lla-my!" Viu? Não combina! Bellamy é nome de ursinho de pelúcia – concluiu Lexa.

Quando Clarke ia responder, a garçonete se aproximou para anotar o pedido.

- O que vão querer? – perguntou ela.

- Vou querer o número 3. – disse Lexa.

- Eu vou querer a salada do chefe, mas com o azeite e vinagre à parte, e a torta de maçã com chantilly e sorvete.

- Ok...

- Espere – disse Clarke – Eu quero a torta quente e o sorvete à parte. E eu queria o sorvete de morango e não o de baunilha, se possível. Se não puder, eu quero só o chantilly, mas só se for dos bons.

Lexa olhava para ela com a testa franzida e com um sorriso de canto de boca.

- Se o chantilly for de lata, não quero.

- Nem a torta? – quis saber a garçonete.

- Aí só a torta, mas sem esquentar. – ela concluiu.

- Ok. – disse a garçonete revirando os olhos.

Clarke voltou seu olhar para Lexa, que estava com as sobrancelhas erguidas.

- O que foi? – perguntou a loira.

- Nada, nada!

Elas ficaram em silêncio, até que Lexa perguntou:

- E então, por que terminou com Bellamy?

- Como sabe que nós terminamos?

- Porque você não estaria aqui comigo e sim com o Bellamy, o dono do pinto de ouro.

Clarke estava indignada.

- Primeiro, eu não estou "com você". Segundo, não é da sua conta o porquê do nosso rompimento.

Lexa sorriu.

- Tem razão, eu não tenho nada a ver com isso. Esquece!

Clarke revirou os olhos.

- Se quer saber, ele era ciumento e eu costumava usar calcinhas de dias da semana.

- Opa! Calcinhas de dias da semana? – Lexa franziu a testa.

- É uma para cada dia e vem escrito nelas segunda, terça, etc.

- Tá, e aí?

- Ele percebeu que não havia Domingo e achou que eu estava traindo ele, usando esta com outros. Mas não estava.

Lexa ergueu a sobrancelha.

- E onde estava a calcinha Domingo?

- Ah, eles não fabricam essa. Por causa da Igreja. Mas Bell não acreditou.

- Ah, tá, entendi. – ela balançou a cabeça.

A comida chegou e elas comeram em silêncio e depois pediram a conta. Clarke começou a fazer os cálculos de quanto seria para cada uma, enquanto Lexa a olhava.

- Você pediu o refrigerante, eu comi sobremesa, 10%..., 7... 9,20. Metade aqui. – ela dizia e mordia o lábio inferior, arrancando um sorriso de Lexa.- Ok, eu pago US$ 9,20 e você US$ 7,20. – finalizou, levantando o olhar para a morena e encontrando aquela floresta tropical a encarando. "Porra, por que ela tinha que ter esses olhos verdes tão lindos?" – pensou Clarke.

Lexa continuava a encarando com um sorriso de canto de boca, o que estava deixando Clarke tensa.

- O quê? – ela perguntou.

Lexa permaneceu olhando para ela.

- Tem algo no meu rosto? – ela pegou o guardanapo e passou na boca.

- Você é uma garota muito bonita. – Lexa finalmente falou.

Clarke corou um pouco.

- Obrigada. – ela disse olhando para baixo.

- Nylah nunca me disse que você era bonita assim e com olhos azuis lindos.

- Lexa, a gente já se conhecia, esqueceu?

- Ah, mas eu nunca vi você direito então. E olha que eu sempre reparo nas garotas bonitas.

- Talvez você não me achasse atraente.

- Não! Eu estou atestando um fato: você é linda, Clarke!

Clarke baixou a cabeça, envergonhada.

- Bem Woods, você também não é ruim de olhar.

- Você sabe meu sobrenome?

- A gente estudou na mesma sala em algumas aulas. Claro que sei seu sobrenome!

- Definitivamente eu devia estar cega, então.

Clarke ficou abismada.

- Lexa, Nylah é minha amiga! – ela disse deixando o dinheiro e se levantando.

- E daí? – Lexa também deixou sua parte e levantou.

- Vocês estão namorando!

- E daí?

- Você está dando em cima de mim! – concluiu boquiaberta.

- Não! Não estou! – disse a morena calmamente.

Clarke bufou e foi para o carro do lado do carona.

- Uma mulher lésbica não pode achar outra bonita, que quer dizer que está cantando ela? – Lexa perguntou indo para o carro atrás de Clarke.

Clarke viu que era sua vez de dirigir e virou para ir para o outro lado e deu de cara com Lexa.

- Ok, vamos dizer, hipoteticamente, que eu esteja cantando você.

Clarke deu a volta no carro, indignada. Lexa revirou os olhos.

- Olha, eu retiro o que disse, ok? – disse Lexa – Retiro o que disse! – concluiu ela.

- Você não pode retirar nada depois que já falou.

- Por quê?

- Porque já disse! Já está lá!

- Você é complicada, Clara!

Clarke suspirou e Lexa riu.

- Vamos esquecer o assunto, ok? – disse a loira.

- Ok – Lexa levantou os braços sacudindo a cabeça – Já está esquecido! Deixa para lá! É a minha política. – e entrou no lado do carona novamente.

Logo que entrou, Lexa disse:

- Quer transar comigo? – e riu – Viu? Eu disse que ia deixar para lá e não deixei. O que fará agora?

Clarke respirou fundo.

- Lexa – ela começou – Nós vamos ser só amigas, ok?

Lexa deu de ombros. Ela já sabia que o gesto irritava a loira.

- Amigas? Ok, amigas então! – disse ela.

Mais adiante na estrada, Lexa disse:

- Você sabe que nunca poderemos ser amigas, certo?

- Por que não? – quis saber Clarke.

- Olha só, e não leve para o lado pessoal, ou ache que estou dando em cima de você, mas nenhum homem, ou lésbica, pode ser amigo verdadeiro de outra mulher. Há sempre sexo no meio.

Clarke olhou para ela como se a morena fosse um ET.

- Isso não é verdade! Eu tenho vários amigos homens e conheço algumas lésbicas, inclusive a Nylah, e não há sexo envolvido.

- Não, não tem!

- Tenho sim!

- Não, não tem! – repetiu Lexa – Você "acha" que tem amigos assim.

- Você quer dizer que eu estou transando com estas pessoas, sem saber? – ela riu.

- O que eu quero dizer é que todos eles querem transar com você.

- Claro que não! – Clarke riu do absurdo.

- Querem sim.

- Não, não querem!

- Querem sim.

- Aaaaaiiii Lexa! – exclamou Clarke impaciente.

- O quê?

- Como você sabe disso? Hein? Diga!

- Qualquer homem ou lésbica, que tenha uma amiga bonita, vai querer sempre transar com ela.

- Nylah nunca deu em cima de mim. – ela disse confiante.

- Não na sua frente, mas uma vez ela comentou comigo de uma amiga loira de olhos azuis e insinuou que queria nos juntar na mesma cama. Um sexo a três.

Clarke arregalou um olhão para Lexa.

- Nylah... ela não...

Lexa deu de ombros novamente, para irritação total de Clarke. A loira respirou fundo.

- Então um homem, ou lésbica, pode ser amigo de uma mulher, se a mulher for feia.

Lexa balançou a cabeça.

- Nahh, eles vão querer transar assim mesmo.

Clarke riu.

- Você é louca! E se a mulher não quiser transar com eles.

- Infelizmente o sexo estará implícito. No pensamento que seja. Aí a amizade vai para o buraco. Fim da história.

- Bem Lexa – disse Clarke depois de analisar a situação por alguns poucos segundos – Acho que não seremos amigas então.

- Acho que não, Clara!

- Meu nome é Clarke! C-L-A-R-K-E!

- Não foi o que eu disse? – Lexa perguntou com um sorriso, analisando o bufar da loira a seu lado.

- É uma pena, Lexa. Você seria a única pessoa que eu conheceria lá por aquelas bandas.

Depois de longas horas de desacertos, elas chegaram à cidade de Nova York. O tempo já estava começando a escurecer. Clarke encostou o carro próximo à estação Grand Central, de onde partiam os trens para New Haven, cidade onde ficava a Universidade de Yale. Lexa saiu do carro e pegou a mochila e o violão. Clarke abriu o porta-malas e a morena pegou a sua bagagem. Clarke então fechou.

Lexa olhou para ela.

- Bem, obrigada pela carona.

- Foi interessante. - disse a loira.

- É... foi legal te conhecer.

- Ok.

Lexa a encarou mais alguns segundo e Clarke levantou a mão para se despedir. Lexa a pegou e balançaram as mesmas. Logo depois Clarke a soltou e voltou à porta do carro.

- Bem, tenha uma ótima vida Lexa!

- Você também, Clarke. Acertei hein? – ela riu e Clarke acenou coma mão, virando para o carro – Que nos encontremos novamente! – ela completou.

Lexa seguiu para dentro da estação e Clarke partiu.