Fate / Dark Age

Prólogo I – Einzbern

- Senhorita Einzbern, você tem cert-...? – A voz do amigo perguntava ainda de dentro da carruagem. Ela estava pronta, no auge dos seus 9 anos de idade, a tomar a maior decisão de sua vida.

- É o desejo de papai, Berahthram. Aliás, pare com essa formalidade. Chame-me de Ava, como me chamava em tempos de berço.

- Me sinto honrado, senhorita, digo, Ava, mas, você tem certeza? O convento? Sempre imaginei a senhorita casada com um homem de respeito, enriquecendo a família Einzbern com bons herdeiros! – Ava franzia o cenho, contrariada com as frivolidades de um destino como aquele.

- Meus estudos são mais importantes, Berahthram. Na clausura poderei me concentrar plenamente nos objetivos da família. - Com seus olhos alaranjados como dois sóis nascentes apontados para o mosteiro de Luneburgo, carregava livros antigos e escritos recentes. Pesquisaria e estudaria. Seria uma magus, como seu pai, pois recebera a herança mágica da família. Carregava o brasão mágico dos Einzbern. A atrevida e culta menina nascera com um objetivo específico. Desvendaria os poderes do Cálice Sagrado, mesmo que isso sacrificasse sua infância e seu futuro como esposa e geradora de herdeiros. E a porta de seu quarto de clausura fechada era o símbolo do progresso.

Aprendera nas lendas e nos relatos das aparições do cálice sagrado que ele era objeto de desejo por muitos e muitos heróis e deuses, por conta de seu poder magnífico: Era capaz de realizar qualquer desejo, mas sempre denotava algum sacrifício. Sentia-se honrada por ter sido escolhida para levar adiante os estudos da família e herdar toda a biblioteca de magias descobertas pela família até então.

Crescia misteriosa dentro do convento, despertando a curiosidade das outras irmãs, mas mantendo-se oculta por meio da magia. A primeira menstruação veio e foi sem celebração, sendo limpa por um simples encantamento. Aprendera sobre feitiçaria e que existiam pouquíssimos feiticeiros em todo o mundo conhecido, mas estava certa de que o Cálice Sagrado era algo dessa sorte. Era um milagre, algo inexplicável até pelas ciências ocultas.

A morte de seu pai veio logo após o desenvolvimento do seu corpo. E com sua morte, chegou sua herança: Uma cornucópia antiga, dita pertencer a um devoto sacerdote de Epona, a deusa dos cavalos galo-romana. Essa herança a permitia estudar e desvendar a essência daquele artefato, com o único objetivo de interrogar o espírito heróico da divindade quanto ao Cálice Sagrado.

A guerra havia chegado. Um dos padres dos arredores vinha visitar-lhe regularmente, em nome de uma das facções de magi afiliadas à sua família. Acompanhava seu progresso com interesse, sem jamais interferir ou opinar. Verificava e acompanhava, somente. Ajudava quando pedido. Tinha um interesse anormal na essência do espírito heróico. Apoiava-se em estudos e em conhecimentos místicos muito antigos. Mais de uma vez corrigira a jovem magus, aprimorando pontos que se tornariam críticos mais tarde. Tornara-se um aliado influente e poderoso, porém, a jovem não sabia e não se interessava pelos seus objetivos. Sua vida era o estudo da antiga deusa dos cavalos e sua relação com o Cálice. Estudou a energia emanada pelo espectro do espírito profundamente, fazendo os cálculos necessários para a invocação do Cálice Sagrado.

Certa manhã, enquanto comungava a primeira refeição do dia com as outras freiras, recebeu uma carta. Era de uma recém-formada Associação que se denominava Consociationis Magorum e denominava-a como candidata à Mestra da Guerra do Graal. Ava Einzbern viu seu destino se selar na disputa a qual fora convocada. De certa forma, sabia que suas pesquisas haviam contribuído para essa denominada "Guerra". Era chegada a hora. Invocaria o Espírito Heróico da antiga deusa e venceria a Guerra. Custasse o que custar, pelo bem dos planos da família e pela glória dos Einzbern, chegaria ao Graal.