Suas mãos estavam trêmulas e transpiravam. Quase deixavam o objeto que seguravam cair.
Seus batimentos cardíacos eram tão fortes e pareciam tão altos que ele temia que mais alguém pudesse ouvir. Absurdo, mas quem poderia tranquilizá-lo agora?
Havia dado o primeiro passo, passara pelo limiar que tanto o temera.
Suas noites insones pensavam, planejavam cuidadosamente aquele momento.
Eram como um treino, uma preparação para tudo o que havia pensado e repensado tantas vezes que não poderia dizer.
E, agora, só faltava colocar em prática.
Não era a primeira vez que isso acontecia com o jovem de cabelos castanhos. Ele já havia sentido essa emoção muitas vezes, como se tivesse borboletas em seu estômago.
Mas, aquela comparação era errônea. Não eram borboletas. Nunca foram.
Era como ter um peso esmagador dentro de si. Que só aliviaria uma vez que tivesse dito tudo o que planejara em seu teatro mental... Seu ensaio particular e o único que permitia erros.
Se o seu alvo aceitaria ou não... Essa era uma questão muito distante, levando em conta tudo o que havia feito e no que almejara fazer até agora.
E era tudo tão simples, tão idiota se visto por outras pessoas.
Ao mesmo tempo, tão pessoal e tão simples...
É, esse era o ponto. Se era tão simples, por que não conseguia...?
Por quê?
"Porque tenho medo do que pode acontecer... Porque eu SEI o que acontecerá comigo se cometer um erro, se falar demais, se me atrapalhar, como sempre faço..."
Tremendo, arriscou o que podia. Bateu, mesmo que os dedos estivessem sem força, como se sua intenção fosse arranhar a madeira e não anunciar sua presença.
- Rússia-san...?
A voz veio abafada, como se seu locutor estivesse muito longe.
- Entre, Lituânia.
- E-Eu... Eu trouxe o seu café...
E esse fora o início.

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- R-Rússia-san...? – O mais novo tentou soerguer-se na cama, gemendo em seguida. Suas costas magoadas pareciam gritar em protesto. Os vergões vermelhos cruzavam sua pele, deixando claras as marcas de quem os havia feito.
- O que foi? – Rússia sorriu. Estava com ótimo humor, após uma boa noite brincando com o seu passatempo preferido. Isto é, até que conseguisse conquistar um certo país asiático, seria muito útil manter o outro por perto.
- E-Eu... – Lituânia respirou fundo. Já estava farto de ter que servir o loiro e tinha algo que precisava dizer. E, depois de tantas punições, não achava que isso faria diferença.
Seus dedos, porém, pareciam zombar de sua decisão corajosa, pois amassavam o tecido do lençol enquanto ele tentava recuperar a voz. – Sabe, Rússia-san? E-Eu... E-Eu g-gosto da sua irmã!! Eu gosto da Belarus!
Pronto, havia dito.
Encolheu-se ainda mais na cama espaçosa, com as mãos sobre a cabeça. Lembrou-se da sua tentativa frustrada com Polônia e toda a dor que havia sofrido por isso.
"Ele vai me matar, ah ele vai me matar, vai..." – Interrompeu o pensamento, quando uma mão bagunçou seus cabelos castanhos, sem força.
- Eu sei disso. E acho que é uma boa escolha.
- C-Como...?! – Lituânia quase não poderia acreditar no que havia ouvido. Levantou os olhos, cheios de lágrimas não vertidas, confirmando o que imaginava.
"Rússia-san possuía um lado bom!"
- Obrigado, senhor! – Já estava se levantando e vestindo a camisa, fazendo uma careta quando o tecido encostou-se na sua pele. Mas, o que importava era que o maior dos seus problemas estava desfeito! E não havia punição para isso!
- Mas... Sabe, Lituânia...?
Ouviu a voz tranquila de seu superior atrás de si e virou-se, sorrindo.
- S-Sim, senhor?
- Não tem importância se você gosta dela ou se ela um dia gostar de você, afinal...- O sorriso do russo se tornou tão frio quanto as geleiras da Sibéria. -...Todos vocês se tornarão UM comigo, não é mesmo?

Assim, terminaram os sonhos de Lituânia.

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Observação: Optei por deixar "Belarus" e não "Bielorrússia" e mantive o "Russia-san" por causa do modo como o Lituânia se expressa na série.