Saga da Terra do Dragão

A lenda dos Antigos

"Há muito tempo, na Terra do Dragão;

Havia dois cristais: uma branca e outra negra;

Elas controlavam o equilíbrio do mundo;

Mas, ninguém sabe onde elas estão.

Um dia, alguém virá;

O emblema da Luz terá;

Trazendo paz e alegria;

Todos esperam por esse dia."

Este poema correu por toda a Terra do Dragão, embora muito pouca gente saiba da lenda.

Tudo começou numa taberna, na vila de Ilumine. Ilumine era uma vila do Reino da Luz, conhecida pelos seus poetas, que cantavam poemas, das aventuras dos antigos guerreiros. Na taberna, conhecida como Taberna dos Antigos, era o local onde várias pessoas iam conviver umas com as outras e era o local preferido dos poetas, que, naquela altura, chamavam-se de bardos. A taberna era uma casa alta e bem espaçosa. Por dentro da taberna, tudo era feito de madeira, desde as mesas e bancos, até às estantes, onde eram colocados os melhores vinhos do reino. A taberna estava cheia de pessoas, e o bardo começou a cantar, tocando a sua pequena viola, o pequeno poema que todos os bardos cantavam por todas as aldeias e vilas do Reino da Luz.

Um homem, que aparentava ter 77 anos, 1 metro e 65 centímetros de altura, com uma pequena barba branca e com um comprido chapéu de palha na cabeça. Estava vestido com uma camisa de manga comprida e umas calças, ambas feitas de linho, com uns sapatos de cabedal pequenos nos pés. Este homem, que as pessoas chamavam-lhe de Zé Campónio, estava sentado numa das mesas da taberna, com um copo de madeira nas mãos, com um pouco de vinho lá dentro. Enquanto bebia o vinho, ouvia a canção do bardo, que, para ele, era a melhor maneira de aproveitar o bom vinho.

Ao lado deste idoso, estava um rapaz, com 15 anos, com 1 metro e 67 centímetros de altura, vestindo-se como um camponês, mas não tinha chapéu e usava umas sandálias de cabedal. Esse jovem chamava-se Henrique e gostava de ouvir as canções e poemas dos bardos, imaginando as aventuras que guerreiros antigos tiveram, durante tantos anos.

Depois do bardo ter cantado a canção que trazia, toda a gente que estava presente começou a aplaudir o bardo, mas o Zé Campónio só pedia ao dono da taberna, chamado de Tio Caneca, para lhe dar mais uma pinga do bom vinho do reino.

- Oh! Tio-Tio Caneca! Mais uma pinga para aqui para o velho, que este copo é pequeno para matar a sede! - exclamou o Zé Campónio, mostrando o copo de madeira vazio ao dono da taberna.

Tio Caneca era um homem, com 65 anos, baixo em estatura, mais ou menos 1 metro e 60 centímetros de altura, forte, vestindo um colete de cabedal com 2 botões, por cima de uma camisa branca, umas calças castanhas, nas pernas, e umas botas de cabedal nos pés.

Ao ouvir o pedido do Zé Campónio, o dono da taberna olhou para ele e disse-lhe:

- Oh, Zé Campónio! Não acha que você já bebeu mais da sua conta? Vai para casa, homem! Nem sei como você consegue manter-se de pé, depois de ter bebido 4 copos de vinho, seguidas, enquanto o bardo cantava!

Henrique, olhando para o idoso, viu que ele estava um pouco bêbado e pensou que seria melhor que o homem fosse para casa, para poder curar da bebedeira.

Mas, o Zé Campónio não aceitou o conselho do Tio Caneca e, olhando para o jovem que tinha ao seu lado, virou a sua atenção para ele e disse-lhe:

- Sabes, rapaz? No meu tempo, contava-se uma lenda, que agora pouca gente se lembra. Agora, só sabem este poema dos bardos e, mesmo eles, não sabem como começou a lenda.

Henrique, ao ouvir isto, ficou interessado em saber como era a lenda e, estando atento ao que o idoso lhe diria, perguntou-lhe:

- Lenda? Que lenda?

O Zé Campónio ficou surpreendido, ao saber que o rapaz não conhecia a lenda por detrás do poema, dizendo-lhe:

- A Lenda dos Antigos, rapaz. Ouves estes poemas dos bardos e não sabes da lenda?

O Tio Caneca que estava no balcão, limpar uns copos de madeira com um pano, ouviu a conversa que o Zé Campónio estava a ter com o jovem Henrique, dizendo, olhando para o idoso:

- Oh, Zé Campónio! Andas, agora, a contar histórias da carochinha a um rapaz? Essa lenda é tão antiga, que já nem eu sei como era! Já dizem algumas pessoas que é só invenção dos bardos!

Ao ouvir isto, o idoso virou-se para o dono da taberna e respondeu-lhe, com um olhar sereno:

- Histórias da carochinha é o que a sua mãe contava a si, quando você era uma criancinha! Esta lenda foi real, no seu tempo, e agora o que resta são os poemas dos bardos!

Henrique, querendo saber mais sobre a lenda, aproximou-se mais do homem e começou a pedir-lhe para contar a lenda:

- Vá lá, Zé Campónio! Conta-me como era a Lenda dos Antigos!

Ouvindo o pedido do jovem, Zé Campónio virou a sua atenção para ele e disse, enquanto segurava o copo de madeira vazio, na sua mão direita:

- Eu vou contar a lenda, segundo aquilo que ouvi dos meus bisavós e avós. Não me lembro de tudo, agora, mas penso que me hei-de lembrar de tudo, a seu tempo. Afinal de contas, já foi há muitos anos que ouvi esta lenda.

Quando o Zé Campónio preparava-se para contar a história, todas as pessoas que estavam na taberna tinham ido para suas casas, pois estavam apenas lá para ouvir o bardo. Só estavam o Zé Campónio, Henrique e o Tio Caneca.

Ao ver que o idoso estava prestes a contar a lenda, o Tio Caneca, que tinha acabado de limpar todos os copos de madeira, aproximou-se das duas pessoas e, olhando para o Zé Campónio, estando de braços cruzados, disse-lhe:

- Oh, Zé Campónio! Conte lá essa lenda que eu quero ouvir, mas vê lá se não comece a inventar coisas, que não fazem parte da lenda!

Ouvindo isto, o Zé Campónio virou a sua atenção para o dono da taberna e disse, mostrando-lhe a caneca vazia:

- Inventar coisas é o que você faz! É por isso que têm o melhor vinho do reino e o mais gostoso que há!

Henrique, que estava ansioso por conhecer a lenda, pediu, novamente, ao idoso que contasse a lenda como ela era.

- Vá lá, Zé Campónio! Conta-me como era a lenda, por favor!

Ao ver que não conseguia pedir mais vinho, Zé Campónio olhou para o rapaz e disse-lhe, pousando o copo de madeira na mesa:

- Está bem, está bem! Vou contar a lenda! Mas, depois, quero uma pinga de vinho!

Assim, o idoso começou a contar a lenda ao jovem Henrique.