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O Que Eu Faço?

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O Ataque do Sobrancelhudo

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Uma jovem caminhava apressada pelas ruas desertas de Konoha, não parecia ter destino certo, sua face alva estava manchada por grossas lagrimas que teimavam em continuar escorrendo pelos seus olhos esverdeados. A jovem em questão era Haruno Sakura, médica-nin respeitada por toda a vila, pupila de Tsunade, a princesa das Lesmas. Muitos diziam que a garota já tinha superado sua mestra, com os seus 21 anos, corpo bem delineado, rosto delicado e uma personalidade forte. Era raro encontrar Sakura naquele estado. A menina deveria agradecer por suas únicas testemunhas ser a lua cheia que brilhava intensamente no céu e as estrelas. Uma bela noite, que não conseguia confortar o coração machucado da rosada.

O motivo de tamanha tristeza era o término, nem um pouco amigável, de seu relacionamento com Uchiha Sasuke. Ela sempre soube que o moreno era ciumento, não gostava de demonstrações publicas de afeto, não ligava para ninguém e por essa razão parecia não se abalar por qualquer coisa que visse, mas ela o conhecia e reconhecia qualquer mudança em sua fisionomia por menor que fosse, mas naquele fatídico dia ela nem se dera ao trabalho de observar, não se dera ao trabalho de achar que ele se importaria com algo tão bobo, ele não poderia ter levado aquilo há sério de forma alguma.

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Mal tinha chegado ao hospital e já a chamavam para socorrer algum caso que só ela poderia dar conta, com Tsunade cuidando da parte administrativa por ser a nova diretora do Hospital de Konoha, os pacientes mais complicados acabavam ficando para Sakura. Sendo a pupila da Senju, e a responsável pelo setor de traumatologia do local, não podia reclamar, não que quisesse reclamar, amava seu trabalho, mas ser chamada assim que chega só mostra o quão seu dia seria agitado. Suspirou resignada, tratando logo de ver qual era a emergência.

Ao chegar à ala da enfermaria deparou-se com Rock Lee, estirado em uma das macas todo torto, tentando parecer doente, mas seu desempenho era terrível, melhor dizendo patético. Sakura buscou em seu interior um controle que nem ela mesma sabia que possuía, segurando ao máximo a vontade de rir do rapaz ou espanca-lo, manteve sua expressão seria e neutra aproximou-se da maca, podendo ouvir alguns resmungos sem sentido que ele proferia. Ignorou completamente o fato de toda semana ser a mesma coisa e agiu como a boa e respeitada medica que era. Levou uma das mãos à testa do rapaz para ver se sua temperatura estava alta, porém foi interceptada no meio do caminho pelo garoto, que a segurou firmemente com ambas as mãos, apertando os dedos da rosada. Sakura olhava-o intrigada, sabendo que boa coisa dali não poderia vir – "O que diabos ele pensa que vai fazer?". – O sobrancelhudo levou a mão da garota até seu peito, apertando-a contra o seu macacão verde.

─ Sakura, você consegue sentir? Meu coração bate por você. Não me deixe ou eu vou perder o fogo da juventude. ─ Cada palavra dita pelo o menino, dava a médica mais vontade de rir e soca-lo até morte.

Toda semana era a mesma coisa. Lee aparecia de uma forma absurda dizendo que estava morrendo, e precisava dela para não perder o seu 'fogo da juventude'. Não conseguia se acostumar com aquilo, tinha vontade de mandá-lo e chuta-lo para todos os buracos que conhecia, porém com o tempo passou a ignorá-lo, pedia a alguma enfermeira que o tirasse dali. Mas hoje estava decidia a tentar uma abordagem diferente, estava muito bem humorada. E colocaria um fim naquela historia o quanto antes. Assim Lee, não conseguiria mais estragar seus dias.

Mas o que Sakura não desconfiava, era que misteriosamente Sasuke havia acordado de uma forma totalmente inesperada esta manhã. Bem humorado sem razão alguma, diferente de seu habitual. Quando mais novo Sasuke possuía uma personalidade mais maleável, no entanto com o tempo e os ensinamentos do clã acabou se tornando mais fechado e reservado, em publico quase não demonstrava emoções, porém junto de sua mãe e Sakura sempre se tornava um pouco mais espontâneo, até falava um pouco mais.

Sua mudança repentina tinha um nome: Sakura. Há dias não via sua namorada direito por culpa do trabalho dela e hoje estava decidido há passar o dia com ela, querendo a chefe do hospital ou não. Iria raptá-la de lá, esconde-la em seu quarto e ninguém, ninguém mesmo conseguira pará-lo ou afastá-lo de sua flor.

Por ser encontrar no melhor dos seus humores, antes de sair de casa tomara café com sua família e contra todas as expectativas havia sido simpático com seu irmão mais velho.

Todos dentro do clã sabiam que o clima na casa do líder dos Uchiha não andava nada bom. Itachi, que passou a vida inteira brigando com o pai por não querer a liderança do clã, repentinamente, mudou de ideia para total desagrado do Uchiha mais novo que subia a cada dia no conceito do pai e parecia próximo em conseguir realizar o seu sonho de substituir Fugaku na liderança, até o gênio, talvez futuro substituto do Yondaime, surgir com aquela magnífica ideia.

Uchiha Itachi, o gênio da vila, desde cedo havia alcançado prestigio por toda Konoha com seu talento natural, para melhorar situação ainda conseguira pegar Uchiha Madara, enquanto o mesmo planejava um atentado contra a vila libertando a raposa de nove caudas.

Depois desse feito a vida de Itachi estava feita, todos adoravam e o respeitavam. Sendo o melhor ninja em Kohonagakure do últimos tempos, não foi difícil de se imaginar que alguns anos depois, mas maduro e crescido ele começou a receber um treinamento especial vindo do próprio Minato, o Hokage. Todos já falam e faziam sua aposta que o quinto hokage seria o moreno. Mas para isso precisava se tornar alguém responsável, e não o mulherengo que era.

Pensando que seu filho precisava largar os "velhos hábitos" e almejando o prestígio que os Uchihas terão com essa colocação de Itachi, Fugaku parou de tentar pressiona-lo para ser o líder pensando apenas no clã, agora a arma que usava era o cargo de hokage, exemplificando que todos que ocuparam aquela posição eram casados e respeitáveis. E dessa forma conseguiu convencer seu filho de que a melhor forma de mostrar sua responsabilidade seria se tornando o líder do clã.

Itachi acabou cedendo realmente desejava se tornar hokage, não pelo clã, mas por amar sua vila. Porém Sasuke não sabia dessa parte da historia e se sentiu traído pelo irmão. Passou meses sem trocar uma palavra com o mesmo, quando Itachi estava em casa dormia no apartamento de Sakura, tudo para não vê-lo, mas com o pedido desesperado de sua mãe para que seus filhos se entendessem, - Mikoto queria ver sua família unida e não aguentava mais aquela situação. - acabou cedendo, voltando a participar do convivo familiar quando o irmão estava, mas ainda sim não lhe dirigia a palavra, apenas quando não tinha escolha o fazia, ainda assim relutante. No entanto aquele estranho dia estava totalmente virado. Resolveu sem motivo algum cumprimentá-lo no café. Deixando toda a sua família embasbacada, enquanto o mesmo tomava seu desjejum tranquilamente como se tivesse feito à coisa mais normal de todas.

Agora, caminhava despreocupado pela ensolarada vila, não sorria isso já era querer demais, porem sua expressão estava mais suave do que o normal, não estava indiferente. Algumas pessoas ousavam dizer que o moreno encontrava-se feliz, mas as surpresas não acabavam por ai, para o espanto de todos – que viram a cena - entrou na floricultura Yamanaka. Sem duvidas quem viu aquela cena não conseguiu acreditar que aquele era o jovem e sério Uchiha Sasuke, só podia ser Naruto fazendo um henge¹ para pregar uma peça em alguém.

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Ao ouvir o sininho da porta badalar, Ino, preparou o melhor de seus sorrisos para atender o seu segundo freguês daquela manhã:

─ Bom dia, pos... ─ A frase morreu em sua garganta ao perceber de quem se tratava, não podia acreditar no que estava vendo.

O frio e maravilhoso, Sasuke, estava indo em sua direção com um pequeno lírio branco em mãos. Realmente ele não precisava da ajuda de ninguém, entrara naquele lugar sabendo exatamente que flor pegar e sairia no mesmo instante. Ele estar bem humorado não quer dizer que iria sorrir e pular por todos os cantos como Naruto, ainda permanecia o mesmo, só estava um pouco mais dócil.

Ino pegou a pequena flor das mãos de Sasuke, guardou-a numa pequena caixa com um laço vermelho em volta do caule devolvendo-a em seguida para o dono. Sasuke deixou o dinheiro em cima do balcão sem pronunciar uma única palavra da entrada a saída.

─ Volte sempre. ─ As palavras saíram no automático, ainda não havia assimilado o que acabou de presenciar, a loira suspirou apoiando-se no balcão – "A testuda vai morrer do coração quando vê-lo com um lírio" – Pensou Ino.

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Já estava certa de que parar para ouvir o Lee não tinha sido uma brilhante ideia. O garoto não parava de falar um segundo sequer, implorava, chorava, até de joelhos havia ficado. Ao menos tinha conseguido tirá-lo da enfermaria, agora estava levando-o para recepção e por incrível que pareça ele ia com uma boa vontade assustadora. Começava a desconfiar do que poderia lhe aguardar lá, cada vez que ficavam mais próximos da entrada do prédio, mais animado o garoto ficava já estava enlouquecendo com todo aquele falatório.

─ Lee! ─ interrompeu em meio a mais uma declaração. ─ Acho que não preciso mais te acompanhar você já... . ─ Antes que pudesse terminar sua frase Lee a puxou pelo braço arrastando-a pelos corredores silenciosos ─ O que pensa que esta fazendo? Solte-me imediatamente. ─ Os pacientes já começavam a olhar aquela confusão, qualquer hora Tsunade apareceria por ali. Acabaria sobrando para ela, já estava até vendo.

Preparava-se para usar sua superforça quando Lee parou abruptamente, Sakura quase caiu no chão, pois o sobrancelhudo a soltou do nada, sem se importa com a menina e saiu correndo para o balcão da recepção, onde estava um enorme buquê. Ou o que deveria ser um buquê, era a combinação mais estranha que havia visto, havia flores de vários tons desalinhados, nada combinava com nada. – "Céus, não era possível que Ino havia feito algo do tipo" – Pensou a rosada.

O rapaz voltou a ajoelhar-se enfrente a Haruno, para desespero da mesma, todos que se encontravam no recinto os observavam curiosos e algumas enfermeiras abafavam risinhos irônicos. – "Oh, Não!"

─ Sakura... ─ Os olhos do sobrancelhudo brilharam. ─ Por favor, eu posso fazer você à mulher mais feliz do mundo... – Antes que ele continuasse a falar, arrancou aquele buquê pavoroso dos braços dele.

─ Fico... lisonjeada...com...esse...fabuloso...buquê. Agora eu preciso trabalhar. ─ Puxou pelo braço, para que o mesmo se levantasse, empurrando-o com um pouco de força para fora do hospital, não aguentava mais toda aquela humilhação. Seu plano havia fracassado, queria torturá-lo, mas quem acabou sendo torturada era ela.

─ Sakura, só me prometa que vai amar essas flores que fiz com todo carinho como me ama... ─ Sakura olhou das flores para o Lee, a vontade era de tacá-la no chão e pisar com toda a sua força, mas se o fizesse o garoto faria uma cena digna de Oscar, sorriu amarelo acenando que sim com a cabeça, para em seguida Lee sair correndo feliz e gritando – "Gai-sensei, ela me ama!".

Suspirou ao menos um problema havia ido embora, entrou no hospital novamente ignorando todos que a olhavam. Largou o buquê na recepção – alguém saberia o que fazer com ele –, partindo em busca de uma xícara de café.

Mas o que Sakura não suspeitava é que alguém havia visto toda aquela cena, e de longe ela parecia outra coisa.


Henge: Formalmente dizendo é henge no jutsu a técnica de se transformar em uma pessoa ou animal.

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Fleur d'Hiver!

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