Disclaimer: As Crônicas de Nárnia e seus personagens pertencem a C.S. Lewis. Eu não sou dona de nada. Nada! (Bom, talvez do Ben... =P)

N/A: Aqui estou eu com mais uma fanfic! Eu pretendia escrevê-la ao término da When it's Love, mas pipocaram tantas ideias na minha cabeça que acabei ficando ansiosa para colocá-las no papel – ou melhor, no Word... rs

Espero que gostem! =)


Capítulo 1 – No País de Aslam

A vida agora parecia perfeita. Não havia guerras, não havia maldades, não havia desavenças, não havia tempestades. Os dias eram sempre ensolarados, as noites eram sempre estreladas e o clima estava sempre agradável.

Caspian observava a felicidade de Pedro, Edmundo e Lúcia, que agora eram recompensados por tudo o que fizeram por Nárnia. Lúcia estava sempre sorridente, e era adorável sua expressão confusa quando ela se lembrava que Digory e Polly, que também estavam no País de Aslam e que agora não pareciam ser muito mais velhos que Pedro, eram senhores de meia-idade em Londres.

Ali também estavam Eustáquio e Jill, que ajudaram a salvar seu filho Rilian das mãos da Dama do Vestido Verde e, séculos depois, auxiliaram Tirian, o último de sua decendência. Agora eles também colhiam os frutos de suas boas ações no País de Aslam, desfrutando de uma felicidade eterna, assim como Caspian. Para ele, porém, a felicidade não estava completa.

Certo dia, Caspian decidiu ir ao encontro de Aslam em busca de respostas.

- Aslam...

- Sim, meu filho? Vejo que algo o atormenta.

- Por que Susana não está aqui também, como seus irmãos?

- Caspian, você não percebeu por que Pedro, Edmundo e Lúcia, assim como Eustáquio, Jill, Digory e Polly, estão aqui? Todos eles estavam no trem que se acidentou em Londres... Mas Susana não estava com eles. Ele continua viva na Inglaterra.

- Viva... Entendo... E eles estão mortos, assim como eu...

- Prefiro não falar em morte... Digamos que a vida continua em diferentes níveis, e este aqui é apenas mais um. Digamos que esta é a verdadeira vida, aquela para a qual nós sempre voltamos quando encerramos a nossa jornada nos mundos imperfeitos, por assim dizer.

- Entendo, mas... como está Susana agora? Ela perdeu toda a família, está sozinha... Meu coração dói ao pensar que ela pode estar sofrendo.

- E ela está... Susana perdeu a fé, Caspian. Ela se deixou levar pelas futilidades da vida material e negou Nárnia, negou tudo o que aprendeu. Agora ela está sofrendo as consequências de seus próprios erros. Ela precisa passar por mais essa grande lição.

- Acho que eu tenho um pouco de culpa nisso...

- Não se culpe, Caspian. Tudo aconteceu como deveria ter acontecido. Mas Susana preferiu se revoltar contra mim em vez de ter fé e acreditar que tudo ficaria bem. No final tudo se resolve, e isso valeria para vocês dois também. Mas cada um escolhe seu caminho, e eu não posso interferir no livre arbítrio de ninguém.

Caspian nada respondeu. As palavras de Aslam ecoavam em sua mente e ele não conseguia deixar de pensar no destino de Susana. Estava tão absorto que nem notou a presença de Lilliandil, a filha de Ramandu, que presenciara todo o diálogo e agora o observava silenciosamente.


Mais tarde naquele dia, Caspian observava as estrelas quando Lilliandil se aproximou.

- Caspian...

- Sim, querida?

- Eu... Eu ouvi a sua conversa com Aslam, mais cedo... – disse ela, sentando-se ao lado dele.

- Ouviu...?

- Eu sei que você está sofrendo... Quero lhe dizer que, seja qual for a sua decisão, eu o apoiarei. Sei que você sempre amou a rainha Susana...

- Lilli, eu...

- Caspian, ouça: isso não foi uma reclamação. Você me fez feliz, me amou o máximo que pôde, tenho certeza... Mas sei que o amor que você sentiu ou sente por mim nunca foi o mesmo que você sente por ela.

- Me perdoe...

- Não precisa pedir perdão, Caspian... Nosso tempo juntos foi o suficiente e sou muito grata pelo amor, pelo companheirismo e pelo respeito que você dedicou a mim, e também pelo filho lindo que você me deu. Você não tem mais nenhuma obrigação comigo. Acho que está mais do que na hora de buscar a sua verdadeira felicidade.

- Mas como? Sabe, eu me sinto mal por desejar que Susana estivesse aqui, porque isso significa desejar a morte dela! Não posso ser egoísta a esse ponto...

- E se você fosse até Susana? E se você fosse até Londres para ajudá-la?

- Mas será que isso é possível?

- Acho que tudo é possível para a Magia Profunda, Caspian. Pergunte a Aslam. Não acredito que ele vá negar ajuda a quem já fez tanto por Nárnia, mesmo que ela tenha acabado por negar sua existência. Afinal, uma vez rainha em Nárnia, sempre rainha. Ela certamente ainda tem seus méritos. E acho que não existe ninguém melhor do que você para salvá-la – concluiu Lilliandil, sorrindo.

- Obrigado... – respondeu ele, grato pela atitude da filha da Estrela – Você foi uma grande companheira durante os anos em que fomos marido e mulher, sempre me apoiando como esposa e como rainha. Sou muito grato por tudo o que você fez por mim.

Lilliandil sorriu e tocou amigavelmente o ombro de Caspian, em mais um gesto de apoio e amizade.


No dia seguinte, Caspian procurou Aslam novamente e falou sobre sua conversa com Lilliandil e sobre seu desejo de ir ao encontro de Susana.

- Se esse é o seu desejo, Caspian, eu o concederei. Ainda que Susana tenha negado Nárnia, eu jamais poderia negar ajuda a ela, ainda mais se é um pedido seu. Você fez muito por Nárnia, foi um grande rei, um grande líder. Você terá sempre seu lugar garantido no meu País, mas se você sente que sua felicidade não está completa, você tem todo o direito de buscá-la. E se a busca da sua felicidade resultará na salvação de Susana, tudo o que eu posso fazer é permitir e abençoar sua decisão.

- Obrigado, Aslam, muito obrigado!

- Mas você terá que começar do zero...

- Do zero? O que quer dizer?

- Você nascerá, passará pela infância, crescerá e, quando chegar a hora, há de se encontrar com Susana.

- Mas... Quando eu a encontrar ela estará muito mais velha... Não será tarde demais para ajudá-la? Não que eu não respeite sua decisão, Aslam, mas acredito que ela precise de ajuda agora.

- Você se importaria em encontrá-la mais velha?

- Não, nunca... Eu a amo e faria tudo por ela, não importa quantas décadas nos separem. Pra falar a verdade, séculos já nos separam... e eu nunca a esqueci.

- Isso prova que o seu amor por ela é verdadeiro, Caspian. Mas não é isso o que eu planejo para você, fique tranquilo. A Magia Profunda age além do tempo e do espaço. Você não nascerá no tempo presente. Eu o enviarei para o ano de nascimento de Pedro, ou um pouco antes, talvez. Você nascerá em uma família nobre, que o amará e o educará. Enquanto isso, você não se lembrará de Nárnia – pelo menos não como algo real – nem do motivo que o levou àquele mundo. Mas levará no coração a impressão de que uma nobre missão o espera. Quando chegar o momento certo, você se encontrará com Susana e aí sim terá de volta suas recordações. Talvez não imediatamente, mas se lembrará, e será como se nunca tivesse esquecido.

- E eu conseguirei encontrá-la mesmo não me lembrando dela?

- A Magia Profunda é perfeita, e eu sempre estarei aqui para que ela seja cumprida. Ela se encarregará de fazer seus caminhos se cruzarem. Estou permitindo que você vá à Terra para que você possa estender a mão a Susana e salvá-la da escuridão em que ela mesma se colocou, salvá-la dela mesma... Mas saiba que caberá a ela reconhecer e aceitar essa ajuda, afinal ela tem seu livre arbítrio. Você está disposto?

- Estou, Aslam. Farei o possível e o impossível para ajudá-la. Não vou fraquejar, nem desistir da minha missão. Nunca.

- Então, que assim seja...

Neste momento, Aslam abriu um portal em uma árvore próxima, semelhante ao que levou os Pevensies de volta a Londres após a coroação de Caspian. Aslam dava as últimas instruções a ele quando Pedro, Edmundo e Lúcia se aproximaram.

Lúcia foi em direção a Caspian e o abraçou fortemente.

- Obrigada por querer salvar minha irmã, Caspian!

- Oh, Lúcia... Farei tudo por ela, tenha certeza disso...

- Obrigado pelo que está disposto a fazer, Caspian... – disse Pedro – É muito nobre de sua parte abdicar da tranquilidade do País de Aslam para se lançar num mundo inconstante e imperfeito como a Terra...

- Sei que enfrentarei dificuldades, mas eu amo Susana, vocês sabem disso... Sempre a amei. Não posso ser feliz de verdade sabendo que ela está sofrendo.

- Boa sorte, Caspian – disse Edmundo – Eu confio em você.

- Obrigado, Edmundo. Obrigado a todos. Até um dia!

Dito isso, Caspian entrou pelo portal, sem hesitar, e desapareceu.

Um novo mundo e uma nova vida o esperavam.


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