Título: Enrolados
Autora: Carol1408
Fandon: Harry Potter
Par: Harry/Draco
Classificação: M (por garantia XD)
Sinopse: Quando Harry aparata por engano em uma floresta estranha e cheia de criaturas perigosas, ele decide se abrigar numa torre abandonada. Mas ele escolheu o lugar errado para se esconder. Harry/Draco. SLASH. Universo Alternativo.
Aviso: Fic SLASH, ou seja, um romance entre um casal de homens. Quem não gosta do gênero, não leia, já está avisado.
Spoiler: "Harry Potter e a Ordem da Fênix" e alguma coisa de "Harry Potter e o Enigma do Princípe".
Disclaimer: "Harry Potter" pertence a J. K. Rowling (várias editoras) e a Warner Bros. A história "Rapunzel" pertence aos irmãos Grimm e o filme "Enrolados" a Walt Disney Pictures. Não há nenhum lucro, nem violação de direitos autorais ou marca registrada.
Capítulo 1
Um conto de fadas?
Era uma vez...
... Um belo casal de bruxos que se apaixonou. O homem não podia estar mais feliz, sua amada era linda como o pôr-do-sol, seus olhos azuis o encaravam sempre com doçura. A mulher também não cabia em si de alegria, seu amado correspondia aos seus sentimentos, ele beijava seus cabelos e lhe dizia, com um leve sorriso, que havia recebido o maior presente que Deus poderia dar a um homem na terra.
Sues pais e parentes ficaram felizes quando eles anunciaram o noivado, ambos pertenciam a famílias tradicionais de longa linhagem bruxa, e logo trataram de organizar o casamento.
Mas a irmã da bela bruxa não gostou das notícias. Ela queria o jovem bruxo para si.
Um dia, enquanto ela caminhava perdida e chorava sua dor, um homem vestido numa capa preta se aproximou, interrogando o por quê de sua tristeza.
Ela contou que seu amado se casaria com sua irmã, e ela não tinha como impedir.
Ele disse que poderia lhe oferecer um meio para que ela se vingasse dos dois, por menosprezarem seus sentimentos. Mas para isso, ela teria que lhe jurar lealdade eterna.
E ela, encantada com o homem de capa preta, aceitou a oferta.
No dia do casamento, a bruxa derramou algumas gotas de um veneno que o homem havia lhe oferecido no copo da irmã, enquanto a abraçava, felicitando os noivos.
Depois disso, a bela bruxa passou a ficar mais fraca a cada dia que passava. Seu sonho de ter um filho nunca se realizava, pois sua doença misteriosa a fazia perder os bebês.
Ela tentou por diversas vezes, mas a cada tentativa piorava cada vez mais.
O bruxo entrou em desespero, temendo que ela morresse nessa tentativa, procurando por todo o mundo uma cura para sua amada esposa, para salvá-la e a criança que ela gerava também. Um dia, o homem de capa preta se aproximou do bruxo, oferecendo sua ajuda em troca da lealdade eterna dele.
E o jovem bruxo aceitou.
O homem revelou que existia uma flor tão brilhante quanto o sol no meio de uma floresta longínqua, e que ela possuía uma magia rara que poderia curar a bela bruxa. Mas ele não poderia mostrar o caminho até ela, o bruxo teria que encontrá-la sozinho e voltar para servi-lo.
Assim, o bruxo partiu em busca dessa cura, viajando até encontrá-la.
Foi feita uma poção com a flor, que foi entregue a bela bruxa. Quando ela bebeu, todos os sintomas da doença desapareceram, e ela teve um lindo bebê de cabelos loiros, que brilhavam como a flor do sol que salvara os dois.
O desejo do homem da capa preta estava realizado.
Ele não podia se aproximar da flor, pois era um bruxo envolto em trevas que já tinha cometido muitos crimes. Mas com a dívida que o jovem bruxo tinha consigo, e o poder da flor introduzido em um ser humano, ele poderia se aproximar e usar a os poderes da criança para realizar os seus desejos sombrios.
Assim, numa noite, ele entrou sorrateiramente no quarto e se aproximou da criança, cortando uma pequena mexa de seu cabelo loiro.
Mas a mexa perdeu o brilho e o poder mágico se esvaiu de onde ele havia cortado o cabelo.
Sibilando de ódio, ele percebeu que não poderia roubar apenas o cabelo. Então, o homem de capa preta fugiu, levando a criança.
Os pais, desesperados, fizeram de tudo para encontrar o bebê, mas ele nunca mais foi visto...
HPDM&HPDM
Harry saiu apressadamente do salão comunal da Grifinória, atrasado para a aula de Poções, deixando para trás Ron e Hermione, apesar dos seus chamados para esperá-los. Sentiu um embrulho no estômago por ignorar os amigos, mas não aguentava os olhares de pena que eles e toda Hogwarts lhe lançava desde a morte de Sirius.
Desde que o Profeta Diário deu a notícia do retorno de Voldemort com sua foto desolada depois da batalha no Ministério, Harry era alvo da piedade de quase toda a escola – excluindo a Sonserina – desde o início do sexto ano, além de seus amigos passarem a tratá-lo com um cuidado extremo, como se ele fosse quebrar a qualquer momento. Até Dumbledore parecia ficar tentando agradá-lo, quando se reuniam para pesquisar o passado de Tom Riddle.
Virou o corredor para descer às masmorras, mas deu de cara com Snape.
- O que faz aqui a essa hora, Potter? – o professor cuspiu o sobrenome.
Harry sentiu ganas de esmurrar a cara do seboso, mas tudo que fez foi responder:
- Estou indo à aula de Poções do professor Slughorn, professor. – o moreno achou ter visto um leve traço de felicidade no rosto do seboso. O idiota devia estar se achando por ter virado professor de DCAT, pensou.
Mas Snape pareceu ignorá-lo, segurando o braço do menor e fazendo o caminho de volta. Harry o encarou, numa pergunta muda.
- Foram marcadas as aulas de aparatação para esse horário, Potter. No Salão Principal. – ele explicou – Se você se dignasse a ler o quadro de avisos, saberia. – a última frase veio em tom de deboche.
Harry revirou os olhos e contou mentalmente até dez, para impedir seus instintos homicidas.
Quando chegaram ao Salão Principal, Snape o soltou avisando que o Diretor marcou mais uma "aula" para essa noite, às 20:00 horas, e partiu, a longa capa preta esvoaçando as suas costas.
HPDM&HPDM
- Você bem que podia ter nos esperado, Harry!
- Eu sei, Mione. Já pedi desculpas.
Mas ela continuou com seu discurso sobre o quanto Harry estava se afastando dela e dos outros, pois nem os esperava mais para as aulas, que ela era sua amiga e que ele podia conversar com ela sobre o que estava acontecendo. Ron apenas o olhava, como se ele fosse um filhote de cachorrinho chutado na mudança. Harry não gostava de ignorar os amigos, mas ultimamente eles estavam tratando-o como uma criancinha abandonada.
Ele viu Ginny se despedindo de Dino com um suave beijo nos lábios, antes de sair do Salão Principal, e se sentiu pior ainda.
Harry agradeceu mentalmente a Merlin quando o instrutor de aparatação do Ministério chamou todos os alunos do sexto ano para que prestassem atenção.
- Okay, pessoal. Aparatar é bem simples, vocês só precisam se lembrar de ter o seu destino em mente sempre e se concentrarem.
O homem falou mais algumas coisas para incentivá-los, depois instruindo-os a ter como destinação o aro. A professora McGonnagal, que também estava presente, passou a chamar os alunos para as tentativas.
Quando ela chamou seu nome, sentiu os olhos de todos os presentes se voltarem para si. O burburinho da conversa morreu. Ele se aproximou da professora.
- Não se preocupe, Senhor Potter. Basta se concentrar.
- Obrigado, professora.
Harry se focou no aro, lembrando das palavras do instrutor.
Mas ele podia sentir os olhares voltados para si, analisando-o e, principalmente, sentindo pena. Pena do pobre órfão que teria que derrotar Voldemort, pena por ele ter perdido Sirius, pena por ele não ser um aluno exemplar. Pena, pena, pena...
Escutou Hermione murmurar que ele precisava se concentrar no aro, mas ele queria ir para o mais longe possível.
O mais longe possível...
Aparatou.
HPDM&HPDM
Depois do característico puxão no umbigo e sentindo náuseas horríveis, Harry percebeu que seus pés tocavam um solo macio. Abriu os olhos e se deparou com um mar de árvores.
"O quê?"
Caminhou um pouco, pensando ter aparatado na Floresta Proibida. Mas as árvores pareciam diferentes, a mata parecia menos escura. Apressou o passo, procurando uma saída daquela floresta. Mas não havia sinal do castelo ou da cabana de Hagrid por perto. Começou a ficar preocupado.
Onde ele tinha ido parar? Que lugar era aquele?
Harry escutou algo sibilando atrás dele. Virou-se, encontrando uma cobra pronta para o bote.
- Hei, não se preocupe, não vou te fazer mal. Você sabe me dizer que lugar é esse? – Harry perguntou ao animal.
- Não sabia que existiam humanos que falavam nosso idioma. – a cobra pareceu surpresa, desarmando o bote – Muito interessante. Olá, humano, eu sou Maximilian.
- Oh, prazer Maximilian. Eu sou Harry. Mas voltando ao assunto, você sabe onde estamos?
- Sim, claro.
Seguiu-se um silêncio, enquanto Harry aguardava, encarando os olhos escuros. Mas a cobra ficou muda, encarando-lhe de volta. O moreno começou a achar que ela tinha dormido de olhos abertos.
- Caham! E então?
- Oh, sim. Respondendo a sua pergunta, você está na Albânia, humano Harry.
- Na Albânia?
- Sim... Oh, parece que tem uma lebre por ali. Com a sua licença.
- Espere! Não existe nenhum povoado por aqui? Sabe, com casas e pessoas?
- Hum... Acho que naquela direção – apontou com sua calda esverdeada – existe uma torre feita pelos seus. Não sei de nenhum vilarejo. – e a cobra se foi, deixando um Harry chocado. (1)
- Albânia?
"Mas que merda! Onde diabos eu fui aparatar?"
HPDM&HPDM
Harry continuou caminhado, seguindo para o leste, conforme as indicações da cobra Maximilian, pelo que a orientação da varinha lhe indicava. Ele checava o tempo todo se estava no rumo certo, já tinha caminhado por bastante tempo, mas sem encontrar qualquer sinal de vida, além de pequenos animais.
Sua esperança era que o feitiço rastreador que os menores de idade tinham guiasse o Ministério e Dumbledore a encontrá-lo, tinha certeza que o Diretor já deveria ter sido avisado e já estava tomando as medidas necessárias para resgatá-lo.
Escutou o som de água ao longe. Correu na direção do som, evitando tropeçar nos galhos caídos no chão. Encontrou um rio.
"Graças a Merlin!"
Estava morrendo de sede. Aproximou-se e se abaixou, com as mãos em concha, lavando o rosto e o pescoço, depois tomando um pouco d'água.
Olhou ao longo do rio e viu que o sol estava quase desaparecendo, um tom alaranjado colorindo o céu. Não havia sinal de civilização em nenhum lugar.
Suspirou resignado.
Sentou no chão, apoiado numa pedra próxima a margem, decidido a esperar por socorro ali. Tinha caminhado a tarde inteira, sem comida até aquele momento, estava exausto.
Assistiu os últimos raios de sol sumirem no horizonte, enquanto diversos pontinhos luminosos começam a preencher o céu.
Estava perdido. Perdido numa floresta. Perdido numa floresta na Albânia. O que poderia ser pior?
A mata que rodeava o rio estava envolta em trevas. Nem o som de um grilo podia ser ouvido.
"Estranho."
Então, ele ouviu um longo uivo.
"Muito estranho."
Percebeu o som de um farfalhar de folhas muito próximo de onde estava. Harry começou a suar frio. Mais um uivo.
- Se eu fosse você, iria embora daqui. Os lobos estão vindo. – Maximilian passou serpenteando ao seu lado.
Harry deu um pulo em seu lugar. Seu coração disparou de susto. "Maldita cobra... Quer me matar?", pensou.
- Os lobos?
- Sim. Acho que vocês humanos os conhecem como lobisomens.
Harry procurou no céu e percebeu a lua cheia despontando no horizonte, acima das árvores.
Outro uivo, bem mais próximo agora.
"Merda."
Estava perdido numa floresta lotada de lobisomens na Albânia. Era bem pior.
Levantou-se, sentindo a cobra serpenteando por sua perna e subindo, até estar confortavelmente acomodada em seus ombros.
- Acho que você deveria correr, humano Harry.
O moreno olhou para a mata, escutando o som de galhos estalando e folhas sendo movidas do lugar cada vez mais próximo. Um ganido alto e depois mais um uivo.
Saiu correndo.
- E para onde nós vamos, Max?
- Siga o curso do rio, logo chegaremos a torre. E é Maximilian.
Harry viu com o canto do olho um vulto negro enorme saindo da mata, farejando o chão, perto da pedra em que ele estava. A cabeça escura voltou-se para cima, vendo-o correndo mais a frente. Soltou um uivo, indo atrás.
O moreno acelerou ainda mais o passo, já sentindo suas costelas doerem pela falta de fôlego.
Logo, vários vultos escuros alcançaram o primeiro na margem do rio, e Harry desistiu de olhar para trás, concentrando-se em correr o mais rápido possível. Escutou os uivos e ganidos cada vez mais próximos, o barulho das patas se chocando com as pedrinhas no chão. O rio corria forte ao seu lado.
"Merda, merda, merda! Para que eu fui aparatar justo aqui?"
Ele sentiu a respiração forte do lobisomem atrás de si, e se jogou para o lado, desviando de uma patada da criatura. Arrastou-se no chão, tentando se levantar e evitar uma mordida. A pata voltou a descer, acertando-o, e Harry caiu.
Rolou para o lado, desviando dos dentes afiados, e se jogou na água. A correnteza era forte e o levou.
- Ahh, estou me afogando, humano! Estou me afogando!
Harry conseguiu agarrar a cabeça da cobra e levantá-la para fora d'água.
- Ufa... Mais uma coisa. Deveríamos sair do rio, antes que a cachoeira chegue.
- Cachoeira? Mas que porra! Por que não me avisou antes?
O moreno percebeu que a correnteza parecia cada vez mais rápida, provavelmente estavam perto da tal cachoeira. Viu uma grande pedra e nadou, agarrando-se nela.
Atrás uma enorme cachoeira fluía a água com força, a escuridão não ajudou a enxergar se no fundo havia pedras. Na margem, pelo menos uma dúzia de lobisomens corria em seu encalço, os olhos brilhando na noite.
Quando viram sua presa "ilhada" numa pedra no meio do rio, entraram na água, seus corpos robustos impedindo que a correnteza os carregasse.
Harry não conseguiria chegar na outra margem do rio nadando, a correnteza o arrastaria. Mas não podia ficar na pedra esperando que os lobisomens o fizessem de jantar.
- Max, acho que temos que pular.
Então, antes que a cobra se manifestasse, prendeu a respiração e se jogou novamente na água, deixando que a correnteza o levasse.
Num segundo embaçado, ele estava em queda livre na escuridão.
HPDM&HPDM
Harry se arrastou até a margem, tossindo e cuspindo água. Max estava enrolado com tanta força em seu pescoço que o moreno achou que fosse sufocar.
- Nunca... Mais... Faça... Isso... Humano... Harry... Nunca...
- Tá, já entendi, Max.
- É... Maximilian.
Harry riu. Deitou na margem de barriga para cima, esperando sua respiração se normalizar. Graças a Mordred, Merlin e a todos os deuses não tinha nenhuma pedra no fundo da cachoeira, ou eles não estariam uma boa situação agora. Escutou os uivos dos lobisomens ao longe, iam demorar até que eles encontrassem um meio de descer.
Mas era melhor não arriscar.
O moreno se levantou, Max ficou no chão, a cobra ainda parecia abalada. Harry olhou em volta e percebeu uma torre mais a frente, junto a margem do rio. A estrutura era alta, toda de pedra e concreto, recoberta de hera em sua base, alastrando-se para cima. Um único andar mais largo acima, rodeado por uma estrutura de madeira para sua sustentação, com janelinhas pequenas decoradas com ramos de flores e uma janela de vidro maior que as outras. O telhado parecia ter um brilho azulado na luz da lua. Não havia sinal de nenhuma porta ou outro acesso à torre, pelo que podia perceber, além da grande janela. (2)
- Alguém mora aí?
A cobra pareceu se recuperar e encarou a torre. Harry esperou, mas ela não disse mais nada.
- Hei, eu perguntei se mora alguém na torre. – o moreno estava achando que o réptil sofria de perda de memória recente. (3)
- Oh, sim. Desculpe. Que eu saiba, a torre foi abandonada, nunca vi nenhum humano por aqui.
- Hum... – Harry começou a caminhar na direção da torre, mas foi impedido – O que foi, Max?
- Eu lhe disse que não tem ninguém na torre. Você não queria encontrar um vilarejo?
- Sim, mas é tarde e é perigoso na floresta. Vamos passar a noite aqui, que é protegido, e quando amanhecer vamos procurar.
- Hum.
Achando que isso era um "sim", Harry voltou a se aproximar da torre. Não havia mesmo nenhuma porta, ele constatou, ao dar uma volta completa. E a janela ficava bem alta.
- Como planeja subir, humano Harry?
O moreno olhou em volta, procurando por algo que lhe ajudasse. Viu um galho comprido e fino mais ao longe. Sacou a varinha de suas vestes e se aproximou. Murmurou baixo o feitiço de transfiguração, transformando o galho em uma longa corda.
Voltou a torre, reparando que havia uma espécie de gancho de madeira junto a janela maior. Fez um laço com a ponta da corda, torcendo para que o nó aguentasse.
- Max, vou precisar da sua ajuda.
A cobra acenou com a cabeça verde.
- Você segura essa corda com a boca e eu vou te levitar até aquela janela. Daí você coloca esse laço naquele gancho ali, está vendo? Então, eu poderei subir, enquanto você me espera no parapeito da janela.
- Você vai me levitar?
- Sim.
- E se eu cair?
Harry pensou por um momento se devia mentir dizendo que era o melhor aluno em feitiços para tranquilizar o réptil.
- Acredite, eu não vou deixá-lo cair.
Não era de todo uma mentira, ele iria fazer o possível para não machucar Max. A cauda da cobra balançou de um lado para o outro, enquanto sibilava, e Harry achou que ela estava pesando os prós e contras da decisão e lhe deu um tempo. Mas ela não falou mais nada.
- Max! Então, o que decide?
A cobra pareceu despertar de um transe, voltando a encará-lo.
- Tudo bem.
O moreno entregou o laço da corda a Max, que o mordeu. Afastou-se um pouco e apontou a varinha à cobra.
- Levicorpus!
Max começou a subir devagar, então um pouco mais rápido, cada vez mais próximo do topo. Harry permaneceu com os lábios contraídos em concentração. "Quase lá..." A cobra passou o laço pelo gancho, e o moreno desceu-a um pouco, pousando-a no peitoril da janela.
Soltou a respiração, que nem percebeu ter trancado.
Puxou levemente a corda, para que o laço se fechasse, e testou se ela aguentava seu peso. Enrolou a corda em seu braço. Aproximou-se da torre, colocando um pé apoiado na parede. Depois o outro, começando a subir.
Ele gostava de altura, mas em cima de uma vassoura num jogo de quadribol, e não escalando uma torre com uma corda mal transfigurada. Não olhou para baixo durante o percurso.
Quando alcançou a janela e se sentou no parapeito, suspirou aliviado. Max voltou a se enroscar no seu ombro.
- Está trancada, humano Harry.
O bruxo murmurou um baixo "Alohomora" e empurrou as vidraças para dentro, abrindo a janela.
Voltou a guardar a varinha nas vestes e entrou na torre.
Reparou que ela parecia bem arrumada e limpa para um lugar abandonado. As paredes cheias de belas pinturas de paisagens, pelo que podia enxergar na penumbra do que parecia uma modesta sala de estar.
- Tem alguém aí? – chamou, mas o cômodo permaneceu envolto no silêncio. Ele repetiu o chamado, Max sibilando em seu ombro, mas não houve resposta.
Então, algo branco e peludo pulou no seu cabelo, a cobra silvou e os dois caíram de cima de Harry. O moreno apanhou a varinha depressa, iluminando o ambiente. Tinha uma fuinha branca se engalfinhando com Max no chão.
- Uma fuinha? Mas que diabos...
Ele não terminou a frase, contudo. Algo sólido atingiu sua cabeça e tudo ficou escuro.
HPDM&HPDM
Ginny estava discutindo com Dino. Ele viu a menina dar uma bofetada na cara do namorando, virando-se e saindo desamparada. Ela o viu o correu para os seus braços.
- Oh, Harry, você tinha toda a razão! Você é a pessoa certa para mim e mais ninguém... – ela enfiou o rosto molhado em seu pescoço.
O moreno abraçou a ruiva, em êxtase. Não podia acreditar que estava dando tudo certo!
Sentiu algo molhado em sua orelha.
- Hahaha. Ginny, o que está fazendo? Hahaha.
Então ele sentiu uma dor aguda, tinham mordido sua orelha. Acordou de supetão, dando um grito.
A fuinha branca deu um pulo para trás, saltando do seu ombro. Sua cabeça ainda latejava.
Percebeu a luz do sol entrando pela janela de vidro.
Harry foi levantar a mão para checar o estado da orelha e... Nada. Estava preso.
Encarou o próprio corpo, percebendo que estava atado a uma cadeira, Max preço no braço dela, ao seu lado. Estava atado a uma cadeira por...
"Espera um momentinho aí. O que diabos é isso?"
Estava atado a uma cadeira por... Cabelo?
Cabelo?
Seguiu os fios loiros e que iam, iam e iam. "Mas quanto cabelo!"
Percebeu algo preto e enferrujado apontado para si. Parecia uma... frigideira? E atrás da frigideira...
Seu coração falhou uma batida.
Um anjo. Só podia ser. Era a garota mais linda que ele já tinha visto.
O longíssimo cabelo loiro que lhe prendia na cadeira parecia brilhar na luz do sol nascente, seus olhos de um azul metálico que fez Harry se sentir preso numa tempestade da qual ele não queria escapar. A pele tão branquinha parecia seda, devia ser muito macia e delicada. Usava uma longa camisola branca, com laços nas pontas das mangas e na barra, cheia de rendas. Ela o encarava analiticamente, apontando a frigideira, pronta para acertar-lhe.
- O que quer, invasor?
Seu coração voltou a bater mais forte do que nunca, depois daquele instante de admiração.
- Eu perguntei o que você quer, invasor.
Max silvou ao seu lado. Harry percebeu que tinha passado bem mais de um segundo admirando a garota. Limpou a garganta.
- Hum.. Olha, eu não sei o que está acontecendo, mas...
- Responda a minha pergunta de modo direto. – ela se aproximou cautelosamente, sem abaixar a frigideira – Veio aqui cortar meu cabelo, é isso? – Deu um cutucão com a panela no peito do moreno – Responda.
- Cortar? Não, eu me perdi na floresta e... Olha, você pode me soltar para que a gente possa conversar e...
- Você acha que eu caio nessa? Invadindo a minha casa no meio da noite, boas intenções é que você não tem. Vamos, responda! Veio aqui pelo meu cabelo, não é?
- Para que eu iria querer cortar o seu cabelo? – "Apesar de que ia dar uma grana preta se vendesse para um cabeleireiro de perucas", completou em pensamento. Nunca que ele diria isso em voz alta, para levar mais uma panelada na cabeça – Olha, eu me perdi na floresta e apareceram lobisomens. Eu corri e me joguei na cachoeira para fugir. Então eu encontrei a torre e entrei para me proteger, achei que estava abandonada. Não queria assustar você, desculpe-me por isso.
Ela arqueou uma sobrancelha loira, analisando-o. A fuinha subiu até o ombro da garota, fazendo barulhinhos. Ela se virou de costas, segurando a animal nas mãos.
- Ele não parece estar mentindo, Sr. Weasel. (4)
A fuinha voltou a guinchar.
- Eu sei, eu sei. Mas é uma chance de ouro!
"Hã?"
Max sibilou ao seu lado.
- Ao que parece, eles se entendem. Passaram a noite toda discutindo o que fariam conosco.
- Ela entende o que uma fuinha diz?
Harry percebeu que a garota e a fuinha tinham se voltado para ele e Max. Ela estava de olhos arregalados.
- Você consegue falar com cobras?
O moreno engoliu em seco, mas respondeu.
- Sim. – ora, ela estava falando com uma fuinha! Não podia julgá-lo.
- E você é bruxo?
Ele acenou positivamente. A garota pareceu vibrar.
- Sr. Weasel, não vê? É o destino que trouxe ele até aqui! – ela chacoalhava alegremente o bichinho, apertando-o nos braços. Coitado, parecia que seus olhos iam saltar das órbitas.
Então, ela encarou o moreno de novo, aproximando-se.
- Eu tenho um acordo para lhe oferecer, senhor...
- Harry. Eu me chamo Harry Potter.
Seu nome completo não pareceu abalá-la.
- Sr. Potter, acho que podemos resolver os problemas um do outro.
- Qual é o acordo?
- Bem, como pode ver, eu vivo nessa torre. Infelizmente, eu não posso sair. Meu pai fez um feitiço em toda a área, o que me impede de deixar a torre.
- Seu pai tem mantém aqui?
- Sim, o que se pode fazer? São problemas da vida. Mas voltando ao assunto principal, eu não posso deixar a torre por causa do feitiço. Também nunca aprendi magia, apesar de ter explodido a janela uma vez, numa briga. E feito o teto despedaçar. E...
A fuinha, ou Sr. Weasel, soltou um grunidinho.
- Ah, sim, eu viajei. Voltando, eu não posso sair da torre. E você, agora, é meu prisioneiro. Acho que você não quer ficar para sempre preso em uma cadeira. Eu também não posso vigiá-lo o tempo todo. Além do mais, meu pai te mataria se o visse aqui, ele é meio maluco, sabe? Então, como temos nossos interesses mútuos, podemos ajudar um ao outro, entendeu?
Harry ficou olhando para a garota, embasbacado. Ela bateu na testa, suspirando.
- Não vê? Eu vou soltá-lo e ao seu amigo, mas só se você me ajudar a quebrar o feitiço e a fugir.
- E como eu vou saber o contra-feitiço para a barreira que o seu pai criou?
- Mas você não é um bruxo?
O moreno suspirou.
- Olha, eu sou um estudante ainda. Não posso simplesmente quebrar um feitiço assim, do nada.
Ela pareceu incrivelmente decepcionada com sua declaração.
- Mas se você me soltar, eu posso sair e procurar um jeito de te tirar daqui.
- E quem me garante que você voltaria?
Harry percebeu que ela parecia muito solitária. Ele sabia que não existiam habilidades mágicas para falar com animais em geral, além da ofidioglossia, mas ainda assim a garota conversava com uma fuinha. Além de ter um pai que a mantinha presa. E percebeu que estava sentindo pena, o sentimento que ele mais detestava que sentissem por si.
- Eu prometo que vou voltar. – falou, determinado, era melhor ajudá-la do que ter pena – Eu vim parar nessa floresta por engano, mas não vou descansar enquanto não lhe ajudar.
Eles se encaram por um momento. Então, ela sorriu.
- Eu acredito.
A garota se aproximou, soltando seus cabelos da cadeira, libertando ele e Max. Harry pode sentir o cheiro de flores desprendendo da pele pálida. Ele sorriu de volta.
- Além do mais, o pessoal da escola deve chegar logo e pode nos ajudar, por causa do feitiço de rastreamento que eu tenho, por ser menor.
O tom rosado das bochechas dela sumiu. Seus olhos metálicos se arregalaram e ela agarrou seus braços, sacudindo-o.
- Você tem um feitiço de rastreamento? Por que não me disse antes? Você tem que ir agora, Sr. Potter! Ninguém pode me encontrar!
- Mas por quê?
- É muito perigoso e... Ai, meu Deus! Vamos, vamos! – Ela foi lhe empurrando até a janela, colocando a cobra em seus ombros – Você vai, arranja um jeito de me soltar e de desviar o rastreador, e volta para me buscar. – foi falando apressadamente, enquanto amarrava os cabelos loiros no gancho da janela e jogava-os para fora, guiando as mãos de Harry para segurá-los – Vê aquela caverna de pedra? Tem uma saída do vale por lá, que leva a uma estrada que eu acho que deve dar em alguma cidade ou vilarejo. Não entre na mata, mesmo durante o dia, pode ser perigoso.
- Mas você vai ficar aqui?
- Sim, eu não posso sair.
Harry se preparou para descer da torre pelos cabelos loiros. Mas ela agarrou seu braço.
- Você vai mesmo voltar, não vai?
- Eu vou sim, eu prometo. Mas espera, eu nem sei o seu nome... Não me diga que é Rapunzel?
Ela bateu levemente com a frigideira em sua cabeça.
- Claro que não, ô, mané. Meu nome é Draco.
Harry estava se sentando no parapeito, segurando os fios loiros, pronto para descer. Max estava seguro, enroscado em seus ombros, ainda sibilando para a fuinha.
- Draco? Mas que nome diferente para uma menina...
Quando ouviu isso, ela lhe lançou um sorriso torto.
- Mas eu sou um garoto.
Notas:
(1) Coloquei todas as conversas entre o Harry e Max em itálico pois eles estão falando em parsel, a língua das cobras.
(2) Hera são aquelas plantas trepadeiras que podem rodear muros e paredes. Essa descrição da torre eu me inspirei olhando as figuras da torre de "Enrolados", o novo filme da Disney.
(3) Ai, gente, eu assisti pela milésima vez "Procurando Nemo" a pouco tempo, então estou fazendo o Max muito parecido com a Dory! n_n Para quem nunca viu, ela é um peixinho azul com um sério problema de perda de memória recente (parece comigo ;D), o que acaba metendo ela e o Nemo em muita confusão.
(4) Achei legal a ideia de colocar o nome da fuinha de Sr. Weasel, que é a brincadeirinha que Draco faz com Ron pelo seu sobrenome: Weasley se parece com Weasel, que significa fuinha. Acho que todo mundo sabe disso... XD Achei legal, pois Draco não vai com a cara do Ron, mas aqui terá um amiguinho chamado Weasel. n_n
N/A: Aiii, não acredito que estou mesmo escrevendo isso! #se esconde dos tomates jogados# Sério, gente, eu fui assistir Enrolados no cinema, e o filme é muito meigo! Adorei tudo! Quase tudo, só não gostei do Luciano Huck dublando... Parecia que eu tava assistindo o Caldeirão. Mas a ideia ficou na minha cabeça até que eu escrevesse, não conseguia me concentrar para terminar o cap de Love Story enquanto eu não fizesse isso. Era muito fofo para que eu deixasse passar. Assim que eu pus o ponto final aqui, comecei a ter ideias para o cap de Love Story.
Eu espero mesmo que vocês gostem! Minha inspiração veio, principalmente, do filme "Enrolados" da Disney. Mas eu vou me inspirar em outros romances que eu já li e assisti ao longo da história.
Se a fic tiver uma boa aceitação eu continuo. Prometo que vou fazer de tudo para que ela seja muito fofa e divertida de ler!
Quero ver como vou fazer com duas fics e o TCC para escrever... i.i
Ah, deixem um comentário, mesmo pequenininho, para eu saber o que vocês estão achando, okay? ;D
Beijão, meus chuchus!
