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Distorção

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Uma imagem perfeita desenhada em uma tela de água. Seus contornos faciais sem nenhuma ranhura, como se tivessem pintados com os melhores pinceis e as mais coloridas tintas. Sua imagem se formava como em um espelho. Sua imagem e semelhança brincavam de serem iguais, confundindo até mesmo a própria matriz de imagem.

Lembrou-se que nunca foi a original.

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Depois de olhar a imagem dela, passou a olhar a sua própria. Tão bem feita quanto ela, tão bem desenhada quanto a outra boneca.

Quem sabe, ela fosse mais amada que você.

Mas as cores dela eram diferentes das suas. Seus tons e sobre tons eram mais apagados que os seus. Mais roxo-morto. E ela parecia não se importar com aquela mistura mórbida.

Seus olhos tinham cores iguais.

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Seus olhos tinham cores iguais.

Por mais que você não se importe com as cores que te desenham da água, não tinha como não notar.

Quantas cores ela tinha. E não eram cores mórbidas como as próprias, era tão rosa. Tão colorido que vinha dos pés a cabeça, como se a ingira.

Não sabia diferenciar quem era a original.

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Não sabia diferenciar quem era a original.

Talvez fossem tão iguais que surgiram pelas mesmas mãos, ou talvez fossem tão diferentes que foram sonhadas em épocas distintas.

Mas em uma coisa concordavam.

Eram efêmeras. Tão efêmero quanto suas imagens na água.

Olharam-se nos olhos. Era como se olhassem para si mesmas.

Ambas eram ocas.

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Quando uma gota quebrou o espelho de água, as imagens de Kirakishou e Barasuishou se misturaram.

Ficou tudo distorcido.