O Começo

Os pais de Belenus Yaxley acreditavam que ele nunca iria se casar. Ele era um bruxo bonito, poderoso, inteligente e simpático, mas nunca tivera um relacionamento sério com uma bruxa. Depois dos anos em Hogwarts, dos anos que passou viajando pela Europa e estudando, ele chegara aos quarenta e três anos com o coração intacto. Até que em uma estadia em Roma, ele viu uma moça caminhando pelas ruínas do Fórum. Ele não tinha certeza se ela era bruxa ou não. Ela não estava usando robes, mas também não estava usando o tipo de vestido ridículo que a maioria das mulheres muggles da época usava. Ela estava sozinha, o que tornava mais provável que ela fosse bruxa, pois mulheres muggles respeitáveis não costumavam andar desacompanhadas. Ele resolveu se arriscar e foi conversar com ela, perguntando o que ela estava desenhando, em italiano. Demorou vários minutos para eles descobrirem que nenhum dos dois eram italianos, menos de cinco para descobrirem que eram bruxos e pouco mais de dois meses para a Aurora Karsten, então com dezoito anos e nativa do Reino do Norte, correspondente à Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia e algumas outras ilhas muggles, casar-se com o inglês.

Eles já tinham três meninos, os gêmeos Pelias e Nereus, que já haviam começado Hogwarts, e Olaf, de cinco anos, quando, ao nascer do sol da primeira manhã após o solstício de inverno, chegou sua primeira filha, Lysandra.

Ela era energética já quando bebê e quanto mais crescia, mais trabalho dava a seus pais. A menina excedia os irmãos (e os pais) em tudo. Todos na família eram bonitos, inteligentes e magicamente poderosos. Lys era linda, brilhante e extremamente poderosa.

Quando ela tinha cinco anos, usou a varinha do pai para uma azaração trava-línguas em Olaf e a família teve que ir para St. Mungus, tanto para desfazer a azaração, já que nenhum dos pais conseguiu, quanto para verificar se isso não tinha causado nenhum dano à magia da menina.

Aos seis anos, entediada por estar sozinha, já que o mais novo de seus irmãos tinha ido para Hogwarts e os gêmeos estavam viajando, ela resolveu se esgueirar de casa e conhecer a cidade muggle perto de onde moravam. Os pais a encontraram na casa do pastor local, tendo uma acalorada discussão com a esposa do tal pastor, que insistia na necessidade da menina se comportar 'como uma dama'. Eles foram embora com a senhora tentando extrair promessas de que eles estariam na igreja no próximo domingo. Lys ficou de castigo mais de um mês por causa disso.

Para evitar que a menina ficasse entediada e aprontasse de novo, seus pais resolveram criar um grupo de tutoramento com alguns primos e amigos, um ano mais cedo do que o normal. Aurora ensinaria nórdico e um pouco de Runas. Belenus iria ensiná-las a montar, tanto em cavalos comuns quanto em alados. A mãe de Belenus, Aglae Greengrass iria ensinar música e francês para as meninas do grupo, que incluía uma de suas outras netas, Circe. Belvina Flint, avó de outras duas meninas do grupo, Belvina Black e Melusine Flint, iria ensinar movimentos de varinha e latim. Seu marido, Harpócrates, iria ensinar grego, uma vez por semana. Com Verônica Avery, avó de Georgiana Avery, elas iriam aprender danças. Briony Nott iria ensinar História e Genealogia e era mãe de outra garota do grupo, Tabitha. Seu marido, Archibald, iria ensinar sobre finanças e cultura goblin, já que os dois assuntos estavam ligados no mundo bruxo. Esse tipo de arranjo não era incomum entre famílias mágicas, com a maioria dos contratos de trabalho permitindo até duas ausências parciais por semana para tutoramento de parentes. Algumas famílias preferiam usar tutores pagos, mas muitas achavam isso muito impessoal.

As meninas se deram bem e as que não se conheciam antes, tornaram-se amigas. Todas adoravam montar, especialmente nos cavalos voadores e dançar. Circe era a mais talentosa para música, Melusine em francês, Belvina em Latim, Lysandra em nórdico (afinal, estava acostumada com a linguagem desde antes de nascer), Tabitha em grego e Georgiana em História.

No ano seguinte o pequeno grupo ficou sem Belvina, que viajou pelo mundo para esquecer a desgraça do irmão. Mas ela continuava com parte dos seus estudos com a mãe e estava aprendendo muito sobre o mundo, o que fazia questão de compartilhar com as amigas através de cartas e presentes.

Aos oito, os Yaxleys sofreram uma grande tragédia. Seus irmãos mais velhos, que estavam estudando Alquimia em Alexandria, tentaram fazer um experimento muito além de suas capacidades, a criação de um ser vivo a partir de materiais não vivos, como Maria, a Judia, criara os elfos domésticos e Paracelso criara os gnomos. Apesar do sucesso nessa área ser mais comum do que na criação da Pedra Filosofal, os efeitos de um mínimo erro podem ser fatais, como foi o fato. A vida deles foi drenada de seus corpos magicamente pelo experimento, que em seguida foi destruído pelos Aurores locais.

Para tirar sua cabeça da tragédia, Lysandra passou um ano com os avós, Olaf e Callidora, onde seus parentes se encarregaram de continuar sua educação e ampliá-la no que fosse possível. Ela aprendeu muito sobre Runas naquele ano e sua pronúncia de nórdico se tornou quase perfeita. Ela estudou a genealogia de várias famílias bruxas do Reino do Norte e do restante da Europa. Seu tio Gustaf a ensinou a atirar com arco. Callidora fez a filha prometer trazer Lysandra para visitá-los de novo antes de a menina começar em Hogwarts.

Um dia depois de seu aniversário de onze anos, seus pais e irmão foram praticamente arrastados por ela para o Beco Diagonal, onde ela compraria sua varinha.

"Olá, Sr. Yaxley. Faia com corda de coração de dragão. Sra. Yaxley, cuja varinha não foi comprada aqui. Jovem Sr. Yaxley, freixo com cabelo de selkie. E essa deve ser Lysandra Yaxley."

"Prazer em conhecê-lo, Sr. Ollivander."

"O prazer é todo meu. Qual é o seu braço de varinha?"

"Direito, mas acho que consigo usar o esquerdo também."

"Vamos tentar só com o direito.", disse Ollivander enquanto ela era medida. "Tente essa, freixo, como a do seu irmão, e fibra de coração de dragão, como a do seu pai."

"Não, não funcionou."

"Que tal essa, macieira com pedra da lua, como a da sua avó."

"Acho que para ela seria melhor algo um pouco mais agressivo.", disse Aurora quando a varinha não funcionou. "Ela é muito cheia de energia e quer ser duelista."

"Realmente, Srta. Yaxley?"

"E depois eu quero ser uma Auror."

"A senhorita é bastante poderosa, então... experimente essa. Ébano com cabelo de kelpie."

"É melhor que as outras, mas acho que ainda não é a certa.", disse a menina apesar de faíscas terem saído da varinha. Mas as faíscas não tinham sido muito vivas.

"Tudo bem. Que tal essa? Cerejeira com pena de abraxas?", assim que a menina segurou a varinha, faíscas douradas e prateadas muito impressionantes saíram da varinha. "Vamos guardá-la e..."

"Não. Eu vou levá-la assim mesmo.", a menina estava encantada com sua varinha e não queria largar dela.

"Um coldre de pulso, Ollivander, por favor.", disse Belenus, tentando conter a risada. "Couro de Negro das Hébridas, padrão duelista."

"Muito bem. Cerejeira é uma madeira extremamente poderosa, especialmente para Duelos e Defesa. Penas de abraxas têm um excelente equilíbrio entre velocidade e poder, mas normalmente demora um pouco para dominar novos feitiços. Mas assim que a senhorita os dominar... terei pena de seus adversários no duelo."

Assim que as meninas do grupo de estudos faziam onze anos, elas ganhavam sua varinha e começavam a aprender alguns feitiços. Azarações simples, um escudo básico, charmes para cuidarem da aparência e coisas do tipo. Nas primeiras semanas, Lysandra teve que se esforçar muito, mas depois que a varinha se acostumou com ela tudo ficou mais fácil.

Em junho, ela foi para a casa dos avôs, conforme havia sido combinado com seus pais. Depois de cumprimentá-los, exibir sua varinha e demonstrar alguns feitiços para eles, sua avó começou a falar.

"Lysandra, você é uma menina muito poderosa, com grande potencial."

"Obrigada, Vó Dora."

"Você sabia que antigamente era comum ter mais de uma varinha?"

"Eu lembro de ter lido sobre vários bruxos e bruxas assim. Mas a Sra. Nott disse que essa prática caiu em desuso há muito tempo."

"É verdade. Mas você sabe por quê?", interveio o avô, recebendo um gesto de não da menina. "Por que os bruxos de hoje são mais fracos dos que os de antigamente. Muitos casamentos entre primos, em minha opinião. E os poucos que tem poder suficiente, nem tentam."

"O senhor acha que eu devo tentar?"

"Nós temos certeza de que deve tentar. Sua mãe tem duas varinhas. Os gêmeos tinham duas. Seu avô e eu temos três cada."

Os três foram para o principal distrito comercial de do Reino do Norte, o correspondente ao Beco Diagonal, que se chamava Regnbage Bana, algo como 'Caminho do Arco-Íris'. Lá a primeira parada foi no banco local. Ou melhor, em um dos bancos locais, já que além de Gringotts, o banco goblin, havia um banco dos duendes, um dos vampiros e um de bruxos e bruxas comuns. Os Karsten e Lysandra foram ao dos duendes naquele dia, menos imponente do que o dos goblins, mas com melhor atendimento.

"Está vendo aquela estante?", perguntou o avô. "Ali tem varinhas que pertenceram a vários membros de nossa família. Vamos ver se alguma delas combina com você."

Além das varinhas de madeira, havia outras pequenas, de metais e de pedras, todas expostas em pé, contra almofadas de veludo, seda e brocados. "Por que essas são menores?"

"Por que são mais pesadas. Essa aqui não é linda? Cristal de rocha com cabelo de um näck. Experimente."

"Não funcionou. Näcks são músicos e eu não sou tão boa em música. Posso experimentar essa?"

"Claro, muito bonita, não é?", dessa vez, as faíscas foram azuis e formaram a figura de uma mulher e um animal alado. "Minha querida, você é ainda mais poderosa do que pensávamos. Essa varinha foi feita por minha trisavó e essa pedra de lápis lazuli foi um presente de casamento de uma prima dela da Rússia."

"Sua trisavô? Ingrid, a huldra?"

"Exatamente. Ela não tinha varinha, mas como se casou com um bruxo escolheu fazer uma. Então ela pegou uma pena de seu valravn de estimação. Você se lembra o que é um valravn?"

"Um híbrido entre lobo e corvo, produzido magicamente com um ovo de corvo em uma poção com leite de loba como principal ingrediente."

"Exatamente. Ela amarrou a pena na pedra com um fio de seu cabelo e usou sua magia em um cântico na língua deles para transformar tudo em uma varinha. Eu recomendo que você a mantenha em segredo, para emergências. Mas pratique todos os feitiços que aprender com ela depois."

"Eu vou. Obrigada."

Depois disso, eles fora comprar o presente oficial de Lysandra, uma linda coruja-das-torres, a quem ela chamou de Boreas.

O tempo passou muito rápido e muito devagar até o dia primeiro de setembro, como costuma acontecer quando estamos esperando alguma coisa que desejamos muito e ao mesmo tempo tememos um pouco. E Lysandra, com seu baú, sua coruja e suas duas varinhas estava em frente ao trem para Hogwarts, pronta para sete anos de aventura.