Harry Potter e seus personagens não me pertencem.

Nota: Encontrei essa fic perdida num DVD hoje de manhã. ACHO que foi para um projeto do 6v (Provavelmente o Cotton Candy). É. Ao reler, achei bem fofa e como tenho que terminar meus projetos antes de me aposentar - será que esse Android consegue? -. Bem, é isso.

Compasso

Então, ali estava ele. Observando a menina com o estojo de violino e a expressão de quem não queria falar com ninguém. O rosto não era o mais bonito que já tinha visto e os cabelos não estavam impecáveis. Se não fosse o estojo de violino ao seu lado, nunca receberia mais do que alguns segundos de atenção da parte dele.

Ela não praticava na estação, só chegava com o estojo e se sentava no chão, com os pés na beirada da plataforma, às vezes balançando num compasso só seu, às vezes segurando as pernas. Sempre com o estojo como companheiro.

Ele gostaria de pedir para ela tocar um pouco. Gostaria de ver se aquela garota realmente sabia tocar violino. Ele sabia que ela não tocaria, porque ela não notava mais nada além do trem e do estojo, como se fossem as únicas coisas dignas de atenção ali.

Ele concordaria que o estojo era muito mais interessante do que qualquer coisa que poderia estar na plataforma.

X

- Oi. – o verdadeiro ele não falaria com a menina estranha do estojo de violino.

- Oi. – ela diz e o observa como se esperasse algo. Algo que ele não sabe.

- Você toca violino. – ele comenta com um sorriso amarelo. Ela sorri e o observa mais intensamente.

Os olhos dela são escuros. Tão escuros que destoam da pele clara, mas se fossem olhos claros não combinariam tantocom ela.

Ela tinha bochechas razoavelmente grandes, um nariz levemente torto e cílios muito longos. Não deveria receber metade das atenções que ele lhe dispensava.

- Isso é óbvio. – ela ri delicadamente como se contasse uma piada só deles. – Seu nome, ao contrário, não é nada óbvio.

- Blaise. – ele estende a mão e ela aperta. As mãos são firmes como as de alguém que não aceita falhas ao tocar.

- Pansy.

Ele sabia que aquilo estava apenas começando. E não sabia se teria cartas para continuar até o fim.

X

Ela sorri e acena com a cabeça. Ele se sente na obrigação de abandonar sua companhia – mesmo que Astoria seja só uma menina que pediu para ele levá-la até em casa.

- Sua amiguinha é muito pequena. – ela comenta num tom frio e ele sabe que é ciúme. Ele não sabe dizer se é bom ou ruim. Sorri.

- De fato. Principalmente quando se é abandonada pela irmã mais velha que só queria um tempo a sós com um garoto.

Ela ri. O nariz franze de um jeito que seria repulsivo e repreensível em qualquer outra, mas é só adorável quando Pansy faz.

- E aí, além de ser abandonada pela irmã mais velha a menina ainda é abandonada pelo responsável no momento? – ela ri e faz um barulho de repreensão que ele só pôde considerar adorável.

- Por aí. – ele diz e ela se levanta, deixando o estojo no chão e indo em direção a Astoria.

Elas conversam por alguns segundos, até que Astoria ri e assente com a cabeça, o que faz com que Pansy a puxe pela mão até onde ele está. Ele sabe que Astoria não gosta de pessoas invasivas, mas parecia gostar da invasão de Pansy.

As pessoas pareciam gostar de Pansy mesmo quando não havia sentido gostar dela e isso a tornava mais interessante aos olhos dele.

X

Ela sorri e se aproxima. Os lábios estão pintados de um tom rosa forte, reparo. Ela não usava maquiagem normalmente, ele sabe. Ela sorri e o tom rosado nos lábios o atrai, não há nada além da boca dela. Não há nem o estojo de violino, nem a repulsa que sentia pelo olhar indiferente que ela olhava para o mundo ao redor deles.

- Blaise. – ela murmura e cora levemente.

Pansy se aproxima até que os narizes se encostem. Ela franze o nariz, naquele hábito que ele julgaria ridículo, e espera. Espera que ele tome a atitude.

E ele toma. Beija a menina do estojo de violino, sorriso invasivo e lábios pintados de rosa. Ela gargalha. Tão não-inglesa que é surpreendente ele se interessar por ela, ele considera.

Ela o abraça com força e o beija. Depois se afasta mordendo o lábio inferior. O batom borrado nos lábios e o brilho nos olhos escuros. Ela é linda aos olhos dele. Só aos dele.

Estende a mão para tocar o rosto dela, ela fecha os olhos e sorri. Ele sabe que o coração dela está acelerado, porque o dele também está.

O som do trem os assusta. Ela sorri amarelo e se direciona para um vagão.

- Seu estojo! – ele avisa segurando o Estojo e estendendo para ela.

- Pode ficar com ele. Hoje. – ela diz e entra no vagão pouco antes dele partir.

Ele é o dono daquele violino. Pelo menos naquele dia.

X

Se pedissem para ele enumerar seus compositores favoritos, ele poderia jurar que não incluiria Stravinsky na lista. Ou qualquer outro compositor erudito tedioso e comprovadamente elitista.

Por mais que ele fosse elitista.

Então, ele se encontrava ali. Vendo a apresentação tediosa e elitista de Pansy. Sua mãe diz que a apresentação da mocinha das feições de pugé interessante.

Acaba e ele aplaude mais do que qualquer outro ali. As pessoas não entendem quão genial é sua virtuose. Sua e de mais ninguém.

- O que achou? – ela pergunta e entrelaça os dedos nos dele.

- Preciso mesmo preencher seu ego com minhas demonstrações de fanatismo? – ele pergunta e ela aperta os dedos dele.

- Não. Porque seus olhos não mentem, Blaise.

Ela encosta a cabeça no ombro dele e ele, soltando os dedos deles, envolve a cintura dela. Ele pega o estojo de violino das mãos dela e carrega com o braço livre, recebendo um beijo na bochecha.

Beijos!

Misa