W A R N I N G

Essa fanfic, apesar de alterar um dos acontecimentos do final da série, contém SÉRIOS spoilers sobre a série de TV... ou seja, se você ainda não a viu... por gentileza, contenha-se e veja a série primeiro. Esteja avisado. X.X

Vocês podem perceber que a Winry está menos violenta nesta fanfic... bom, eu acabei optando por não deixá-la atirando chaves inglesas por todo o lado aqui também porque, apesar de caírem muito bem na série, elas ficariam fora de lugar numa fanfic como esta. Mas não se preocupem porque, de resto, a personalidade dela continua a mesma ;) Boa leitura

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Esta fanfic contém relacionamentos entre dois homens, então, se isso de alguma maneira lhe incomoda, faça a gentileza de clicar no botão de voltar e não me incomode com flames, sim? Elas serão gentilmente ignoradas

Aviso extra, que está aqui só por causa da Patty: se o relacionamento entre uma formiga e um coqueiro lhe incomoda... bem, apesar desse não ser o casal central da fanfic, há um número abusivo de cenas entre os dois, então, esteja avisado XD

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Casais: Winry x Alphonse, Roy x Edward, Envy x Edward, Edward + Alphonse
Avisos: Má Linguagem, Violência, Sexo, Sexo Não-Consensual, hmmm... acho que só -.- Há excesso de fluff em certas partes e muito mais excesso de angst em outras. Aliás, muito, muito angst. Muito, muito. E eu tenho uma visão perturbada sobre o amor e sobre sexo, so be warned.

Betado pela Patty-chan, que ajudou a deixar a fanfic mais legível, porque eu escrevi essa fanfic em período de fome e por isso comi muitas palavras u.u Dedicado para a Patty-chan também, que foi quem continuou me empurrando para que eu criasse vergonha na cara e terminasse a fanfic XD

E sim, eu tenho noção de que repito a palavra "maldito"e "maldita" muitas vezes nesse texto -.-"


:O Outro Sacrifício

:Prólogo: Tudo o Que eu Puder lhe Dar

:Data: 15/04/2005 – 15/04/2005

:MiWi


Apesar de ser um local subterrâneo, ainda havia uma leve brisa fria entrando no que fora outrora um grandioso castelo e agora não passava de ruínas. Edward sentiu vontade de se encolher; estando apenas com suas calças, era impossível se proteger adequadamente contra aquele frio.

E não era apenas o vento... era um frio gélido, terrível, que começou a se abater sobre si no momento em que Rose se foi e ele finalmente se viu sozinho ali.

Sabia que aquele frio não era culpa apenas do lugar subterrâneo e desolado, mas de seu medo, do aterrador medo que ele insistia em querer afastar de si, inutilmente.

Não temia por si mesmo – teria sido tão fácil lidar com isso, ele sempre fora tão forte, tão bravio, tão destemido... tão cheio de si. Tão ciente de suas próprias ações. Ele sempre se dispusera a pagar o preço por seus erros, mas ele nunca quis que Alphonse tivesse de pagar algo que não devia.

E agora ele tinha medo de não ter nada a dar em troca. Ele daria sua vida de bom grado, seu coração, seu corpo... sempre estivera disposto a fazê-lo, desde o dia em que saíram de sua cidade natal, mesmo que ele jamais o tenha dito a Alphonse, por saber que o irmão não o compreenderia, e não aceitaria isso. Mas, agora que o momento havia chegado, ele não sabia se seria o suficiente...

... e se ele entregasse tudo, e Al ainda ficasse perdido para sempre?

Acabaria ali, desse jeito, a jornada de ambos?

Edward tentou erguer os olhos para olhar ao seu redor, mas mal conseguiu definir os contornos da construção ao seu redor, tampouco dos inúmeros e gigantescos círculos de transmutação espalhados pelo salão... ele não quis imaginar se seria culpa de sua visão embaçada pelo nervosismo, ou pelos fios de cabelo que começavam a se desprender de sua trança para caírem sobre seus olhos. Ele não se importou em tirá-los de cima de seus olhos – preferiu pensar que ao menos parte da culpa recaía sobre suas mechas.

Colocou uma mão sobre o peito, ativando os círculos de transmutação.

Não havia volta.

Ergueu a outra mão, repousando sobre o peito, terminando de ativar os círculos de transmutação.

Sem volta.

Era quase tão terrivelmente engraçado que Edward sentiu vontade de cair de joelhos e começar a chorar. O portão, novamente.

De repente, ele entendeu.

Anos atrás, ele oferecera ambos os seus braços e seu coração pela alma de seu irmão. Quiseram apenas seu braço. E o que era o seu braço, diante de seu irmão? Nada, nada.

Não era, definitivamente, uma troca equivalente.

Havia sido uma bobagem, todo esse tempo.

Naquele tempo, Edward havia gritado...

Devolvam-me meu irmãozinho!

Era tão pouco surpreendente que Edward se virou lentamente na direção da voz, apenas para ver um espectro de si mesmo gritando na direção do portão, insanamente desesperado, as marcas de sangue no coração e nos braços.

E o braço fora escolhido sobre o coração, quando este deveria valer tanto mais.

Por quê?

Agora era tão mais fácil de compreender, não é mesmo?

Porque, na realidade, seu coração não valia mais do que seu braço. Porque seu coração havia estado vazio durante todo esse tempo, porque que valia poderia ter suas emoções, seus sentimentos?

Aqui, no portão, nada disso fazia sentido.

Qualquer coisa – não um grito, como da primeira vez, mas apenas um murmúrio. Mas ele tinha certeza de que o portão maldito iria ouvi-lo. – Qualquer coisa que eu possa lhe dar, em troca do meu irmão de volta.

Por um tênue momento, ele perdeu todas as esperanças. O portão permaneceu imóvel, resoluto, como se decidido a não aceitar a proposta de Edward.

Claro. Ele deveria saber que ele não possuía nada que pudesse igualar o valor de Alphonse...

... ainda assim... não fora uma troca equivalente desde o início. Um corpo e uma perna por um monstro, um braço por uma alma, uma cidade inteira por uma maldita pedra filosofal.

Mas, desta vez, não foi o suficiente, não é mesmo, Edward? – grunhiu Ed, punhos fechados, lágrimas rolando.

Nunca era o suficiente.

E então, o portão se abriu.

Não foi preciso que mãos e braços o puxassem para lá dessa vez – Edward saiu correndo naquela direção, jogando-se dentro do portão como se dizendo que iria até onde Alphonse estava, mesmo que ele se encontrasse nos confins da outra dimensão.

Esperou que arrancassem qualquer coisa dele, que o agarrassem como fizeram da outra vez, e a princípio foi isso que fizeram, mas logo os vultos se afastaram, deixando Edward sozinho no centro da unidade das dimensões.

Não foi preciso esperar muito tempo para ver o que havia provocado aquilo.

Um daqueles vultos, muito maior do que todos os outros, se aproximou de Ed. E, muito embora ele não tivesse olhos ou boca, Edward poderia jurar que ele estava sorrindo.

Não, eu não poderia deixar que esses seres menores se apoderassem de uma coisa preciosa como você, não é mesmo? – voz arrastada, e os outros vultos se encolhem.

Mas Edward não o faz. De repente, Edward está tão, tão terrivelmente cansado. De jogos mentais. De buscas. De tragédias. De conseqüências.

Sim, porque por mais que ele não queira pensar a respeito, ele sabe o que isso vai causar. Uma troca desse tamanho... outro Homunculus. Outra maldita criatura amaldiçoada, vagando pela terra desejando apenas viver ou morrer e não apenas estar perdida entre ambas as coisas.

Mas de repente ele não queria se importar com isso. Tudo o que ele queria era pegar Alphonse de volta e ir para casa.

Pegue – e havia um sorriso no rosto de Edward dessa vez. – Pegue o que puder, se isso puder trazer Alphonse de volta.

E o monstro voltou a sorrir, mesmo sem boca, olhos ou qualquer coisa que pudesse defini-lo como humano... e gargalhou.

E suas gargalhadas ecoaram com os gritos horrorizados de Edward ao perceber o que estava sendo tirado dele em troca de Alphonse.

Racionalmente, uma barganha.

Mas, no fundo, Edward nunca fora uma pessoa racional.

Quem poderia julgar quanto vale uma troca equivalente?


Nota da autora: Sim, eu sei, nada de yaoi no prólogo... mas, ei, é o prólogo, e essa história não se desenvolve na velocidade da luz, então, tenham um pouco de calma, sim? -