Aquela cena repetia-se incessantemente milhares de vezes na cabeça da garota. Seu pai, Sirius, havia sido jogado no véu por sua prima Belatrix, aquela que amava Voldemort. Como o destino poderia ser tão cruel com ela? Agatha gritava agora com tanta raiva quanto havia gritado na hora que aquilo havia acontecido. O que mais a deixara irritada foi que por segundos ela poderia ter salvado seu pai, se ela estivesse estado ali desde o inicio, mas Harry insistiu que seria melhor que não fosse. Claro que foi impossível de fazê-la parar, mas ela chegou mais tarde do que devia.

As janelas do quarto do quarto ano da ala feminina estilhaçavam-se em pedaços para logo depois voltarem ao que eram e se quebrarem novamente, as luzes falhavam como ocorre quando está perto de ter uma queda de luz e coisas voavam contra as paredes enquanto ela gritava.

As lagrimas queimavam seus olhos e uma espada perfurava seu coração milhares de vezes, mas ainda assim ela não morria.

- AGATHA, ABRA ESSA PORTA AGORA OU EU VOU ARROMBÁ-LA. – a voz de Anna, sua melhor amiga, mal chegava ao seus ouvidos. As coisas dentro do quarto quebravam fazendo barulhos altos.

Um barulho foi ouvido de fora e Agatha sentiu-se esgotada, seu corpo não a obedecia mais, ela tentou manter-se em pé, mas foi inútil. Anna e Ivie a seguraram antes que caísse no chão e a levaram para a cama.

Ela mal conseguia se mexer e mal conseguia falar, apenas as lagrimas escorriam molhando seu travesseiro.

- Já vai passar. – dizia Anna, baixinho. Era como se ela estivesse tentando passar remédio na ferida.

- Eu não quero que passe, eu quero poder voltar no tempo e poder salvá-lo. Eu não quero ter que voltar para a Mansão Malfoy e escutar minha tia dizendo que sou a filha bastarda de meu pai e que minha mãe não me quis e que todas as pessoas do mundo sentem apenas pena de mim, que eu sou alguém de existência vazia. Eu quero poder ter novamente o colo do meu pai, suas mãos acariciando meu cabelo... nossos vôos de hipogrifo. – ela murmurava chorando.

- Agatha, - Ivie chamou com voz suave – isso chegou logo depois que partimos, a Lilá entregou pra mim. – ela entregou um embrulho com um bilhete. Agatha pegou e abriu o bilhete de imediato.

"Querida Filha.

Desculpe não ser um pai presente, mas queria te dar isto. Seu aniversário está próximo, mas não consigo esperar. Não se esqueça de quem é e não se esqueça dos marotos. Faça-os presente em cada parte de Hogwarts.

Juro solenemente que não farei nada de bom

Padfoot"

Ela desfez o embrulho sentindo as lágrimas correrem grossas o seu rosto, mas agora estava mais calma e chorava baixinho. Dentro havia um caderno vermelho com letras em dourado escrito "Diário do Maroto". Era uma das relíquias marotas, assim como o mapa. O diário do Maroto havia sido escrito por Sirius e era algo que ela procurara na Mansão Black há alguns anos atrás. Viu os olhos das meninas brilharem mas Anna nada disse.

- Vamos ler ele agora? – perguntou Ivie ansiosa.

- Não estou com cabeça para isso. – respondeu ainda sem vontade de fazer nada. Virou-se para sua cômoda, guardou-o na primeira gaveta e trancou-a com uma chave mágica. – Preciso de um tempo para mim. – saiu pela porta do quarto calada.

- Ela está estranha. – disse Ivie coçando a cabeça.

- Óbvio que ela está estranha, ela acabou de perder o pai. – respondeu Anna irritada dando um tapa na cabeça de Ivie.

Enquanto passava pelo salão comunal da Grifinória sentiu seu braço ser puxado por alguém. Olhou para trás e viu Harry segurando-lhe o pulso.

- Agatha, precisamos conversar. – ele disse em voz baixa e pesada, afrouxando a mão no pulso da garota.

- Não tenho nada para falar com você, Potter. Agora me dá licença, eu não tenho tempo para ficar trocando figurinhas com você. – tentou se soltar da mão dele mas foi impossível.

- Eu também sinto...

- Sente o que? Sabia que eu poderia ter impedido a Belatrix? Sabia que você poderia ao menos ter ouvido quando as pessoas te disseram que poderia ser apenas um sonho e não uma visão real? Teria impedido muita coisa, inclusive a morte do meu pai. – ela por fim se soltou e Harry a viu correr e passar pelo retrato.

- Agatha, espera. – ele saiu correndo atrás dela, viu-a dobrando em um dos corredores e logo depois a perdeu de vista, voltou ao quarto, pegou a capa de invisibilidade, um casaco para ele e outro para ela, a noite estava fria, pegou também o mapa do maroto e saiu. Seguiu Agatha até a entrada do salgueiro com os olhos no mapa, mas logo que chegou lá, embora o nome da garota estivesse lá, não havia ninguém, exceto um cão negro de olhos azuis. Este rosnou para ele e entrou no salgueiro. Harry continuou o seguindo, até o perder em Hogsmeade.

Agatha correu o máximo que pode até conseguir se livrar de Harry. Em pouco tempo já estava dentro do Cabeça-de-javali. Sentou-se no balcão e pediu uma garrafa de Whisky de fogo.

- Você não me parece ter idade para beber. – disse o garçom, que tinha uma cara de velho rabugento.

- De que lhe importa minha idade? Não está interessado nos galeões que tenho no bolso? Traga-me a garrafa.

Em pouco tempo seu pedido foi atendido e ela começou a beber. E depois daquela pediu outra e mais outra até perder a conta de quantas garrafas havia tomado.

Harry procurava Agatha por toda a Hogsmeade, procurou no Três Vassouras e em todos os lugares que ela poderia estar, mas ainda havia um no qual ele não havia procurado e rezava para que ela não estivesse lá, o Cabeça-de-javali.

Ele caminhou até a taverna e viu as luzes acesas, a musica tocando alto e várias vozes tentando falar mais alto que a musica.

- Que tal se fizesse um strip-tease para nós? – ele ouviu uma das vozes gritar.

Harry chegou mais perto e viu Agatha em pé na mesa dançando descontrolada. Ela cambaleava as vezes. Sem pensar duas vezes ele entrou e a agarrou, descendo-a da mesa.

- O que pensa que está fazendo, Potter? – disse ela com a voz bêbada.

- Estou te tirando daqui enquanto é tempo. – respondeu ele.

Harry saiu da taverna agarrado em Agatha de modo que ela não pudesse fugir e em meio aos protestos de vários homens que se divertiam com a pequena apresentação de Agatha.

- Me larga Potter! Não está vendo que eu não quero ir com você? – disse ela tentando se soltar enquanto eles passavam pela porta da casa dos gritos.

- Não vou largar você enquanto não chegarmos a Hogwarts. – ele apertou-a ainda mais o corpo da garota que dava chutes no ar e tentava livrar os braços.

Ela, com dificuldade, conseguiu pegar a varinha mas antes mesmo que pudesse fazer algo ele tomou das mãos dela.

- Isso fica comigo, e é para o seu próprio bem. – disse enquanto guardava a varinha dela dentro do próprio casaco.

Por fim, com muita dificuldade, conseguiram chegar ao Salão Comunal da Grifinória. Harry depositou uma Agatha adormecida uma poltrona e deitou ao seu lado.

- Harry? – ela acordou sonolenta. – Desculpe. – a bebedeira parecia estar passando.

Agatha o viu próximo e sentia como se aqueles olhos verdes brilhantes a estivessem acusando de algo.

- Não tem que pedir desculpas para mim, tem que pedir desculpas para si mesma, afinal foi você que foi exposta e não eu.

- Me sinto muito envergonhada. – ela baixou o rosto.

Harry segurou o seu queixo de modo que ela olhasse dentro dos olhos dele. Ela sentiu como se estivesse hipnotizada por aquelas esmeraldas brilhantes.

- Agatha, preciso te pedir desculpas. – disse ele olhando dentro dos olhos dela. – Eu não queria colocar você e suas amigas em risco.

- Harry... eu estou com tanto frio...

Sentiu Harry a abraçar ficando mais próxima ao rosto dele. O cheiro que vinha dele era algo amadeirado, lembrando resina de madeira, mas de algum modo aquilo era muito bom.

- Harry? – ela chamou e ele imediatamente virou sua atenção para ela. Novamente os olhos verdes estavam a hipnotizando. – Você tem olhos tão bonitos. – sentiu-se aproximar o rosto do dele e seus lábios tocarem nos lábios gelados dele, Harry não esperava por isso, mas ainda assim retribuiu. Os lábios tocavam-se com leveza e Harry podia sentir o gosto ardente do whisky de fogo no hálito dela. A língua dele pediu passagem logo depois, dando aos corpos deles novas sensações, um explorando a boca do outro. Ficaram assim por algum tempo até que sentiram seus corpos exaustos e adormeceram abraçados.

Pouco antes do sol raiar Agatha acordou, sentindo a cabeça pesada e tonta. Desvencilhou-se dos braços de Harry, beijou-lhe os lábios e o acordou.

- Vá para o seu quarto e durma um pouco ou ficará com dor nas costas e então não terei por quem torcer no próximo jogo. – ela sorriu e viu Harry sorrir para ela também.

Os dois saíram do salão e cada um subiu para o seu quarto.

Agatha entrou no quarto das meninas e tentou entrar sem fazer barulho algum. Quando chegou em sua cama viu que havia uma réplica sua deitada em seu lugar. Sorriu, sabia que aquilo era obra de Anna então tirou as roupas e viu a réplica se desfazer ao chegar perto dela. Deitou no lugar em que a réplica estava e ouviu um murmúrio.

- Aonde esteve durante a noite? – era a voz de Anna que murmurava para que ninguém visse.

- Estive por aí, acertando as contas por alguém.

Deitou-se e passou a mão nos lábios ainda sentindo como se estivesse sendo beijada por Harry.