Depois da batalha contra Hades, Athena pediu a Zeus permissão para reviver seus cavaleiros mortos na batalha. Como Athena nunca havia conseguido vencer Hades e sair viva da batalha, Zeus resolveu dar permissão à Athena como um presente. Mas Saga não tinha certeza que essa foi uma decisão muito boa da parte de Zeus. É claro que ele estava grato por estar de volta à vida, mas ele se questionava constantemente se ele realmente merecia ser revivido, afinal, ele se rebelou contra o Santuário, tentou matar Athena, mandou Shura matar Aiolos e ficou 13 anos no poder do Santuário. Saga não sabia se havia sido revivido por vontade da deusa ou para ser torturado por seus pecados. Todos os dias, ele evitava olhar nos olhos dos outros cavaleiros, principalmente os de ouro, recebia olhares negativos, escutava as pessoas cochichando em todos os lugares que passava e, o que era mais doloroso para Saga, as crianças o temiam. Nenhuma criança se quer se aproximava dele. E quando uma, por acidente chegava perto dele, os pais chegavam e a tiravam de perto dele.

Saga evitava ao máximo sair de seu templo por vários motivos, mas Athena insistia que ele tomasse o café da manhã junto com os outros cavaleiros de ouro na sala do Grande Mestre. Mas Saga sempre se atrasava de propósito, para que quando chegasse os outros cavaleiros já tivessem voltado para suas casas. O que sempre o surpreendia era que Camus sempre estava esperando por ele e Kanon. O ruivo nem tocava em sua comida até que os gêmeos chegassem, e isso deixava Saga muito confuso. Kanon não se importava com os olhares, mas Saga sabia que ele também estava sofrendo com isso. O gêmeo mais moço chegava e cumprimentava Camus com muita alegria, afinal, o aquariano era um dos poucos que não tinha receio deles, pegava sua comida e se sentava ao lado do ruivo. Já Saga, dizia um rápido bom dia, pegava seu café da manhã e se sentava em uma mesa no canto do salão. Camus tentava esconder sua decepção e conversava animadamente com o gêmeos mais moço, mas no fundo, não somente ele, mas o próprio Kanon, sentiam-se mal ao ver Saga naquela situação.

Mas hoje foi diferente, Saga deixou Kanon dormindo em Gêmeos, subiu as doze casas enquanto os cavaleiros de ouro ainda dormiam e foi o primeiro a tomar o café da manhã. Quando acabou de fazer seu desjejum, ele se dirigiu até a sala do Grande Mestre. Ele estava com muita vergonha de encarar Shion, afinal, ele o matara sem piedade. Como ele poderia encarar o ariano frente à frente desse jeito? Saga juntou toda a sua coragem e bateu na porta. Não demorou a escutar um "entre" dito por Shion, e com as mão tremendo, Saga abriu a porta. O ariano, que foi revivido com a aparência dos seus dezoito anos, estava sem a máscara e, vendo o geminiano entrar, sorriu para ele de forma calorosa. Neste instante Saga congelou. Como alguém poderia sorrir para o seu próprio assassino? Ele não compreendia, até Shion se pronunciar.

- Saga? Tomou café da manhã bem cedo hoje - O ariano disse sem desfazer o sorriso - Finalmente veio à minha sala. Vamos, não fique de pé, sente-se na poltrona e converse comigo!

- Sim, senhor - O geminiano fez o que o Grande Mestre lhe pediu, ainda receoso.

- Tem algum motivo em especial para vir me procurar, Saga? - O ariano perguntou.

- Eu gostaria de pedir permissão ao senhor para poder me ausentar do santuário por duas semanas - Saga olhou nos olhos de Shion pela primeira vez após serem revividos.

- Sua ausência tem algo a ver com a convivência com os cavaleiros de ouro? - Shion pode ver a tristeza e o arrependimento nos olhos de Saga.

- Não senhor - Saga negou - Apenas fui informado de um acontecimento paralelo ao Santuário que precisa da minha presença.

- Bom - Shion pensou por alguns instantes e se lembrou que há alguns dias, depois que Camus veio lhe perguntar se Saga havia vindo falar com ele recentemente e revelou que gostaria de ajudar o amigo, deu ao ariano uma ideia - A única condição é que leve Camus junto com você.

-Perdão, senhor, mas não acho que seja necessário - Saga estremeceu ao pensar em ter que convidar Camus para algo tão... proibido - Não vou me ausentar por muito tempo e nem pretendo me afastar muito do Santuário.

- Mas eu insisto - O ariano disse rapidamente - Leve Camus com você ou não poderei permitir que deixe o Santuário, Saga - Neste momento o rosto do geminiano perdeu a cor - Acredite em mim, é para o seu próprio bem.

- Eu entendo - Saga se recompôs - Mas e se ele recusar?

-Ele não vai recusar - Shion respondeu rapidamente - E não diga a ele que fui eu que o mandou convidá-lo.

-Sim, senhor - Saga se curvou - Tenho permissão pra partir então?

-Sim - O ariano respondeu e voltou a sorrir para o homem de cabelos azuis.

-Muito obrigado - Saga fez suas ultimas reverências - Com licença.

- Boa viagem - Shion lhe disse sorrindo.

- Muito obrigado novamente, senhor - E se retirou, fechando a porta logo atrás de si.

-Algo me diz que o grande Saga de Gêmeos vai voltar completamente diferente dessa viagem... - Shion disse à si mesmo.

Saga guardou sua armadura na urna, colocou uma calça jeans escura, um par de botas pretas, uma camisa branca, um sobretudo preto e pra finalizar, uma gravata preta. Quando saiu do closet com a vestimenta que usava quando não estava de armadura, Saga viu que todos os cavaleiros de ouro estavam tomando seu café da manhã, e Camus, como sempre, estava sentado à mesa sem comer um pedaço de pão se quer. O geminiano mais velho disse um rápido bom dia a todos e se sentou em seu lugar de costume. Os outros cavaleiros não entendiam o motivo de Saga estar lá tão cedo, o porque de Kanon não estar com ele e muito menos o motivo de ele não estar trajando sua armadura. Camus estava surpreso e confuso ao mesmo tempo, sem saber o que fazer. O ruivo não sabia se tentava falar com o geminiano ou se ficava onde está. Ele optou por juntar toda a sua coragem e ir sentar-se junto de Saga. Camus pegou seu café da manhã e se sentou em frente ao geminiano, o que deixou o mesmo confuso.

-Bom dia, Saga - Camus o cumprimentou tentando esconder o pequeno rubor que se formava em suas bochechas.

-Bom dia, Camus - Saga respondeu um pouco inseguro.

-Está tudo bem? Você e Kanon são sempre os últimos a vir tomar café. Aconteceu alguma coisa? - O aquariano perguntou preocupado.

-Está tudo bem sim, eu só precisei falar com o Grande Mestre, por isso me adiantei - Saga respondeu sem encarar Camus - Kanon deve estar dormindo.

-Hum... Entendo - Camus disse enquanto comia um pedaço de pão - Já comeu?

-Já sim - Mas Saga havia comido muito pouco e devorado tudo muito depressa e seu estômago não deixou esse detalhe passar, fazendo um típico barulho de fome, o que deixou o homem de cabelos azuis com muita vergonha - Haha, acho que não me alimentei direito... - Saga deu aquele seu típico sorriso envergonhado e passou a mão por seus cabelos fartos.

Neste momento, o coração de Camus havia disparado. Ao ver a expressão envergonhada de Saga, o ruivo só consegui pensar "Que lindo!". Então, ainda meio entorpecido pelos sentimentos profanos que sentia, mas sabia que não deveria sentar por Saga, ele inclinou seu corpo um sobre a mesa e colocou um pedaço de pão na boca do geminiano, deixando o já envergonhado Saga completamente vermelho.

Ainda confuso com a ação de Camus, Saga abriu um pouco mais a boca, para que Camus terminasse de colocar a pequena fatia de pão em sua boca, o que ele fez rapidamente. O geminiano mastigou, engoliu e sorriu de uma forma que não fazia a muito tempo.

-Muito obrigado Camus - Saga disse sorrindo, o que deixou o ruivo ainda mais apaixonado por ele - Estava muito bom.

-Obrigado - Camus retribuiu o sorriso - Quer mais?

-Sim, obrigado - Quando Saga estava prestes a estender a mão para que o aquariano depositasse o alimento nela, Camus colocou uma pequena fatia de mamão na boca do geminiano, que, envergonhado, comeu.

Todos os outros cavaleiros de ouros sentados a mesa estavam observando os dois confusos. Camus estava realmente dando comida na boca de Saga, o mais misterioso de todos os cavaleiros de ouro. Miro estava feliz, pois o ruivo já havia lhe contado sobre os sentimentos profanos que nutria por Saga, já os outros, que já tinham percebido que Camus nutria algum tipo de sentimento por Saga, agora tinham certeza, afinal, o aquariano parecia realmente feliz enquanto alimentava Saga.

-Parece que o Cubinho de Gelo tá chegando lá hahahaha - Miro comentava baixinho com os amigos.

-Aposto que o Saga é cabeça dura demais pra perceber que o Sorvetinho do Santuário é louco por ele hahahahaha - Aldebaran comentou.

-Verdade hehehehehe Ele não deve estar entendendo nada e também não está argumentando pra não deixar o Happy Feet chateado! - Death Mask disse sorrindo.

-Dá pra parar de discutir o destino do Pinguim do Santuário e do Mister M.? Eu to tentando ver se eles estão falando alguma coisa! - Shaka, que a essa altura já estava com os olhos abertos e se concentrando em ouvir o que os dois cavaleiros de ouro estavam conversando, esbravejou baixo com os homens ao seu lado.

Saga já havia comido pão, mamão, melão, bolachas de todo quanto é jeito, queijo fresco, goiabada e várias frutas, já havia até se acostumado com Camus lhe dando comida na boca. Quando o geminiano reparou que a comida de Camus estava acabando, resolveu falar que já estava satisfeito, e que era para o francês terminar de comer seu café, mas ele acabou por se adiantar e fechar a boca no momento em que Camus estava colocando um pedaço de pão em sua boa, fazendo seus lábios tocarem nos dedos do francês, que corou na hora.

-Muito obrigado Camus, já estou satisfeito - Saga disse mastigando o pão, sem saber que o pequeno toque de seus lábios nos dedos do francês deixara o mesmo ainda mais apaixonado por ele.

-Não foi nada, Saga - Camus escondia o rubor de suas bochechas - Tudo por você... - Ele adicionou baixinho, o que não passou despercebido pelo envergonhado Saga.

-Hum... Bom, Camus, eu tenho um pedido a lhe fazer - Saga começou sem jeito.

-Pois fale - Camus sorriu.

-Poderia me acompanhar em uma viagem de duas semanas? Eu tenho uns assuntos a resolver em um lugar perto daqui e gostaria que você me acompanhasse - Saga tentou ser o mais educado possível.

-Cla-cla-claro Saga! Seria uma honra! - Ele respondeu com o rosto corado - Quando partimos?

-Daqui a uma hora, se possível - Saga disse olhando para o relógio - Eu ainda tenho que acordar o Kanon pra avisar e deixar algumas tarefas para aquele animal cumprir haha - O geminiano sorriu.

-Ele não vai conosco? - Camus perguntou surpreso.

-Não, vamos só eu e você - Saga disse sorridente e se virou - Vou avisá-lo e passo em Aquário para te buscar em uma hora! - Saga saiu correndo com a urna da armadura, deixando para trás um Camus feliz, completamente envergonhado e com muitas, muitas esperanças de finalmente se declarar para o seu geminiano tão querido.