7VERSE : SETE VIDAS

SETE VIDAS VIDA 7 : UM BOM NEGÓCIO

vida 7 CAPÍTULO 1

QUERIDO IRMÃO

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SINOPSE:

Preso a uma cama, horrivelmente mutilado, é oferecida a Dean a chance de ter sua vida de volta: vendendo sua alma a Azazel.


ANTES

(Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA ZERO)

Sam e Dean chegam à cidadezinha de La Grande, no estado americano do Oregon, para investigar um caso de fantasma vingativo e descobrem uma série de mortes associadas a bizarras coincidências.

Dean conclui que o Trickster é o responsável pelas mortes e decide romper o acordo que Sam fizera de não voltarem a persegui-lo se ele trouxesse Dean de volta à vida (episódio 3x11).

O Trickster se irrita quando Dean insiste em dizer que vai detê-lo, diz que NÃO GOSTA DA POSE DE MACHÃO do Dean e avisa que isso VAI MUDAR.

Numa realidade alterada (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 1), Dean é um heterossexual que usa calcinha e pinta as unhas dos pés de vermelho. Como é fácil de imaginar, isso não acaba bem.

Em outra realidade (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 2), Dean é Diana, que paga o preço de ser uma Winchester obrigando-se a viver longe do marido Luke e do filho Benjamin. Mas, nem eles nem ninguém está a salvo do distorcido senso de humor do Trickster. Num jogo de vida ou morte, as mortes se sucedem e Diana corre o risco de perder todos que ama.

Numa terceira realidade (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 3), Dean é gay, embora esconda sua condição sexual da comunidade de caçadores. John está vivo e se dedica de forma obsessiva a matar o demônio responsável pela morte de Mary. Inexplicavelmente, Dean não está do lado do pai nesta cruzada. Pelo contrário, ele protege o assassino da mãe. Em meio a todos esses problemas, Dean busca algo mais que simples noites de sexo e parece ter finalmente encontrado alguém especial.

Na realidade 4, a intervenção desastrada do Trickster condenou o planeta à destruição (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 4). É Benjamin quem precisa abrir mão da própria existência para corrigir o rumo da vida de Dean e salvar o mundo.

Um mal antigo e impiedoso se esconde em La Grande e isso atrai os irmãos Adam e Sam Winchester à cidade. Um garoto inocente foi morto e o monstro que o devorou e assumiu sua identidade está à solta. E, agora, as maquinações do Trickster fizeram que a alma de Dean Winchester ocupasse o corpo deste monstro. Para sobreviver, Dean tem que combater os irmãos e controlar os instintos assassinos de seu monstro interior (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 5).

Numa realidade onde os Winchester são personagens de ficção de um seriado de TV, Dean enfrenta a terrível ameaça de Jay Padalecki com seus abraços e sorrisos (Leia na FIC SETE VIDAS - VIDA 6).

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Em termos de cronologia, esta fic se situa em algum momento entre o episódio 3x11 (Mystery Spot) e a ida de Dean para o Inferno no episódio 3x16. Essa fic se passa no universo ficcional da série Supernatural. Pense nela como um episódio que não foi ao ar. O ano é 2008.

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AGORA

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– Sam, deixa o laptop aí quietinho e vamos. Amanhã a gente trata disso. Eu quero ver gente viva. Dois banhos e parece que ainda estou cheirando a túmulo.

Sam olha para um pequeno despertador na mesa de cabeceira entre as duas camas de solteiro do quarto de motel. Exatamente 21:03.

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21:03.

O cenário muda. Dean sente a vista escurecer. Sentia-se estranho, como se estivesse dopado. Uma sensação de fraqueza extrema e também de desorientação. Foi preciso reunir muita força de vontade para voltar a abrir os olhos. Com a visão ainda desfocada, perscruta o ambiente. Nada muito revelador. As luzes estavam apagadas e parecia não haver muito a ser visto. Exausto, voltou a fechar os olhos.

Onde estava? Imaginou que estivesse em um quarto de motel como os que funcionaram como portas de entrada nas outras realidades. Mas, se realmente estava em um quarto de motel, era uma espelunca ainda pior que as piores de que se lembrava. Já se hospedara em estabelecimentos de quinta categoria, mas este parecia ser de longe o pior de todos os que estivera. Um quarto pequeno e opressivo. Parecia limitado à cama e à mesinha de cabeceira ao lado. O colchão estava deformado e não oferecia o mínimo conforto. O ambiente tinha um cheiro desagradável de mofo e urina. E o cheiro parecia vir em grande parte do travesseiro e do colchão em que estava deitado. A manta que o cobria tinha uma textura áspera e parecia imunda.

Estava deitado e sentia-se desconfortável naquela posição. Dean tenta reunir suas reservas de força para erguer-se da cama, mas não consegue. O mais estranho, é que não está amarrado. Não que saiba. Não sente seus braços. Nem suas pernas. Simplesmente não consegue se erguer. O máximo que consegue é girar o pescoço. Tenta não pensar no que isso significa. Ia ser difícil agora que sua mente começava a clarear. Parecia que ia ter muito tempo para refletir sobre sua atual condição.

Primeiro veio a consciência de que estava com sede. Muita sede. Sua boca estava seca. Seus lábios estavam rachados. Já fora aprisionado antes sem água. Sabe que está sem beber nada há pelo menos vinte e quatro horas. Precisava chamar a atenção de alguém ou acabaria morrendo. Faz força para falar, mas sente a garganta dolorosamente afetada. Como quem gritou até ficar complemente sem voz.

Fome. Sentia fome também. Muita. Aparentemente fora deixado ali para morrer. Quem e por quê? Estava indefeso. Enfraquecido. Incapaz de oferecer resistência. Era só chegar e matá-lo. Simples. Mas alguém queria mais que simplesmente matá-lo. Queria torturá-lo. Torturá-lo pela sede, pela fome e pelo frio.

Sim, frio. Sentia frio também, percebia agora. Estava vestido, mas não estava adequadamente agasalhado. As janelas estavam bem fechadas, mas estava num lugar frio. Oregon, talvez. Salvo sua última parada, Vancouver, em todas as outras vezes surgira em La Grande. É onde estava?

Não custava nada aparecer alguém. Nem que fosse apenas para lhe dizer o lugar onde morreria. Gostaria de saber, mesmo que a informação não fosse lhe servir de nada.

Em resposta às suas preces não formuladas, a porta se abre e a luz é acesa. Seus olhos se ressentem após tantas horas no escuro. Dean percebe, com sua visão periférica, que trata-se de um homem alto, muito alto. O homem, impecavelmente vestido num terno elegante, entra em seu campo de visão. Está de óculos escuros, mas tira os óculos e o encara, sorridente. Um sorriso que tenta parecer amigável, mas que é claramente forçado.

– Oi, mano. Tudo bem com você?

' - Sam? Como assim "tudo bem com você?". Eu PAREÇO estar bem? É claro que NÃO ESTOU bem. Fui deixado sozinho no escuro com sede, fome e frio. O que há de errado com você, Sam? Essas roupas ... '

Aquelas roupas eram o sinal mais visível de que algo estava MUITO errado. Roupas caras. Esse Sam queria ostentar riqueza. Nunca vira o irmão dar importância a roupas antes. Uma grossa aliança de ouro na mão esquerda. Sam era casado? Aonde viera parar desta vez? Quem era esse Sam?

Sam pega uma jarra com água, enche um copo e vai na direção de Dean. Senta na beirada da cama, de forma displicente, com o copo na mão. Dean engole em seco, os olhos fixos no copo. Hipnotizado pelo copo e ansiando por aquela água. Salivaria se sua boca não estivesse tão seca. Sam sorri para ele. Olhava diretamente para seus olhos, mas fingia não notar o olhar suplicante de Dean. Abre, então, um sorriso generoso e leva o copo aos lábios. Bebe a água, com calma, saboreando cada gole. Como um ator num comercial de refrigerante. Ao final, estica o braço e coloca o copo vazio na mesa de cabeceira, ao lado da cama de solteiro em que Dean está deitado.

– Eu estava mesmo com sede.

Dean queria gritar. Queria socar o irmão. O FDP sabia que ELE estava com sede, literalmente morrendo de sede, e, mesmo assim, o sacana ficava curtindo com a cara dele. Não queria acreditar em algo assim vindo do irmão.

– O melhor é você beber o menos possível, Dean. Você não tem condições de ir sozinho ao banheiro e seria muito constrangedor para mim, como seu irmão, tocar você em um lugar tão íntimo. Não precisa falar nada. Sei que me entende e concorda comigo. Estou vendo que você está ÓTIMO. Fico muito contente. Estou feliz de que esteja tão bem. Vou indo. Não vou ficar aqui, incomodando você. Descanse bastante. Se puder, volto amanhã para ver como você está. Sabe que tenho uma agenda apertada. Estou prestes a fechar um grande negócio. Coisa realmente GRANDE. Fica bem, maninho. Te amo.

Dean nem percebe que lágrimas silenciosas escapam de seus olhos, sem que ele pudesse usar as mãos para secá-las. O detalhe não escapou a Sam, que, já fora do campo de visão de Dean, não disfarça o sorriso de satisfação.

' - Bastardo cínico. FDP. O que aconteceu com você, Sam? O que fez você se transformar neste monstro? Porque está fazendo isso comigo? O que aconteceu comigo? Porque eu não consigo me mexer? '

Sam sai, trancando a porta e desligando a luz. Dean fica ali, atormentado, sem descobrir se o que o incomodava mais era a terrível sede ou a atitude indiferente do irmão.

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DISCLAIMER:

Dean e Sam Winchester e o Trickster (Gabriel) são criações geniais de Eric Kripke, mas serão respeitosamente reinventados por mim. Sete Vidas. Sete diferentes Deans. Todos muito diferentes do que você conhece.


ESCLARECIMENTO:

A leitura prévia das VIDAS (fics) anteriores não é essencial para o entendimento dessa história, que pode ser lida como uma história fechada completa em si mesma. Mas, recomendo que as leia, já que as sete VIDAS são encadeadas e formam uma história maior. O PLANO DA OBRA é apresentado no capítulo 3.


14.04.2014