Prólogo
Seus olhos eram tão claros e sombrios ao mesmo tempo que a confundiam. Eram da cor da neblina, mesmo que a neblina não tivesse uma cor fixa, era como ela o descrevia. Aqueles olhos a faziam se perder completamente. Ela corria por aquela estrada por entre as brumas respirando com dificuldade e desespero. Os únicos sons se resumiam no dos seus passos apressados e no daquela voz arrepiante chamando-lhe o nome: "Winona, Winona..." ela corria desse chamado com ainda mais desespero tropeçando por vezes na própria angústia e quando a voz parecera chegar ainda mais perto do seu ouvido ela desperta.
Reth Buttler jogara a pilha de pastas em cima de sua mesa de mogno fazendo ecoar um barulho arrebatador por todo o seu escritório. Jogara-se em sua cadeira de forma desleixada deixando suas pernas tomarem conta da mesa jogando seu pescoço para trás de forma exausta. Ouvira alguém bater na porta e abrira o par de olhos cinzas para o teto e com impaciência dera permissão para que entrassem.
- Sr. Buttler. - Dissera um homem de bigode e aparentemente velho demais para tratar Reth Bluttler com tamanho respeito. - É a srta. O´Hara, que você mandou chamar. Ela já está aqui. - "finalmente uma notícia produtiva", pensara Buttler sentando-se ansioso em sua cadeira de forma mais comportada.
- Ótimo! Mande que entre. Agora! Vai Brian. - dissera Buttler não conseguindo disfarçar sua ansiedade e logo tentando disfarçar com um olhar mais superior. Logo o homem saíra e dali a alguns segundos aparecera uma mulher magra e não muito alta de pele muito branca, cabelos muito curtos e negros e olhar tão negro quanto. Ela olhara tudo em volta do Escritório com um certo interesse. Buttler logo se levantara e analisara a mulher de cima a baixo com um certo desdém como fazia com todos. A mulher não gostara do olhar arrogante daquele homem, mas preferira por não dizer nada desviando apenas o olhar. - Srta. O´Hara. - dissera Buttler forçando-se a sorrir e usar um tom mais cavalheiresco do que estava acostumado. - É ótimo vê-la aqui no Departamento de Mistérios, como foi sua viagem? - perguntara Buttler indicando a cadeira a frente para a mulher e sentando-se novamente. A mulher sentara na cadeira e demorara um pouco para responder.
- Foi boa. Eu nunca havia vindo a Londres antes. - dissera ela simplesmente.
- Em Nova Iorque também já parou de nevar? - perguntara Buttler com um falso sorriso para a mulher que o olhara de forma séria e nada amigável.
- Sim. - dissera O´Hara de forma seca. Reth estalara uma irritação no maxilar pensando no tipo de gentinha com que tinha que lidar e depois de um tempo em silêncio ele batera as mãos de forma animada.
- Muito Bem então, vamos direto ao assunto. - dissera ele puxando as pastas para seu alcance e analisando-as enquanto falava com ela. - Bem... o seu nome todo...
- Winona O´Hara.
- Ótimo. Bem srta O´Hara, eu a chamei aqui porque preciso de sua ajuda no meu novo caso aqui no Departamento de Mistérios. Eu fiquei encarregado do caso da Seita Morsmordre e eu creio a senhorita deve conhecer muito bem...
- Não, não conheço. - cortara a mulher de forma simples. Reth sorrira com irritação para a moça tentando segurar seus impulsos e manter a educação perante aquela ignorante.
- Bem... O caso é sobre um grupo de bruxos adolescentes que a trinta anos atrás criaram uma seita chamada "Clube das Rivalidades". Uma seita que se resumia entre membros que mantinham rivalidades entre si e que desafiavam uns aos outros a tarefas que provassem sua coragem, bravura ou superioridade. Bem na verdade eles não criaram essa seita, a seita já havia existido à alguns séculos atrás por outros bruxos, eles na verdade apenas se interessaram pela a história e tentaram repeti-la. E como da primeira vez, o grupo resultou em desgraças e mortes. Sendo que da última vez ainda resultou com o fechamento eterno da antiga escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. - Reth contara toda a história com indiferença como se contasse o capítulo de uma novela enquanto Winona ainda registrava aquela estranha e trágica história.
- Porque é chamado Caso da Seita Morsmordre?
- Ah bem... Morsmordre era o feitiço usado pelos antigos Comensais da Morte, na guerra de Voldemort para conjurarem a marca negra. A marca de Voldemort. E como o caso da seita se passou depois do fim da guerra, logo no fim para ser mais exato, quando os garotos foram capturados e a história revelada eles foram chamados pela comunidade bruxa de seguidores de Lord Voldemort, ou seguidores da Marca Negra, até de fato virarem os Jovens Morsmordre ou os Jovens da Seita Morsmordre. Não que de fato eles fossem adoradores fiéis do falecido Lorde das Trevas, eu pelo menos não acredito que fossem... - dizia Butler ainda na sua indiferença - Mas com o fim da guerra, qualquer coisa ligada a artes das Trevas se tornava vestígios de Lord Voldemort. Na minha opinião não se tratava de nada mais, nada menos que jovens inconseqüentes bruxos com uma pequena adoração para as artes das Trevas. Só. Mas essa é claro, a minha opinião.
- É uma... uma triste história... - dissera Winona de forma pensativa de fato visivelmente comovida, Reth achara mais esse fato engraçado.
- Todos os casos nesse departamento são.
- Você disse que precisava da minha ajuda.
- Pois é, acontece que eu fui informado dos seus poderes psíquicos e... - ele parara para conferir algo numa pasta. - Por que nunca entrou para uma escola de magia?
- Por que? Bem... porque eu não sou bruxa. - dissera a mulher como se aquilo fosse óbvio, Reth dera um suspiro contrariado de fato não querendo acreditar naquele fato.
- O que? Desculpe acho que não ouvi direito...
- Eu não sou bruxa. Sou mestiça, mas não possuo poderes mágicos. - dissera a mulher de forma indiferente.
- O que quer dizer é que é... um aborto? - a mulher rira de lado de forma sarcástica, obviamente não gostando do termo que ele usara.
- Não sabia que era assim como vocês chamavam. - Reth respirara pesadamente olhando para os lados com vontade de explodir todos aqueles miseráveis do Departamento de Mistérios que trabalhavam pra ele que não faziam merda nenhum direito, nem conseguiam dar todas as informações necessárias.
- É, isso de fato me pegou de surpresa. Mas, continuando... Você de fato tem uma espécie de dom psíquico, não tem?
- Sim, eu... bem... consigo ter visões passadas em determinadas situações.
- Muito bem, você como aborto tem muitas informações do mundo mágico creio eu, nunca pensou por exemplo, com esse dom... trabalhar para o departamento de mistérios?
- E ser explorada pelo ministério da magia? Não, obrigada.
- Hum... - resmungara Reth vendo que aquela conversa não estava seguindo um rumo perfeitamente bom. - Entendo... Acontece srta. O´Hara que eu ainda preciso da sua ajuda psíquica nesse caso, pode não trabalhar para o departamento de ministérios, mas continuo precisando que trabalhe pra mim. - A mulher rira do comentário do homem de cabelos castanhos claros.
- Não estou interessada.
- Gostaria de receber em moeda bruxa ou dinheiro trouxa? Dinheiro trouxa eu suponho...
- Eu não estou interessa...
- Eu pago trezentos dólares à hora pelos seus serviços. - Winona deixara seu queixo cair consideravelmente em espanto.
- O ministério me pagaria isso?
- Não, eu pagaria. Como eu disse não é para o ministério ou departamento que está trabalhando, e sim pra mim. - A mulher suspirara espantada por aquela quantia absurda da qual nunca sonhara em receber olhando em volta registrando a insanidade daquele bruxo. - Então? Temos um acordo?
- E o que eu teria de fazer, exatamente?
- Pegar o depoimento de um dos integrantes da Seita Morsmordre, usar seus poderes para ver o passado dele, o que de fato aconteceu... creio que você só consiga ver o passado de alguém com os depoimentos do dito cujo...
- Peraí, peraí... Um dos integrantes da seita? Achei que estivessem todos mortos. - dissera a mulher não acreditando em mais aquele fato.
- Não, de fato um deles está vivo e encontra-se em Azkaban, prisão dos bruxos.
- Eu sei o que é Azkaban. - dissera a mulher entredentes, ele a ignorara.
- Pena Perpétua. - a mulher franzira o cenho e acenara afirmativamente com a cabeça registrando aquilo.
- E por que você mesmo não faz isso? Não tem algum feitiço para invadir o mente ou o passado das pessoas que poderia usar? - Pela primeira vez Reth deixara um sorriso divertido espalhar-se por seus lábios, primeira vez pensara que aquela mulher não parecia ser tão tola assim.
- Por curiosidade do destino a mente do prisioneiro é impenetrável, impossível de ser lida por qualquer tipo de magia. E olha que muitas foram usadas, porém sem resultados. Ele tem uma resistência incrível, apesar da sua longa estadia em Azkaban. Tão incrível que repelia até mesmo soros da verdade, inacreditável mesmo.
- Por que "curiosidade do destino"?
- Bem é que... O prisioneiro 5.490, como é chamado... Sempre fora um péssimo Oclumentista, todos sabiam disso porque na Guerra de Voldemort sempre fora pública a sua vida. Na verdade o próprio Voldemort usufruíra dessa sua falha, tentando se apossar da mente dele, teve sucesso por um tempo.
- Ele lutou contra Voldemort na guerra?
- Pra falar a verdade fora ele quem o derrotara. - a mulher abrira a boca mais uma vez de forma pasma, já registrando de quem o homem falava. - É o ministério mantém em Azakaban o salvador do mundo mágico. Intrigante, não? - perguntara o homem de forma sarcástica. - Por isso acho meio insano concluir que o "garoto" que lutou contra Lord Voldmort fosse se tornar posteriormente um seguidor dele.
- Harry Potter... - concluíra a mulher. Buttler apenas apontara o dedo pra ela meio que dizendo "Acertou".
- De qualquer forma, eu não posso pisar em Azkaban... - Reth torcera o nariz não muito satisfeito por ter de revelar aquilo. - Ex-presidiários não podem pisar em Azkaban, por mais que minha estadia lá não tenho sido muito longa. Um dos maiores erros do ministério após o fim da guerra de Voldemort foi manter os Dementadores como guardas de Azkaban. Isso torna a visita de ex-detentos impossível, quase fatal se quer saber. Não que eu esteja realmente com saudades de lá, sabe?
- Mas por que querem reabrir o caso agora? Digo, essa guerra foi a mais de trinta anos atrás, foi antes do meu tempo e creio eu, antes do seu também.
- Alguns casos precisam ser reabertos posteriormente, esse em especial nunca fora finalizado... muitas mortes e condenações sem a devida explicação, sem contar com dois foragidos. Mas naquela época o ministério tava mais preocupado em punir do que com qualquer outra coisa.
- E o Potter nunca revelou nada...
- Até agora! - dissera Reth animadamente apontando para Winona. - Como eu disse essa tarefa está além de nossas possibilidades mágicas, mas você... bem você é...
- Se me chamar de aborto mais uma vez... - dissera a mulher ameaçadoramente, o homem sorrira.
- Você... usufrui de dons diferentes que podem me ser realmente muito úteis nesse caso. Custa nada tentar não é mesmo. Afinal não se trata de um feitiço em si.
- Bem... quando eu me encontraria com ele? - Reth abrira um sorriso satisfeito, um sorriso que arrepiara de leve a mulher.
- Eu te levarei até os portões de Azkaban pela manhã, enquanto trabalha comigo te abrigarei na minha casa.
- Por que não um hotel? - Reth revirara os olhos já se cansando da quantidade de perguntas daquela garota.
- Por que minha cara, o ministro da magia ainda não está ciente da sua participação no meu caso, e até que eu saiba que isso não me trará problemas como uma nova passagem só de ida para Azkaban eu prefiro de manter sob sigilo. Isso é um problema para você? - perguntara ele já de forma brusca. A mulher dera um meio sorriso se divertindo com o tom finalmente sincero e agressivo do homem e respondera.
- Sob sigilo. Muito bem... quinhentos dólares à hora.
