Arashi Kaminari
Prólogo
Desde cedo aprendi que a beleza é quem move o mundo. Pelo menos o das mulheres. Você pode ter um belo cérebro, mas não vai adiantar nada se você não tiver um belo par de seios ou apenas um belo par de pernas abertas. Desculpe minha sinceridade, mas o mundo gira nesse contexto, então conviva com isso.
Euzinha preferi me precaver e com a ajudinha dos genes maternos e da inteligência paterna, uni o útil ao agradável. Auto coloquei-me no grupo das intocáveis. Mal eu sabia a furada em que eu estava me metendo...
Era considerada uma das mulheres mais cobiçadas do colégio, junto com aquela desmiolada da Maroon e a valentona da Dezesseis – não me olhem assim. Não estou a chamando de rapazinho, mas se você acha comum uma loira, com um corpo razoável e belos olhos azuis, quebrando dezesseis caras na porrada, só porque eles estavam "perto demais" dela na pista de dança, você não deve ser desse mundo. Após o episódio começaram a chamá-la assim e não me pergunte o nome de batismo, porque acho que nem por meio de fofoca eu descobriria.
Acredite ou não, já cheguei a ser tarada pelo irmão mais novo de um ex-veterano do colégio, o Raditz. Hoje em dia, eu e o irmão dele, o Goku, nos damos muito bem. Posso dizer que é meu melhor amigo, mas na época nada o livrou de umas belas porradas minhas.
Pois então, sendo quem sou, eu não poderia mostrar apenas atributos físicos, senão começariam a especular dúvidas sobre minha inteligência. Uma coisa que eu abomino. Lembro de até a sétima série viver enfiada em livros e tudo mais, apenas para não me verem somente como a herdeira da Corporação Cápsula. Eu queria que lembrassem de mim e não do meu pai a me preceder. Tal ato me levou a Era das Trevas do meu passado, mas dessa época não curto falar muito.
Mas onde eu estava mesmo? Ah sim! Sobre o fato d´eu ser inteligente. Adicionem um super na frente.
No meu primeiro ano, um professor passou um dever que deveria ser apresentado como um seminário na semana seguinte. Eu estava de castigo por ter ido à uma festa sem a permissão dos meus pais e ter sido presa, vagando no parque municipal fechado de madrugada. Mas isso não vem ao caso. O problema é que eu não teria como fazer o trabalho. Sem falar que era somente eu para fazer, já que desde o início do ano letivo, eu havia deixado bem claro para todos que eu faria sozinha todos os trabalhos que fossem dados.
Minha nota não estava lá grandes coisas em química. Nos últimos tempos, eu só vinha tirando nove e até um oito vírgula quatro eu havia conseguido, mas não queria me acomodar. Meu pai sempre dizia que depois de uma média baixa, vem o baque. Se você não se recupera, é porque já desistiu. E se há uma palavra que não existe na família Briefs é desistência.
Fazendo a varredura de títulos que pudessem me ajudar na biblioteca da escola, encontrei o nerd da minha sala, sentado ao fundo, lendo como um condenado uns três livros, quase que simultaneamente. Passei por ele e brinquei sobre o empenho dele. O rapaz ficou tão sem graça, que a cor do rosto dele empatou com a cor da minha saia, que era vermelha.
Achei tão fofo, que me auto convidei a sentar com ele. Creio que meio colégio que estava na biblioteca na hora, deve ter achado que eu estava começando a variar. Não dei bola e tentei puxar assunto, mas a cada palavra ou brincadeira maliciosa, ele ficava mais sem graça.
Três dias depois, Yamcha – esse era o nome dele – já falava comigo sem gaguejar, apesar de não conseguir sustentar o olhar enquanto conversava comigo.
Resolvemos fazer o trabalho junto e no fim, conseguimos a nota máxima. No auge da minha felicidade, dei um selinho nele. Yamcha ficou tão sem graça, que fugiu de mim por quase um mês. Quando voltamos a nos falar normalmente, começamos a fazer programas de amigos; sair para almoçar, dar uma volta no shopping, ele ir lá em casa ver um filme, essas coisas. Não demorou muito e começamos a namorar. Yamcha era tudo o que meu pai sempre desejou para genro.
Pena. As coisas não aconteceram como deveriam ter acontecido.
Uns anos depois, quando eu estava terminando a minha faculdade, descobri que o cordeiro que um dia meu namorado havia sido, há muito havia desaparecido. Ele me traiu na cara dura, com a vaca da Gio. Apelido. É óbvio. Ou você acha que alguém merece ser chamada de Gioconda? Por Kami-Sama. Nem mesmo aquela vaca merece, mas uma coisa ela merecia, merecia morrer entalada, de joelhos no cinema, com o #& daquele ordinário na boca. Afinal, ela estava gostando quando os achei, não estava?
10 de janeiro de 2007
