Medo
Por Gabriela Baião
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Foi tudo tão rápido, trágico, que nem tive tempo de piscar quanto mais de reagir. Fiquei estática de tanto medo de morrer e o pior é que nem sabia por que, toda pessoa morre algum dia, algumas mais cedo que outras, achei que quando ficasse de cara com a senhora de preto – ou no meu caso em particular,um psicopata assassino de casaco esportivo – não sentiria medo por ter esse minhas pernas bambas revelam a verdade:sou uma medrosa.
Não sei se foi à adrenalina em meu sangue ou o grito ensurdecedor de Neji que me deixaram assim; apenas fiquei, parada, como uma criança assustada que não sai da cama por medo do bicho-papão. Eu podia sentir cada pelo de meu corpo se arrepiando,podia ouvir cada batida rápida que meu coração dava,podia encharcar uma toalha com tanto suor que meu corpo exalava, só não podia mexer as pernas para poder sair dali.
Ele vinha em minha direção, deixando para trás o corpo inerte de Neji no chão, com um corte na jugular que esbanjava sangue. Eu queria correr,mas meu corpo não reagia,parecia que meu cérebro se recusava a dar os comandos para minhas pernas, parecia, no momento, que ele queria que eu morresse.
A cada passo que ele dava, senti que minha vida ficava escassa à medida que o ar estancava em meus pulmões, paralisados de medo. Meu sangue se formou gelo nas veias quando seus dedos delgados tocaram minha face tremula. Eu gemi.
Fiquei impressionada comigo mesma com a grande capacidade que eu tinha para tremer. Eu ia morrer, sabia que iria morrer, sabia que iria morrer no fio do machado daquele desgraçado.
-Com medo, hime? – Sua voz grossa e gélida me causou um arrepio na espinha. Sádico, irônico, cruel. Nem em meus piores pesadelos imaginaria alguém assim. – Não se preocupe, serei rápido.
Um pequeno suspiro de alívio brotou de meus lábios.
Ele riu.
Cretino.
Naquele momento, uma luz de insensatez clareou minha mente.
Juntei força, e perguntei:
-Nenhum ul-ultimo pedido? – Gaguejei no final, vendo aqueles olhos rubis me avaliarem com desejo por debaixo da franja negra.
-Acho que você merece, por não fugir... - Seus olhos focaram em outro ponto, à esquerda e acima de mim, estava pensando – E qual seria hime?
-Po-poderia saber seu nome? – Pode parecer loucura, mas no momento me pareceu importante saber o nome daquele assassino de olhos rubi. Um sorriso cínico se formou em seus lábios carnudos e rosados. O machado ainda pendia esquecido em sua mão, gotejando sangue de meu falecido primo.
Ah, eu vou morrer.
Grande novidade.
-Itachi – Ele disse, sua voz saiu estranhamente diferente – Me chamo Itachi.
Itachi, doninha.
Doninha, Itachi.
É, com um nome desses, eu também mataria gente.
-E qual o seu, linda hime? – Ele sorriu, mostrando os dentes cálidos. Uma boa noticia: morrerei nas mãos de um psicopata assassino higiênico.
-Hi-hinata – Gaguejei, eu estava em pânico ainda.
-Hinata... Lugar... Ensolarado... – Ele sussurrou. Sua mão ainda estava em meu rosto, era calejada, quente, estranha. Ele passou o polegar abaixo de me olho, foi quando percebi que chorava. Quando vi, ele já me jogara contra a árvore mais próxima daquele bosque mal iluminado e colava seus lábios nos meus. Senti uma forte pressão na cabeça e cai de joelhos no chão, sentindo o lugar golpeado latejar. Minha visão se embaçou e meus membros ficavam cada vez mais dormentes.
Tombei no chão, sentindo a grama pinicar meu rosto.
-Sonhe comigo, Hinata-hime – Sua voz cínica soou distante aos meus ouvidos, eu fiquei alheia a tudo, não ouvia ou sentia mais nada, apenas via, turvamente, os pés daquele homem se distanciar em meio à grama do bosque.
Fechei os olhos lentamente e esperei pela verdadeira senhora de preto.
Porem,ela não veio.
