Paixão Mortal: Disfarce
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
(Clarice Lispector)
Capítulo 01 – Whitlock Palace Hotel
Alice entrou no tão falado hotel de Jasper Whitlock com sua mala. Usava um vestido preto e prata com um decote em forma de V, e uma bota preta de couro, que ia até a metade do tornozelo. Os cabelos estavam soltos e cacheados. Havia acabado de chegar da Alemanha, e sua casa estava sendo reformada.
Um loiro notou a presença dela ali, mas não a reconheceu imediatamente, pois faziam anos que não se viam. Mas teve certeza de quem era, quando a ouviu dizer seu nome para se registrar no hotel.
- Brandon? – chamou ele indo até ela. Ela olhou para trás, para ver quem a chamava.
- Whitlock – e fez uma careta.
- O que faz aqui?
Eles se conheciam de muito tempo atrás, quando ainda eram simples e ardilosos estudantes. Ela, popular. Ele, um nerd.
- Mesmo que não seja do seu interesse, eu vou ficar aqui por alguns dias.
- É do meu interesse sim. Sou o dono deste hotel.
- Senhora. – Chamou o recepcionista com a chave do quarto dela na mão.
- Obrigada. – Pegou a chave e a mala de rodinhas, e se dirigiu até o elevador.
- Em que quarto a Srta. Brandon está? – Foi a última coisa que ela conseguiu ouvir, antes de o elevador se fechar.
Chegando ao quarto, resolveu tomar um banho. Mas enquanto estava de costas, alguém a observava. Tinha um belo corpo, curvas bem definidas. Ela se virou e deu de cara com...
- Jasper! – pegou a toalha e se enrolou rapidamente, fechando o chuveiro.
- Oi – ele sorriu cínico.
- O que quer aqui? – perguntou esbarrando nele ao passar.
- Eu quero isso – Encostou-a na parede do banheiro e a beijou. A toalha dela caiu no chão. Sempre, desde que a vira pela primeira vez, ele se apaixonara por ela, e continuava com esta paixão reprimida durante anos e anos.
- O que acha que está fazendo? – empurrou-o e pegou a toalha no chão. – Saia já daqui.
- Não pode me expulsar do meu próprio hotel, Brandon.
- Mas posso te expulsar do quarto em que estou hospedada. Anda sai. – mandou, empurrando-o pra porta.
Narração por Mary Alice Brandon
Joguei-me na cama assim que ele saiu.
Droga! Ele estava facilitando o meu trabalho, e eu jogara tudo pro alto. Mas também não poderia ser assim tão fácil. Coisas difíceis faziam parte do meu trabalho.
Uma das piores coisas de se trabalhar na polícia, além dos serviços burocráticos, era trabalhar disfarçado. Para mim, era a pior coisa que existia. E o trabalho que eu deveria realizar hoje era pior ainda.
Uma pequena apresentação.
Os detalhes já haviam sido acertados por Edward Anthony Masen, um dos melhores agentes disfarçados da polícia.
Vesti um dos meus melhores vestidos, arrumei os cabelos e me maquiei, para em seguida descer para o Salão de Eventos do hotel. Jasper estava dando uma festa do tipo muito badalada, e Masen havia arrumado um jeito de me conseguir um convite. Agora eu estava ali, esperando para me apresentar, sentada em uma das mesas do canto do grande salão. O loiro começara a falar naquele instante. Limitei-me a olhar para sua expressão até chegar à parte de meu interesse.
- Queria vos apresentar a nossa convidada de hoje: Alice Brandon. – Ele sorriu.
Um círculo de luz ofuscante me acompanhou até o palco, quando Jasper me entregou o microfone.
Ok, aquela fora a pior experiência disfarçada que eu já havia tido. Eu cantara bem, como todas as outras vezes, mas havia o fato que me incomodara por toda a música: Whitlock me olhando com admiração. Aquilo fora o cúmulo do absurdo.
Desci do palco sob o som dos aplausos incessantes e voltei para minha mesa enquanto a pista de dança começava a se encher de gente dançando ao som da nova batida. Comecei a tamborilar os dedos na mesa, entediada. Pensei em voltar para meu quarto, pois estava muito cansada, mas alguém parou logo a minha frente quando eu já me retirava da mesa.
- Vamos dançar? – pediu o loiro, estendendo-me a mão.
- Tudo bem. – Suspirei. O que eu não fazia para chegar mais perto da minha promoção a capitã?!
The lights are out and I barely know you
(As luzes estão acesas, e eu mal te conheço)
We're going up and the place is slowing down
(Animação começou e o lugar está começando a ficar lento)
I knew you'd come around
(Eu sabia que você viria)
[Take Me on The Floor – The Veronicas]
Fim da Narração por Mary Alice Brandon
Ela não sabia exatamente como fora parar ali, e menos ainda o porquê de adorar sentir a pele dele sobre a dela, enquanto os lábios incansáveis mordiam o seu corpo. Amava sentir o toque dele e a forma quase dominadora com que ele fazia isso. Um gemido do qual não conseguira abafar, escapara dos lábios dela e o fez sorrir. Abriu-lhe as pernas delicadamente e ela não o impediu. Parecia tão certo. Mas era ao mesmo tempo tão errado. Começara a trabalhar com a língua no monte entre as coxas dela, e Mary teve de morder o lábio inferior para engolir um grito. Um grito de puro prazer.
Apesar de seus pensamentos estarem confusos e sua voz ter sumido completamente, a policial que havia nela, tornou-se alerta quando seu celular tocou.
- Deixe tocar. – Jasper pediu com um sorriso maroto, o que fez seus pensamentos se tornarem cada vez mais confusos.
- Droga! Eu não posso, Jazz. Pode ser do meu...
- Tudo bem. – Suspirou derrotado, e ela atendeu a chamada no último toque.
- Rose?
- Onde diabos você está, Lice?
- No...
- Não importa. Preciso que venha até aqui.
- Onde você está?
- Times Square.
- É muito longe de onde estou.
- E você alguma vez se preocupou com distâncias?
Alice suspirou. Aquela noite tinha tudo para ser magnífica.
Viu o loiro abotoando a camisa, com o canto dos olhos, enquanto ela procurava o vestido pela suíte.
- O que aconteceu, Rose?
- O dever lhe chama, Allie.
- Eu... Essa noite não, Rose. Por favor.
- O que está acontecendo?
Ela parou por um instante, e abafou o som para que a amiga não ouvisse nada.
- Jazz, poderia me dar licença por um minuto, por favor? – Suspirou novamente, com uma careta infeliz.
You take me higher with every breath I take
(Você me leva ao alto com cada suspiro que eu dou)
Would it be wrong to stay?
(Seria errado ficar?)
One look at you and I know what you're thinking
(Um olhar para você e eu sei o que está pensando)
Time's a bitch and my heart is sinking down
(O tempo é uma merda e meu coração está afundando)
You turn me inside out
(Você me deixa aos avessos)
[Take Me On The Floor – The Veronicas]
- Claro. – Acabara de abotoar o último botão quando atravessara a porta.
- Eu estou trabalhando aqui, droga!
- Vai mesmo dormir com um suspeito, Allie? Isso não faz o seu tipo.
- Eu estou apenas fazendo o meu trabalho, e não me divertindo, pelo amor de Deus! – Eu estou me divertindo muito para ser apenas trabalho, pensou, com um sorriso. – Não se preocupe.
- Como não me preocupar? Você é louca, garota.
- Escute, Rose...
- Escute você, droga. Temos mais uma vítima. O comandante foi quem pediu para chamá-la imediatamente. Não tenho culpa se você vai perder uma noite de lazer.
Alice bufou.
- Tenho tempo ao menos para trocar de roupa?
- Alice. – Repreendeu-a.
- Tudo bem, já estou indo. Me passe as coordenadas, enquanto isso.
Ela ouviu tudo enquanto caminhava para a sua suíte, que ficava no andar de baixo. Trocara o vestido vermelho e curto por jeans e uma blusa comportada. Pegou a bolsa e o kit de serviço antes de sair, ainda arrumando os cabelos.
- Onde vai?
- O dever me chama.
- Alice...
- Desculpe, Jasper. Eu tenho mesmo que ir. – Selou os lábios dele por um instante, e seguiu em direção a garagem para entrar no carro e partir em seguida. Não, eu não devia ter feito isso. Está ficando pessoal demais, pensou. Mas já era tarde demais.
"Vítima identificada como Clarissa Brown. Elo de ligação entre Charlotte Barrow e Clarissa Brown: Jasper Hale."
Aquelas duas frases se repetiam na cabeça dela de minuto em minuto, enquanto dirigia de voltar para o hotel. Estava exausta, e praticamente já se arrastava, assim que saíra debaixo da água quente do chuveiro. Fizera tudo o que precisava no banheiro, antes de voltar para o quarto com o intuito de dormir. Já eram quase três da manhã. Olhou para sua cama com um ar surpreso.
Jasper estava parado ao lado da mesma, e sorrira ao vê-la completamente nua.
- Não tivemos tempo de terminar o que começamos.
- Hoje não, Whitlock. Hoje não. – Pegou a camisola atrás do travesseiro e a vestiu. – Eu estou simplesmente exausta, e sexo definitivamente não é a melhor solução agora para me fazer relaxar.
- Eu aposto vinte dólares que você vai ficar completamente relaxada depois do que eu vou fazer com você.
- Eu aposto vinte, de como você não vai conseguir.
- Apostado então. – Sorriu mais uma vez, e assim que se aproximou o bastante, tomou os lábios dela com os seus.
- Jazz, não...
De repente, ela estava nua novamente e deitada de costas em sua cama. Sua camisola fora parar em algum canto que provavelmente não acharia tão cedo. Quase corou. Então, o loiro começou a tocar-lhe como em um jogo de adivinha, para descobrir seus pontos fracos. Rendeu-se por inteiro assim que ele dedicou-se a morder-lhe os mamilos.
Ela tirou a camisa e as calças dele por impulso, e eles começaram a excitar um ao outro. Quando seus corpos relaxaram, depois de ir além do limite, ele cobrou-lhe os vinte dólares, fazendo-a rir e ela adormeceu como um anjo, algo que raramente lhe ocorria.
Let me lay beside you, darling
(Deixe-me deitar a seu lado, querida)
Let me be your man
(Me deixe ser seu homem)
And let our bodies intertwine
(E deixe nossos corpos entrelaçados)
But always understand
(Mas entenda sempre)
That everything, everything ends
(Que tudo, tudo termina)
That everything, everything ends
(Que tudo, tudo termina)
That everything, everything, everything ends
(Que tudo, tudo, tudo termina)
[Meet Me On The Equinox – Death Cab For Cutie]
