Disclaimer: CCS não nos pertence, a história que criamos foi tirada de várias fontes inspiratórias. Os personagens da CLAMP serão apenas os nossos queridos protagonistas de mais uma aventura no mundo das fics. A música de referência também não é de nossa autoria.
Música Recomendada: Maxine Nightingale – Right Back Where We Started From
Escrito por:
Kisa Kaze no Mai
Maghotta (Mimy)
Capítulo Dedicado: Para todos os leitores. Um presente muito especial de virada de ano.
É um enorme prazer escrever para todos vocês! Um brinde à isso e feliz 2009!
Procura-se um amor
Sábado. Nem quente e nem frio, uma mudança de estações pacífica, diferente da maior parte das mudanças da vida de Sakura, bruscas e cheias de drama. Bom, pelo menos era assim que sua melhor amiga, Tomoyo, lhe dizia (talvez pela veia profissional ela tivesse a terrível mania de encarar tudo como sinopse chocante de livros Best Sellers).
O som ligado em volume baixo, as duas amigas na varanda do apartamento de Sakura, os pés por sobre a sacada, óculos escuros, revistas, laptop e alguns envelopes de contas espalhados pelo chão. Tomavam um suco natural enquanto passavam os olhos pelas noticias do jornal. Tomoyo ficava com a parte do joguinho dos setes erros, palavras cruzadas, horóscopo, filmes, novelas e sua parte predileta… encontros amorosos. Sakura se mantinha no esporte, economia e comentários da semana. Nenhuma das duas gostava muito de política.
Durante a leitura, não costumavam conversar, mas sempre interrompiam quando alguma música de refrão conhecido tocava, cantarolavam fazendo mímicas como se estivessem em um showzinho particular.
Sakura jogou os ombros para trás e girou o pescoço, começando a sentir o cansaço de se manter em uma mesma posição por muito tempo. Uma câimbra subia do pé para a perna, detestava sentir aquele formigar dolorido. Soltou alguns resmungos silenciosos, tentando não atrapalhar Tomoyo, que parecia entusiasmada com sua leitura. Seja lá o que estivesse vendo naquele momento, não conseguia mais conter os risos.
A campainha tocou, não era difícil de imaginar quem estava à porta. Os porteiros já estavam tão acostumados com Touya por ali, que era provável que imaginassem que ele também era morador do prédio.
Por um segundo Sakura pensou em sua dor ao se locomover e, como se ouvisse suas lamentações mentais, Tomoyo se ergueu e sinalizou para que a mulher se mantivesse onde estava. Jogou a página com o artigo que lia sobre a mesa enquanto travava uma violenta briga entre suas gargalhadas e os passos até a porta.
Touya tocava impaciente a campainha e enquanto ouvia a amiga se arrastar de modo despreocupado até a porta, ainda entre risinhos, Sakura teve sua curiosidade aguçada. Era como se a matéria brilhasse diante de seus olhos, chamando-a a dar boas risadas também. Que mal tem em se divertir com algum artigo inocente sobre relacionamentos?
Esticou-se para frente, fez algumas caretas sentindo as perturbadoras cãibras, mas não se deu por vencida. Pegou o jornal e desdobrou-o, deixando o artigo esticado para que não perdesse tempo tendo de cuidar dos amassados que escondiam palavras chaves. Piadas nunca são engraçadas quando contadas pela metade, essa era uma de suas certezas.
"PROCURA-SE DESESPERADAMENTE UM MARIDO". O título já era o suficiente para mostrar o quão hilariante seria a matéria. Como uma pessoa era capaz de se sujeitar aquilo? Sakura não conseguia entender…
Passou os olhos de modo acelerado atrás de um nome, iniciais ou coisas do tipo. Qualquer informação que a levasse a imaginar uma figura conhecida para protagonizar tal momento sádico. De preferência, alguém que não fosse muito próxima, alguém que adoraria ver passando a maior vergonha de todas, alguém como Meiling. Não precisava necessariamente 4güento-la, já a detestava só de saber da provável concorrência no já precário mercado da criatividade.
Enquanto sua mente rondava o seu lado mais obscuro, Sakura foi obrigada a parar e ler tudo com mais atenção. Um balde de água fria a fez entrar em choque. Sua boca abriu tentando pronunciar em voz alta o que seus olhos não se cansavam de ler.
-Touya Kinomoto! – era o nome assinado no final do anuncio.
Ele não havia tido nem o pudor de deixar apenas as iniciais. Queria ser descoberto e desejava o que estava por vir.
Seu irmão e Tomoyo apareceram na porta, Sakura, delimitando com o olhar o campo minado que acabara de criar, fuzilando-os com o canto dos olhos.
-Pelo visto não vou morrer tão cedo – Touya sorriu de modo brincalhão abrindo os braços para a irmã.
-Defina 'não morrer' em três palavras – Sakura o fulminou com os olhos – Você têm exatos… hum… - mostrou a mão direita aberta e começou sua contagem regressiva – cinco segundos.
-Você está louca? – ele a olhou com o sacarmos evidente no canto da boca levantado enquanto falava.
-Criativo, mas eu estava pensando em algo como: Procura-se desesperadamente um marido, Touya Kinomoto. – a voz dela indicava que os 'cinco' segundos não haviam durado nem 'um'.
-São quatro, Sakura – ela o olhou ainda mais irritada enquanto Touya se divertia com as caras da irmã – São quatro palavras. Além de encalhada, a monstrenga agora deu para não saber contar? – ele falava olhando para Tomoyo, que apenas ria da briguinha fraterna.
-É, mas para bom entendedor, meia palavra basta – Sakura sinalizou um traço na altura do pescoço com a mão.
-Isso é gesto, não palavra – Tomoyo não conseguia controlar o riso.
-E isso é um complô agora? – Sakura mudou seu alvo – Qual seu percentual de participação nisso, Daidouji… e não venha tentar desconversar, por que você é a primeira que sempre vem com esse papinho de Miss Encalhada, praticamente todo dia.
-Menos, Sakura… aliás, por que vocês estão fazendo tanta ceninha? – Tomoyo bateu com ambas as mãos na mesa, atraindo os olhas hostis dos irmãos – Touya, você parece que não percebe que a Sakura cresceu?! E para seu governo, ela não é mais "mocinha"… e Sakura, foi uma piada engraçada… lamento – ela caiu na gargalhada enquanto olhares chocados eram trocados.
-QUÊ? – os irmãos Kinomotos falaram em uníssono.
Tomoyo percebeu o que estava prestes a acontecer ali, pegou o controle do som e aumentou o volume. Tinha certeza de que Sakura ia preferir que os vizinhos reclamassem da altura da música do que dos gritos insanos dos infernos que aconteceriam, claro, isso depois de uma longa sessão gratuita do melhor trailer 'vida alheia'.
Aquilo a inspirou enquanto apertava o botão.
Encarou os irmãos, Sakura já arremessava a primeira almofada com a promessa de alguns arranhões, já que finalmente conseguira parar de roer as unhas graças aos esmaltes com saber ruim que conseguiram descobrir na feirinha. Touya desviava das sandálias enquanto percebia as almofadas lilás e vermelha vindo em sua direção, claro que ele não conseguiu desviar da amarela, ela estava estrategicamente escondida atrás das outras duas.
Já haviam partido para a agressão física há alguns segundos quando Tomoyo se deu conta do que cantarolava e uma parte em particular intensificou suas risadas. Aquela era "quase" a trilha sonora mais apropriada para o momento, óbvio que eles deveriam no mínimo ser amantes rebeldes, mas já estava valendo, afinal, aquele era um tipo um tanto peculiar de amor fraternal se rebelando em sua forma mais extensa.
Ao vê-los caírem no chão, Sakura cravar as unhas na nuca de Touya e morder seu braço e ele tentando imobiliza-la enquanto estragava o que de mais precioso e bem cuidado ela tinha – o cabelo – enquanto ambos gritavam até ficar impossível definir o que estava sendo dito, Tomoyo começou a dançar e estalar os dedos.
A música era relativamente antiga, mas a melodia ímpar e contagiosa.
"I said no one could take your place
And if you get hurt
(If you get hurt)
By the little things I say
I can put that smile back on your face"
Como não podia faltar, ela rodopiou saltando por sobre os dois pares de pernas inquietos que se chutavam como sacos de pancadas, e enquanto cantarolava o refrão tão alto quanto os outros dois berravam, ela pegou o jornal e rasgou a matéria que causou toda a confusão. Fez um aviãozinho com a página do jornal e jogou pela sacada.
"Ooo and it's alright and it's comin' 'long
We got to get right back to where we started from
Love is good, love can be strong
We got to get right back to where we started from"
O avião planou por um tempo, até cair do outro lado da rua, em cima do sorvete de bolas triplas com bastante cobertura de chocolate e grãos de gergelim de uma estranha criação da natureza.
O jeans surrado e com as barras em fiapos, a regata com mensagens de protesto, alguns anéis no dedo, tatuagem minuciosamente criada para não ser interpretada por qualquer leigo de pantufas durante o fim de semana, uma sobrancelha erguida em desentendimento repentino e uma incrível capacidade de percepção enquanto coçava a canela com a ponta do chinelo.
Um sorriso descontraído surgiu em seus lábios, pegou o papel e o abriu, já indo em direção ao lixo. Havia uma pequena chance de que aquele avião tivesse vindo do prédio à sua frente. Há poucos ouvira gritos e jurava ter visto algum sinal de provável agressão no terceiro andar, para em alguns míseros segundos ouvir o som provocador de vizinhança.
Um papel provocar um alvoroço daqueles? Resolveu olhar melhor o "presente dos céus".
Era apenas um pedaço de jornal. O pedaço destinado aos encontros amorosos. Aquilo ficava mais interessante a cada segundo.
Leu com calma os longos anúncios, evitando os que não estavam completos. Repentinamente a urgência de um deles o fez ter a atenção maior. O sinal de desespero começava deste o título, aquilo só o atiçou ainda mais para ler até o final.
PROCURA-SE DESESPERADAMENTE UM MARIDO
Se você procura por uma garota loira, sexy, corpo bem feito, olhos de gato selvagem...
Definitivamente mude de gosto ou de anúncio, pois não vai encontrar isso aqui.
Procura-se um marido para um tipo de mulher muito raro hoje em dia, o tipo personalidade forte. Ou seja, ela não vai lavar sua roupa, pode gerar a você algum problema intestinal ou até uma intoxicação se cozinhar e, por mais que você argumente, não vai cuidar da casa.
Mas se você leu o anúncio até agora, não se arrependa, ela é a razão pra você desencanar em ir para o inferno, afinal, perto dela o inferno é o parquinho de diversões do capeta!
E por que você ainda ia querer esta mulher? Porque, apesar de Deus não dar asas a cobras, deu a ela um corpo feminino, é, mesmo esse tipo de mulher consegue ser bonitinha se você olhar com carinho...
E ela ainda tem aquele olhar que faz você se sentir o homem mais importante do mundo, um quê escondido que faz com que, conhecendo-a, você não queira mais se afastar dela por um só minuto.
Mas não é só isso: ela ainda vem, inteiramente grátis, com um pacote de ótimos parentes, que farão seus dias mais felizes e agradáveis apesar do produto principal!
Para convecê-lo de vez, já que foi estúpido o suficiente e chegou até aqui? Não responda ao anúncio e não chagará a viver pra conhecer nenhuma outra mulher...
Não agüentou-se de pé, ria tanto que a barriga doía e ele mal conseguia respirar. Caiu aos poucos na rua, as mãos tentando conter o balanço frenético do abdome na crise de riso. Tentava levantar, mas nas poucas vezes em que conseguiu parar de rir lembrou-se dos dizeres e caiu na gargalhada novamente.
O barulho no prédio havia aquiescido um pouco, sua barriga latejava mas ele não ria mais. Cruzou a rua e, seguindo os olhares de medo que o porteiro lhe lançava, aproximou-se do arranha-céu.
-Ei, amigo, o Kinomoto está aí hoje?
O porteiro abriu uma fresta da janelinha que os separava, ainda com medo que ele sacasse uma arma e o assaltasse ou mesmo que pedisse algo. Era sempre a mesma coisa...
-A barulheira indica que sim...
-Valeu, amigo... E se cuida, viu? A área anda perigosa... – fez a forma de uma arma com as mãos, dando um tiro fictício no pobre homem, que fechou novamente a janelinha como se realmente houvesse alguma ameaça.
Então o autor do inspirado artigo morava ali. Responder ou não responder, eis a questão. Nossa, citar Hamlet era um sinal de que aquilo seria interessante. Não precisou pensar muito pra saber o que iria fazer.
N/A: Sem muitas delongas. Espero que tenham gostado, aos poucos vamos incluindo materiais bastante informativos para vocês leitores, então acompanhem as nossas N/A's e participem.
Agora meu apelo: POR FAVOR, DEIXEM REVIEWS!
Basta clicar nesse botão ai embaixo e deixar algumas escritoras de fic, muito felizes e animadas!
Bjos e até a próxima.
