Esmeraldas lapidadas

Achamento

Para Thiago, um dos primeiros.

O que me faz ser assim, diferente do comum? Eu realmente não sei. Pode ser alguma coisa que eu tenha de anormal. Mas eu não sei se tenho algo de anormal. Eu não sei quem sou. Eu precisaria descobrir antes de saber se tenho algo anormal.

Mas essa é uma pergunta difícil. Ninguém sabe quem é. É o que penso. Mas, eu sei o que eu penso?

Caramba, quantas perguntas. Não posso me perder do meu objetivo principal. Vou ter que me manter no caminho da razão. Se bem que...

Quer saber? Cansei disso. Uma pergunta vai sair na outra e acho que vai ser assim eternamente. Afinal, o ser humano sempre foi perdido em perguntas. Se não tivéssemos perguntas, não teríamos respostas. Mas temos respostas?

Bem, eu sei que viemos dos macacos. Uhn... a maioria acredita nisso. Os cientistas acreditam. Eu não sei. Essa teoria parece meio furada... Tudo hoje em dia parece meio furado... É difícil de acreditar nesse mundo louco em que vivemos.

Olhe para fora. Olhe pela janela mais próxima e irá comprovar o que digo. Caramba, é difícil entender. Se você não consegue entender, não consegue aceitar. Bem, acho que funciono dessa forma.

Agora estou meio intrigado. Acho que é essa a palavra. Vou explicar: acho que só acho. Viu, estou achando de novo. Acho que cansei de achar. Vou começar a ter certeza.

Mas, para ter certeza, a gente tem que comprovar o nosso "achamento". Acho que as pessoas não vão me entender nunca, porque... não sei se estou me expressando bem.

Achei meu ponto anormal! Eu acho. Será que tem alguém que acha mais que eu? Isso é estranho... e repetitivo. Será que estou sendo chato?

Mas, afinal, qual era meu principal objetivo? Ah, é... Saber o que me faz diferente. Será que são meus olhos? Gosto deles. Tem uma cor diferente, anormal. São verdes, mas não são verdes. Quero dizer, não são verdes. São caramelos. Quer dizer (de novo), no meio do verde, tem um pouquinho de caramelo. Será que sou feito de doce por dentro? Acho que, um dia desses, vou acabar sendo carregado por formigas de tão doce que eu sou.

De onde eu tirei isso? Estou ficando muito estranho, mais do que já era. Será que dá pra ser estranho, já sendo estranho? Minha cabeça está um verdadeiro pandemônio!

Mas eu gosto de ser assim. Afinal, minha bagunça é organizada. É uma contradição forte e idiota, mas é verdade. Ora, sei muito bem onde fica meus pensamentos da Hillary, onde fica o lugar dos meus amigos e onde estão as coisas... bem... impublicáveis.

Mas, acho que estou começando a descobrir o que me faz anormal. Anormal não, é uma palavra pesada. O que me faz... diferente, único, ímpar. Escolham a que preferir.

Não são meus olhos, nem a minha bagunça. Sabe o que é? TUDO! O conjunto perfeito que me forma. Não tem ninguém igual a mim porque sou igual a todo mundo! Que coisa estranha... Acho que devo inventar mais paradoxos malucos e vender. Ficaria rico!

Bem, acho que descobri a resposta dessa pergunta que me intrigava tanto. Agora, acho melhor guardar isso, porque se alguém achar essa maluquice de naipe maior... Bem, acho que aí sim vou ficar mais diferente ainda!

Por Olívia Mattiazzo.