Eu realmente não sei. Esse era pra ser um conto de Dia das Bruxas mas eu acabei procrastinando, só pra variar.
O título da fic é uma cópia na cara dura do documentário de 2013 do mesmo nome.
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A predileção do Rei Élfico pelo líquido vermelho é conhecido. É sabido que o rei tem um amor quase obsessivo por ele.
Mas não é sua culpa.
A essência rica e vermelha na taça transparente é algo fascinante. A suavidade em seu paladar já acostumado ao gosto peculiar...
Mas o que mais o fascina é a cor viva de seus lábios quando estes se partem da borda delicada de cristal.
Thranduil olha-se no espelho e vê a criatura que vive consigo, atormentando-o incansavelmente há anos. É fascinante, gloriosa...
É também uma maldição.
O acontecimento não lhe é claro até hoje. Tudo o que sabe é que logo após o escurecimento de seu reino, fora patrulhar as bordas quando, de repente, algo o atacou. Ficara inconsciente por dias e, quando finalmente acordara...já não era mais o mesmo.
A primeira diferença a notar foi sua visão e como ficara sensível á luz. No entanto, a escuridão era sua amiga.
A segunda coisa que notara, quase imediatamente depois da primeira, foi sua fome. Fome não só de comida. Aparentemente, acordara com fome de tudo. Queria devorar o mundo.
A terceira peculiaridade após seu acidente, no entanto, fora notado não por ele mesmo e sim por alguém que adentrara o quarto pela primeira vez desde que acordara.
Uma expressão de alívio no rosto da Rainha Élfica quando percebera o marido acordado.
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"- Meu senhor!" – ela disse, inconsciente da mudança em seu rei. Sentou-se na beira da cama e lhe tocou o braço direito com as mãos delicadas. Se o corpo do rei lhe pareceu frio ninguém precisava saber.
" Nosso pequeno sentiu sua falta."
Thranduil parecia perdido e estava pronto para dizer á rainha quando ouviu alguém batendo na porta. Uma das silvarins entrou trazendo o que parecia um amontoado de panos em seu colo.
O príncipe.
A elfa chegou perto e entregou o pequeno á rainha.
"Durante esses dias ele esteve agitado." – ela disse, colocando Legolas perto do rei. Seu sorriso não demonstrava nenhuma desconfiança.
Thranduil olhou para seu filho. Pequeno, indefeso, uma presa fácil...
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Ninguém sabia. Quando a Rainha Élfica fora encontrada nos portões de seu salão, com furos em seu corpo e sangue escorrendo de um ferimento na cabeça, assumiu-se que ela fora mais uma vítima das aranhas gigantes, tão numerosas naquele tempo.
Legolas, no entanto, desconfiava de algo errado. O rei sabia, quando em conselhos, os olhos do príncipe se voltavam para o pai que, distraído, segurava sua sempre presente taça com o líquido vermelho.
Thranduil decidira que se controlaria. Encontraria um jeito de domar a criatura, de saciar sua fome sem que perdesse um de seus tesouros.
Sua culpa jamais fora embora. Não quando olhava para o príncipe e lá ela estava. Viva através dele. A mesma suavidade no olhar.
Como uma presa fácil...
