LUA E VENTO
Autoras: Lilly Aoki e Jessie Micheloti
Não haviam carros na rodovia. O silêncio era apenas cortado pelo ruido do vento nas árvores, pelo pio das aves... Pelo ruido de motor.
Ele dirigia inquieto, com os olhos quase cerrados pelo vento constante, forte, gelado. A moto não estava realmente sendo guiada, o piloto automático já estava acionado à tempos, o levando para lugar algum. O fim de tarde pareceria bonito a quem quisesse ver, mas ele apenas esperava o escuro. Queria o escuro. E corria. E não queria voltar. A multa agora já não importava.
Cerrou os olhos completamente, e deixou a mente lhe trazer imagens que lhe aqueceram temporariamente. Pequenos gestos, carícias, beijos e versos. Toques, suspiros, frenesi.
Não queria ser encontrado. Não que houvesse alguém esperando sua volta. Sem ou com sua presença, tanto faz. Sua razão para voltar já não o esperava mais. A culpa o possuia, mas agora já não importava. Só queria que ele descansasse em paz, e sem guardar ressentimentos. Quem sabe um dia ainda voltariam a se ver. Em outros tempos, outras vidas. O amor - ah, sim, amor, agora admitia - não havia acabado alí.
A velocidade aliviava a dor. 120 Km/h. Assim ia toda a tristeza embora. A lua começava a aparecer sobre o crepúsculo que desaparecia aos poucos. Desejou juntar-se a ela. Àquele astro que tanto assustava e fascinava o único que um dia amou.
Retirou o capecete, e não se importou quando este rolou pelo asfalto. Os cabelos longos e negros ganharam vida quando livres ao vento. Os olhos azuis se encheram de água sem que ao menos percebesse.
Virou uma rua, um decline. Soltou os guidões e olhou para o céu. Faltava pouco para que a lua fosse vista inteira, cheia. Lua... Lua... Moony... Precisava que a lua aparecesse.
Depressa... Depressa...
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