Nome da fic: Reviravolta 3: A escolha de Lily
Autor: Magalud
Censura: 16 anos, R
Gênero: Drama, Romance
Spoilers: AU, mas tem referências de canon
Avisos ou Alertas: Violência implicada, personagens OOC
Desafio: "E se a pior memória de Snape tivesse sido o suficiente para afastá-lo de Voldemort? E se ele tivesse dito não ao Dark Lord, e continuado com sua vida, ainda envergonhado por ter chamado Lily de Mudblood?"
Resumo: Depois da derrota do Lorde das Trevas, Severus decide salvar o Menino-Que-Sobreviveu e Lily de uma outra ameaça
Palavras: cerca de 29 mil, segundo o Word
Notas: Essa é a terceira fic da trilogia Reviravolta. Você precisa ler os outros dois primeiros. Feito inicialmente para o SnapeFest 2009
Agradecimentos: Mil agradecimentos para Shey Snape, que me convenceu a falar com a musa até chegarmos a um acordo, e Cris, como sempre
Disclaimer: Harry Potter, Severus Snape e todos os outros personagens pertencem a J. K. Rowling, a seus advogados, e aos engravatados da Warner Brothers. Eu não quero ter nada a ver com eles ou com a dinheirama que eles ganham com Harry Potter. Bom, é claro que eu aceitaria o dinheiro, se eles estivessem oferecendo.
Reviravolta 3: A escolha de Lily
Capítulo 1
Era tarde, e Eileen já tinha se recolhido, portanto, Severus Snape estava sozinho em casa. Ele esvaziava mais uma caixa da mudança de Spinner's End quando ouviu um movimento vindo da lareira. Ele ficou surpreso ao ver quem buscava passagem.
— Professor Dumbledore?
— Ah, Severus, você está acordado. Você se incomoda se eu passar?
Imaginando que recusar um pedido ao diretor de Hogwarts não era nada aconselhável, ele prontamente respondeu:
— Por favor.
O velho professor saltou graciosamente na sala, usando a varinha para recolher as cinzas que espalhou.
— Você se mudou bem depressa.
— Sim, eu achei apropriado deixar aquele lugar.
— Sua casa nova parece bonita.
— Obrigado. Gostaria de um chá?
— Sim, obrigado, Severus. Você parece bem. E você está surpreendentemente hospitaleiro esta noite.
— Na verdade, professor, eu estou evitando estender a conversa. O quanto antes eu lhe der o chá, o quanto antes entrará no verdadeiro motivo que o trouxe à minha casa.
— Ah — fez Dumbledore. — Direto ao ponto, como sempre, Severus. Por um momento, eu estranhei.
— Imaginou alguém Polissucado? Não, aparentemente, esses tempos acabaram.
Os dois foram à pequena cozinha, e Dumbledore disse:
— Sei que não acredita nisso, não mais do que eu, Severus. Mas vim aqui por problemas mais urgentes do que provável uma volta de Lorde Voldemort.
— O que pode ser mais urgente que isso? — Severus colocou a água no fogo e recolheu do armário a quantidade de erva.
— Preciso lhe pedir um favor, Severus. Claro, em troca, eu lhe darei proteção.
— Proteção?
— O Wizengamot está fazendo uma caça aos Death Eaters, como você sabe. Muitos deles foram seus colegas em Hogwarts. Seu nome apareceu numa lista como suspeito de atividades ilegais.
Severus empalideceu, de costas para o velho. Indagou:
— Alguém me denunciou? É mentira, o senhor sabe.
— Sim, eu sei. Falei pessoalmente com Barty Crouch, o encarregado das investigações, e seu nome foi exonerado de qualquer acusação.
Caças às bruxas. Severus sabia que o povo queria condenar culpados, mas como em toda caça às bruxas, havia inocentes, acusados apenas por parecerem estar associados ao mal. Como um Slytherin, Severus quase esperava que alguma da culpa fosse direcionada a ele.
Ele tratou de servir o chá, dizendo:
— Calculo que este seja o momento, então, no qual você vai mencionar o favor que vai requerer de mim.
Dumbledore aceitou a xícara e concordou:
— Precisamente. Você sempre teve um raciocínio muito rápido, Severus.
— E do que se trata esse favor?
— Você deve saber que os acusados têm direito a testemunhas de defesa. São poucos que têm coragem de se expor e tentar defender os seguidores de Lorde Voldemort. Mas chegou aos meus ouvidos que você será chamado a defender um dos acusados.
— Quem?
— Lucius Malfoy.
Severus mexeu na xícara, calado por alguns segundos.
— Isso não pode ser correto.
— Por que não?
— Porque, se eu testemunhar, será para confirmar as atividades ilegais de Lucius. Não sei de detalhes, mas até onde pude perceber, Malfoy era um dos cabeças da organização.
— Ainda assim, você deverá confirmar a defesa de Lucius: ele estava sob Imperius.
— É isso que ele está alegando? — Severus não evitou uma risada. — Deve estar mesmo desesperado. Lamento, professor, mas não posso confirmar essa tese ridícula sem mentir para o Wizengamot.
— Bem, talvez seja preciso isso mesmo.
— O quê? Mentir para o Wizengamot? Impossível! Mesmo que eu quisesse, não poderia: eles usam Veritaserum.
— Ora, Severus, você sabe como driblar os efeitos da poção. Você é um aprendiz, e muito bom, pelo que o velho Bartuchek me confidenciou.
Severus apertou os lábios. Era verdade, ele poderia driblar o Veritaserum.
— Mas por que eu faria isso? Que bem traria manter Lucius Malfoy fora de Azkaban, que é o lugar dele?
— Não lhe traria nenhum bem, Severus. Pense bem: se você o livrar de Azkaban, Lucius ficará extremamente grato a você. Pode considerar um favor pessoal. Imagine a vantagem de poder cobrar um favor pessoal de Lucius Malfoy. Especialmente se ocorrer outra situação em que Lily e o pequeno Harry precisem de sua ajuda.
Severus sorveu um longo gole de seu chá, o cérebro trabalhando em velocidade recorde.
— Então, meu rompimento com Lucius Malfoy, pelo visto, é indesejado.
— Eu diria que manter sua amizade com um homem tão poderoso é prudente, Severus. Afinal, você não iria querer Lucius como seu inimigo. Se você testemunhar contra ele, é exatamente isso que acontecerá.
— Entendo. Mas não me peça para ir além disso. Direi apenas que Lucius jamais mencionou qualquer associação ao Lord, e que eu nada sabia de outras atividades. Como também não sabia de meus outros ex-colegas de casa.
— Estará perfeito. E não se preocupe: nenhuma acusação o atingirá.
— Conto com isso. Mais chá?
— Não, obrigado, Severus. Creio já ter tomado muito de seu tempo. Agradeço a noite produtiva que tivemos. Deixe que eu mesmo encontro a lareira sozinho. Lembranças à sua mãe.
Severus acompanhou Dumbledore à lareira, imaginando se tinha se comprometido demais com o velho manipulador.
o0o o0o o0o
A proximidade do Natal deixava as ruas do Beco Diagonal absolutamente abarrotadas de bruxos e bruxas que queriam deixar todos os seus compromissos em ordem antes de se dedicar às folgas e festividades. O trânsito em nada ajudava o jovem aprendiz de Poções que pretendia se graduar em março. Severus Snape lutava por cada centímetro quadrado de espaço para chegar à loja de poções do Mestre Bartuchek com as encomendas de última hora para o estoque. Em meio à confusão e ao burburinho, ele ouviu algo que chamou a atenção:
— É ele!
— É Harry Potter!
— Não é uma gracinha?
Severus virou-se para a direção dos comentários. Então ele viu a família: James, carregando Harry, Lily e Sirius Black, cercados por admiradores. Lily parecia contrariada.
— James, por favor. Harry pode ficar assustado.
— Que nada, ele está gostando. Além disso, ele tem que se acostumar aos fãs. Ele é o Menino-Que-Sobreviveu!
— Ele é um menino de um ano e meio! — protestou Lily. — Tem que acostumar a ficar sem fraldas, não a tratar com fãs.
— Shh, Lily. Você está sendo desagradável – ralhou Black.
Um bruxo aparentando mais de cem anos entregou um saco de pano a James, dizendo:
— Aqui, Sr. Potter, uma demonstração de gratidão pelo que seu filho fez.
— Oh, por favor, não precisa... — James não fez o mínimo esforço em recusar o saco de galeões. — Mas agradeço.
Uma anciã chegou-se perto de Harry, um sorriso extremamente desdentado:
— Como ele é bonitinho...!
Alguma coisa na velha assustou o menino, que abriu o berreiro e tentou se afastar dela. Lily o tirou dos braços de James.
— Já chega. Vamos, Harry.
— Mas Lily!
Ela deixou o marido falando sozinho e sumiu com o menino pelo meio da multidão.
Severus correu para a loja de Mestre Bartuchek, onde entrou pelos fundos para deixar os estoques no depósito. Quando saiu dos fundos e foi à frente, avisar que os ingredientes já estavam no estoque, o aprendiz se espantou ao ver Lily e Harry na loja, com o Mestre. Ele ficou feliz de vê-lo.
— Ah, Severus, você voltou.
Lily se virou para vê-lo, e Harry também o enxergou:
— Eve'us!
Severus mal teve tempo de dizer ao Mestre Bartuchek que os ingredientes estavam no depósito e o garoto começou a se mexer no colo da mãe, chamando:
— Eve'us! Eve'us!
— Vejo que o pequeno Harry realmente se afeiçoou ao nosso Severus — riu-se o dono da loja.
— Sra. Potter — cumprimentou Severus. — Olá, Harry.
— Pode me chamar de Lily — ela pediu, entregando o filho. — Você se importa? Harry não vai parar se não for para seu colo. Está com saudades.
— Não, é claro que não. — Aceitou o pequeno em seus braços, que começou a sorrir para ele. — E então, rapazinho? Ouvi dizer que você é famoso agora.
Lily não estava satisfeita com a história.
— Sim, e isso tem estressado Harry. Ele chora durante a noite e agora está estranhando desconhecidos. Eu gostaria de uma poção para acalmá-lo, especialmente durante a noite.
— Talvez seja interessante levá-lo a um curador em St Mungo's — sugeriu Severus, balançando Harry e provocando gritinhos.
— Dumbledore o examinou em Hogwarts, para descartar algum efeito do ocorrido. Ele está normal.
— Sim, mas ele precisa de acompanhamento mais psicológico. Crianças pequenas são resilientes, mas não imunes a um evento dessa magnitude.
Mestre Bartuchek, que acompanhava a discussão de longe, concordou:
— Severus tem razão. Posso recomendar ervas para infusão, mas uma receita personalizada de um curador certamente será o melhor para nosso pequeno Harry.
— 'Awy! — fez o pequeno, reconhecendo seu nome.
Todos riram e a porta se abriu. James e Sirius entraram na loja. Com Harry no colo, Severus notou o menino se retesar. A temperatura pareceu cair pelo menos cinco graus dentro da loja.
— O que suas mãos nojentas estão fazendo com meu filho?
Severus devolveu Harry a Lily, sem responder. O menino começou a espernear.
— Eve'us! Mamãe não! Eve'us!
— Mas o que é isso?
Lily respondeu, sem se importar:
— Harry gosta muito de Severus. Ao que tudo indica, ele estava com saudades.
James arrancou o menino de Lily:
— Pois não gostei nada de saber disso.
— É, Snivellus, deixe Harry em paz.
— Eve'rus! Eve'rus! Não papai! Papai não!
— Olhe só o menino! O que você fez com meu filho, Snape?
— É melhor irmos embora — decidiu Lily, irritada. — Merlin, James, às vezes você é impossível!
— Eu? Ele é um seboso, e o impossível sou eu?
Ela se virou para o dono da loja:
— Desculpe meu marido, Sr. Bartuchek. Eu voltarei outro dia, quando ele estiver mais calmo. Acho que estamos todos um tanto nervosos.
Ele entregou um saquinho a ela:
— Leve as ervas para o rapazinho. Ele deve tomá-las antes de dormir.
— Obrigada. Ponha na conta. Até logo. Feliz Natal. Severus, obrigada por tudo e mande lembranças à sua mãe.
O trio se foi, levando um menino ainda aos prantos. Mestre Bartuchek chegou perto de Severus.
— Você se comportou bem, Severus. Nunca vi James Potter tão alterado. E o hálito...
— O senhor também notou o cheiro de álcool? Por isso não falei nada. Aprendi há muito tempo que discutir com alguém alcoolizado é perda de tempo.
Seu mestre sorriu e disse:
— Você está se tornando um bom juiz de caráter, Severus. Agora vá organizar os ingredientes que trouxe. Temos muitas encomendas até o ano-novo.
