Título: Desígnios
Autor: Danielle
Disclaimer: Trata-se de uma estória cujo único propósito é entreter sem a intenção de infringir os direitos autorais das obras nas quais foram inspiradas ou auferir qualquer lucro.
Sumário: Continuação do último episódio da sétima temporada, Arctic. Spoilers.
A/N: Tive a idéia da fic após ler uma outra fic em inglês que seria a continuação de Arctic. A idéia para o que aconteceu com Clark e Lex após o confronto na Fortaleza foi inspirada nessa outra fic, porém, o desenrolar e os demais elementos da história são parcialmente originais e inspirados nos spoilers e nos rumores da oitava temporada.
Na Fortaleza da Solidão, Clark sugiu com sua super-velocidade e hesitou ao ver Lex próximo do painel de cristal. Em suas mãos, viu o artefato metálico, que emitia uma estranha luz lilás, o qual imediatamente reconheceu como sendo a peça kryptoniana protegida e escondida pelos extintos membros do Veritas, e capaz de controlar o viajante.
Ao notar a presença de Clark, Lex se virou para vê-lo e, inabalável, disse:
"Tenho que admitir Clark, é um grande passo além do celeiro"
"Não é o que você está pensando, Lex" revelou Clark, numa tentativa desesperada de preveni-lo do que estava prestes a acontecer, na medida em que se aproximava lentamente sem tirar os olhos do objeto kryptoniano que estava em suas mãos. "Você não entende"
Clark continuou a se aproximar lentamente de Lex, mas a peça emitiu uma luz, reagindo à sua presença, como se tivesse sido ativada, impedindo-o de chegar mais perto. Lex levantou o objeto para o alto, certo de que o mesmo serviria igualmente como uma espécie de arma para afastar seu inimigo.
"Pela primeira vez, eu acho que entendo" disse Lex, sorrindo, e se aproximando lentamente de Clark com o artefato em punho. "Você vive entre nós como um fazendeiro de boas maneiras, mas secretamente não passa de um visitante de outro planeta planejando nossa destruição"
"Não estou fazendo nada disso" defendeu-se Clark, desconcertado com o discurso de Lex, que continuou a se aproximar dele com o objeto, mantendo-o longe.
"É um disfarce perfeito, Clark. Você nem precisa de uma máscara"
"Não sou seu inimigo, Lex" devolveu Clark. "Nunca fiz nada que pudesse feri-lo"
"Você não confiou em mim" continuou Lex, indiferente às últimas palavras de Clark. "Com tudo o que você tinha, com tudo o que você podia fazer. Nunca pensou nas coisas que poderiamos ter feito juntos? Eu podia tê-lo ajudado a se tornar um herói!"
"Desde quando você pensa em mais alguém além de você mesmo?" indagou Clark.
"Desde agora, pois estou fazendo isso pelo mundo" respondeu Lex, sem tirar os olhos de Clark, com o artefato firme em sua mão. "Tenho que proteger a raça humana" disse, com firmeza.
"É minha vida!" protestou Clark. "Você não tem o direito de controla-la!"
Lex encurralou Clark num canto da Fortaleza, com o dispositivo kryptoniano em punho.
"É o meu destino!" gritou, exasperado. "Depois de todos os meus sacrifícios, depois de toda a dor, eu finalmente entendi. Eu estava sendo preparado para um destino muito maior. Tudo me trouxe até esse exato momento"
"E estamos ambos aqui, nesse momento, e o que acontece a seguir é uma escolha sua" disse Clark, numa tentativa de dissuadi-lo do que estava prestes a suceder. "Mas ninguém o está controlando, Lex. Ninguém o está forçando a isso"
"Quem sou eu para voltar atrás, meu caro? Especialmente depois de você ter voltado atrás tantas vezes comigo? Sinto muito Clark, mas você é o viajante" disse Lex, e dando-lhe as costas, caminhando decidido em direção ao painel de cristal, continuou: "Você tem o futuro de todo o planeta em suas mãos. E eu estou aqui para impedi-lo"
"Lex" implorou Clark, aproximando-se lentamente, sabendo que não conseguiria chegar mais perto para impedi-lo, por conta do poder do dispositivo.
"Você nunca mais será uma ameaça para o mundo novamente. Kal-el" disse Lex, hesitante, prevalecendo-se do momento.
"Lex, não!" gritou Clark.
Mas era tarde demais. Lex depositou o dispositivo no painel de cristal, e uma luz lilás tomou conta de toda a Fortaleza, a qual começou a ruir, ao mesmo tempo em que Clark caiu ao chão, consumido por uma dor avassaladora.
Ao vê-lo caído, enquanto as paredes da edificação de cristal sucumbiam, Lex se aproximou, ajoelhou-se ao seu lado e o segurou, e olhando nos seus olhos, disse:
"Eu o amei como a um irmão Clark, mas tem que terminar desse jeito. Sinto muito"
Uma luz branca intensa tomou forma em meio à iluminação lilás e ao barulho da destruição, cegando-os e consumindo-os completamente. De repente, nada mais havia. O silêncio predominou de súbito. Algo os impedia de enxergar. Poeira. Areia. E uma vasta nuvem de fumaça oscilava por toda parte. Quando a escuridão que os impedia de ver o que havia acontecido e onde estavam finalmente começou a se dissipar, ainda havia luz, porém, uma luz não tão intensa quanto a anterior, a mesma que fez cessar o fragor das paredes de cristal que se amontoavam no interior do palacete de gelo, mas uma luz emitida por um céu que não parecia exatamente um céu, mas um mar incandescente nas cores branca e violeta, e que refletia no que possivelmente era um deserto de areia fina branca que os circundava.
Com dificuldade para enxergar após a evasão da luz branca que os consumiu no palácio de cristal em meio ao Ártico, um atordoado Lex Luthor cobriu parcialmente a vista com a palma da mão até se acostumar com a imoderada claridade. A mudança de ambiente era estarrecedora. Há poucos instantes estava no interior de uma edificação glacial em meio ao pólo norte, a uma temperatura de aproximadamente quarenta graus negativos. Agora, estava no meio de um enigmático deserto tão branco e desolado quanto as geleiras árticas, porém árido e abafado. Estranhamente, o ar não era sufocante como o de um deserto qualquer, possivelmente porque aquele não se tratava exatamente de um deserto qualquer, e Lex percebeu que não apenas as dunas formadas por areia tão fina e branca eram incomuns, como o próprio céu era anômalo, uma vez que desprovido de quaisquer nuvens e, mais perturbadoramente ainda, não havia qualquer sinal de um sol que iluminasse aquela vastidão.
O assombro de Lex por aquele misterioso local só foi amenizado quando viu Clark pela primeira vez.
Atordoado, e visivelmente cansado, o jovem Kent se levantava a poucos passos de distância de onde Lex estava, e como se ainda sentisse a dor a que foi submetido instantes antes na região abdominal, olhou ao redor com certa dificuldade e encarou seu inimigo ao perceber que não estava só.
"Está vivo" disse Lex sem qualquer entusiasmo.
Ignorando a assertiva, Clark caminhou pesado pela areia, quase se arrastando, ainda com certa dificuldade, demonstrando, porém, que se recuperava lentamente. Examinando o local, passou então indiferente ao lado de Lex, o qual apenas o seguia com um olhar intratável e descompassado com os últimos eventos que se sucediam. Na verdade, Lex tentava imaginar como o artefato outrora encontrado na construção da lareira da Mansão Luthor não havia ferido ou matado Clark, tal como realmente esperava, e o que dava a entender que estava prestes a acontecer tão logo depositou a pedra no painel de cristal em meio a edificação do mesmo material num continente que certamente não era aquele, se é que ainda estavam na Terra.
"Então é isso" murmurou Clark consigo mesmo, ao que Lex apenas o observava, metódico. "Então esse é o poder do cristal"
Lex examinou novamente o lugar onde estavam, sem entender o que o alienígena que outrora considerou seu melhor amigo, e quase irmão, queria dizer.
"Como forma de livrar a Terra do que posso fazer... fui mandado pra cá" concluiu um ainda atordoado Clark consigo mesmo, entendendo o poder do dispositivo construído pelos kryptonianos, e cujo objetivo não era matá-lo ou mesmo dar o controle de si a outrem, mas afasta-lo da Terra.
Lex emitiu um pequeno sorriso no canto dos lábios, enquanto olhava novamente para aquele céu misterioso e uma brisa tomava forma ao sul, elevando uma singela parede de areia que imediatamente se dissipou. Diante daquele que considerava seu inimigo, a pessoa que poderia submeter a Terra a um grande perigo, desencadeando em si mesmo o desejo de assumir o papel da pessoa encarregada a salvar o mundo, o herói Ziget das lendas Kawatche, Lex sabia que não podia confiar em cada palavra dita por Kal-El, o qual acreditava tratar-se de Naman, seu verdadeiro nemesis. Entretanto, dadas as circunstâncias, pelo fato de que estava perplexo demais para qualquer comportamento hostil, decidiu ao menos tentar descobrir do que se tratava tudo aquilo:
"Então não foi você que nos trouxe aqui"
Clark se virou para vê-lo, e nada disse.
"Sabe ao menos onde estamos?" perguntou Lex.
Clark suspirou e escaneou novamente todo o lugar, revelando ao seu arqui-inimigo o que já era sabido: que já estivera ali antes.
"Estamos na Zona Fantasma" disse, finalmente.
Continua...
