Disclaimer: Saint Seiya e seus personagens relacionados pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas.

E aqui está minha fic para o desafio épico do grupo Saint Seiya Ficwritters do Facebook! Espero que gostem, ainda mais por ser a primeira vez que escrevo utilizando personagens do universo Lost Canvas!

Boa leitura!

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Prólogo

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Quando nasci, o mundo que eu conheço e vivo já era assim. Uma bagunça, para dizer o mínimo, e ainda assim estou sendo generosa. Não sei quantas gerações se passaram desde que tudo mudou, todo e qualquer registro do que fomos um dia foi destruído ou perdeu-se para todo o sempre. O que sei, é porque existem pessoas que ouviram histórias sobre os tempos antigos e as contam para os mais jovens, a fim de que alguma coisa ainda seja preservada.

Sinceramente, não vejo fundamento para isso. Para que saber que antigamente tínhamos água potável em abundância se hoje passamos meses e até anos à procura de uma única gota? Qual o objetivo de dizer às crianças que seus antepassados brincavam ao ar livre em meio ás arvores se elas não fazem ideia do que seja uma árvore ou mesmo o verbo brincar?

Dizem que tudo ficou assim depois da explosão de duas bombas atômicas em pontos diferentes do planeta. De imediato, parte dos dois continentes onde as explosões ocorreram afundaram no mar, e a onda radioativa atingiu outros países, desestabilizando o clima e o ecossistema de todo o mundo. Onde antes havia neve e gelo, o calor provocou o derretimento e transformou tudo em terra árida. Florestas inteiras se tornaram desertos. O lugar onde vivemos hoje, dizem que um dia foi o berço da civilização européia e centro cultural de grande valia para o mundo antigo.

Mas, agora, tudo o que conhecemos é este meio destruído em que sobrevivemos. E uma forma torta e severa de "governo" porque nem isso existe de fato. Aliás, essa deve ser a única coisa que nos resta dos tempos antigos...

A tirania.

Se bem que, um dia, eu conheci alguém que acreditava poder mudar, se não a história do mundo, ao menos o curso da vida daqueles que o cercavam. E ele estava certo, no fim de tudo...

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Era noite, mas não sabia precisar que horas exatamente. Na verdade, aquilo pouco importava, uma vez que dia ou noite eram relativos naquele lugar, já que uma camada espessa de poluição radioativa pairava sobre todos. Um dia, lhe disseram, o céu fora azul e ao cair da noite, podiam contar as estrelas. E se tinha algo que gostaria de saber como era certamente eram as estrelas.

Mas nada daquilo importava agora, apenas a angústia crescente em seu peito. Sentada sobre a pequena cama de solteiro, ela rezava baixinho... Rezar? Uma palavra que era dita por hábito, já que não causava efeito algum sobre nada, nem mesmo ao seu coração aflito. Mas, enfim... Ela repetia seguidas vezes as mesmas palavras, há horas.

-Por favor, não venha para cá... Por favor, não venha para cá...

Então, uma batida à porta do velho quarto, ela se assustou, embora soubesse de quem se tratava. Levantou-se devagar, ajeitando os cabelos negros que lhe caíam até a cintura, lisos e um tanto sujos, e abriu a porta, encarando o recém chegado com seus olhos verdes, vidrados.

Ele sorriu ao vê-la, enlaçando a cintura fina e tencionando um beijo, mas ela não deixou. Cuidadosamente, fechou a porta do velho e mal acabado quarto e puxou o rapaz de cabelos coloridos, azuis da mesma cor de seus olhos, para sentar-se à cama com ela.

-O que foi, pequena? – ele perguntou, puxando-a para sentar-se em seu colo – Aconteceu alguma coisa?

Ela tentou sorrir, mas estava com medo e pequenas lágrimas em seus olhos denunciavam isso. O rapaz as enxugou com uma das mãos, preocupado.

-Diga alguma coisa!

-Você... Você não deveria ter vindo, Kardia... – ela disse por fim, abraçando-o – É perigoso!

- Perigo eu enfrento todos os dias, pequena... Mas você, eu encontro apenas uma vez na semana. Não poderia deixar de vir.

Sim, aquilo era uma verdade. O rapaz não tinha medo de enfrentar os soldados que impunham a ordem na cidade, parecia sempre disposto a arrumar briga e confusão por onde passasse. Era um rebelde nato. Mas não ali. Não com ela. Naquele pequeno quarto, era apenas um jovem que buscava carinho e atenção...

Ele a beijou, sem pressa, mas de maneira urgente, abraçando com mais força o pequeno corpo contra o seu, já dando sinais de sua excitação. Mas a garota interrompeu o beijo e se soltou do abraço do rapaz, pousando suas delicadas mãos sobre o rosto dele, sem encará-lo.

-Kardia, você não entendeu... Eu... Eu vi!

-Viu o quê, pequena?

Mas não houve tempo para a resposta. O vidro da janela do quarto foi quebrado de repente, alguém havia jogado um objeto dentro do local. Quando Kardia percebeu do que se tratava, só teve tempo de puxar a garota pela mão e sair pela porta, era uma granada. O artefato explodiu logo, e acabou fazendo com que os dois jovens fossem jogados contra uma das paredes do corredor da velha casa onde estavam, caindo com tudo no chão e pedaços de madeira, cimento e pedra sobre eles.

Sentiu a cabeça zonza e uma dor lacinante por seu corpo, mas não pode fazer muita coisa. Quando deu por si, um homem a puxava para junto de si, arrastando-a escadas abaixo, até o velho salão da casa, outros dois homens fizeram o mesmo com o rapaz que a acompanhava. Sem dó, atiraram Kardia ao chão, aos pés de um outro homem, de longos cabelos negros e olhos verdes muito vivos. E haviam outros pelo salão, um deles segurava um caixote de madeira.

-Então... – o homem que estava ao centro começou a falar, puxando o queixo do rapaz para cima – Este é o último líder rebelde ainda vivo? Patético... Eu esperava no mínimo uma grande luta, mas nesse quesito meu plano foi frustrado.

-Idiota... – Kardia disse, encarando aquele homem – Acha mesmo que vai vencer, me matando? Meus companheiros continuarão lutando pela nossa liberdade!

-Vem cá, que parte do "Este é o último líder rebelde ainda vivo" você não entendeu? Seus companheiros já eram!

O homem se voltou para o soldado que carregava o caixote e ele se adiantou um passo, despejando no chão o conteúdo que trazia em mãos. De olhos arregalados, Kardia viu duas cabeças rolarem até onde estava ajoelhado.

-Dégel... Asmita... – ele disse, sacudindo a cabeça – Desgraçado! Eu vou acabar com você, seu filho da puta!

-Pode xingar o quanto quiser, o seu fim será o mesmo que seus companheiros tiveram... Mas antes, me responda: Onde estão as outras partes do mapa?

-Não sei do que está falando! – Kardia disse, encarando aquele homem. Seus amigos haviam morrido por aquilo e ele não entregaria nada.

-Não brinque com a minha paciência, rapaz! Onde está o restante do mapa?

-Vá se foder... – Kardia respondeu, para logo em seguida cair no chão com um chute dado em suas costas.

O homem riu, jogando a cabeça para trás, o soldado voltou a recolher as cabeças para dentro do caixote. E, bem nessa hora, ele ouviu um soluço atrás de si, a garota chorava, tentando controlar seu medo, os olhos vidrados voltados para baixo.

-Ora, ora... Então esta aqui é a sua putinha, Kardia? – ele puxou um dos braços da garota, onde havia no pulso uma tatuagem de um escorpião, enroscado à letra K – Novinha ainda, mas muito bonita... E gostosa também...

Ela estava sendo segura por um dos soldados e com uma arma apontada para a própria cabeça, como fugir daquele homem nojento? Como fugir da aproximação dele, do beijo em seu pescoço, e as mãos sobre seus seios e nádegas, apertando-os com força?

-Não toque nela, maldito!

-Isso vai depender de você, meu caro... Pela última vez: Onde estão as outras partes do mapa?

Kardia tentou se levantar e avançar, mas foi derrubado por um dos soldados com um chute no rosto. O homem se voltou para ele novamente, com um sorriso largo em sua face.

-Quer saber, independente de sua resposta ou da falta dela, eu vou encontrar o que procuro... Mas seria um verdadeiro desperdício me livrar dessa belezinha sem fazer um bom uso dela... Radamanthys?

-Sim, senhor! – respondeu o soldado que segurava a garota, tinha cabelos curtos e loiros e olhos dourados, frios e intensos.

-Você sempre foi um bom homem, aproveite o presente que tem em mãos... Vocês dois também, Minos e Aiacos... São os mais fiéis soldados que tenho, não é justo que fiquem apenas olhando. – ele disse, apontando também para os dois homens que estavam parados atrás de Kardia.

Eles deixaram seu lugar, a garota começou a gritar de desespero, a tentar fugir ou se soltar, mas era em vão, ela foi arrastada pelos três para o balcão que ficava mais ao fundo, onde antes era o bar do local. Jogada com violência contra ele, não podia fazer nada contra a força daqueles soldados...

-Kardia, socorro! Me soltem!

-Soltem ela! Soltem!

Kardia tentou se levantar novamente e partir para cima daquele homem, mas outros soldados o detiveram, acertaram tantos socos e chutes que ele foi ao chão novamente, arfando. "Mein Kleine Liebe...", ele pensou, fechando os punhos com força, mas sem conseguir se levantar e tentar lutar. Os gritos de dor de sua garota ecoavam em sua mente e pelo salão...

O colocaram novamente de joelhos, o homem então encostou uma arma à sua testa, e destravou o gatilho.

-Entenda de uma vez por todas, Kardia... A autoridade de Hades neste lugar é inabalável... Ninguém poderá tomar o que é meu!

Em meio aos gritos da garota e as risadas por parte dos três homens que a violentavam, um tiro foi ouvido...

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Continua...