Música Para Feras

PING, PING, PING. A chuva continuamente insistia em não frear seu bater na janela. Aquele estava sendo um verão bem atípico, repleto por chuvas longas e fortes, já pode se inferir qual seria o estado do telhado àquela altura. Os pingos eram melódicos, e até mesmo ritmados, compunham uma serenata única, principalmente pela presença que estava ao seu lado.

Olhou mais uma vez para seu rosto, tão harmônico quanto a doce chuva da tarde, estava dormindo, adorava ficar observando sua feição pura e ausente de qualquer perigo. A casa estava quente, a lareira estava ligada, seu fogo crepitava tomando parte da bateria da orquestra.

Virou-se para o jardim, mais uma vez, mas ao retornar sua fronte ao belo quadro que era toda aquela cena deparou-se com dois olhos que acabavam de despertar de um sonho encantador.

Não demorou muito para que Shido se visse na chuva, acompanhando ou acompanhado por Madoka que insistira em comprar pão naquela tarde em que, ora vejam só, estava caindo o maior toró!

- Pode me dizer mesmo o que nós vamos fazer?! - Ele estava incrédulo, claro, o motivo pelo qual ela queria sair era a chuva e não o pão. Por que precisaria de pão? Tem de tudo na cozinha daquela casa!

- Vamos comprar pão! – Ela respondia decidida enquanto segurava a coleira de Mozart.

Ah! Por que esse sorriso de novo? – Shido pensou enquanto eles cruzavam a primeira rua.

O transito não estava muito forte, talvez pelo fato de estar ocorrendo o segundo dilúvio ou simplesmente por uma situação fatídica, seja lá pelo quê, Shido andara tendo sonhos estranhos e não gostava daquilo, mas infelizmente (?) o tal sorriso era irrecusável!

Cruzaram uma avenida.

Será que são os instintos felinos dele? – Madoka pensou enquanto seguiam em direção à padaria.

- Chegamos.

- Hai.

Os dois entraram na padaria.

Não demorou a que comprassem o pão que Madoka queria, mas não se sabia dizer se ela estava enrolando para demorar mais por ali ou se queria logo sair na chuva. Fato é que mesmo que as rosquinhas da prateleira fossem muito atrativas os "olhares" acabavam convergindo para um mesmo ponto não importava quando.

Passado algum tempo foi inevitável, se retiraram do lugar. Claro, após toda a confusão pelo dinheiro no caixa.

17: 20 - Doze e noventa.

17: 21- Hai. – Madoka põem a mão na bolsa que Shido carregara para ela.

17: 23 -... – Madoka tira a mão de dentro da bolsa.

17: 24 -... – Shido a olha.

Sendo como fosse eles iniciaram sua empreitada de volta à mansão.

Estavam caminhando normalmente, apreciando a chuva, se é que se pode dizer assim. Cruzaram a avenida e depois a rua, até que fazendo o caminho oposto chegassem em casa.

Na feição de Madoka repousava a mais pura satisfação. Era certamente encantador andar à sua presença. Tão encantador que até aquele cenário arrasado que estava na frente de seu nariz se extinguiu.

O jardim, por completo, estava todo destruído. As árvores estavam cobertas com papeis, o muro da mansão estava sujo como sarjeta.

Shido parou de repente.

-Ah... O que foi... Shido? – Madoka puxou seu braço algumas vezes, sem resposta.

-... Eu mato...!

Continua...!

Irei postar com fregüência!

Um agradecimento especial a pessoa a quem eu destino essa fic! Minha "Madoka"!