"Saint Seiya e seus personagens não me pertencem, mas sim á Masami Kurumada."

'AU no qual os cavaleiros de bronze ainda tem a missão de proteger Atena, mas todo o resto diverge do Canon. Em que os defensores de Atena receberam livre aval para fazerem o que quisessem com suas vidas pós-treinamento – até o dia inevitável. Em que Saori acabou sendo sequestrada no fim das contas, Seiya é um colegial disposto a queimar todo seu cosmo para salvá-la, Shiryu tem uma noiva e foi o único que fez o dever de casa, Ikki é um estivador e persegue o próprio irmão nas horas vagas, Hyoga é um modelo internacional que terá problemas evitando atenção e Shun é um estudante de botânica outrora muito envolvido em protestos ambientais. E outros pormenores.' *a sinopse inteira, porque o FFnet não vai com a minha cara.

Faz um bom tempo que não posto nada que tenha escrito. E também não seria o caso aqui se não fosse pela Ly-chin ( Lyssia-sama) que também muito graciosamente se ofereceu pra betar o capítulo porque eu sou uma palhaça preguiçosa.

O que você está para ler é o resultado de uns sonhos que tive (altamente influenciados pela visualização compulsória dos trailers do novo filme sobre qual estamos todos carecas de saber), nostalgia exagerada e altas discussões de headcanons com irmão e amigos altas horas da madrugada. Por enquanto, o que vocês tem é um prólogo curtinho girando em torno de nossos queridos bronze-boys.


Seiya tinha havia muito transferido toda a sua atenção para a janela, para a árvore e para os garotos do segundo grau que jogavam bola no pátio.

Ainda era muito mais interessante do que álgebra, e por isso sorriu ao ouvir soar o sinal que indicava fim do período e o familiar som de seus colegas de classe puxando suas mochilas e deixando a sala como se estivesse empesteada com alguma doença.

Talvez eu vá me juntar aos garotos no pátio. Ou passar na mercearia. Ou volte à mansão, para ver a Saori. É quinta: a Senhorita Saori não tem aulas até mais tarde, pensou preguiçosamente, sorrindo mais consigo mesmo enquanto puxava os livros debaixo da carteira e recolhia seu material.

Marin surgiu na sua frente com uma bolsa pendurada no ombro, uma mão na cintura e um olhar feio dirigido ao desenho trêmulo e semi-acabado de um cavaleiro medieval se ajoelhando frente a uma princesa no lugar de suas anotações de álgebra.

"Honestamente, Seiya." Tinha um tom não desprovido de gentileza. "Não sei porque aceitou frequentar o colegial se não pretende se esforçar nisso."

"O senhor Kido disse que seria bom para mim; ocupar a mente com algo além do treinamento. Foi o que ele disse." Respondeu, dando de ombros. "De algumas aulas eu gosto. E o pessoal é legal, você sabe. É bom pra mim mesmo."

Isso a fez sorrir. Seiya baixou a cabeça para fechar e guardar seu caderno. Quando sorria assim, fazia com que se lembrasse de sua irmã perdida – as duas tinham aquele sorriso, aquele tom gentil para lhe falar e os cabelos castanhos encaracolados. Os curtos de Marin estavam um pouco rebeldes após um dia de aula, e isso também fazia com que se lembrasse da irmã depois de um longo dia de brincadeira.

"Você não quer vir andando comigo e parar na sorveteria?"

"Pode ser." Sorriu, fechando o zíper da bolsa. "Mas tem alguma chance de só passarmos na sorveteria durante o caminho? Eu gostaria de ver a senhorita antes que ela precise partir para uma daquelas lições de etiqueta cha-"

Seiya não viu a expressão desapontada de Marin e tampouco a garota permaneceu dessa forma por muito tempo.

Porque estava apitando, a maldita coisinha vermelha. Apitando e piscando. Como se fosse o maldito sinal do apocalipse.

Bom, era algo do tipo.

"Seiya…" Ela começou, incerta. Mas nunca continuou seja lá o que fosse dizer, ou talvez ele não tenha ouvido, absorto na sua própria bolha de pânico como estava.

Mas o maldito pingente estava piscando, preso naquela corrente de bronze que usava em vez de chaveiro, se pendurando pateticamente do bolso da mochila. Bem da forma que Seiya se sentia.

Espere. Ele foi treinado pra isso. Tinha coisas para fazer, tinha de vestir a armadura e- Não. A armadura estava na mansão.

Certo. A mansão. Claro.

Ele lembrava-se de ter se despedido de Marin. Lembrava-se de ter dito que não poderia acompanhá-la de volta e parar para um sorvete ou qualquer coisa estupidamente óbvia assim. Lembrava-se de ter corrido pelos corredores e saltado escadas. Lembrava-se de ter se atrapalhado com o tranco da bicicleta e de ter disparado nas ruas da pequena ilha grega.

Ele pedalou como em um sonho. As possibilidades do que aquilo poderia significar passando por sua cabeça, cada uma mais terrível do que a outra. Parte de sua mente estava em pânico, outra pedia aos deuses por coragem – a maior parte, a que dominava, gritava por Saori com tanta veemência e determinação que pode ou não ter realmente gritado enquanto corria para chegar até ela, saber que está bem e protegê-la… rápido, mais rápido!

O maldito pingente apitou durante a viagem inteira.


Era possível ver o crepúsculo através das vitrines e largas janelas de vidro da floricultura, tingindo o céu em tons bonitos de laranja e rosa enquanto o sol se despedia da terra do sol nascente.

June não estava vendo nada daquilo, absorvida demais pela imagem do rapaz que no momento estava sentava no meio da loja, cercado de vasos, completamente absorto no arranjo que fazia.

Shun era seu melhor amigo e a sua maior paixão. Tinha se afeiçoado ao sempre choroso e desajustado garotinho que precisara defender de todas as garotas e dos poucos garotos com quem viveram na Ilha de Andrômeda. Precisava constantemente lembrar-se que ele era o mais poderoso agora – que ela e todos os outros que deixaram para trás em Andrômeda, embora ainda fosse o mesmo garoto sensível e gentil que sempre fora.

Amava-o por isso.

June havia estado extasiada em vir com ele para sua terra natal. Tinham começado um pequeno negócio e estavam os dois cursando faculdade – ele fazia Botânica e ela Estudos Sociais – e moravam num apartamento no topo da loja. Nunca foram mais do que amigos, mas a loira sentia-se feliz demais para reclamar de algo pequeno assim. Do jeito que levavam a vida, quase se atrevia a pensar que os dias de morte e dor naquele tempo antes de deixarem ilha tempestuosa não passavam de um sonho ruim.

Os deuses são cruéis – June sabia disso – pois foi no exato momento em que esses pensamentos corriam por sua mente que ouviu o barulho, repetitivo e irritante.

Chegou a esticar a mão para seu celular, confusa, pensando ser algum alarme. Mas não era o seu alarme, e também não tinha programado o despertador para nada.

Então voltou o rosto para Shun, quase em reflexo, percebendo que o som vinha dele. Tinha os cabelos presos para longe da face, e as lágrimas que ameaçavam cair junto à expressão de choque em seu semblante a deixaram com uma sensação de náusea antes mesmo de seguir a luz do pingente rosa amarrado ao tornozelo do amigo.

Era o fim do sonho para eles. E se viu incapaz de se mover ou dizer qualquer coisa, porque sabia que bater em seja-lá-quem estivesse fazendo aquilo com o garoto não era algo que pudesse fazer ou que fosse resolver algo, de qualquer forma. Então permaneceu parada, deixando-se oprimir por tudo aquilo momentaneamente.

Nesse meio tempo, observou enquanto Shun engolia soluços e fechava os olhos longamente. Quando pareceu julgar que seria capaz de fazê-lo, o rapaz recolheu-se do chão e andou em direção ao balcão enquanto removia o avental.

"Eu sinto tanto." Foi tudo o que pôde dizer quando a peça de roupa foi jogada na sua frente. Era a verdade.

"Eu também." Ele foi quieto. Seus olhos ainda estavam úmidos.

Quando chegou ao batente da porta dos fundos, anunciou que ia ao quarto – mas a loira já sabia. Shun não lutaria. Nunca machucaria ninguém se pudesse. Mas tinha um dever a cumprir, e ela o deixaria lidar com isso sozinho. Normalmente era assim que Shun encontrava suas forças. Sabia que quando o rapaz voltasse a deixar o quarto, seria Andrômeda.

Ela dobrou o avental cuidadosamente e o guardou sob o balcão. Tateou até a terceira gaveta, puxando-a e encontrando a familiar máscara de metal de seu oficio. Passou os dedos pelos olhos vazios e o rosto duro de mulher, sentindo-se tão fria quanto o metal.

Então o sino da porta de entrada soou, e June precisou fechar a gaveta com pressa ao sorrir comercialmente para o novo cliente.

Como se ainda estivesse no sonho.


Era uma boa coisa que Hyoga usava óculos escuros quando saiu da limusine, porque os flashs das câmeras que caíram sobre si poderiam muito bem tê-lo cegado no instante. Não muito antes de ficar moco com aqueles gritos ensurdecedores…

Fez do caminho do carro para o saguão do hotel uma corrida rápida, embora seu agente continuasse a insistir que deveria parar de agir tão 'antipático e irritado' o tempo inteiro.

Foda-se, tinha decidido, enquanto aguardava que o homem aparecesse logo com as suas malas para que fizessem o check-in.

A bonita recepcionista tinha um gigantesco sorriso bobo no rosto quando falou com ele, e Hyoga lhe ofereceu um autografo só porque ao menos tivera o profissionalismo de não pedi-lo.

Só que então ela explodira em risinhos, gritinhos e começara a agradecê-lo e falar algo em um 'japonglês' rápido demais para que entendesse, mas até aí a moça tinha se portado muito bem.

Ele precisava de um longo banho. Realmente precisava. Fora uma longa viagem de avião e uma entrevista assim que pisou em terra. Mas, ao invés disso, jogou a jaqueta no chão e atirou-se na cama em sua enorme suíte, esperando pacientemente que o celular ligasse.

Precisava falar com Shun. E precisava falar logo.

Estava na discagem direta, então não precisou de mais do que o pressionar de um botão para que a chamada começasse. Havia uma felicidade ansiosa se instalando em seu estômago no momento em que seu namorado atendeu o telefone.

"Ei! Estou em Tóquio!" Anunciou, sorrindo consigo mesmo enquanto esperava a comemoração do outro lado da linha.

A comemoração não veio. E algo que lembrava um soluço se fez ouvir ao fim de sua frase.

"….. Shun?"

Quando conseguiu fazer sentindo do que o namorado estava dizendo entre soluços e a voz embargada, Hyoga honestamente não conseguiu nem pensar em dizer mais nada para consolá-lo. Atirou o telefone para um lado sem nem mesmo desliga-lo antes correr ao longo do quarto até suas malas ainda amontoadas junto à porta.

Merda, pensou, derrubando a maior delas ao chão com um baque surdo e começando a jogar roupas para o alto descontroladamente.

Merda.

Tinha começado a ouvi-lo agora. Um baixo som enervante. Quando atingiu o fundo da bolsa, puxou o zíper do bolso interno que mostrava a luzinha azul ainda fraca através do pano. Puxou dali a corrente de bronze, encarando o pequeno pingente com uma sensação de extrema impotência antes de se deixar cair.

"Merda." Dessa vez tinha realmente o dito, permitindo que a cabeça fosse ao chão também.

Justo agora que estava tão animado com a chance de ver Shun depois de tanto tempo.

Uma pequena parte de si perguntou-se como faria para cancelar todos os compromissos de sua agenda, e como diabos era esperado que corresse por aí em uma armadura e lutando contra caras maus como se fosse a porra de um power-ranger sem ser pego por alguma câmera paparazzi.

Ele supunha que óculos não fossem ajudar.


Debaixo do fluxo da cachoeira, Shiryu sentia-se em paz.

É verdade que fazia muito havia sido capaz de mudar o curso da queda d'água, assim tendo completado com sucesso seu treinamento naquelas águas e nos Cinco Picos Antigos de Rozan.

Quando lhe foi dada a escolha, pode ter sido que tenha surpreendido outros ao retornar para a China ao invés de sua terra mãe; mas certamente não surpreendeu a si mesmo – ali tinha as palavras sábias de seu mestre, os cuidados de Shunrei e a oportunidade de sempre continuar se aprimorando como cavaleiro.

No momento, apenas meditava. Embora estivesse vagamente ciente do fraco e inexpressivo cosmo de seu mestre, Dohko de Libra; o antigo cavaleiro continuava sentado em sua vigília eterna, como mandou a deusa.

"Shiryu."

A voz de Shunrei o despertou de seu estado de medição, encontrando uma expressão preocupada no rosto da chinesa. Esperou que falasse mais.

A moça nada disse, apenas baixou o olhar para suas mãos fechadas junto ao colo e esticou-as para que visse, revelando uma pedra verde acesa. Ainda que abafado pelo som do véu da cachoeira, percebeu que apitava.

Assentiu gravemente, começando a andar para longe da cascata e do rio. E então depois andaria para mais longe.

Envolveu Shunrei em seus braços, que parecia pequena demais em sua preocupação. Não fazia mal nenhum, estivera apenas esperando esse dia.

Apenas esperava ter a proteção dos deuses.


Os galpões estavam certamente agitados naquele dia.

Ikki puxou os cabelos azulados para longe da testa, sentindo-os grudar ali. Andava movendo carregamentos havia horas, e parecia que até ele estava começando a sentir os efeitos do trabalho árduo.

Mas sorriu para si mesmo ao constatar que a maioria dos homens andavam a fazer pausas jogando aos cantos, e estavam todos suando como porcos.

Quando se abaixou para erguer mais uma das pesadas caixas de madeira, sentiu um arrepio percorrer sua espinha e a largou de volta ao chão. Ikki franziu o cenho imediatamente, levando a mão á nuca – a sensação permanecia.

"Ei, você tá bem?" O homem mais próximo o olhava com certa preocupação.

"Só um arrepio."

Disse aquilo mais para si mesmo do que para o sujeito.

"Deus te abençoe. Você devia fazer uma pausa, rapaz. É um louco se pretende continuar nesse pique o dia inteiro."

"Não acredito em deuses." Mordeu de volta.

O homem se afastou. Tanto faz. Não precisava de ninguém, e certamente poderia viver sem coleguismo barato.

Mesmo assim, desta vez ergueu a caixa seguramente ao recomeçar a carregá-la para o galpão, é melhor checar novamente a rua do Shun quando voltar para casa à noite.


Alguém chegou a ler? Amou? Odiou? - Hm. Mais provável o segundo.

Se alguém estiver interessado numa continuação, mande reviews e tal. Não mata e incentiva o autor. Principalmente uma preguiçosa desestimulada que nem eu que precisa se convencer a levantar pro almoço todo dia. Na boa.

Não é nem ameaça dizer que não vou continuar é só... colocação de fatos. Ou algo assim.

Foi divertido de escrever, ao menos. CDZ foi uma parte tão feliz da minha infância, me fez descobrir que tinha a capacidade de quebrar os moleques da vizinhança no pau. Agora que penso sobre isso, é a minha primeira fic de Cavaleiros. A homenagem veio tarde?

Então, recapitulando; a Ly-chin é um anjo, eu sou uma palhaça, CDZ é foda e reviews - obrigado.

E HyogaxShun é canon no que me diz respeito. I'm done here.