Fanfic escrita para o FF-SOL 100 Temas – Desafio Miss Sunshine: O RETORNO!
Tema: 87 – Em Frente
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Gokudera não se considerava um homem sentimental. Alguém sentimental dificilmente sobreviveria na máfia. Ele sabia que, apesar de inteligente, por muitas vezes era ingênuo. Não gostava de pensar que era tolo, não...
Desde pequeno ele precisou enfrentar coisas que crianças não deveriam enfrentar. Foi tirado de sua mãe, vivendo com seu pai e sua meia-irmã. Via sua mãe raramente, mas era por esses encontros que ele continuava.
Por sua mãe Gokudera seguia em frente...
Isso é, antes de arrancarem-na definitivamente de sua vida.
x.X.x
Por muitos anos Gokudera não viveu. Ele simplesmente existiu.
Sem motivo... Sem rumo...
Vazio. Tão vazio.
Não importava para onde ele fosse, ninguém o queria. Ele não era ninguém, para ninguém e, de alguma forma, isso o fazia se sentir pequeno. Ele não tinha serventia, eles disseram, porque não tinha nenhum objetivo.
Sob a chuva torrencial do verão mediterrâneo que lavava o sangue de suas roupas, somente a pequena luz da ponta de seu cigarro o fazia seguir em frente.
x.X.x
Japão, disseram a ele, a Terra do Sol Nascente, era também a terra de novas oportunidades. Tudo avançava no Japão, com a leveza e precisão dos anos de tradição daquele país.
Para ele não parecia nada daquilo realmente. Não havia nada de mágico no ar. Uma atmosfera de respeito e austeridade, sim, isso era muito forte, quase palpável. Mas não se sentia envolvido pelo país.
- Hm, Gokudera-kun? Você vem com a gente?
Apagou o cigarro e sorriu para Tsuna, acenando vigorosamente.
- Estou indo, Décimo!
As pessoas... Elas sim o faziam seguir em frente.
x.X.x
Tiros. Explosões. Gritos.
Pode parecer que aquela era uma situação normal para qualquer mafioso. Cada dia pode ser o último e você tem que contar com a sorte, muito além de suas próprias habilidades.
E as dele não foram suficientes naquele dia.
- Tsuna está morto...
E aquelas palavras chocaram a todos. Mas ele não ouviu nenhuma.
Ele não sentia a dor de seus machucados. Só a dor dentro de seu peito.
Belo braço direito, Hayato Gokudera...
E o que ele pensou ser a chuva eram lágrimas, lavando o sangue de suas mãos.
Tinha um cigarro já apagado na boca, dependurado entre seus lábios.
Foi a única vez que Gokudera chorou.
Quando decidiu que não valia mais a pena seguir em frente.
